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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Minoria religiosa yazidi está ameaçada no norte do Iraque


Apontados como adoradores do diabo pelos radicais sunitas do "Estado Islâmico", cerca de 200 mil yazidis buscam refúgio nas montanhas perto de Sinjar. Minoria religiosa curda acumula histórico de perseguição.


Seu gado é morto, seus santuários são destruídos. As pessoas tentam, ao menos, salvar as próprias vidas. À medida que a organização terrorista "Estado Islâmico" (EI, antes chamado de Estado Islâmico do Iraque e do Levante, ou EIIL) avança no norte do Iraque, a situação fica cada vez mais perigosa para os yazidis, que são membros de uma religião curda com antigas raízes indo-europeias. No último domingo (03/08), os terroristas do EI tomaram a cidade de Sinjar. Peshmergas (combatentes curdos) enfrentaram os ataques, mas não conseguiram deter os invasores.

Yazidis fugindo da cidade de Sinjar, no norte do Iraque

Tão logo ocuparam a cidade, os terroristas começaram a perseguir membros da minoria religiosa yazidi e outros grupos não sunitas. Segundo o Conselho de Segurança da ONU, vários yazidis foram sequestrados ou exilados. Os que rejeitam a conversão ao Islã são executados. De acordo com um representante dos yazidis, cerca de 500 homens da comunidade religiosa foram mortos. Ao todo, cerca de 200 mil estão em fuga. Até 30 mil famílias estão sem água ou suprimentos nas montanhas perto de Sinjar. Entre os refugiados estão cerca de 25 mil crianças, segundo informações do Unicef. Cerca de 40 já teriam morrido devido à falta de alimentação.

Os yazidis não são o único grupo religioso em fuga dos terroristas do "Estado Islâmico". Em junho, os jihadistas tomaram a cidade de Mossul e expulsaram grupos cristãos dos assírios, caldeus e aramaicos. Xiitas e curdos muçulmanos também tiveram de deixar a cidade.

Pátria em muitos Estados

Pelo lado étnico, os yazidis fazem parte dos curdos. Eles falam o curmânji, um dos três principais dialetos da língua curda. Os yazidis vivem em grandes povoados curdos, que estão espalhados pelos territórios da Síria, do Irã, do Iraque e da Turquia. Mas a maior parte dos cerca de 800 mil yazidis vive no Iraque. Lá, eles se dividem em duas regiões ao redor da cidade de Mossul. O centro religioso dos cerca de 550 mil yazidis no Iraque está localizado no vale do Lalish, no norte do país, onde também está o túmulo do xeque Adi Ibn Musafir, o seu santo mais importante.

Há também muitos yazidis na Europa Ocidental. A maior comunidade se encontra na Alemanha, e é formada por 45 mil ou até 60 mil pessoas.

Um povo perseguido

O centro religioso da minoria yazidi, no vale do Lalish

Existem teorias distintas para a origem da religião yazidi. Os próprios yazidis entendem a sua religião como uma continuação do antigo culto a Mitra, herdado da Pérsia antiga. Estudiosos, no entanto, acreditam num complexo processo de desenvolvimento, no qual o yazidismo se abriu para diferentes tradições e as incorporou no decorrer da história. Assim, elementos orientais do cristianismo teriam sido incluídos. Até o islã pode ter influenciado em parte o yazidismo.

Assim como o judaísmo, o cristianismo e o islã, o yazidismo também é uma religião monoteísta. Ela se destaca teologicamente por não haver outra força além da do deus único – nem mesmo uma maligna. Uma figura correspondente ao diabo não existe no yazidismo.

Ao contrário das três grandes religiões monoteístas, o yazidismo também não possui uma escrita religiosa. As tradições religiosas são transmitidas predominantemente de maneira oral. Também por isso eles não são considerados um "povo do livro", termo usado para designar religiões que possuem escrituras sagradas.

Portanto, quando sob domínio dos otomanos, os yazidis não eram reconhecidos como uma comunidade religiosa. Eles também não gozavam dos direitos sociais que foram atribuídos aos cristãos e judeus. Os yazidis eram considerados "adoradores do diabo" e tiveram que suportar diversas tentativas missionárias islâmicas. No final do século 19, houve vários massacres de cristãos e yazidis, vitimando milhares de pessoas.

Os recentes ataques dos jihadistas também são ligados ao fanatismo religioso, afirma Telim Tolan, presidente do Conselho Central dos Yazidis na Alemanha. "O yazidismo tem uma teologia totalmente própria, que difere muito da islâmica", explica. Os yazidis não estariam sendo reconhecidos como uma comunidade religiosa legítima pelo jihadistas. "Os terroristas acreditam que os yazidis precisam ser convertidos à força ou mortos se não se unirem à religião 'legítima'."

Clamor por ajuda internacional

Combatente do "Estado Islâmico", na cidade de Mossul

Os ataques dos terroristas do EI contra minorias religiosas prosseguiram nesta quarta-feira (06/08). O patriarca Louis Raphael 1º Sako, líder da Igreja Católica no Iraque, disse à Radio Vaticano que cerca de 70 yazidis foram mortos em Sinjar.

Sako pediu à comunidade internacional para "exercer pressão sobre aqueles países que financiam esses grupos terroristas ou extremistas". Ao mesmo tempo, as autoridades islâmicas deveriam ser pressionadas a condenar os ataques contra cristãos e não muçulmanos. "No nível humano, somos uma família", conclui Sako.

O Conselho Central dos Yazidis na Alemanha pediu à ONU e ao governo alemão para quem criem as condições necessárias para a ajuda humanitária. Em seguida, a ONU tem que enviar soldados à área, disse o presidente Tolan. "As Forças Armadas no local, não tem mais a área de Sinjar sob controle. O 'Estado Islâmico' domina a região."

O grupo terrorista "Estado Islâmico" continua a sua campanha de expansão no norte do Iraque. E caso não sejam parado, a existência da minoria religiosa yazidi corre sério risco no país.

Fonte: http://www.dw.de/

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Conheça os yazidis, minoria cercada em montanha por rebeldes no Iraque 


08/08/201415h35


Reuters

Refugiados iraquianos que fugiram da violência de jihadistras

Entre as muitas vítimas do avanço do do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) no Oriente Médio está um grupo de 50 mil pessoas, membros da minoria yazidi.

No momento, eles estão presos nas montanhas no noroeste do Iraque, sem comida nem água.

O grupo sunita que se autodenomina Estado Islâmico tem avançado em várias cidades iraquianas, incluindo Mosul, e já controla grandes áreas do Iraque e Síria.

Agora, o grupo avança em direção à capital, Bagdá, ao sul. Para tentar conter este avanço, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, autorizou ataques aéreos contra os militantes islâmicos no norte do Iraque.

Funcionários do governo americano também informaram que os aviões do país lançaram suprimentos para ajudar o grupo de refugiados yazidis, que abandonou as aldeias no norte do país devido a ameaças dos militantes.

Mas, segundo a ONU, é preciso fazer mais para ajudar a minoria. Marzio Babille, representante do Unicef no Iraque, afirmou que os yazidis estão em uma situação extremamente precária devido aos militantes do Estado Islâmico, que são "muito agressivos e brutais".

Babille disse também que há muitas "dificuldades logísticas e estratégicas" e acrescentou que é necessário estabelecer um corredor para a entrega de ajuda humanitária para este grupo.


Avanço de jihadistas leva Iraque a nova onda de violência132 fotos128 / 132

11.ago.2014 - Deslocados iraquianos da comunidade yazidi atravessam a fronteira entre Iraque e Síria. Cerca de 20 mil civis conseguiram escapar do cerco dos jihadistas do Estado Islâmico em torno do monte Sinjar, no norte do Iraque, onde estavam em água e comida Leia mais Rodi Said/Reuters

Muitos yazidis deixaram suas casas para se refugiar nas montanhas de Sinjar.

Arte UOL
Iraque e Síria são vizinhos e 'compartilham' rebeldes

Diana Darke, autora dos livros Eastern Turkey ("Leste da Turquia", em tradução livre) e My House in Damascus, An Inside View of the Syrian Revolution ("Minha Casa em Damasco, Uma Visão Interna da Revolução Síria", em tradução livre) visita áreas divididas entre curdos e yazidis no sudeste da Turquia desde a década de 1980.

A autora explica à BBC quem são estes religiosos:

"Eles ganharam a atenção internacional nas últimas semanas, algo que a comunidade não queria. Devido à sua crença diferente, os yazidis são rotulados, injustamente, de 'adoradores dos diabo' e tradicionalmente se mantêm distantes, fechados em pequenas comunidades espalhadas no noroeste do Iraque, noroeste da Síria e sudeste da Turquia.

Calcular o número de membros desta minoria é difícil, os números variam entre 70 mil a 500 mil. Temidos, difamados e perseguidos, não há dúvidas de que a população diminuiu consideravelmente no último século. Como outras minorias religiosas da região, como os druzos e alauítas, não é possível se converter ao yazidismo, apenas nascer já no grupo.

A atual perseguição a esta minoria em sua região mais central, na região do Monte Sinjar, a oeste da cidade de Mosul, está baseada em um mal entendido com o nome deles.

Extremistas sunitas, como o EI, acreditam que o nome da minoria vem de Yazid ibn Muawiya (647-683), o segundo califa da dinastia Umayyad, que era profundamente impopular.

Pesquisas modernas esclareceram que este nome não tem nada a ver com os yazidis ou com a cidade persa de Yazd, mas tem origem em uma palavra do persa moderno "ized", que significa anjo ou divindade. O nome Izidis significa apenas "adoradores de deus", que é como os yazidis se descrevem.

Bíblia e Alcorão

O grupo se refere a si como Daasin (plural: Dawaaseen), que é uma palavra tirada de uma antiga diocese nestoriana - a Igreja Antiga do Leste - pois muitas de suas crenças são derivadas do cristianismo.

Eles reverenciam a Bíblia e o Alcorão, mas grande parte de sua tradição é oral. Em parte devido ao segredo que cerca este grupo, ocorreram algumas confusões, entre elas de que a complexa fé yazidi é ligada ao zoroastrismo, com uma dualidade entre a luz e as sombras e até uma adoração ao sol.

Mas, estudos recentes mostraram que, apesar de seus templos serem frequentemente decorados com o sol e seus túmulos apontarem para o leste, o local do nascimento do sol, eles compartilham muitos elementos com o cristianismo e islamismo.

Iraque: ofensiva rebelde lembra invasão dos EUA7 fotos2 / 7

Montagem mostra um comboio militar norte-americano cruzando o deserto de Anbar, na fronteira do Iraque com a Síria em 2005, durante a ocupação dos EUA no Iraque (à esquerda). À direita, foto divulgada no Twitter mostra um caminhão carregando veículos de guerra atribuídos ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante Leia mais Patrick Baz/AFP/Albaraka News

As crianças são batizadas com água consagrada por um pir (padre). Em cerimônias de casamento, ele parte o pão e entrega uma metade para a noiva e a outra para o noivo.

A noiva, vestida de vermelho visita igrejas cristãs.

Em dezembro, os yazidis jejuam por três dias, antes de beber vinho com o pir.

Entre 15 e 20 de setembro, há uma peregrinação anual até a tumba do Sheikh Adi at Lalesh, ao norte de Mosul, onde eles fazem ritos no rio local. Eles também praticam o sacrifício de animais e circuncisão.

O ser supremo dos yazidis é conhecido como Yasdan, considerado de um nível tão elevado que não pode nem ser adorado diretamente. Ele é considerado uma força passiva, o Criador do mundo, não aquele que preserva.

Sete grandes espíritos emanam dele e, destes, o mais importante é o Anjo Pavão, conhecido como Malak Taus, um executor ativo da vontade divina. O pavão, no início do cristianismo, era um símbolo de imortalidade, pois sua carne parece não decompor. Malak Taus é considerado o alter ego de Deus, inseparável e, devido a isto, o yazidismo é considerado uma religião monoteísta.

Os yazidis rezam para Malak Taus cinco vezes por dia. O outro nome de Malak Taus é Shaytan, que é a palavra árabe para diabo, e isto levou ao mal entendido dos yazidis serem rotulados como "adoradores do diabo".

Purificação

Os yazidis também acreditam que as almas passam sucessivamente por vários corpos (transmigração) e que a purificação gradual é possível devido ao renascimento contínuo, o que faz com que o inferno seja desnecessário.

O pior destino possível para um yazidi é ser expulso de sua comunidade, pois isso significa que sua alma jamais poderá progredir. Conversão para outra religião também está fora de questão.

Em áreas remotas do sudeste da Turquia, indo em direção das fronteiras com a Síria e o Iraque, os vilarejos abandonados estão começando a voltar à vida, com novas casas sendo construídas pelas próprias comunidades yazidis.

Muitos deles estão voltando do exílio agora que o governo turco não os perturba mais.

Apesar de séculos de perseguição, os yazidis jamais abandonaram sua fé, o que é sinal de um extraordinário senso de identidade e força de caráter.

Se eles forem expulsos do Iraque e da Síria pelos extremistas do Estado Islâmico, existe a possibilidade de mais yazidis se estabelecerem no sudeste da Turquia, onde eles podem viver em paz."

Fonte: http://noticias.uol.com.br/

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