Os organizadores incentivaram os manifestantes a trazer câmeras para documentar
a conduta policial durante a manifestação.
Enquanto milhares de israelenses de origem etíope protestavam contra a violência policial em Tel Aviv, na quarta-feira, as manifestações se tornaram violentas quando manifestantes queimaram latas de lixo e jogaram garrafas na polícia.
Os protestos foram organizados, após a morte a tiros de um jovem mentalmente instável, que provocou revolta e acusações de tratamento policial injusto entre a comunidade etíope-israelense.
Os manifestantes começaram a se reunir no Azrieli Junction de Tel Aviv, pouco antes das 15h, horário local, antes de uma marcha em direção à sede municipal na Praça Rabin, no centro da cidade.
Centenas de policiais ficaram a postos, permitindo que os manifestantes bloqueassem a Rodovia Ayalon sem intervir, enquanto o protesto estava pacifico.
Na noite da última quarta-feira, policiais em cavalos foram enviados às ruas de Tel Aviv para remover os últimos manifestantes, levando a várias prisões.
Mais cedo, a polícia afirmou que estava com receio de que hooligans procurassem explorar a manifestação para entrar em conflito com oficiais que recebiam acusações de que a polícia estava tentando deslegitimar sua causa.
Os organizadores encorajaram os participantes a trazerem câmeras para documentar a conduta policial durante a manifestação, depois que um protesto similar, em 2015, se tornou violento.
O ministro da Segurança Pública de Israel, Gilad Erdan, disse ao grupo de defesa etíope-israelense, Tebeka, “que os oficiais enviados para as manifestações usariam câmeras fotográficas para facilitar o protesto apropriado e encorajar moderação e transparência".
Em uma coletiva de imprensa antes da manifestação, os organizadores expuseram suas exigências, que incluíam investigações independentes sobre três incidentes de alto perfil de violência policial contra homens etíopes-israelenses e denuncias de qualquer ato de violência durante a manifestação.
"Queremos dizer sim ao protesto e não à violência", disse Samai Elias, um tradicional líder religioso judeu-etíope, segundo o jornal Haaretz.
Os organizadores estão exigindo a nomeação de um juiz especial na investigação da morte de Yehuda Biadga, de 24 anos, que foi morto a tiros na semana passada na cidade costeira de Bat Yam, ao sul de Tel Aviv, depois que ele teria ameaçado com uma faca, um oficial. Ele afirmou que o grupo não confiava no departamento do Ministério da Justiça, que investiga a má conduta policial no incidente.
Eles também exigem a implementação de recomendações do comitê sobre o fim da discriminação contra israelenses-etíopes, uma sessão do gabinete de emergência sobre violência policial e a ampliação do escopo e da autoridade de uma força-tarefa existente no combate ao racismo.
Além disso, os organizadores estão buscando uma investigação independente sobre outros incidentes de violência policial contra homens etíopes-israelenses, incluindo o tiroteio de Shahar Maman, em 2015, e o espancamento de Damas Pakada no ano passado.
Os organizadores dos protestos de quarta-feira lamentaram que as manifestações similares, após os incidentes envolvendo Maman e Pakada, não trouxeram nenhuma mudança séria, mas expressaram esperança de que desta vez seria diferente.
“Nós não somos contra a polícia. Este protesto é para que a polícia seja melhor”, disse a organizadora do protesto, Rachel Yosef. “Quero ter certeza de que quando tiver filhos, eles poderão andar com orgulho. É impossível viver com medo”, acrescentou.
Após o tiroteio na semana passada de Yehuda Biadga, cuja família alega que ele sofria de problemas de saúde mental, o ministro da Segurança Pública de Israel, Gilad Erdan, lançou uma iniciativa piloto com câmeras, incluindo mais de 10 mil policiais de Tel Aviv para aumentar a confiança da população.
“Melhorar os laços entre a polícia e a comunidade etíope foi um fator central na implementação do projeto. Estou certo de que trará uma enorme mudança nos laços e na confiança do público na polícia”, disse Erdan ao anunciar a iniciativa.
Outras cidades devem seguir o exemplo e implantar câmeras policiais nos próximos meses. A comunidade etíope de Israel agora conta com cerca de 140.000 pessoas, incluindo mais de 50.000 nascidos no estado judaico.
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