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segunda-feira, 13 de julho de 2020

Profissão: Rei. O que dizem os papéis que o banco suíço guardou sobre os “esquemas” do rei Juan Carlos

E esse picareta "quis dar de dedo" em Chaves!!!
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13.07.2020 às 16h22



PIERRE-PHILIPPE MARCOU/GETTY IMAGES
O ex-chefe de Estado espanhol Juan Carlos I terá pedido a uma sociedade de gestão de fortunas a criação de um “esquema” que pudesse ocultar o dinheiro que recebeu de líderes de países do Golfo. Autoridades espanholas e suíças estão a investigar. O jornal “El Español” teve acesso aos detalhes de todo o processo



O antigo rei de Espanha Juan Carlos I pediu que se montasse um “esquema” para esconder os milhões que o então monarca da Arábia Saudita, já falecido, lhe terá “oferecido como presente segundo a tradição saudita”, escreve esta segunda-feira o jornal digital “El Español”, que teve acesso a documentos da investigação. As autoridades espanholas acreditam, porém, que este dinheiro foi uma espécie de comissão paga a Juan Carlos por ter servido de intermediário entre empresas espanholas de construção de ferrovias e o Governo saudita, que procurava quem construísse ligação de alta velocidade entre Medina e Meca.

“El Español” teve acesso a uma declaração prestada por homens próximos de Juan Carlos I ao procurador Bernard Bertossa, que está a investigar, desde 2018, uma possível ocultação de “cerca de 100 milhões de dólares” (88 milhões de euros) na Suíça, longe do fisco espanhol.

Os dois homens no centro deste esquema são Arturo Fasana e Dante Canonica (presidente e principal advogado, respetivamente, da sociedade de gestão de fortunas Rhône Gestión). Admitiram ter criado “uma estrutura” na Suíça, junto do banco Mirabaud, para esconder uma “importante doação” que o então rei estava prestes a receber do homólogo saudita Abdallah bin Abdulaziz al-Saud.

A conta para onde esse dinheiro foi transferido não foi aberta no nome de Juan Carlos, mas em nome da Fundação Lucum, com sede no Panamá. Esta tinha o antigo monarca espanhol como principal beneficiário, ainda que o seu nome estivesse oculto de qualquer documento público.

Segundo as declarações de Fasana e Canonica, a Rhône Gestión enviou ao banco suíço o pedido de abertura de conta, a pedido de Juan Carlos, que no formulário com os dados necessários não tentou esconder a sua identidade. À frente do espaço destinado à profissão aparece a palavra “Rei” e, na morada, “Palácio Zarzuela-Madrid”. No beneficiário económico aparece o nome: J. Carlos de Borbón y Borbón.

Noutro formulário aparece o nome de Antoine Boissier como pessoa de referência no banco para gestão desta contra. Na altura Boissier era um dos sócios do banco Mirabaud e o homem que se reuniu com Canonica e Fasana para planear a abertura de uma conta por trás da qual estava o então rei de Espanha, segundo explicou Canonica ao procurador suíço.
ENTRA EM CENA O SULTÃO DO BAHREIN

Mas o esquema não acaba aqui - nem as dúvidas sobre as razões das doações de vários montantes de dinheiro. No cofre do banco, apenas acessível à direção, foram parar outros documentos sobre a conta de Juan Carlos, incluindo uma clarificação sobre a origem de 1,9 milhões de dólares depositados em 2010 por Fasana e alegadamente entregues ao ex-monarca espanhol pelo sultão do Bahrein em 2010.

O dinheiro terá sido entregue em mãos, numa mala, diretamente a Fasana pelo próprio Juan Carlos, conta o advogado nas declarações a que “El Español” teve acesso: “Acabava de regressar de Abu Dhabi e, quando chegou a Genebra, veio ter a minha casa com uma mala com dinheiro. Explicou que o sultão lhe oferecera aquele montante e pediu-me que transferisse o dinheiro para a Lucum, o que fiz logo de seguida”, lê-se na declaração de Fasana, que acrescentou à descrição do depósito a explicação de que o antigo monarca era “um homem muito querido nos países no Golfo”

No início da semana, o mesmo jornal publicou um contrato que mostra que o antigo chefe de Estado seria o primeiro beneficiário dos 65 milhões de euros depositados na Fundação Lucum. Ficavam expressamente excluídos desse valor os seus filhos: o rei Filipe VI e as infantas Elena e Cristina.

Apesar de ser beneficiário, Juan Carlos decidiu doar o dinheiro a Corinna Larsen, empresária com quem terá mantido uma relação amorosa. Segundo “El Español”, os fundos foram depositados numa conta da Fundação Lucum aberta no banco Mirabaud de Genebra por Canónica e Fasana, mas no artigo 2.º do contrato fica claro que a doação não tem cláusula de devolução e é irrevogável: Larsen, que aceitou, é sua beneficiária mesmo que morra antes do doador, ou seja, Juan Carlos.

Em 15 de março último, o atual rei, Filipe VI, tornou público que renuncia à parte da herança do seu pai que lhe caberia, procurando deste modo distanciar-se das fraudes fiscais que mancharam o reinado do ex-chefe de Estado. Também cancelou a subvenção estatal a Juan Carlos.

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