Olhando o morro que integra o Parque da Serra do Tabuleiro com o seu topo encoberto por nuvens e tendo acabado a leitura do livro de SÍLVIO ADRIANI CARDOSO, intitulado "O último vôo do C-47 2023: o desastre aéreo que abalou o Brasil", lembrei-me da expressão usada como manchete desta matéria, que era usada pelo meu sogro, morador da região, Alécio José da Silva, para referir tempo chuvoso e sempre perigoso para a aviação.
O livro citado é muito interessante e refere também o acidente ocorrido com o Boeing da Transbrasil, que colidiu com o morro da Virgínia/Ratones, em abril de 1980. A obra foi-me emprestada pelo senhor "Beto" (Roberto André Rodrigues), de 98 anos, citado pelo escritor nas páginas 213, 224 e 240, com cuja família tivemos o prazer de almoçar, ontem, na simpática casinha da família, no Furadinho (**).
O minucioso autor revela a ocorrência de saques dos pertences das tripulações e passageiros, em ambos os acidentes por moradores das proximidades dos eventos, bem como por curiosos (e mal intencionados) vindos de outras paragens.
O mais lamentável, no caso do Cambirela, foi a constatação, até mesmo, de repugnante necrofilia (relações sexuais com vítimas fatais), praticada por indivíduos inescrupulosos e, por que não dizer, doentes, procedimento que, em nenhuma hipótese deve servir para macular a imagem da população local, como um todo, pois a comunidade era composta por gente trabalhadora e séria (pescadores e lavradores, principalmente), incapaz de cometer semelhante atrocidade.
Afora noticias tão lamentáveis, de se louvar o empenho e muito sacrifício dos envolvidos no resgate dos corpos, na maioria militares, mas também muitos civis.
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(*) SOBRE O CAMBIRELA:
- CÂMARA CASCUDO - Dicionário de folclore brasileiro, p. 184, referiu como CAMBIRERA, um mito, sobre o qual discorreu. Salienta que o termo designativo é de pura origem guarani, significando “seios flácidos de anciã, ubre de vaca que foi recentemente ordenhada”, segundo ORTIZ MAYANS (Dicionário Español-Guarani …). O autor SILVIO ADRIANI CARDOSO reproduziu versão para a origem do nome daquela eminência encontrada na obra do famoso Saint-Hilaire ("Viagem à Província de SC").
(**) SOBRE O FURADINHO:
- Pequeno rio que corre a desaguar a 400 braças ao sul do Cubatão no distrito da Enseada de Brito. É um braço deste último rio. - JOAQUIM GOMES DE OLIVEIRA E PAIVA - Dicionário topográfico, histórico e estatístico da Província de Santa Catarina (1868)
- ALFREDO MOREIRA PINTO - Apontamentos para o dicionário geográfico do Brasil (1894)- Vol. F-O, p. 59. - Diz ser afluente do IMBAÚ.
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