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- I.A.S.
- Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR
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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024
MAIS UM BANDIDO BOLSONARISTA QUE VIROU "PASTÔ" - Assassino de Chico Mendes assume presidência do PL em cidade do Pará
JORGINHO MELLO, o nepotista
Primeiro tentou fazer do filho Secretário. O ato de nepotismo foi combatido e gorou. Agora, na sua sanha de dar emprego a parentes, o governador de SC está empossando o sogro do filho rejeitado, JOÃO CARLOS GHIZI como executivo na Casa Civil.
Jorginho, que é conhecido por supostas manobras escusas quando esteve no BESC, não está enganando ninguém. Apenas mantendo-se fiel à tradição. Votaram nele os que têm o mesmo pensamento permissivo e tendente à imoralidade.
Veremos se acontecerão novos questionamentos na Justiça, sobre a legalidade do ato. Podem até não acontecer, mas no plano da moralidade, sem dúvida a atitude do governador é questionável.
Jorginho já havia dado sinais, durante seu mandato, de ser adepto de safadezas, quando, por exemplo, deu um cargo para a filha de Michele Bolsonaro. Estará a moça fazendo algo de útil para o Estado, no afã de merecer o cargo que lhe deu o nosso governador?
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024
50.000 suicídios em 1 ano - Por que taxa de suicídios disparou nos EUA para maior nível em 83 anos
Legenda da foto,
NETANIAHU E JUDEOFOBIA
No afã de conquistar simpatias junto à comunidade judaica mundial, contrapondo o desgaste da própria imagem, ante acusações de corrupção, o mandatário de Israel, vulgo Bibi, está a promover a intensificação (histórica) da eliminação do povo palestino.
Contrapondo os interesses sionistas aos dos povos vizinhos, o corrupto mencionado mitiga a rejeição contra ele. Em vez dos judeus descontentes com a improbidade do seu governante pedirem a cabeça do mesmo, redirecionaram o foco da sua ira contra os palestinos (velha prática, aliás), ao argumento de que o Hamas fez 1.200 vítimas inocentes entre os judeus.
Mostrando força e impiedade monstruosa, Israel cai em desgraça perante boa parte da opinião pública mundial e, o mais nefasto de tudo isso, é o aumento inevitável da judeofobia (aversão aos judeus em geral) fenômeno bem mais amplo que o antissemitismo.
Mas Netaniahu - visto como anti-heroi por parte dos judeus não sionistas, ou como heroi pelos sionistas (eis que combatendo o Hamas, Hesbolá, Isis, e outros grupos "terroristas") - mesmo com o genocídio praticado contra os palestinos, acaba por incrementar a necessária coesão do povo judaico como um todo?
Sionistas ou de outras vertentes ideológicas e religiosas poderão manter-se cada vez mais unidos e tolerantes às barbaridades, tendo em conta a ameaça do "inimigo comum" representado pelos "árabes" (*), por força do discurso eugênico dos governantes atuais da nação hebraica.
E por falar em inimigo "árabe", a criação do Estado de Israel usou como um dos pretextos o vir a constituir-se em "sentinela contra a barbárie", o que convinha à Europa Ocidental. Daí provém, salvo melhor avaliação, o apoio incondicional dos países europeus ao "Lar Nacional" judaico, ficando o lar dos palestinos apenas como enganosa promessa dos ingleses.
Cumpre ainda lembrar que os europeus ocidentais só queriam como seus cidadãos os judeus ricos e não os judeus pobres do Oriente, razão pela qual, com apoio do capitalista Rothschild e posteriormente de outro barão (Maurice de Hirch) trataram de apoiar a fundação de colônias (ano de 1900), onde os judeus indesejados foram alojados.
A conclusão inarredável é que judeus pobres são vistos também "menos judeus" que os abastados, pelas próprias lideranças sionistas.
Quem desejar saber mais sobre a denominada "Questão Palestina", busque a pequena obra de HELENA SALEM, de origem judaica, nascida no RJ, no emblematico ano de 1948, a qual dá preciosas indicações para leitura, dentre elas a obra do judeu Israel Shaack, O racismo do Estado de Israel - Paris, 1975. No livrinho de SALEM encontra-se notícias inclusive sobre a OLP - Organização para a Libertação da Palestina, hoje no esquecimento.
-=-==-
(*) - Neste passo, cabe lembrar o célebre judeu LEON PINSKI, médico de Odessa, que escreveu, em 1882, após violentos pogroms em seu país, a obra intitulada Auto-emancipação: um apelo ao seu povo por um judeu russo, na qual ponderou: nossa solidariedade, o ódio e a inimizade universais. Para manter a aludida coesão e solidariedade, portanto, vêm os líderes judeus como indispensável manter sobre a cabeça dos seus compatriotas, a ameaça do "terrorismo árabe". e do antissemitismo.
Os judeus e a eliminação dos "impuros" (goiym)
Na opinião de G. de Lafont, em seu livro "Les Aryas de Gallilee" goiym quer dizer os impuros.
Os judeus chamavam à Galiléia, Gelil-ha-Goyim, o Circulo dos Gentios, ou, melhor, o Círculo dos Impuros.
O termo e empregado em primeira mão pelo próprio Talmud contra os helenos de Cesareta e até da Palestina, em eterna luta com os judeus. - GUSTAVO BARROSO - Os protocolos dos Sábios do Sião.
Como se vê, as lutas dos judeus com os outros povos não remontam apenas ao período posterior à implantação do Achadismo (sionismo). Muito antes de 1948, os judeus já discriminavam os outros povos, em práticas de eugenia que antecederam em muito ao nazismo.
As suspeitas que recaem sobre Putin, em relação à eliminação de oponentes e o Achadismo
Todos sabemos que Putin - ex-membro do serviço secreto russo e líder determinado a recompor a antiga União soviética, na medida do possível - pode sim ter mandado matar gente como Alexei Navalny, traidor a serviço dos interesses ocidentais, inequivocamente.
Aliás, essa é uma prática que a humanidade sempre adotou: "os incomodados que se mudem", ou morrerão.
Na história dos primórdios do sionismo, parece que ocorreu o mesmo. Vejamos o que lembrou, em nota de rodapé, o virulento anti-semita GUSTAVO BARROSO, ao comentar a polêmica obra Os protocolos dos Sábios do Sião:
Teodoro Hertzl, um dos mais conhecidos sionistas contemporâneos, que se celebrizou em diversas polêmicas e que, no Congresso Sionista de Basiléia, teve forte desavença com Achad Haam ou Asher Ginzberg, um dos quatro israelitas que arrancaram, depois da grande guerra, a lord Balfour a declaração sôbre a entrega da Palestina aos judeus. O sionismo de Hertzl é o chamado sionismo político; e o de Achad é o sionismo prático ou, melhor, secreto. A luta entre ambos foi dura. Em 1904, Hertzl faleceu subitamente. Há graves suspeitas sôbre sua morte. Vide a brochura de L. Fry "Le Sionisme", edição da "Vieille France", Paris, 1921.
Também em nota de rodapé, pág. 16, anotou o polêmico GUSTAVO BARROSO, na obra aludida:
Achad-Haam ou Asher Ginzberg foi o partidário da concentração na Palestina de algumas centenas de milhares de judeus, de maneira a formar ali um centro espiritual israelita capaz de produzir e irradiar um renascimento da cultura hebraica. Deve-se a Achad Haam a inspiração que levou o ministro Balfour a fazer a célebre Declaração, entregando a Palestina aos judeus. O movimento de caráter sionista criado por Achad Haam recebeu o nome de Achadamismo.
Os elogios feitos pela imprensa judaica do mundo, mostraram à sadedade que importância teve sua ação intelectual no pensamento de Israel.
Sobre a atuaçao de Achad Haam pode-se ler algo interessante no magnífico e mais do que documentado livro de Salluste, "Les origines secrétes du bolschevism" , cujas edições desapareceram misteriosamente da circulação, como desaparecem em geral as dos "Protocolos" em qualquer língua - Vide também L. Fry, "Le Sionisme". Rendendo homenagem a Achad Haam, quando morreu, o "Universe Israelite", de 13 de julho de 1934, chama-o textualmente: "Grande pensador judeu".
O poeta hebreu Cain Bialik - denomina-o profeta e diz que mostrou o caminho da liberdade.
ESCRITO POR UM ISRAELENSE
A limpeza étnica da Palestina
Com base em arquivos centrais do projeto sionista, obra de Ilan Pappé expõe os planos de um longo massacre. Objetivo: ocupar, destruir e expulsar. Ordens claras: “matem qualquer árabe que encontrarem”. Conclusão: Israel está sobre menso cemitério
Publicado 04/05/2023 às 13:03 - Atualizado 04/05/2023 às 13:33
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Comentário sobre o livro de Ilan Pappé
Por Berenice Bento, em A Terra é Redonda
Há livros difíceis de serem lidos. Às vezes empacamos diante de conceitos ou de formulações rebuscadas. Há, também, outros tipos de dificuldades. Paramos a leitura para tomar ar, para dar ao pensamento tempo para se conectar com a narrativa de experiências históricas terríveis, devastadoras. Somos postos diante do precipício daquilo que chamamos “humanidade”.
Os crimes contra a humanidade nos arrancam do nosso lugar confortável e nos fazem pensar sobre os próprios sentidos que os criminosos dão ao “humano”. Foi a conta-gotas que li A limpeza Étnica da Palestina, do historiador israelense Ilan Pappé. A cada página o autor nos apresenta aos horrores cometidos pelos sionistas para expulsar os/as palestinos/as de suas terras para que pudessem fundar um Estado judeu.
Nas duas viagens que fiz à Palestina vi fragmentos. Conheci parte considerável dos 700 quilômetros de muro, serpentes de concreto; as barreiras militares. Escutei tiros que executaram um jovem na Cidade Velha de Jerusalém, ritual de morte que acontece quase todos os dias nas barreiras militares. Acompanhei e chorei com os moradores de Silwan (bairro palestino em Jerusalém Oriental) que tiveram suas casas demolidas. Conversei com crianças que tinham sido presas pelo Estado de Israel. Visitei alguns campos de refugiados.
Faltava, contudo, ligar os vários pontos dos múltiplos atos de terror cometidos pelo Estado de Israel contra o povo palestino. Tão logo voltei ao Brasil, em janeiro de 2017, o livro de Ilan Pappé foi lançado. Este livro me deu um quadro histórico mais coerente e completo, que seria impossível de alcançar apenas pela dimensão da experiência. O que eu tinha assistido era, de fato, a continuidade da política iniciada em 1947 pelo futuro Estado de Israel: eu vi a continuidade da limpeza étnica da Palestina.
Um dos principais mitos que tenta justificar a existência de Israel se fundamenta no lema “Uma terra sem povo para um povo sem terra”. A narrativa sionista é mais ou menos assim: “judeus miseráveis, perseguidos pelos antissemitas na Europa, finalmente, voltam para suas terras ancestrais. Encontraram terras desocupadas e, com seu trabalho, fizeram da terra seca brotar a abundância. Cercado de inimigos por todos os lados, os/as heroicos/as soldados/as judeus/judias resistiram, lutaram e fundaram o glorioso Estado de Israel!”. Após a pesquisa de Ilan Pappé, este mito foi definitivamente destruído.
A tese da limpeza étnica não é nova. Walid Khalidi, por exemplo, nos seus escritos, já seguia este caminho. Em sua obra-prima, Una Historia de los Palestinos a traves de la fotografia 1876-1948, Khalidi nos apresenta uma Palestina pulsante, com uma vida urbana conectada com grandes centros culturais e econômicos do mundo. O autor combina vários elementos narrativos em seu livro: fotografias, mapas, dados censitários e textos analíticos. A própria palavra síntese, usada pelos/as palestinos/as para se referir ao que lhes aconteceu, principalmente a partir de novembro de 1947, Nakba (catástrofe), nos revela que a tese de limpeza étnica não é nova.
Qual seria, então, a singularidade da obra de Ilan Pappé e por que sua leitura deve ser obrigatória para todos/as que estão conectados/as com a luta do povo palestino e/ou interessados/as em entender os mecanismos de dominação do neocolonialismo materializados nas políticas do Estado de Israel? Pela primeira vez, um pesquisador entra na alma do projeto sionista: vale-se dos arquivos da Haganá, das FDI (Forças de Defesa de Israel), arquivos centrais sionistas, registro das reuniões da Consultoria, diário e os arquivos pessoais de Ben-Gurion.
Com rigor científico cirúrgico, o autor nos apresenta também cartas, documentos da ONU, repercussão em jornais de alguns dos massacres cometidos contra o povo palestino, arquivos da Cruz Vermelha. Além da descrição e análise histórica dos fatos, o livro ainda mostra fotos, cronologia dos fatos principais, mapas e um apartado com centenas de notas explicativas das fontes consultadas. São estas notas que garantem o rigor científico e o compromisso com a verdade. São centenas, iguais à Nota 5 (Capítulo 6): “Isso estava nas ‘Ordens operacionais para as brigadas de acordo com o Plano Dalet’, Arquivos das FDI, 22/79/1.303” (p. 313).
No primeiro capítulo, o historiador irá apresentar o conceito de “limpeza étnica” aceita por todos os organismos internacionais como “um esforço para deixar homogêneo um país de etnias mistas, expulsando e transformando em refugiados um determinado grupo de pessoas” (p. 23). Logo depois, nos conduzirá aos antecedentes históricos do projeto sionista de construção de um Estado para os judeus (por exemplo, a Declaração Balfour, de 1917) e nos apresentará aos “intelectuais orgânicos” da limpeza étnica, destacando-se o grande arquiteto Ben-Gurion.
Em carta ao filho, em 1937, Ben-Gurion antecipará o que iria acontecer: “Os árabes terão de ir, mas para fazê-lo acontecer, é necessário um momento oportuno, como uma guerra” (p. 43). Dez anos depois, em 1947, Yigael Yadin (outro importante quadro político-militar que planejou e executou a limpeza) afirmará: “os árabes palestinos não têm ninguém para organizá-los devidamente” (p. 42). Ou seja, a suposta guerra que Ben-Gurion já desejava em 1937 não aconteceu. Guerra só existe quando há um mínimo de equilíbrio na correlação de forças bélicas entre os inimigos. O que mostra a falsidade da retórica acionada sem timidez por Ben-Gurion de que os judeus na Palestina corriam risco de serem vítimas de um segundo Holocausto. Ao descrever os palestinos como nazistas, “a estratégia era uma manobra deliberada de relações públicas para garantir que, três anos depois do Holocausto, o ímpeto dos soldados judeus não vacilasse quando eram ordenados a limpar, matar e destruir outros seres humanos” (p. 93).
Foram três planos, ao todo, para realizar a limpeza étnica (Plano A, 1937; Plano B, 1946 e que passou a integrar o Plano C, de 1948). No entanto, o mais minucioso e melhor estruturado foi o Plano Dalet (“D” em hebraico). Assim, “alguns dias depois de escrito, o Plano D foi distribuído entre os comandantes das 12 brigadas incorporadas agora à Haganá. Junto à lista recebida vinha uma descrição detalhada dos vilarejos no seu raio de ação e de seu destino imanente: ocupação, destruição e expulsão. Os documentos israelenses liberados pelo arquivo das Forças de Defesa de Israel, no fim dos anos 1990, mostram claramente que, ao contrário das alegações feitas por historiadores como Benny Morris [historiador israelense], o Plano Dalet foi entregue aos comandantes de brigadas não como diretrizes gerais, mas como categóricas ordens para a ação” (p. 103).
No Capítulo 5, Pappé descreve e analisa a execução do Plano D mês a mês.
O nome das Operações, os vilarejos capturados e destruídos, os massacres, o poder bélico da Haganá (mais de 50 mil soldados) em contraposição ao total desamparo dos/as palestinos/as. Foi durante a execução do Plano D que aconteceu o famoso massacre de Deir Yassin, “um cordial vilarejo pastoril que havia conseguido um pacto de não agressão com a Haganá de Jerusalém” (p. 110). Cerca de 170 habitantes foram brutalmente assassinados; dentre eles, 30 bebês.
As ordens eram claras: “matem qualquer árabe que encontrarem, incendeiem todos os objetos voláteis e derrubem as portas com explosivos” (p. 115). Eram as ordens daquele que se tornaria o chefe de estado-maior do exército israelense, Mordechai Maklef.
Foram necessários apenas alguns meses para destruir 531 vilarejos, 11 bairros urbanos e mandar 800 mil palestinos/as para o exílio. Dos vilarejos destruídos, 31 foram massacrados, vítimas de carnificinas, entre eles: Nasr al-Din, Khisas, Safsaf, Sa’sa, Hussayniyya, Ayn Al-Zaytun, Tantura. Em relação à Tantura, décadas depois, Eli Shimoni, oficial da Brigada Alexandroni, admitiria: “Não tenho dúvida de que ocorreu um massacre em Tantura. Não saí por aí anunciando-o aos quatro ventos. Não é exatamente algo para se orgulhar” (p. 147). Não se sabe exatamente quantas pessoas foram executadas. Alguns falam de 85; outros, de 125.
Em Tantura, “quando a carnificina acabou no vilarejo, com as execuções encerradas, dois palestinos receberam a ordem de cavar uma cova coletiva sob a supervisão de Mordechai Sokoler, de Zikhron Yaacov, dono das escavadeiras trazidas para realizar o trabalho macabro. Em 1999, ele disse que se lembrava de haver enterrado 230 corpos; tinha claro o número exato: ‘eu os depus na cova, um a um’” (p. 156).
E os massacres seguem. Em Lydd: “As fontes palestinas narram que na mesquita e nas ruas ao redor, onde as forças judaicas fizeram mais uma onda de matança e pilhagem, 426 homens, mulheres e crianças foram mortos (176 mortos foram encontrados na mesquita). No dia seguinte, 14 de julho, os soldados judeus foram de casa em casa tirando as pessoas para a rua e empurrando cerca de 50 mil delas para fora da cidade, em direção à Cisjordânia (mais da metade já era refugiada de outros vilarejos próximos)” (p. 203).
No entanto, foi no vilarejo Dawaymeh que as atrocidades superaram todas as pretéritas. Em 28 de outubro de 1948, 20 blindados israelenses entraram no vilarejo. Em pouco tempo, a chacina foi consumada. Estima-se que 455 pessoas foram assassinadas, sendo 170 mulheres e crianças. Os relatos, produzidos pelos próprios soldados, são estarrecedores: “bebês com crânios rachados, mulheres estupradas ou queimadas vivas nas suas casas e homens esfaqueados até a morte. Esses relatórios não foram elaborações a posteriori, mas depoimentos de testemunhos oculares enviados ao Alto Comando em questão de poucos dias após o fato” (p. 232). Os métodos utilizados não eram essencialmente diferentes de uma operação militar para a outra: pilhagem e roubo dos bens materiais, estupros, assassinatos, demolições, agressões, incêndios, campos de trabalho forçado, envenenamento de fontes de água.
Em 1950, a situação dos/as palestinos/as já era tão trágica que a ONU criou a Agência das Nações Unidas para Ajuda e Emprego (UNRWA – sigla em inglês) que se dedica, exclusivamente, aos/às palestinos/as refugiados/as. Os/as filhos/ as da diáspora palestina estão espalhados pelo mundo. Em novembro de 1948, a ONU aprovou a Resolução 194, que garante aos/às refugiados/as – que atualmente são 5,2 milhões – o direito de retorno às suas casas na Palestina. Como tantas outras Resoluções, o Estado de Israel nega-se a cumpri-la.
São gerações e gerações de palestinos/as espalhados/as em campos de refugiados. Muitos dos/as palestinos/as com quem conversei, moradores de campos de refugiados, conseguem apontar o local das casas de parentes que foram roubadas pelo Estado de Israel. Muitos ainda guardam as chaves de suas casas. Algumas vezes, as expõem como objetivo-símbolo dos seus sofrimentos e esperanças. Querem voltar para casa.
Em vários momentos, Ilan Pappé abre uma brecha na narrativa para expor sua subjetividade. Os achados científicos da pesquisa parecem ter produzido um tipo de perda do autor. É como se ele estivesse nos falando: “fui feito a partir de mentiras que me contaram”. Entre outras passagens do livro, ele nos diz: “Como tantos outros pontos de belas paisagens dessa região [refere-se ao vilarejo de Qira, destruído em fevereiro de 1948], voltados à recreação e ao turismo, também esconde as ruínas de um vilarejo de 1948. Para minha própria vergonha, levei anos para descobri-lo” (p. 100).
O livro de Ilan Pappé tem sido uma poderosa arma para cumprir o objetivo que ele esboça já nas primeiras páginas. “Este livro foi escrito com a convicção profunda de que a limpeza étnica da Palestina precisa ficar enraizada na nossa memória e consciência como um crime contra a humanidade e de que deve ser excluído da lista de crimes supostos” (p. 25).
Ao fim do livro, uma certeza: Israel é um imenso cemitério. Sob o “seu” solo, estão vilas, corpos, cemitérios palestinos, objetos e muitas histórias. Tudo escondido pelo silêncio sepulcral de um projeto colonial. Mas a história e seus fantasmas renascem de múltiplas formas. Ilan Pappé conta que o Fundo Nacional Judeu (FNJ) tentou cobrir as ruínas do vilarejo palestino de Mujaydil com dezenas de pinheiros. No entanto, “mais tarde, as visitas dos familiares de alguns dos aldeões originais da região descobriram que alguns dos pinheiros estavam literalmente rachados ao meio e que, no meio dos troncos rompidos, brotaram as oliveiras, desafiando abertamente a flora forânea plantada ali há 55 anos” (p. 262). A oliveira é o símbolo do povo palestino.
Qual o preço pela coragem de praticar a verdade, a parresía? Ilan Pappé sabe. Depois de publicar seu livro, em 2006, as perseguições e censuras por parte do Estado de Israel tornaram sua vida impossível. Ilan Pappé também é oliveira. Atualmente, vive exilado e está engajado na luta mundial de solidariedade ao povo palestino que clama pelo boicote, desinvestimento e sanções (BDS) ao Estado de Israel como forma desobrigá-lo a desocupar os territórios palestinos, fazê-lo parar com suas políticas de apartheid e, finalmente, reconhecer o direito de retorno dos/as palestinos/as refugiados/as.
Berenice Bento é professora de sociologia na UnB. Autora, entre outros livros, de Brasil, ano zero: Estado, gênero, violência (Editora da UFBA).
Publicado originalmente em Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar, v. 7, no. 2, jul.- dez. 2017.
Referência
Ilan Pappé. A limpeza étnica da Palestina. São Paulo, Editora Sundermann, 2016, 360 págs.
STEDILE DENUNCIA MANOBRA DO AGRONEGÓCIO
Publicado por Augusto de Sousa
- Atualizado em 16 de fevereiro de 2024 às 7:51
João Stedile, líder do MST. Foto: reprodução
A IMPUNIDADE DE ISRAEL QUE PRECISA SER FREIADA
Por Plinio Teodoro
Escrito en GLOBAL el 21/2/2024 · 06:28 hs
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024
SOBRE TUSI OU "COCAÍNA ROSA" (KETAMINA, ÊXTASE E CAFEÍNA MISTURADOS)
Nunca tinha lido, nem ouvido, nada a respeito da mistura mortífera que andam consumindo por aí.
Forças da Ucrânia utilizaram munições químicas dos EUA durante a operação militar russa
07:03 19.02.2024 (atualizado: 08:14 19.02.2024)
© Sputnik / Said Tsarnaev
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Casos de utilização de munições químicas norte-americanas foram registrados no decorrer da operação militar especial, declarou nesta segunda-feira (19) o chefe das Tropas de Defesa Radiológica, Química e Biológica das Forças Armadas da Rússia, Igor Kirillov.
De acordo com ele, duas instalações nos EUA ainda armazenam compostos reativos altamente tóxicos que ficaram após a destruição dos estoques declarados de armas químicas americanas.
Os EUA deveriam ter completado a destruição dos estoques declarados de armas químicas em 2007, mas o fizeram apenas em 2023, observou Kirillov em comunicado.
"Os Estados Unidos ainda retêm compostos altamente tóxicos após a destruição de agentes químicos nas instalações em Blue Grass (Kentucky) e Pueblo (Colorado)", disse o tenente-general russo.
De acordo com ele, as Forças Armadas da Ucrânia usaram repetidamente substâncias tóxicas contra soldados russos.
Como exemplo, Kirillov citou o uso em 19 de agosto de 2022 de um produto químico tóxico que é um análogo do agente de guerra químico B-Zet incluído no Anexo 2 da Convenção sobre as Armas Químicas e Biológicas (BWC, na sigla em inglês).
Todos os documentos que estão à disposição do Ministério da Defesa da Rússia confirmando os fatos de violações pelos EUA e pela Ucrânia das disposições da Convenção sobre Armas Químicas foram entregues ao Comitê de Investigação da Rússia para a tomada de uma decisão processual, disse ele.
Uma substância semelhante, segundo Kirillov, foi descoberta em 28 de janeiro de 2024 durante uma averiguação operacional em um esconderijo no território de Melitopol. "A substância tóxica estava em frascos com a inscrição Biosporin em língua ucraniana."
Kirillov observou que Kiev está desenvolvendo uma tática de "cinturão químico especial", que envolve a detonação de recipientes com ácido cianídrico e amônia durante o avanço das Forças Armadas da Rússia.
Bolsonaro: parte dos R$ 17 milhões em Pix de apoiadores some das contas; PF investiga
FLÁVIO DINO, UM HOMEM LÚCIDO
FOI SÓ LULA CRITICAR O SIONISMO...
...por causa do genocídio que estão a praticar contra os palestinos, que a Globo começou a desancar o governo federal.
Israel, que se autoproclama a maior democracia do Oriente Médio, não admite críticas às suas políticas e, muito menos, questionamentos que envolvam o Holocausto. Fico imaginando se as críticas virulentas de Gustavo Barroso - famoso, muito singularmente corajoso escritor brasileiro (duas vezes presidente da Academia Brasileira de Letras) - fossem escritas na atualidade. Provavelmente seria crucificado pelo Mossad.
A liberdade de expressão, que costumam defender os judeus, só serve para eles dizerem o que bem entendem e manipularem a opinião pública, ao seu bel prazer, mas não em sentido contrário.
Sob o corrupto Netanyahu, que os judeus guindaram ao poder, não se pode criticar os excessos sionistas, sob pena de incorrer na ogeriza da mídia corporativa hegemônica e ser punido até por atores do Poder Judiciário brasileiro (assim considerado o Ministério Público e a Magistratura), sabidamente cooptados pelo sionismo, há muito tempo e que carregaram a mão, sem qualquer pudor, em cima do gaúcho Elwanger, por ter escrito e publicado obras que criticavam a Shoá.
Mas os críticos do sionismo não são todos estrangeiros ou de outras etnias. Há muita gente que coloca o direito à livre expressão acima das ligações étnicas, como é o caso das escritoras abaixo mencionadas Arendt e Gessen), muito respeitadas, mesmo nos meios judaicos não hipócritas.
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Escritora que comparou ação de Israel à dos nazistas diz que "a hora é agora"De família judaica vítima do Holocausto, ela diz que não é antissemitismo
"Punição".Escritora quase não recebeu prêmio por ter comparado Gaza a um gueto judaico na Segunda Guerra Mundial.Créditos: Wikipedia
Escrito en GLOBAL el 18/2/2024 · 17:01 hs
A escritora Masha Gessen ganhou um prêmio mas não levou.
Não levou, em termos.
Ela foi escolhida pela Fundação Heinrich Böll, da Alemanha, para ser homenageada por sua contribuição ao pensamento político na tradição da escritora Hannah Arendt.
Porém, entre a escolha e a entrega do prêmio, Gessen publicou um ensaio na revista estadunidense New Yorker com o título "À Sombra do Holocausto".
ARENDT FEZ A COMPARAÇÃO EM 1948
Nele, ironicamente, ela cita Arendt:
Em 1948, Hannah Arendt escreveu uma carta aberta que começava: “Entre os fenômenos políticos mais perturbadores dos nossos tempos está o surgimento, no recém-criado Estado de Israel, do 'Partido da Liberdade' (Tnuat Haherut), um partido político estreitamente semelhante na sua organização, métodos, filosofia política e apelo social aos partidos nazistas e fascistas”. Apenas três anos após o Holocausto, Arendt comparava um partido israelense ao Partido Nazista, um ato que hoje seria uma clara violação da definição de antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto [IHRA]
No mesmo texto, Gessen comparou Gaza a um gueto judaico da Europa Oriental sob cerco durante a Segunda Guerra Mundial.
"O gueto está sendo liquidado", concluiu.
Foi o suficiente para que a entrega do prêmio fosse suspensa.
Eventualmente, numa cerimônia diminuta, ela recebeu o prêmio, mas sem a presença dos integrantes da Fundação ou do Senado do estado de Bremen, financiadores da comenda.
Masha Gessen, que é russo-estadunidense -- de família judaica que sofreu perdas no Holocausto -- disse em entrevistas subsequentes que a comparação que fez não deveria ser feita com leveza.
Falando à TV pública dos Estados Unidos, a PBS, ela explicou:
Eu comparei diretamente a política de Israel à dos nazistas. Não fui a primeira a fazê-lo. Acho que é essencial fazer a comparação agora. Se formos sérios sobre o NUNCA MAIS, agora é o momento, quando as pessoas ainda podem ser salvas em Gaza. É sério fazer uma comparação destas. Vai deixar gente revoltada. DEVERIA deixar as pessoas revoltadas. Deveríamos perder o sono todos os dias sobre Gaza, uma vez que a comparação é válida!
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024
CRIAÇÃO DE AGORA
Conheço-a desde menina. Era um diabinho em figura de gente.
Também a mãe, Deus perdoe os seus pecados, não se importava com ela; fazia-lhe todas as vontades...
Sempre digo que essa criação d'agora não presta. Filhos muito senhores de si, por qualquer descuido, se desgarram. Os meus não punham pé em ramo verde. Muito amor, mas muito respeito e cabresto curto. - DOMINGOS OLÍMPIO - Luzia Homem.
Bolsonaro atrás das grades
O presidente Lula esteve preso durante bom tempo, embora sem condenação transitada em julgado, até que o STF anulou os processos, por não haverem observado as regras legais, dentre elas a competência para o processamento dos feitos.
O ex-presidente francês Sarkozy foi condenado à prisão, recentemente. Se irá mesmo para a cadeia, ou não, é outra história.
O Brasil está na expectativa de ver o ex-presidente Bolsonaro atrás das grades, na Papuda. Se, observado o devido processo legal, for condenado em caráter irrecorrível, que se cumpra a decisão judicial, independentemente da vontade dos fanáticos que o consideram "mito".
Quanto aos membros do Judiciário, o buraco é mais embaixo. Alguns magistrados cometem abusos e crimes, mas o que se vê, muito raramente, é ir algum deles preso, prevendo a legislação a famigerada "aposentadoria compulsória", que corresponde a dar-se um prêmio ao delinquente.
O fato - que não se pode perder de vista - é que tanto a França, quanto o Brasil, ou qualquer outro país, está acima dos interesses pessoais e ou político-partidários de políticos e magistrados.
Os países "são" (condição permanente) e os ocupantes de cargos públicos apenas "estão" (situação provisória, temporária).