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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Cada vez mais popular, ukulele conquista músicos amadores e profissionais



    


  








Instrumento havaiano se imortalizou nas mãos de músicos como George Harrison, Jack Johnson e Eddie Vedder







Alexandre Gonçalves


FLORIANÓPOLIS 



O cantor e compositor Rodrigo Daca, um dos principais nomes da cena rock de Florianópolis, lançou neste mês de março “Ímpar”, seu terceiro disco. Entre músicas arranjadas com guitarras, violões, baixo e bateria, Daca incluiu “Bom dia”, canção composta e gravada apenas com o ukulele, instrumento de origem havaiana que vem ganhando espaço nas vitrines e adeptos profissionais e amadores nos últimos anos. “ ‘Bom dia’ surgiu tão imediatamente quando comprei o instrumento no ano passado, que eu achei que ela deveria entrar no EP porque no contexto das letras fazia muito sentido para mim”, conta Daca. 


Foto: Rosane Lima/ND



"Cavaquinho havaiano": Os músicos Maurício Peixoto (E) e Rodrigo Daca viraram fãs do ukulele. Daca já tem música gravada com instrumento em EP 






Instrumento de quatro cordas e com um formato que lembra um cavaquinho, o ukulele ganhou popularidade nos últimos anos, embalado pelo sucesso de artistas como Jack Johnson, Jason Mraz, Bruno Mars, Train e Eddie Vedder. Mas principalmente pelo vídeo-homenagem ao cantor havaiano Israel “Iz” Kamakawiwo’ole, morto em junho de 1997, e que tem como trilha sua versão para ukulele para “Somewhere over the rainbow”. Virou um viral na internet até por reforçar o clima de celebração que acompanha a sonoridade do instrumento – emociona até hoje (assista aqui). 


No caso de Daca e de Maurício Peixoto, outro músico de Florianópolis que também adquiriu recentemente um ukulele, o interesse pelo instrumento é anterior. Ambos citaram o documentário “Anthology”, dos Beatles, lançado em 1994. Em uma das cenas, Paul McCartney e George Harrison aparecem tocando ukulele – cada um o seu – num gramado, acompanhados por Ringo Starr, conversando e relembrando antigas canções. “Não lembro se era com o George tocando ou se era com o Paul dizendo que o George curtia”, diz Peixoto. 


Paulo Back, do Expresso Rural, beatlemaníaco e que também entrou para o time dos ukuleleiros, confirma a relação de George com o instrumento. “George Harrison tocava e costumava ter vários para presentear os amigos”, conta. “Tanto que foi o instrumento que o Paul usou para homenageá-lo”, diz Back, citando um dos momentos mais emocionantes das recentes turnês de Paul, inclusive a que passou por Florianópolis em 2012, quando ele toca “Something” no ukulele para lembrar do amigo, que morreu em 2001. 






O barato de tocar e compor com o ukulele 


O músico Paulo Back conta que já havia tocado ukulele em festas de amigos, mas só recentemente ganhou o seu, presente da mulher. Em fevereiro último, Back gravou e publicou no Facebook um vídeo em que toca o ukulele uma versão de “I Will”, dos Beatles . “No início dá um nó no cérebro transpor os acordes para outro tom e outras posições”, brinca. 


Assim como Back, Maurício Peixoto, atual Della/Peixoto, e que toca guitarras no disco de Rodrigo Daca, também publicou em seu perfil no Facebook um vídeo apresentando aos amigos sua primeira música composta no ukulele. Para ele, no ukulele tem coisas que funcionam mais e outras não no momento de compor. “De início, eu percebi que as batidas mais ritmadas acabam funcionando mais nesse instrumento, e isso acaba guiando a composição”, explica. “É claro que nem sempre é assim que funciona, e isso também muda de pessoa pra pessoa, mas de qualquer forma, um instrumento novo é sempre um motivador pra novas ideias”. 


Foto: Rosane Lima/ND



Gerente de loja de instrumentos Sérgio Sonza percebe maior procura, para ele o sucesso na Ilha tem a ver com o clima "praia-surfe" 






Na descrição do clipe de “Bom dia”, Daca diz que quando se compra um instrumento novo, “a tendência é ter uma ideia nova e elas normalmente são boas” (www.rodrigodaca.com.br). “Tive vontade de comprar um ukulele para tocar umas músicas de criança. O som dele me remete às cantigas para crianças e queria aprender a tocá-lo para quando a minha filha nascer”, diz. 


Para Daca, compor no ukulele foi uma experiência diferente do habitual, mexeu com o processo criativo. “É outro instrumento e você precisa aprender os acordes para daí então, tentar algo”, afirma. Para ajudar no processo, o instrumento comprado por Daca veio com “instruções”, no caso, com uma lista de alguns acordes. “Parti dali e a sonoridade de alguns deles me chamou atenção e o resto foi pura sorte casar a letra e a música”, diz. 


Maurício Peixoto destaca alguns dos motivos que o levaram a comprar e a tocar o instrumento. “É relativamente barato, tem um certo charme, um som agradável”, diz. “Gosto muito do som dele, da mobilidade, de poder levar para qualquer lugar facilmente”, afirma o músico, destacando que o formato pequeno facilita a intimidade com o instrumento. Nisso, o repertório pode ir longe. “Até ‘Bohemian Rhapsody’, do Queen, já vi tocarem em ukulele. É um barato”, conclui Paulo Back. 






Na internet 


A internet tem ajudado a difundir o ukulele entre músicos profissionais e amadores e fãs de música em geral. No YouTube é possível encontrar gravações como as da cantora norte-americana Julia Nunes, neta de portugueses, que explora bastante o ukulele em seu repertório de composições próprias e covers. Ou a regravação de “God only knows”, dos Beach Boys, só com voz e ukulele. 


Ainda no YouTube, a The Ukulele Orchestra of Great Britain, com seus oito integrantes e seus ukuleles e que existe desde 1985, faz sucesso com seu repertório que inclui canções de David Bowie, Talking Heads, Rolling Stones, The Who e de nomes da nova música britânica como o Kaiser Chiefs. 


Para os fãs dos Beatles, a dica é conhecer o projeto The Beatles Complete On Ukulele, ideia de dois produtores americanos que, com a participação de músicos de diversos países, regravaram todas as músicas compostas e gravadas pela banda de Liverpool. O projeto começou em 2009 e terminou em 2012, na época dos jogos olímpicos de Londres. Nesse período, uma regravação era lançada toda terça-feira. 


Para quem comprou ou pensa em comprar um ukulele, a dica é procurar por “tutorial ukulele” no YouTube. E para facilitar a transposição de acordes para o ukulele e evitar o nó no cérebro citado por Paulo Back, a dica é usar os serviços de sites como o brasileiro ToUke que gera automaticamente as cifras do violão para ukulele. 






Conexão Portugal-Havaí 


O ukulele tem origem no século 19 e sua semelhança com o cavaquinho não é mera coincidência. Foram emigrantes portugueses que levaram o cavaquinho, criado em Portugal, para as ilhas havaianas em 1879, durante uma campanha visando a exploração do cultivo da cana-de-açúcar na região. E lá, assim que os portugueses desembarcaram, o instrumento caiu no gosto dos nativos, inclusive da realeza. 






Imagem: Divulgação



O preço do ukulele pode variar de R$ 199 a R$ 600, dependendo do tipo e do modelo do instrumento 










O rei David Kalakaua, que era músico e compositor, ganhou um instrumento de presente e aprendeu a tocá-lo, o que ajudou a torná-lo popular por lá, sofrendo algumas modificações no decorrer do tempo em relação ao cavaquinho, como o tipo de cordas usado (em vez de cordas de aço, o ukulele usa as de nylon) e também ao seu uso. 


O cavaquinho é um instrumento usado mais para solos e acompanhamentos mais simples, enquanto o ukulele permite explorar mais acordes e harmonias na mesma linha do banjo. Símbolo da cultura do Havaí, o ukulele, que ganhou este nome por causa das suas dimensões reduzidas em comparação a outros instrumentos (no dialeto local ukulele significa “pulga saltitante”), também é conhecido como “cavaquinho havaiano”. 






Mais presentes nas vitrines 


Se antes era difícil encontrar o ukulele nas lojas de instrumento, o cenário hoje é diferente e o pequeno virou notável e já divide espaço nas vitrines com violões, baixos, guitarras e teclados. Segundo Sérgio Sonza, gerente de uma loja de instrumentos no Iguatemi, mesmo sem a exposição de hoje, já existia uma procura pelo instrumento aqui em Florianópolis. “Há uns dois ou três anos a gente já buscava o produto junto aos fornecedores”, diz. “Mas era só por encomenda”. 


Atualmente, como prova de que o instrumento caiu no gosto dos músicos amadores e profissionais, Sonza diz que a loja mantém um estoque de ukulele, em média com dez modelos diferentes. Para ele, o sucesso do ukulele em Florianópolis tem a ver com o clima “praia-surfe” da cidade e o uso do mesmo por cantores como Jack Johnson, um dos preferidos da turma que pega onda. 


“Trabalhei muito tempo com venda de instrumentos musicais em Curitiba e lá nunca ninguém me perguntou se tinha ukulele”, brinca. “Aqui a gente percebe que acontece um boca a boca muito grande, um amigo que compra e outro amigo que se interessa e vem comprar também”. O preço de um ukulele pode variar de R$ 199 a R$ 600, dependendo do tipo e do modelo do instrumento.

Fonte http://ndonline.com.br

Publicado em 31/03-09:12 por: Gabriel Luis Rosa.
Atualizado em 01/04-10:51

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