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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Empresa que ignorar mulheres perderá 30% da força emergente, diz executiva


MARIANA SALLOWICZ

DO RIO
A americana Beth Brooke, uma das cem mulheres mais poderosas do mundo, acredita que consumidoras, empreendedoras, funcionárias e executivas serão a nova força emergente do mundo, ao lado de China e Índia.
Ela veio ao Brasil neste mês lançar um programa que busca explorar o potencial para negócios de atletas após a aposentadoria.
Brooke, vice-presidente global de políticas públicas da Ernst & Young (consultoria americana que apoia oficialmente os Jogos Olímpicos do Rio 2016), está constantemente engajada em programas para o desenvolvimento das mulheres.
A executiva ocupa a 99ª posição na lista anual de poderosas da revista "Forbes", que traz ainda empresárias, celebridades e figuras políticas, como a presidente brasileira Dilma Rousseff (3ª) e a ex-secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton (2ª).
Daniel Marenco/Folhapress
Beth Brooke, vice-presidente da Ernst & Young, está na lista das cem mulheres mais poderosas do mundo
Beth Brooke, vice-presidente da Ernst & Young, está na lista das cem mulheres mais poderosas do mundo
A americana de 53 anos acredita que as empresas devem voltar a atenção ao público feminino. A renda global das mulheres vai saltar de US$ 13 trilhões para US$ 18 trilhões nos próximos cinco anos, estima.
Ela é responsável pela política pública da consultoria em 140 países, tendo que negociar frequentemente com autoridades, empresários e políticos. Leia a seguir os principais pontos da entrevista concedida à Folha.
*
Folha - Como se tornou uma das mulheres mais poderosas do mundo?
Beth Brooke - Esse reconhecimento veio como resultado do meu trabalho e do que defendo na Ernst Young há anos. Uso a minha plataforma para mobilizar pessoas em 140 países, para fazer um impacto positivo no mundo. Mas não acredito que chegaria a esse posto sozinha.
Como foi esse processo?
É preciso cultivar uma rede de relacionamentos, ter pessoas te estimulando. Acredito que é desta forma que alguém fica poderoso. Ao reconhecer que não se faz nada sozinho e que é preciso fazer com que todos os envolvidos em um projeto trabalhem na mesma direção.
Como foi a sua reação quando soube da indicação?
Foi uma das sensações mais desconfortáveis que senti. Descobri por e-mail que a lista seria publicada no dia seguinte. Fiquei assustada porque a nossa cultura empresarial é de não comemorar nada individualmente. Eu faço tudo como integrante de uma equipe, e, de repente, estaria na lista como um indivíduo. Liguei para o presidente da empresa para dizer que estava muito preocupada.
Ele me acalmou, ficou orgulhoso e disse que mereci. Depois percebi como foi interessante a minha reação sendo mulher: meu primeiro instinto foi me preocupar e não ficar orgulhosa.
As mulheres têm ganhado importância no mundo dos negócios?
Sim, e isso irá crescer ainda mais. Há estimativas de que as mulheres terão um poder econômico tão grande nos próximos dez anos que já estão sendo chamadas por estudiosos e especialistas de o "terceiro bilhão". Significa que 1 bilhão de mulheres pelo mundo ingressarão na economia global, junto com outros 2 bilhões vindas da Índia e da China.
As empresas estão preparadas para receber esse público?
Não. Costumo perguntar para os presidentes das empresas: você estão investindo na Índia, na China? A resposta é sempre sim. Então pergunto: por que não estariam investindo nas mulheres? Eles nunca estão.
As empresas não podem mais ignorar a força das mulheres. É incrivelmente importante tê-las entre os seus funcionários, assim como entre os seus líderes.
O que falta ser feito?
As empresas devem focar não só na contratação de mulheres, mas também no desenvolvimento delas. Devem olhar se o quadro de líderes e executivos é composto somente, ou majoritariamente, por homens. Os consumidores de seus produtos certamente não são só homens. Então, devem saber que não é possível conduzir um negócio com líderes apenas do sexo masculino.
Na indústria de carros isso ainda acontece muito. A decisão de compra de veículos é feita muitas vezes pelas mulheres, mas os carros são desenvolvidos por homens.
O empreendedorismo é uma forma de desviar desse obstáculo?
Sim, o número de mulheres que são empresárias vem crescendo com força. Elas cansaram do ambiente corporativo, que não é favorável a elas.
Como deve ser o ambiente de trabalho?
Flexível, deve permitir que os funcionários possam equilibrar a vida pessoal e profissional. Para isso, é preciso focar no resultado.
Se há um trabalho que deve ser feito ou um cliente a ser atendido, a empresa deve se ater ao que foi realizado. É preciso checar se o cliente foi atendido da melhor forma. A funcionária deve ter a liberdade de dizer que precisa levar o filho ao médico na sexta-feira. Pode compensar como for melhor para ela, pode ser num sábado, por exemplo. Isso não importa.
Como introduzir essa dinâmica na empresa?
A equipe deve ter sempre um objetivo. Dê poder aos seus funcionários, coloque eles no controle. Assim, o seu funcionário poderá criar uma equipe que entregue um resultado excepcional.
As pessoas se sentem melhor quando elas estão no controle da situação, sem que precisem dizer o que elas devem fazer. É claro que é necessário criar uma cultura para que isso funcione, e demora. Mas funciona.
Quais são os problemas que vê nas mulheres empreendedoras e trabalhadoras?
São muito focadas nos detalhes, mas não têm um olhar mais distanciado, com estratégia. Ficam muito concentradas e pensam: estou indo bem. Daí ficam emperradas naquilo, não vão além.
Apesar das perspectivas positivas, ainda são poucas as mulheres nos cargos mais altos.
Em todo o mundo isso acontece, não há mulheres em um número suficiente em cargos de chefia. Nos Estados Unidos, que todos vêm como um grande exemplo, apenas 3% dos principais executivos (CEOs) são mulheres. E a situação se repete em outros lugares do mundo.
O que tem sido feito para reduzir esse problema?
Há países que estão adotando cotas para mulheres nos conselhos de administração das empresas. É definido que 40% do conselho deve ser de mulheres. Isso já ocorre em diversos países da Europa, como Noruega e França. Não sou fã das cotas, mas gosto do resultado que se atinge. São artificiais, devem ser a última opção. O setor privado deve ter a chance de fazer o correto para o seu negócio.
Quem mais admira na lista das cem mais poderosas?
Hillary Clinton. Quando era primeira-ministra, eu trabalha na administração dela. A vi viajar pelo mundo inteiro. Ela sempre arrumava um tempo para encontrar as mulheres. Ao final desses eventos, você via fotos dela com chefes de Estado, mas também sempre com as mulheres do país. Ela queria passar a mensagem de que aquelas mulheres eram importantes.
E o que acha da presidente do Brasil, também na lista?
Está fazendo um grande trabalho no Brasil. É muito importante ter uma mulher como presidente. Dessa forma, qualquer menina pequena pode sonhar em ser presidente, uma vez que já viu isso acontecer.

Fonte: FOLHA DE SP

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