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sábado, 31 de março de 2018
sexta-feira, 30 de março de 2018
Escândalo sexual na ONU: Funcionária diz que lhe ofereceram uma promoção para aceitar um pedido de desculpas
A conselheira política das Nações Unidas que diz ter sofrido abuso sexual por parte de um alto responsável da organização fala do caso pela primeira vez
Numa entrevista exclusiva à CNN, a funcionária das Nações Unidas que acusou o vice-diretor executivo do programa UNAIDS de abuso sexual fala agora do caso e diz que lhe foi oferecida uma promoção em troca da aceitação de um pedido de desculpas por parte do brasileiro Luiz Loures.
Segundo Martina Brostrom, o alto funcionário da ONU agarrou-a num elevador de hotel, beijou-a à força e tentou arrastá-la até ao seu quarto, durante uma conferência em 2015.
No artigo, a CNN avança que Loures, que nega as acusações, garante que cooperou com a investigação de 14 meses ao caso. Na altura, a ONU concluiu que as alegações de Brostrom, conselheira política do programa das Nações Unidas para a sida, não eram fundamentadas.
O responsável deixa agora a organização, mas por sua decisão, segundo a ONU.
Além de Brostrom, outras duas mulheres acusam Loures de abuso sexual. Uma, Malayah Harper, relatou à CNN que um caso semelhante, também num hotel, em 2014. A outra, que pediu anonimato, diz que foi alvo de abuso "há uns anos".
A cadeia de informação norte-americana teve ainda acesso a uma gravação de uma reunião no final de fevereiro, em que o diretor do UNAIDS, Michel Sidibé, garante não ter sido avisado sobre o comportamento de Loures e critica as funcionárias que levaram as suas alegações de assédio sexual para a praça pública.
Brostrom diz ter avisado informalmente Sidibé, um ano depois do episódio, mas só mais tarde, quando uma reorganização interna podia pôr Loures na posição de seu supervisor, pediu a abertura de uma investigação. Meses depois, relata que Sidibé a pressionou para deixar cair a queixa e aceitar um pedido de desculpas de Loures, a troco de uma promoção, o que o Sidibé negou quando falou com os investigadores, admitindo, no entanto, ter dito a Brostrom que seria bom "encontrar uma forma" de proteger a organização e que fosse boa para "ela própria". O responsável reconheceu também que lhe sugeriu "terem uma conversa os dois só para perceber como [o seu desejo de ser promovida] podia desenvolver-se de outra forma".
A funcionária, que está de baixa desde abril do ano passado, tem uma avaliação médica, datada de junho, que declara que sofre de stress pós-traumático na sequência de um incidente em maio de 2015.
Num email ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, Brostrom descreveu-se como "vítima de um duplo abuso - primeiro, sexualmente, por Luiz Loures, e depois profissional e moralmente por Michel Sidibé".
"O que me aconteceu, como a situação foi mal gerida, não devia acontecer a nenhuma outra mulher", lamenta, à CNN.
Numa entrevista exclusiva à CNN, a funcionária das Nações Unidas que acusou o vice-diretor executivo do programa UNAIDS de abuso sexual fala agora do caso e diz que lhe foi oferecida uma promoção em troca da aceitação de um pedido de desculpas por parte do brasileiro Luiz Loures.
Segundo Martina Brostrom, o alto funcionário da ONU agarrou-a num elevador de hotel, beijou-a à força e tentou arrastá-la até ao seu quarto, durante uma conferência em 2015.
No artigo, a CNN avança que Loures, que nega as acusações, garante que cooperou com a investigação de 14 meses ao caso. Na altura, a ONU concluiu que as alegações de Brostrom, conselheira política do programa das Nações Unidas para a sida, não eram fundamentadas.
O responsável deixa agora a organização, mas por sua decisão, segundo a ONU.
Além de Brostrom, outras duas mulheres acusam Loures de abuso sexual. Uma, Malayah Harper, relatou à CNN que um caso semelhante, também num hotel, em 2014. A outra, que pediu anonimato, diz que foi alvo de abuso "há uns anos".
A cadeia de informação norte-americana teve ainda acesso a uma gravação de uma reunião no final de fevereiro, em que o diretor do UNAIDS, Michel Sidibé, garante não ter sido avisado sobre o comportamento de Loures e critica as funcionárias que levaram as suas alegações de assédio sexual para a praça pública.
Brostrom diz ter avisado informalmente Sidibé, um ano depois do episódio, mas só mais tarde, quando uma reorganização interna podia pôr Loures na posição de seu supervisor, pediu a abertura de uma investigação. Meses depois, relata que Sidibé a pressionou para deixar cair a queixa e aceitar um pedido de desculpas de Loures, a troco de uma promoção, o que o Sidibé negou quando falou com os investigadores, admitindo, no entanto, ter dito a Brostrom que seria bom "encontrar uma forma" de proteger a organização e que fosse boa para "ela própria". O responsável reconheceu também que lhe sugeriu "terem uma conversa os dois só para perceber como [o seu desejo de ser promovida] podia desenvolver-se de outra forma".
A funcionária, que está de baixa desde abril do ano passado, tem uma avaliação médica, datada de junho, que declara que sofre de stress pós-traumático na sequência de um incidente em maio de 2015.
Num email ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, Brostrom descreveu-se como "vítima de um duplo abuso - primeiro, sexualmente, por Luiz Loures, e depois profissional e moralmente por Michel Sidibé".
"O que me aconteceu, como a situação foi mal gerida, não devia acontecer a nenhuma outra mulher", lamenta, à CNN.
Fonte: http://visao.sapo.pt
Médicos alarmados com "pior caso" de supergonorreia do mundo
Getty Images
Segundo o Serviço Nacional de Saúde britânico, a vítima é um homem que ficou infetado com um tipo de gonorreia resistente a antibióticos depois de uma viagem ao sudeste asiático
A ausência de eficácia do tratamento da gonorreia – uma combinação de azitromicina e ceftriaxona – fez soar os alarmes. Seguiram-se outros antibióticos, com o mesmo resultado.
"Esta é a primeira vez que um paciente apresenta resistência a esses medicamentos e à maioria dos outros antibióticos frequentemente usados", anunciou aos jornalistas Gwenda Hughes do Public Health England, uma agência do ministério britânico da Saúde. Tanto a Organização Mundial de Saúde como os Centros Europeus para o Controlo de Doenças concordam que este é um caso inédito a nível mundial.
A esperança está agora num último antibiótico, mas só daqui a umas semanas será possível avaliar se foi mesmo eficaz.
As autoridades britânicas adiantam que o homem ficou infetado com a superbactéria na sequência de relações sexuais não protegidas com uma mulher, durante uma viagem ao sudeste asiático, e que estão agora a tentar localizar outras parceiras sexuais do doente, numa tentativa de conter o alastramento desta supergonorreia.
Já desde 2015 que os médicos avisavam que a bactéria Neisseria gonorrhoeae, que causa a doença, podia deixar de responder a antibióticos por ser muito eficaz a ganhar resistência.
A gonorreia é transmitida por via sexual. É possível ter a doença e não manifestar sintomas claros (é o caso de 10% dos homens heterossexuais e de mais de 75% das mulheres e homens homossexuais), mas estes incluem corrimento purulento, dor ao urinar e perdas de sangue fora da menstruação.
Não tratada, a doença pode provocar infertilidade e em último caso levar mesmo à morte.
Fonte: isao.sapo.pt
Venha conhecer o primeiro bordel de bonecas do mundo
Sociedade
30.03.2018 às 8h30
Luís Ribeiro e Marcos Borga
Inertes, mas dóceis. Hirtas, mas maleáveis. Realistas, mas idealizadas. Cem euros à hora. Bem-vindo ao primeiro bordel de bonecas do mundo. Acompanhe, na íntegra, a reportagem da VISÃO em texto e vídeo
São onze da manhã e já se trabalha na Apricots. Para lá da porta de madeira de pinho do bordel, a cem passos do estádio do Barcelona FC, há um hall escuro que atravessa quatro camarins improvisados com cortinas pretas e termina num corredor estreito com duas portas de cada lado. Uma mulher acaba de entrar num dos camarins. Os primeiros clientes podem chegar a qualquer momento.
A última porta do lado direito corresponde ao melhor quarto da casa. Em cima da cama, debaixo de uma meia-luz avermelhada, estão sentadas duas prostitutas incomuns – tão sedutoras e convidativas quanto possível a dois objetos de silicone. Brandy enverga apenas um babydoll transparente e manifestamente pequeno para o seu peito gigantesco. Yoko, de medidas mais modestas (copa C), usa um vestidinho cor de rosa. Ambas estão prontas a dar prazer. Não que alguém tenha de lhes pedir licença.
“São realistas, não são?” O sorriso de Sergi Prieto denota a confiança compreensível de um jovem de 27 anos que apostou, com dois amigos e uma amiga mais ou menos da mesma idade, num negócio original e, aparentemente, está a dar-se bem com ele.
Sim e não. São anatomicamente próximas da realidade (braços, pernas, cara, três orifícios, clitóris) e respiram, salvo seja, sexualidade. Mas sem imaginação não é possível olhar para Brandy e Yoko e ver duas mulheres. E não apenas por causa do olhar mortiço e inexpressivo, da consistência mole do corpo ou da rigidez das articulações. Brandy, por exemplo, tem uma cinturinha de vespa que umas mãos grandes são capaz de abraçar, com os dedos a tocarem-se, e mamas que deixam muito espaço desperdiçado quando são apalpadas, envergonhando as mãos de qualquer homem. É, quando muito, um realismo irrealista. Daí o estímulo extra proporcionado pelos filmes pornográficos que passam na televisão do quarto. “O orgasmo é garantido”, diz Sergi, triunfante, como se atingir o êxtase fosse uma dificuldade masculina comum.
A LumiDolls, traduzível por “bonecas prostitutas”, anunciou-se como o primeiro bordel de bonecas do planeta, quando abriu há um ano em Barcelona (entretanto, nasceram mais três, na Alemanha, na Áustria e no Reino Unido). Mas teve um arranque penoso e fechou duas semanas após a inauguração. Na imprensa catalã, falou-se em problemas com as licenças de funcionamento, queixas dos vizinhos e fúria do senhorio, que não saberia o que se ia passar no apartamento quando assinou o contrato. A empresa, porém, diz que só mudaram de poiso porque o local inicial não tinha condições para atender a uma procura inesperadamente intensa.
Na Apricots, um dos bordéis mais populares de Barcelona, as bonecas sentem-se em casa. Sobretudo porque trabalham com a licença da Apricots, de atividades sexuais – a prostituição é proibida na Catalunha, mas a empresa, tecnicamente, só aluga os quartos. “Eles estão entre o legal e o ilegal, mas nós estamos 100% legais, porque isto são bonecas, não prostitutas. Não é gente a sério”, sublinha Sergi (que pede para que se escreva na VISÃO “Se quiser experimentar ou comprar as melhores bonecas do mercado visite lumidolls.com”).
O conceito tem sido muito comentado na imprensa e nas redes sociais, com as críticas negativas a suplantarem largamente os elogios. Contribui para a objetivação da mulher, repetiu-se. Sergi tem resposta pronta. “Os dildos consolam mulheres há milhares de anos, e estão, no fim de contas, a reduzir um homem a um pénis. Isto é um dildo 2.0 para os homens: uma mulher completa. Não é sexo. É masturbação de luxo. Uma fantasia. Talvez o homem queira fazer sexo anal e a namorada não. Com a boneca, já pode.” Yoko tem o ânus rasgado.
Em comunicado, a Aprosex, associação que representa as profissionais do sexo em Espanha, parece concordar, pondo as bonecas no lugar delas. “São serviços diferentes e compatíveis. As bonecas não te ouvem nem te acariciam. Não te dão opinião nem bebem uma taça de champanhe contigo.”
Ainda assim, na Apricots, onde trabalham 20 a 30 mulheres, a primeira reação foi de apreensão. “Julgavam que iam perder clientes. Mas a verdade é que vêm cá muitas pessoas para estarem com bonecas; depois, talvez algumas queiram passar tempo com uma mulher”, arrisca Sergi. “Há muitas casas de mulheres em Barcelona, e isto pode fazer a diferença num mercado muito competitivo.”
Pelo menos não é pelo preço que a LumiDolls quer concorrer com as prostitutas de carne e osso. Meia hora de “masturbação de luxo” é mais cara do que sexo: uma mulher da Apricots cobra 70 euros; uma boneca faz-se pagar a 80 euros. Se for uma hora, já se inverte a relação (€110 de carne, osso e talvez algum silicone, €100 por uma “prostituta” toda ela silicone).
Nem violações nem pedofilia. Mas...
A LumiDolls recebe clientes de todo o mundo (incluindo portugueses, sim), beneficiando do facto de Barcelona ser uma cidade turística. Mas alguns vêm de longe só para estar com uma boneca. “Tivemos um cliente que veio de Paris de autocarro”, conta Sergi. “Mais de 15 horas de viagem, passou duas horas e meia com uma boneca e apanhou o autocarro de volta. Mas parecia uma pessoa normal.”
O cliente médio, continua o empresário, terá entre 30 e 50 anos e é de uma classe média-alta. Fora isso, não consegue apontar um freguês-tipo. Há gente tímida com óbvias dificuldades em relacionar-se com outras pessoas; há homens que recorrem habitualmente aos serviços de prostitutas; há solteiros e há casados; há quem venha às escondidas da companheira, por vergonha ou porque sente que está a traí-la, há quem deixe a mulher no carro à espera e há quem venha com ela, numa tentativa conjunta de quebrar a monotonia sexual; há curiosos em busca de uma experiência diferente, e há habitués que pedem sempre a mesma boneca; há quem peça duas ou três bonecas ao mesmo tempo. E há jovens virgens. “Eles não dizem, mas uma pessoa consegue perceber, com aquelas caras de bebé. Vêm cá treinar antes de…”
Números é que a empresa não revela – limita-se a assegurar que tem clientes todos os dias.
O secretismo poderia ser interpretado como um sinal de que talvez o sucesso não seja estrondoso. Por outro lado, a empresa começou com quatro bonecas e neste momento já tem oito, incluindo um boneco, o Ken, para satisfazer o mercado gay. As primeiras, aliás, já estão todas arrumadas, prontas para serem alugadas para fins menos carnais, como festas. O tempo de vida útil de cada uma ronda os 3 ou 4 meses, dependendo da delicadeza dos clientes (Yoko está à beira da reforma; Brandy vai a meio).
Uma das bonecas originais aposentou-se sem grande uso. “Tínhamos duas europeias, uma asiática e uma africana”, conta Sergi Prieto. “Mas a africana não tinha grande procura. Acho que depende da localização, da cultura... Os clientes asiáticos querem sempre bonecas asiáticas. Eu julgava que um homem, estando habituado a asiáticas, quereria experimentar uma coisa diferente. Mas não. É curioso.”
A empresa, que está em negociações para dois franchisings em países europeus, tem um segundo negócio associado ao bordel: a venda de bonecas, a preços entre os €1595 e os €2045; os potenciais clientes podem experimentar e, no fim, se comprarem uma, é-lhes descontado o que gastaram. Cinco já foram vendidas para Lisboa.
A julgar pelos preços de revenda, é de crer que cada exemplar custe à empresa (que as adquire na Ásia a preços de fábrica) não mais de mil euros. Ou seja, a cada dez sessões de uma hora, a boneca fica paga, sem contar com os custos administrativos, o aluguer do espaço, os preservativos e o lubrificante, e a limpeza e desinfeção (que demora meia hora). É a funcionária perfeita: não há salário nem impostos para pagar, não há folgas, férias, greves. E, no entanto, não se queixa.
Não vale tudo. Apesar de as bonecas não terem sentimentos, os seus donos seguem algumas regras éticas. Por exemplo, um cliente que peça uma boneca amarrada, para concretizar uma fantasia de violação, não verá o desejo atendido – claro que, se levar uma corda na mariconera, ninguém saberá. E bonecas que pareçam crianças, também disponíveis na China, nunca. Mas uma das três fantasias – roupas – disponíveis na LumiDolls por mais €20 é school girl (as outras são fitness girl e executiva).
Sergi Prieto acredita que este é o início de uma revolução sexual. “Os cientistas dizem que daqui a 30 anos vamos ter mais sexo com androides do que com outras pessoas.” O primeiro passo, continua, é dar algum nível de Inteligência Artificial às bonecas. “Mas o que fará mais diferença é elas conseguirem mover-se.”
O mais perto que a LumiDolls esteve da realidade foi com uma boneca aquecida a 37°C, e que se revelou um falhanço comercial. Atualmente, o topo de gama no setor, diz Sergi, são as ultrarrealistas RealDolls, fabricadas nos EUA. Mas têm vários senãos: custam entre €6 mil e €8 mil, pesam mais de 40 quilos, são duras ao toque e pouco práticas para o fim que se quer. “Não podemos pô-las de quatro.”
Brandy e Yoko assistem à conversa, tão dóceis como sempre. Duas mulheres a fingir, que só não estão mortas porque nunca estiveram vivas. Não fazem nada, mas podem fazer-lhes tudo. “Só pedimos aos clientes para não acabarem nos cabelos delas. De resto...”, diz Sergi.
Na mesa de cabeceira, há um frapê com Möet & Chandon e dois copos de plástico – vêm sempre dois quando um cliente pede uma garrafa. Ajuda a manter a ilusão.
Fonte: http://visao.sapo.pt
Cuba planeja construir maior complexo turístico de golfe da América Latina
EFEHavana
EFE/Alejandro Ernesto
Menéame
Cuba quer construir o maior complexo turístico de golfe da América Latina, com uma extensão total de 3.700 hectares na província de Pinar del Río e um investimento previsto de 1 bilhão de euros nos sete primeiros anos.
Situado na paradisíaca região litorânea de Punta Colorada, a 170 quilômetros de Havana, o megaprojeto prevê a construção de dois campos de golfe com 18 buracos, um deles com a singularidade de ser o único no mundo com um buraco no mar, revela o jornal estatal cubano "Granma".
O Punta Colorada Cuba Golfe Marina terá 1.250 quartos em três hotéis, mais de 1.700 unidades entre vilas, apartamentos e bangalôs, e uma marina com capacidade para receber 300 barcos, tudo gerido pela parceria público-privada entre a estatal Cubagolf e pelo grupo espanhol La Playa Golfe & Resorts.
O presidente de Punta Colorida, Jaume Roma, anunciou que serão construídas, além disso, um centro de alto rendimento esportivo para treinar futebol, tênis, beisebol e vela, aproveitando o clima da ilha, onde há sol e tempo bom quase o ano todo.
Espera-se que o complexo hoteleiro de luxo esteja pronto em 25 anos. Serão várias etapas de construção. A primeira delas deve gerar 3.100 empregos.
O diretor de Cubagolf, Raudel García, afirmou que a maioria dos alimentos e outros produtos usados no complexo serão comprados da região de Pinar del Río e regiões próximas, o que auxiliará o desenvolvimento da agricultura e de outras atividades.
Junto ao Punta Colorada Golfe & Marina também está sendo construída em Pinar del Río outro campo de golfe.
A Cuba pretende ter 27 campos para a prática desse esporte, passando a integrar os principais circuitos internacionais.
A prática e as atrações turísticas associadas ao golfe movimentam um público de 40 milhões de pessoas. Por esse motivo, explicou García, o país quer se integrar a esse mercado.
O diretor cubano afirmou que Punta Colorada é um dos 13 projetos imobiliários em desenvolvimento em Cuba. O "boom" turístico coincide com a reaproximação com os Estados Unidos, durante o governo de Barack Obama. Com isso, o país pretende superar neste ano o recorde de 4,7 milhões de turistas do ano anterior.
Atualmente, está em execução em Cuba o projeto Bello Monte, um hotel de luxo a 30 quilômetros de Havana, uma parceria entre as empresas Cubagolf e a chinesa Beijing Enterprises Holdings Limited.
No leste da província de Matanzas, a Carbonera S.A, uma empresa criada entre o governo da ilha e a companhia britânica Essencia Hotel and Resorts, está erguendo um complexo de mais de 1.000 casas, um hotel com mais de 100 quartos e um campo de golfe.
Fonte: https://www.efe.com
Violência sexual -Divulgação de vídeo de estupro causa indignação no Marrocos
Agressores queriam humilhar sua vítima, mas reavivaram debate, recorrente no país árabe, sobre endurecimento de leis. Para ativista, problema central é o temor do Estado diante de uma sociedade esclarecida e pensante.
Protesto a violência sexual contra mulheres nas ruas do Marrocos (17/03/2012)
Uma adolescente de uniforme escolar está caída na rua, grita e se defende com todas as forças. Sobre o peito dela, em pleno dia, está ajoelhado um jovem adulto, que lhe arranca a calça com violência e a toca no traseiro e na região genital.
O vídeo de 50 segundos de duração, filmado por um amigo do agressor, mostra um ataque sexual ocorrido em meados de janeiro, ao norte de Marrakesh, segundo a mídia marroquina.
O ato só veio a público nesta quarta-feira (28/03), quando o estuprador e seu amigo publicaram o vídeo na internet, a fim de humilhar a menina de 16 anos que não cedera a suas tentativas de chantagem. Ela, por sua vez, ocultara a agressão por mais de dois meses, até mesmo da própria família.
Reações divididas
Nos últimos dois dias, o vídeo vem se difundindo rapidamente nas redes sociais, provocando indignação. No Twitter e Facebook criou-se até mesmo o hashtag #mas_você_não_tem_irmã (em tradução livre do árabe), citando uma das súplicas da vítima.
As reações dos usuários das mídias em idioma árabe têm se mostrado ambivalentes. Parte deles se supera em exigir punições cada vez mais duras para estupradores, ou dá conselhos às mulheres sobre como se defenderem de um agressor.
(Tradução: Assim você se defende, se for assediada sexualmente)
Enquanto outros atribuem a culpa às jovens, acusando-as de liberalidade excessiva.
(Tradução: Com base nas minhas observações, acho que as garotas são a razão principal desses atos: elas se maquiam e vestem roupas leves e se dão com os rapazes como se eles fossem os maridos delas. O que é que elas estão esperando, então? Que eles lhes deem um beijo na cabeça e as respeitem como suas mães?)
Estado e sociedade na berlinda
Embora o teor básico das numerosas reações é que Estado e sociedade não interferem o suficiente no combate à violência sexual, fato é que, por diversas vezes, o governo do Marrocos já reagiu à forte pressão da opinião pública após incidentes de agressão – no caso atual, os dois suspeitos já foram presos.
Quando, em 2013, o rei Mohamed 4º perdoou o pedófilo condenado Daniel Galvan Viña, os protestos na mídia social e nas ruas foram tão veementes, que ele se viu forçado a retirar o indulto e visitar as famílias das vítimas – um fato inédito na história da monarquia marroquina.
Outras ocorrências – como o suicídio de uma garota de 17 anos em 2016, após a libertação de seus oito estupradores; ou a divulgação de um vídeo mostrando a violentação de uma jovem portadora de deficiência, num ônibus, em meados de 2017 – provocaram clamor público pelo endurecimento das leis sobre a violência sexual.
O resultado mais recente dessa onda de protestos veio em fevereiro, quando, após longos debates, o Parlamento aprovou uma nova lei que prevê penas de um mês a cinco anos de prisão e multas de até mil euros para todo ato motivado por discriminação sexual e que resulte em danos físicos, psíquicos, sexuais ou econômicos para mulheres.
"Poderosos temem uma sociedade esclarecida e crítica"
Contudo, a lei que deverá entrar em vigor em setembro próximo vem sendo alvo de críticas de organizações de direitos civis locais e internacionais, por não proporcionar às mulheres suficiente proteção durante um processo em andamento; além de não definir violência doméstica e conjugal com a clareza necessária.
"Não à cultura do estupro": cartaz convocando a manifestação em Casablanca de solidariedade com vítimas de estupro coletivo
A ativista e portadora do prêmio pelos direitos humanos das Nações Unidas Khadija Ryadi concorda com essa avaliação, mas para ela a raiz do mal é outra: "As reações rápidas do Estado visam, sobretudo, aplacar a ira pública. Na realidade falta vontade política para alcançar uma solução verdadeira."
Em sua opinião, não se pode combater a violência sexual apenas com penas rigorosas – se é que elas sequer chegam a ser aplicadas. Mais necessário é uma sociedade culta e esclarecida, e uma escola que leve a sério sua missão educativa.
"Mas é justamente isso o que os dirigentes impedem, desde aos anos 1980, porque têm medo de uma esfera pública crítica, culta e autoconfiante, capaz de desafiar o poder ilegítimo deles", denuncia a ex-presidente da Organização de Direitos Humanos do Marrocos.
Caso Skripal - Alemanha disposta a diálogo com Rússia, apesar de expulsões
A reação de Moscou a frente formada por Reino Unido e aliados no caso Skripal não se fez esperar: quatro diplomatas alemães terão que voltar para casa. Na véspera, Rússia declarara 60 americanos personae non gratae.
Embaixada da Alemanha em Moscou
O governo da Rússia instou quatro membros da embaixada alemã em Moscou a deixarem seu território, em represália a medida semelhante tomada por Berlim. Ao tomar conhecimento da medida, nesta sexta-feira (30/03), o ministro do Exterior da Alemanha, Heiko Maas, declarou em comunicado não estar surpreso, mas reafirmou a disposição de seu país a dialogar com Moscou.
Maas lembrou que a Alemanha não tomara levianamente a decisão de expulsar quatro diplomatas russos, em reação ao envenenamento do ex-espião duplo Sergei Skripal no Reino Unido: "Foi um sinal político necessário e apropriado, em solidariedade ao Reino Unido, e por a Rússia se negar até agora a esclarecer os fatos."
Leia mais:
Melhora estado de saúde da filha de ex-espião russo
Opinião: A catástrofe diplomática de Vladimir Putin
Maas ressalvou que também no atual contexto a Alemanha está aberta ao diálogo com Moscou e trabalhará "pela segurança europeia e por um futuro construtivo para as relações bilaterais".
Outros países afetados por represálias do Kremlin são França, Canadá e Polônia, também com quatro diplomatas expulsos; Lituânia, com três; Itália e Holanda, com dois, cada uma; e Finlândia e Letônia, com um diplomata, respectivamente.
Na quinta-feira, 60 representantes diplomáticos dos Estados Unidos haviam sido expulsos da Rússia. Antes, Moscou declarara personae non gratae 23 diplomatas britânicos, o mesmo número de funcionários russos enviados para casa por Londres. O Kremlin segue negando qualquer envolvimento no envenenamento de Skripal e sua filha, Yulia.
Embaixada da Alemanha em Moscou
O governo da Rússia instou quatro membros da embaixada alemã em Moscou a deixarem seu território, em represália a medida semelhante tomada por Berlim. Ao tomar conhecimento da medida, nesta sexta-feira (30/03), o ministro do Exterior da Alemanha, Heiko Maas, declarou em comunicado não estar surpreso, mas reafirmou a disposição de seu país a dialogar com Moscou.
Maas lembrou que a Alemanha não tomara levianamente a decisão de expulsar quatro diplomatas russos, em reação ao envenenamento do ex-espião duplo Sergei Skripal no Reino Unido: "Foi um sinal político necessário e apropriado, em solidariedade ao Reino Unido, e por a Rússia se negar até agora a esclarecer os fatos."
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Maas ressalvou que também no atual contexto a Alemanha está aberta ao diálogo com Moscou e trabalhará "pela segurança europeia e por um futuro construtivo para as relações bilaterais".
Outros países afetados por represálias do Kremlin são França, Canadá e Polônia, também com quatro diplomatas expulsos; Lituânia, com três; Itália e Holanda, com dois, cada uma; e Finlândia e Letônia, com um diplomata, respectivamente.
Na quinta-feira, 60 representantes diplomáticos dos Estados Unidos haviam sido expulsos da Rússia. Antes, Moscou declarara personae non gratae 23 diplomatas britânicos, o mesmo número de funcionários russos enviados para casa por Londres. O Kremlin segue negando qualquer envolvimento no envenenamento de Skripal e sua filha, Yulia.
AV/afp,efe,rtr,dpa
Mais padres do Entorno são investigados por desvios de dízimos dos fiéis
Ao mesmo tempo que analisa a documentação apreendida nas casas dos nove presos há 10 dias, policiais civis e promotores de Justiça de Goiás buscam provas contra outros religiosos, flagrados em escutas telefônicas
DN Deborah Novais - Especial para o Correio LC Luiz Calcagno postado em 30/03/2018 06:00 / atualizado em 30/03/2018 10:20
Catedral de Formosa: investigadores encontraram 162 veículos em nome da diocese do município goiano do Entorno, cinco vezes mais do que o número de paróquias da região (foto: Minervino Junior/CB/D.A Press)
Ao menos dois padres dos municípios de Alvorada (GO) e São João d’Aliança (GO) estão na mira do Ministério Público de Goiás (MPGO) e da Polícia Civil do estado, na segunda fase da Operação Caifás. Deflagrada em 19 de março, ela investiga um suposto esquema milionário de desvio de doações e taxas pagas por fiéis católicos do Entorno do Distrito Federal.
Um dos religiosos mora em São João d’Aliança, a 160km de Brasília. Ele é suspeito de vender uma caminhonete que estava em nome da mitra, o centro administrativo da diocese de Formosa. Com um pouco mais de dinheiro, comprou um novo veículo e o transferiu para o próprio nome, segundo a investigação do MPGO, a qual o Correio teve acesso com exclusividade.
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Além de documentos, os promotores se baseiam em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. “Outro padre, de Alvorada, é citado em várias conversas. Ele teria comprado diversos móveis em nome da Igreja. Alguns, ele teria revendido. Outros estariam em seu apartamento pessoal. Há mais padres sob investigação”, afirma o promotor Douglas Chegury, à frente da Caifás.
Lavagem de dinheiro
O atual estágio das investigações se aprofunda no suposto esquema de lavagem de dinheiro por meio da lotérica de Posse (GO), de propriedade do padre Moacyr Santana, pároco da Catedral Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em Formosa (GO), segundo os investigadores. O estabelecimento, considerado de pequeno porte, movimentou R$ 8 milhões nos últimos dois anos.
Na apuração sobre a lotérica de Posse, o MPGO oficiará à Caixa Econômica Federal, na próxima semana, para que o banco forneça parâmetros de transações em estabelecimentos semelhantes. “Como o estabelecimento fica em uma cidade mais afastada, pode ser que esteja ocorrendo lavagem de dinheiro de outras localidades”, explicou Chegury.
O Centro de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Banco Central enviou um documento ao MPGO alertando o órgão das transações com altos valores na lotérica de Posse. Segundo o promotor, mensalmente, os dois empresários apontados como laranjas do padre Moacyr faziam depósitos acima de R$ 100 mil. As transações causaram estranhamento aos auditores do Coaf, que têm a função de registrar e acompanhar transação exorbitantes.
O Coaf anotou depósitos entre 13 de abril de 2015 e 9 de outubro de 2017. O primeiro foi de aproximadamente R$ 109 mil. O último, de cerca de R$ 194 mil. “Uma movimentação acima de R$ 50 mil acende a luz vermelha no Coaf. A soma é de R$ 8 milhões em dois anos. Temos que saber o motivo da movimentação tão expressiva. De onde veio? De jogos? Pode ser que esteja ocorrendo lavagem de dinheiro ou pessoas estão sonegando valores, ou pode ter origem em negociações espúrias”, supõe Chegury.
O Departamento de Trânsito de Goiás (Detran-GO) vai levantar a situação dos 162 veículos em nome da diocese de Formosa. “A suspeita é de que eles eram vendidos e o dinheiro não entrava de volta nos cofres da Igreja. E são cinco vezes mais veículos que paróquias ! Vamos identificar onde esses bens estão, quem os adquiriu, por que não foram transferidos, quais condições da negociação”, observou Chegury.
A relação dos veículos foi apreendida na casa de um dos suspeitos de envolvimento com o esquema, o secretário da Cúria de Formosa Guilherme Frederico Magalhães. Ele foi preso na operação e deixou a cadeia há uma semana. Os outros oito detidos continuam no Presídio de Formosa, graças à conversão da prisão temporária (de cinco dias) em preventiva (sem previsão).
DN Deborah Novais - Especial para o Correio LC Luiz Calcagno postado em 30/03/2018 06:00 / atualizado em 30/03/2018 10:20
Catedral de Formosa: investigadores encontraram 162 veículos em nome da diocese do município goiano do Entorno, cinco vezes mais do que o número de paróquias da região (foto: Minervino Junior/CB/D.A Press)
Ao menos dois padres dos municípios de Alvorada (GO) e São João d’Aliança (GO) estão na mira do Ministério Público de Goiás (MPGO) e da Polícia Civil do estado, na segunda fase da Operação Caifás. Deflagrada em 19 de março, ela investiga um suposto esquema milionário de desvio de doações e taxas pagas por fiéis católicos do Entorno do Distrito Federal.
Um dos religiosos mora em São João d’Aliança, a 160km de Brasília. Ele é suspeito de vender uma caminhonete que estava em nome da mitra, o centro administrativo da diocese de Formosa. Com um pouco mais de dinheiro, comprou um novo veículo e o transferiu para o próprio nome, segundo a investigação do MPGO, a qual o Correio teve acesso com exclusividade.
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Além de documentos, os promotores se baseiam em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. “Outro padre, de Alvorada, é citado em várias conversas. Ele teria comprado diversos móveis em nome da Igreja. Alguns, ele teria revendido. Outros estariam em seu apartamento pessoal. Há mais padres sob investigação”, afirma o promotor Douglas Chegury, à frente da Caifás.
Lavagem de dinheiro
O atual estágio das investigações se aprofunda no suposto esquema de lavagem de dinheiro por meio da lotérica de Posse (GO), de propriedade do padre Moacyr Santana, pároco da Catedral Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em Formosa (GO), segundo os investigadores. O estabelecimento, considerado de pequeno porte, movimentou R$ 8 milhões nos últimos dois anos.
Na apuração sobre a lotérica de Posse, o MPGO oficiará à Caixa Econômica Federal, na próxima semana, para que o banco forneça parâmetros de transações em estabelecimentos semelhantes. “Como o estabelecimento fica em uma cidade mais afastada, pode ser que esteja ocorrendo lavagem de dinheiro de outras localidades”, explicou Chegury.
O Centro de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Banco Central enviou um documento ao MPGO alertando o órgão das transações com altos valores na lotérica de Posse. Segundo o promotor, mensalmente, os dois empresários apontados como laranjas do padre Moacyr faziam depósitos acima de R$ 100 mil. As transações causaram estranhamento aos auditores do Coaf, que têm a função de registrar e acompanhar transação exorbitantes.
O Coaf anotou depósitos entre 13 de abril de 2015 e 9 de outubro de 2017. O primeiro foi de aproximadamente R$ 109 mil. O último, de cerca de R$ 194 mil. “Uma movimentação acima de R$ 50 mil acende a luz vermelha no Coaf. A soma é de R$ 8 milhões em dois anos. Temos que saber o motivo da movimentação tão expressiva. De onde veio? De jogos? Pode ser que esteja ocorrendo lavagem de dinheiro ou pessoas estão sonegando valores, ou pode ter origem em negociações espúrias”, supõe Chegury.
O Departamento de Trânsito de Goiás (Detran-GO) vai levantar a situação dos 162 veículos em nome da diocese de Formosa. “A suspeita é de que eles eram vendidos e o dinheiro não entrava de volta nos cofres da Igreja. E são cinco vezes mais veículos que paróquias ! Vamos identificar onde esses bens estão, quem os adquiriu, por que não foram transferidos, quais condições da negociação”, observou Chegury.
A relação dos veículos foi apreendida na casa de um dos suspeitos de envolvimento com o esquema, o secretário da Cúria de Formosa Guilherme Frederico Magalhães. Ele foi preso na operação e deixou a cadeia há uma semana. Os outros oito detidos continuam no Presídio de Formosa, graças à conversão da prisão temporária (de cinco dias) em preventiva (sem previsão).
Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br
Assessor da Secretaria que investiga tiros à caravana atua em comitê de Bolsonaro
Jair Bolsonaro (PSL) é deputado federal e pré-candidato à Presidência da República. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
Daniel Giovanaz e Poliana Dallabrida Do Brasil de Fato
O jornalista Karlos Eduardo Antunes Kohlbach, assessor de imprensa da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná (SESP-PR), também se apresenta como assessor de imprensa do comitê de campanha do deputado Jair Bolsonaro (PSL) em Curitiba. Esta semana, Kohlbach divulgou em um grupo de repórteres no WhatsApp a agenda oficial de Bolsonaro no Paraná. No mesmo grupo, o assessor da SESP-PR informou o posicionamento da pasta sobre as investigações do atentado à caravana do ex-presidente Lula (PT).
Questionado pela reportagem do Brasil de Fato sobre o vínculo com o comitê, Kohlbach confirmou nesta quinta-feira (29): “Assessoria de imprensa é comigo”. Por telefone, o jornalista explicou que o trabalho é eventual e não remunerado.
A função do assessor de imprensa é fazer uma ponte entre o assessorado e os repórteres e “essencialmente elaborar políticas e estratégias de comunicação” – conforme o Manual de Assessoria de Imprensa da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
Divergências
A SESP-PR, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o pré-candidato Jair Bolsonaro estão no epicentro das disputas de narrativa sobre o atentado à caravana de Lula.
A Secretaria declarou que Lula teria chegado de helicóptero à Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) no último dia 27, por isso não estaria no ônibus da caravana no momento do ataque a tiros. Na mesma nota à imprensa, a assessoria divulgou que “não houve, por parte do ex-presidente, pedido de escolta”. O pré-candidato Jair Bolsonaro foi além: declarou em entrevista coletiva nesta quarta-feira (28) no Paraná que “aquele tiro é uma mentira”.
As informações divulgadas pela SESP-PR foram contestadas pelo Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT-PR). As lideranças estaduais do partido esclareceram que “Lula chegou no local em um dos ônibus da Caravana, no qual fez o trajeto de Quedas do Iguaçu a Laranjeiras, como foi presenciado por centenas de pessoas e por profissionais de diversos órgãos de imprensa”.
Quanto ao pedido de escolta, a equipe do ex-presidente divulgou um ofício protocolado na SESP-PR no dia 14 de março em que solicita “aos organismos de Segurança Pública do Estado do Paraná o apoio de medidas que possam garantir a segurança e tranquilidade para esses eventos”. De acordo com Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do partido, a escolta policial deveria ser uma dessas medidas.
Serviço prestado ao comitê
Karlos Kohlbach assumiu o cargo comissionado na SESP-PR em janeiro de 2015, quando o deputado federal Fernando Francischini (PSL) estava à frente da pasta. Francischini é o principal apoiador da campanha de Bolsonaro no Paraná e tornou-se conhecido pela atuação no “massacre do Centro Cívico”, em 29 de abril de 2015, que deixou mais de 200 feridos durante protesto de professores em Curitiba.
O Brasil de Fato entrou em contato com o assessor na tarde da quinta-feira (29). Primeiro, via WhatsApp, para confirmar a atuação no comitê de campanha de Bolsonaro. Em seguida, por telefone, para ouvir a versão de Kohlbach sobre um suposto acúmulo de funções.
Na conversa por telefone, o jornalista contradisse a informação enviada pelo WhatsApp – “assessoria de imprensa [do comitê de Bolsonaro] é comigo”. Kohlbach declarou que o serviço de repasse de informações para a campanha de Bolsonaro é eventual e não configura uma relação de trabalho. A colaboração com o comitê, sem remuneração, teria sido feita a pedido de Francischini, amigo pessoal do jornalista.
O trabalho como assessor de imprensa da SESP-PR não exige dedicação exclusiva. Além das colaborações eventuais ao comitê de Bolsonaro e do deputado Francischini, Kohlbach também é autor de um blog de política no portal Massa News. Na entrevista ao Brasil de Fato, o jornalista esclareceu que não publica no blog temas relativos à segurança pública do Paraná para não se valer de informações privilegiadas.
Daniel Giovanaz e Poliana Dallabrida Do Brasil de Fato
O jornalista Karlos Eduardo Antunes Kohlbach, assessor de imprensa da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná (SESP-PR), também se apresenta como assessor de imprensa do comitê de campanha do deputado Jair Bolsonaro (PSL) em Curitiba. Esta semana, Kohlbach divulgou em um grupo de repórteres no WhatsApp a agenda oficial de Bolsonaro no Paraná. No mesmo grupo, o assessor da SESP-PR informou o posicionamento da pasta sobre as investigações do atentado à caravana do ex-presidente Lula (PT).
Questionado pela reportagem do Brasil de Fato sobre o vínculo com o comitê, Kohlbach confirmou nesta quinta-feira (29): “Assessoria de imprensa é comigo”. Por telefone, o jornalista explicou que o trabalho é eventual e não remunerado.
A função do assessor de imprensa é fazer uma ponte entre o assessorado e os repórteres e “essencialmente elaborar políticas e estratégias de comunicação” – conforme o Manual de Assessoria de Imprensa da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
Divergências
A SESP-PR, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o pré-candidato Jair Bolsonaro estão no epicentro das disputas de narrativa sobre o atentado à caravana de Lula.
A Secretaria declarou que Lula teria chegado de helicóptero à Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) no último dia 27, por isso não estaria no ônibus da caravana no momento do ataque a tiros. Na mesma nota à imprensa, a assessoria divulgou que “não houve, por parte do ex-presidente, pedido de escolta”. O pré-candidato Jair Bolsonaro foi além: declarou em entrevista coletiva nesta quarta-feira (28) no Paraná que “aquele tiro é uma mentira”.
As informações divulgadas pela SESP-PR foram contestadas pelo Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT-PR). As lideranças estaduais do partido esclareceram que “Lula chegou no local em um dos ônibus da Caravana, no qual fez o trajeto de Quedas do Iguaçu a Laranjeiras, como foi presenciado por centenas de pessoas e por profissionais de diversos órgãos de imprensa”.
Quanto ao pedido de escolta, a equipe do ex-presidente divulgou um ofício protocolado na SESP-PR no dia 14 de março em que solicita “aos organismos de Segurança Pública do Estado do Paraná o apoio de medidas que possam garantir a segurança e tranquilidade para esses eventos”. De acordo com Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do partido, a escolta policial deveria ser uma dessas medidas.
Serviço prestado ao comitê
Karlos Kohlbach assumiu o cargo comissionado na SESP-PR em janeiro de 2015, quando o deputado federal Fernando Francischini (PSL) estava à frente da pasta. Francischini é o principal apoiador da campanha de Bolsonaro no Paraná e tornou-se conhecido pela atuação no “massacre do Centro Cívico”, em 29 de abril de 2015, que deixou mais de 200 feridos durante protesto de professores em Curitiba.
O Brasil de Fato entrou em contato com o assessor na tarde da quinta-feira (29). Primeiro, via WhatsApp, para confirmar a atuação no comitê de campanha de Bolsonaro. Em seguida, por telefone, para ouvir a versão de Kohlbach sobre um suposto acúmulo de funções.
Na conversa por telefone, o jornalista contradisse a informação enviada pelo WhatsApp – “assessoria de imprensa [do comitê de Bolsonaro] é comigo”. Kohlbach declarou que o serviço de repasse de informações para a campanha de Bolsonaro é eventual e não configura uma relação de trabalho. A colaboração com o comitê, sem remuneração, teria sido feita a pedido de Francischini, amigo pessoal do jornalista.
O trabalho como assessor de imprensa da SESP-PR não exige dedicação exclusiva. Além das colaborações eventuais ao comitê de Bolsonaro e do deputado Francischini, Kohlbach também é autor de um blog de política no portal Massa News. Na entrevista ao Brasil de Fato, o jornalista esclareceu que não publica no blog temas relativos à segurança pública do Paraná para não se valer de informações privilegiadas.
Fonte: https://www.sul21.com.br
‘Pacto da normalidade política acabou’, alerta Vladimir Safatle
“Os últimos acontecimentos demonstram, claramente, que entramos em uma fase cada vez mais explícita de guerra civil”, afirma filósofo e professor da USP.
Por Redação, com Carta Capital – de São Paulo
O filósofo Vladimir Safatle não se espanta com os tiros contra os ônibus da caravana do ex-presidente Lula pelo Sul do Brasil; nem com o assassinato da vereadora Marielle Franco. Para o professor da Universidade de São Paulo (USP), o país vive uma fase cada vez mais explícita de guerra civil.
Safatle alerta para o recrudescimento do golpe de Estado, em curso desde 2016
— O pacto de normalidade política acabou — afirma Safatle à edição da revista Carta Capital que chega às bancas neste fim de semana.
E não se pode descartar uma guinada ainda mais autoritária, clássica, via golpe militar, acrescentou.
— O campo progressista precisa estar preparado — aconselha.
— O Brasil vive uma escalada fascistóide?
— Os últimos acontecimentos demonstram, claramente, que entramos em uma fase cada vez mais explícita de guerra civil. Não falo apenas dos tiros em direção aos ônibus do ex-presidente Lula.
O assassinato da Marielle Franco até agora não mereceu nenhum tipo de resposta da parte das autoridades. Não há nenhuma informação, mesmo depois da enorme comoção causada pela morte.
Radicalização
Espanta ainda que Geraldo Alckmin, governador do maior Estado do país; e outros ocupantes de mandatos naturalizem o atentado contra a caravana do Lula. Praticamente Alckmin disse que o ex-presidente fez por merecer; ignorando completamente a diferença entre a violência simbólica da política e a violência real do extermínio.
— O que ou quem poderia resolver esse impasse?
— Não há solução no curto prazo. A sociedade brasileira caminha para os extremos da radicalização política. E não vejo outra saída.
A questão é que até o momento só um dos extremos se organizou, o campo reacionário. O extremo progressista continua preso a uma certa crença de que existe um pacto de normalidade na vida política nacional. Esse pacto acabou. A política nacional não está em uma situação normal. É necessário levar isso em conta e estar preparado.
— Esse falta de entendimento da realidade explicaria o fato de as manifestações espontâneas; após a morte da Marielle, não terem se convertido em algo mais efetivo e organizado?
— Não existem atores políticos no Brasil que consigam expandir essas pautas e dar a elas um caráter de explicação genérica da situação nacional. A sociedade está em plena ebulição e as manifestações são todas espontâneas, como foram os protestos do ano passado contra o governo de Michel Temer e a greve geral, que mobilizou 35 milhões de trabalhadores.
Golpe à vista
Mas faltam atores políticos que consigam sustentar essa ebulição por muito tempo. Os partidos estão degradados. Há um déficit brutal de organização no país. Toda essa força, enorme, se perde por completo.
— Em geral, no Brasil, momentos como este desembocam em soluções autoritárias. Há esse risco?
— Sim, evidentemente. É importante para a esquerda se preparar para todas as situações possíveis. Toda vez que aconteceu um retorno autoritário, a esquerda sempre foi a última a abandonar a esperança no Estado Democrático de Direito.
Ficava esperando por algo que não existia mais, enquanto os reacionários organizavam a saída autoritária. É evidente que o fantasma paira no ar. No ano passado, o general Hamilton Mourão falou explicitamente em um projeto de golpe militar e não foi desmentido pelos superiores.
João Goulart
Cria-se uma situação de tensão cada vez maior. A eleição, sabemos, será uma farsa, digna da República Velha, na qual se tiram os candidatos que não se quer que ganhe. O pacto de democracia mínima no Brasil não existe mais.
Não por acaso, Temer acaba de falar que não houve golpe em 1964, mas um movimento consagrado pela população. A declaração, inclusive, é falsa do ponto-de-vista histórico.
Pesquisas de opinião da época mostravam que João Goulart seria o mais votado nas eleições presidenciais. É mais uma falácia, na tentativa de transformar em escolha popular uma decisão das elites. Essa declaração laudatória do Temer não é nada estranha — concluiu.
O filósofo Vladimir Safatle não se espanta com os tiros contra os ônibus da caravana do ex-presidente Lula pelo Sul do Brasil; nem com o assassinato da vereadora Marielle Franco. Para o professor da Universidade de São Paulo (USP), o país vive uma fase cada vez mais explícita de guerra civil.
Safatle alerta para o recrudescimento do golpe de Estado, em curso desde 2016
— O pacto de normalidade política acabou — afirma Safatle à edição da revista Carta Capital que chega às bancas neste fim de semana.
E não se pode descartar uma guinada ainda mais autoritária, clássica, via golpe militar, acrescentou.
— O campo progressista precisa estar preparado — aconselha.
— O Brasil vive uma escalada fascistóide?
— Os últimos acontecimentos demonstram, claramente, que entramos em uma fase cada vez mais explícita de guerra civil. Não falo apenas dos tiros em direção aos ônibus do ex-presidente Lula.
O assassinato da Marielle Franco até agora não mereceu nenhum tipo de resposta da parte das autoridades. Não há nenhuma informação, mesmo depois da enorme comoção causada pela morte.
Radicalização
Espanta ainda que Geraldo Alckmin, governador do maior Estado do país; e outros ocupantes de mandatos naturalizem o atentado contra a caravana do Lula. Praticamente Alckmin disse que o ex-presidente fez por merecer; ignorando completamente a diferença entre a violência simbólica da política e a violência real do extermínio.
— O que ou quem poderia resolver esse impasse?
— Não há solução no curto prazo. A sociedade brasileira caminha para os extremos da radicalização política. E não vejo outra saída.
A questão é que até o momento só um dos extremos se organizou, o campo reacionário. O extremo progressista continua preso a uma certa crença de que existe um pacto de normalidade na vida política nacional. Esse pacto acabou. A política nacional não está em uma situação normal. É necessário levar isso em conta e estar preparado.
— Esse falta de entendimento da realidade explicaria o fato de as manifestações espontâneas; após a morte da Marielle, não terem se convertido em algo mais efetivo e organizado?
— Não existem atores políticos no Brasil que consigam expandir essas pautas e dar a elas um caráter de explicação genérica da situação nacional. A sociedade está em plena ebulição e as manifestações são todas espontâneas, como foram os protestos do ano passado contra o governo de Michel Temer e a greve geral, que mobilizou 35 milhões de trabalhadores.
Golpe à vista
Mas faltam atores políticos que consigam sustentar essa ebulição por muito tempo. Os partidos estão degradados. Há um déficit brutal de organização no país. Toda essa força, enorme, se perde por completo.
— Em geral, no Brasil, momentos como este desembocam em soluções autoritárias. Há esse risco?
— Sim, evidentemente. É importante para a esquerda se preparar para todas as situações possíveis. Toda vez que aconteceu um retorno autoritário, a esquerda sempre foi a última a abandonar a esperança no Estado Democrático de Direito.
Ficava esperando por algo que não existia mais, enquanto os reacionários organizavam a saída autoritária. É evidente que o fantasma paira no ar. No ano passado, o general Hamilton Mourão falou explicitamente em um projeto de golpe militar e não foi desmentido pelos superiores.
João Goulart
Cria-se uma situação de tensão cada vez maior. A eleição, sabemos, será uma farsa, digna da República Velha, na qual se tiram os candidatos que não se quer que ganhe. O pacto de democracia mínima no Brasil não existe mais.
Não por acaso, Temer acaba de falar que não houve golpe em 1964, mas um movimento consagrado pela população. A declaração, inclusive, é falsa do ponto-de-vista histórico.
Pesquisas de opinião da época mostravam que João Goulart seria o mais votado nas eleições presidenciais. É mais uma falácia, na tentativa de transformar em escolha popular uma decisão das elites. Essa declaração laudatória do Temer não é nada estranha — concluiu.
Fonte: https://www.correiodobrasil.com.br
Por que os primeiros cristãos não gostavam da imagem de Jesus crucificado
Nas catacumbas romanas, ele aparece na imagem do Bom Pastor, ou celebrando a Última Ceia com os apóstolos. Nunca morto
Conéctate
Imagem de Cristo em uma procissão na Espanha AP
Juan Arias
30 MAR 2018 - 12:28 BRT
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A imagem de Jesus crucificado só começou a ser venerada séculos depois da morte dele, e foi o Concílio de Niceia, no ano 325, que autorizou oficialmente a imagem do crucifixo tal como o usamos hoje. Os seguidores dos primeiros séculos do cristianismo se envergonhavam de uma imagem que lhes recordava a morte atroz que os romanos infligiam aos grandes criminosos.
Desde que Paulo de Tarso declarou que “se Cristo não ressuscitou [...]é vã a nossa fé” (I Coríntios, 15), interessava aos cristãos o Jesus ressuscitado, não o sacrificado em uma madeira, como um assassino qualquer. Daí que nos primeiros séculos do cristianismo não existissem pinturas nem esculturas de Jesus crucificado, só um Cristo glorioso.
Nas catacumbas romanas, tanto nas de Santa Priscila como nas de São Calixto, onde se escondiam os cristãos para fugir da perseguição romana, não existem pinturas de Jesus na cruz. O líder dos cristãos aparece ou na imagem do Bom Pastor, ou celebrando a Última Ceia com os apóstolos, ou ainda criança nos braços da sua mãe. Nunca morto.
Lembro que no Instituto Bíblico de Roma nosso professor de idioma ugarítico, o jesuíta Follet, explicava-nos essa ausência da imagem de Jesus crucificado entre os primeiros cristãos: “Se o seu pai tivesse sido condenado à cadeira elétrica ou à guilhotina, certamente, por mais inocente que tivesse sido, vocês não levariam no pescoço uma efígie desses instrumentos de morte”, nos dizia ele. E acrescentava: “Ninguém conserva fotos dos seus familiares ou amigos quando mortos, e sim vivos e felizes”. Isso é o que ocorria com os cristãos: preferiam recordar Jesus em vida ou glorificado depois da sua morte.
Curiosamente, foi um imperador romano, o pagão Constantino, o Grande, quem introduziu a representação da cruz, mas sem o corpo de Jesus. Foi quando se converteu ao cristianismo, depois de ter tido um sonho, antes da batalha contra Magêncio, em que viu uma cruz e ouviu uma voz que dizia: “Com este signo vencerá”. O Império Romano começava a se debilitar, e o imperador percebeu a força da seita dos cristãos que se deixavam matar em vez de adorar seus deuses pagãos. Constantino quis conquistar aquela gente, e o cristianismo passou de açoitado a ser religião oficial. O imperador ganhou a batalha, e sacralizou-se o sinal da cruz, que foi aceito como símbolo cristão pelo Concílio de Niceia no ano 325.
Mesmo assim, trava-se apenas da cruz nua, sem o corpo de Cristo. Os primeiros crucifixos com o Jesus agonizante ou morto aparecem só no século V, e com muitas polêmicas. Os cristãos continuavam preferindo a imagem de Jesus vivo ou ressuscitado. Apenas na Idade Média, mais de mil anos depois da morte de Jesus, apareceram as primeiras representações dos crucifixos com o corpo dele mostrando os sinais de dor, sangrando pelas mãos, os pés e nas laterais.
A única pintura do crucifixo que aparece já no século I, considerada como a “primeira blasfêmia cristã”, é um grafite numa parede de gesso em Roma, ridicularizando os cristãos e Jesus. O crucificado aparece com a cabeça de um asno e a seguinte inscrição: “Alexamenos, adorando o seu deus”. Era uma zombaria com os primeiros cristãos, cujo deus os romanos haviam matado como um criminoso comum.
Isso significava, ensinavam-nos no Instituto Bíblico, que, sob a influência da conversão de Constantino, a Igreja começou também a se hierarquizar e a se revestir com os símbolos do poder mundano. Na verdade, se fez política e até mesmo drama com a crucificação para fomentar-se a teologia da cruz e do pecado, em detrimento da teologia da ressurreição e da esperança.
Para a Teologia da Libertação, por exemplo, a crucificação é o símbolo de todos os torturados e assassinados injustamente na história da humanidade, e a ressurreição é a grande esperança de todos os excluídos. Essa teologia, tão enraizada na América Latina, tentou ser uma volta ao cristianismo primitivo, no qual se destacava a imagem do Bom Pastor em vez da do crucificado. Entretanto, a Igreja, que até o papa Francisco ainda se revestia com os símbolos do poder dos imperadores romanos, preferiu inculcar a teologia do medo do inferno.
A Igreja do poder nunca se incomodou com o Jesus morto. Temeu mais ao Jesus vivo e encarnado, solidário com essa parte da humanidade que, como nos tempos do profeta crucificado, sempre acaba abandonada à própria sorte.
Fonte: https://brasil.elpais.com
Homem se lança em foguete caseiro para checar se a Terra é plana ou não
27 março 2018
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Mike Hughes construiu um foguete na garagem de casa para checar "com os próprios olhos" se a Terra é redonda.
Ele gastou 1.500 horas trabalhando e cerca de R$ 65 mil. Parte do projeto foi financiada por um grupo de pessoas que defende a ideia de que a Terra é plana, os chamados "terraplanistas".
Como seria o mundo se a Terra fosse realmente plana, segundo a ciência
Quem são e o que pensam os brasileiros que acreditam que a Terra é plana
Algumas tentativas anteriores de Mike de lançar um foguete aos ares falharam. Mas, na última, a aeronave alcançou a altura de 571 metros, 10 mil metros menos que a maioria dos aviões. Com 61 anos, Mike machucou, sem gravidade, as costas durante o pouso.
Ele afirma que ainda não está convencido de que a Terra é redonda ou plana. O foguete teria que ter alcançado 12 mil metros para registrar o formato do planeta. A ideia é continuar com o projeto e contratar engenheiros para ajudar na construção de uma nave espacial mais potente,
"Eu não quero ter que acreditar na versão de ninguém. Eu não sei se a Terra é plana ou redonda", afirma Mike, ao justificar o fato de querer verificar pessoalmente o formato do nosso planeta.
No Facebook, há pelo menos 30 grupos brasileiros de pessoas que defendem que a Terra é plana. Os terraplanistas também estão no YouTube, com vários canais dedicados a mostrar experimentos e discutir o que chamam de "falácias" dos "globalistas" - e versões alternativas para a explicação de fenômenos como fusos horários, estações e eclipses.
Apesar de discordâncias internas nestes grupos, em geral, os terraplanistas acreditam que a Terra é coberta pelo "firmamento", em formato de domo; Sol e Lua fariam seus percursos dentro deste espaço, e seriam corpos muito menores do que acreditam os "globalistas"; já a Antártida ocuparia as bordas do disco da Terra.
O heliocentrismo (o fato de que o Sol está no centro do Sistema Solar e que os planetas giram em torno dele), a existência do espaço sideral e mesmo leis comprovadas pela Física, como a gravidade, são questionados - para eles, só não "voaríamos" do solo por características dos corpos, como densidade, flutuabilidade e magnetismo.
Fonte: http://www.bbc.com
O que é a Grande Marcha do Retorno, o protesto palestino de 6 semanas que já deixou vários mortos
A tensão está aumentando na fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel
Os palestinos a descrevem como um protesto para chamar a atenção para "a luta de centenas de milhares de palestinos que têm sido expulsos de seus lares que ficam onde hoje está Israel".
No entanto, Israel garante que a chamada Grande Marcha do Retorno é uma "provocação perigosa" que "pode estar colocando vidas em risco".
Milhares de palestinos estão participando da caminhada desde a Faixa de Gaza até a fronteira com Israel que começou nesta sexta-feira e que deve durar seis semanas.
O ministério de Saúde palestino disse que ao menos oito pessoas foram mortas, entre elas um adolescente de 16 anos, e 750 ficaram feridas, muitas delas por tiros disparados por israelenses.
Já as Forças Armadas de Israel relataram "tumultos" em seis locais e disseram que estavam "disparando contra os principais instigadores" de conflito.
Reação Direito de imagem EPA Image caption Centenas de milhares de palestinos participam do protesto
A data marcada para o início da Grande Marcha do Retorno, 30 de março, é o Dia da Terra, quando o palestinos relembram a morte de seis manifestantes pelas mãos de forças de segurança israelenses nas manifestações que se deram neste dia em 1976 por causa do confisco de suas terras.
O protesto deve ir até 15 de maio, dia que marca a expulsão de centenas de milhares de palestinos durante o conflito que levou à criação de Israel, em 1948 - por esse motivo, a data é chamada por eles de Nakba (catástrofe, em árabe).
Há décadas, os palestinos exigem o direito de retornar a seus vilarejos e cidades localizados no território onde hoje fica Israel, mas este país afirma que eles devem se estabelecer em um futuro Estado palestino nos territórios da Faixa de Gaza e da Cisjordânia.
Para a manifestação, os palestinos criaram cinco acampamentos principais ao longo da fronteira entre Gaza e Israel. As Forças Armadas israelenses disseram ter contabilizado cerca de 17 mil palestinos nestes locais.
Israel posicionou tanques e atiradores na fronteira e alertou os manifestantes que eles não devem se aproximar das cercas de segurança. O país disse ter reagido com disparos e gás lacrimogênio para conter tumultos, com pneus queimados e coquetéis molotov e pedras atiradas contra as grades que marcam os limites territoriais. Direito de imagem AFP Image caption Ínício da marcha foi marcado para o mesmo dia em que palestinos relembram morte de manifestantes no confisco de terras de 1976
O Exército israelense controla uma zona de exclusão ao longo da fronteira e duplicou o número de soldados, afirmando temer pela segurança.
Mas, segundo testemunhas ouvidas pela BBC em Gaza, um morto e outro homem que ficou ferido estavam colhendo salsa em uma plantação quando se tornaram alvos de um tanque de Israel.
'Arriscando vidas'
O ministério de Relações Exteriores israelense afirmou que o protesto é uma "tentativa deliberada de provocar um confronto com Israel" e que "a responsabilidade de qualquer enfrentamento recairá inteiramente sobre o Hamas e outras organizações palestinas que participem" dele.
O ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, em um gesto pouco comum, escreveu em árabe no Twitter, dirigindo-se aos palestinos, e disse que o Hamas "está colocando vidas em risco" com a marcha, logo, seria melhor que as pessoas não participassem dela.
"Qualquer um que se aproxime da cerca está colocando em risco sua vida. Eu os aconselho a continuar com sua vida normal e a não se envolver em uma provocação."
O general israelense Eyal Zamir declarou: "Estamos identificando quem tenta realizar ataques terroristas disfarçados de tumulto".
As Forças Armadas do país também denunciaram que o Hamas estaria usando "de forma cínica" mulheres e crianças, "ao enviá-las para a cerca de segurança e arriscar suas vidas".
Por sua vez, o Hamas, grupo militante que governa a Faixa de Gaza, acusou Israel de tentar intimidar os palestinos. Diante dos manifestantes, o líder do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, declarou: "Não cederemos nem uma polegada de terra da Palestina".
"Não há alternativa para a Palestina a não ser o retorno", disse ele.
Sebastian Usher, editor de Oriente Médio da BBC, diz que as tendas erguidas nos acampamentos ao longo da zona de exclusão próxima da fronteira "são um sinal de que o protesto será de longo prazo".
"As organizações palestinas têm convocado dezenas de milhares de pessoas a participar do protesto", escreveu Usher.
"Israel demonstra cautela já que as tensões uma vez mais estão crescendo ao longo da fronteira com Gaza. O Exército posicionou mais de cem atiradores, e a chancelaria tem deixado claro que não crê que o Hamas tem intenções de que o protesto seja pacífico."
Os palestinos a descrevem como um protesto para chamar a atenção para "a luta de centenas de milhares de palestinos que têm sido expulsos de seus lares que ficam onde hoje está Israel".
No entanto, Israel garante que a chamada Grande Marcha do Retorno é uma "provocação perigosa" que "pode estar colocando vidas em risco".
Milhares de palestinos estão participando da caminhada desde a Faixa de Gaza até a fronteira com Israel que começou nesta sexta-feira e que deve durar seis semanas.
O ministério de Saúde palestino disse que ao menos oito pessoas foram mortas, entre elas um adolescente de 16 anos, e 750 ficaram feridas, muitas delas por tiros disparados por israelenses.
Já as Forças Armadas de Israel relataram "tumultos" em seis locais e disseram que estavam "disparando contra os principais instigadores" de conflito.
Reação Direito de imagem EPA Image caption Centenas de milhares de palestinos participam do protesto
A data marcada para o início da Grande Marcha do Retorno, 30 de março, é o Dia da Terra, quando o palestinos relembram a morte de seis manifestantes pelas mãos de forças de segurança israelenses nas manifestações que se deram neste dia em 1976 por causa do confisco de suas terras.
O protesto deve ir até 15 de maio, dia que marca a expulsão de centenas de milhares de palestinos durante o conflito que levou à criação de Israel, em 1948 - por esse motivo, a data é chamada por eles de Nakba (catástrofe, em árabe).
Há décadas, os palestinos exigem o direito de retornar a seus vilarejos e cidades localizados no território onde hoje fica Israel, mas este país afirma que eles devem se estabelecer em um futuro Estado palestino nos territórios da Faixa de Gaza e da Cisjordânia.
Para a manifestação, os palestinos criaram cinco acampamentos principais ao longo da fronteira entre Gaza e Israel. As Forças Armadas israelenses disseram ter contabilizado cerca de 17 mil palestinos nestes locais.
Israel posicionou tanques e atiradores na fronteira e alertou os manifestantes que eles não devem se aproximar das cercas de segurança. O país disse ter reagido com disparos e gás lacrimogênio para conter tumultos, com pneus queimados e coquetéis molotov e pedras atiradas contra as grades que marcam os limites territoriais. Direito de imagem AFP Image caption Ínício da marcha foi marcado para o mesmo dia em que palestinos relembram morte de manifestantes no confisco de terras de 1976
O Exército israelense controla uma zona de exclusão ao longo da fronteira e duplicou o número de soldados, afirmando temer pela segurança.
Mas, segundo testemunhas ouvidas pela BBC em Gaza, um morto e outro homem que ficou ferido estavam colhendo salsa em uma plantação quando se tornaram alvos de um tanque de Israel.
'Arriscando vidas'
O ministério de Relações Exteriores israelense afirmou que o protesto é uma "tentativa deliberada de provocar um confronto com Israel" e que "a responsabilidade de qualquer enfrentamento recairá inteiramente sobre o Hamas e outras organizações palestinas que participem" dele.
O ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, em um gesto pouco comum, escreveu em árabe no Twitter, dirigindo-se aos palestinos, e disse que o Hamas "está colocando vidas em risco" com a marcha, logo, seria melhor que as pessoas não participassem dela.
"Qualquer um que se aproxime da cerca está colocando em risco sua vida. Eu os aconselho a continuar com sua vida normal e a não se envolver em uma provocação."
O general israelense Eyal Zamir declarou: "Estamos identificando quem tenta realizar ataques terroristas disfarçados de tumulto".
As Forças Armadas do país também denunciaram que o Hamas estaria usando "de forma cínica" mulheres e crianças, "ao enviá-las para a cerca de segurança e arriscar suas vidas".
Por sua vez, o Hamas, grupo militante que governa a Faixa de Gaza, acusou Israel de tentar intimidar os palestinos. Diante dos manifestantes, o líder do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, declarou: "Não cederemos nem uma polegada de terra da Palestina".
"Não há alternativa para a Palestina a não ser o retorno", disse ele.
Sebastian Usher, editor de Oriente Médio da BBC, diz que as tendas erguidas nos acampamentos ao longo da zona de exclusão próxima da fronteira "são um sinal de que o protesto será de longo prazo".
"As organizações palestinas têm convocado dezenas de milhares de pessoas a participar do protesto", escreveu Usher.
"Israel demonstra cautela já que as tensões uma vez mais estão crescendo ao longo da fronteira com Gaza. O Exército posicionou mais de cem atiradores, e a chancelaria tem deixado claro que não crê que o Hamas tem intenções de que o protesto seja pacífico."
Fonte: http://www.bbc.com
A democracia mais antiga: o faz-me rir do continente
30.03.2018
As eleições e consultas interpartidárias de 11 de março estiveram marcadas pela fraude, as trapaças, compra de votos e constrangimento ao votante, deixando a descoberto o obsoleto, os grandes vazios e a falta de transparência do sistema eleitoral colombiano.
As eleições e consultas interpartidárias de 11 de março estiveram marcadas pela fraude, as trapaças, compra de votos e constrangimento ao votante, deixando a descoberto o obsoleto, os grandes vazios e a falta de transparência do sistema eleitoral colombiano. Não obstante, o cavalinho de batalha do estabelecimento colombiano e seus altos funcionários segue sendo a Venezuela, que conta com um sistema eleitoral elogiado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, como o melhor do mundo http://bit.ly/2Itvf27.
Por Oto Higuita
Ao longo e ancho do país, como evidenciaram dezenas de denúncias de cidadãos em vídeos, fotos e registros se observa como à consulta entre Petro-Caicedo esconderam a cédula, não a entregaram, diziam que tinha se acabado ou induziam a gente a votar pela consulta da direita,https://bit.ly/2pxrKzM. De outro lado, o escândalo em alguns postos de votação onde supostamente se esgotaram as cédulas da consulta entre Duque-Ramírez-Ordóñez levou o Registrador Nacional do Estado, Juan Carlos Galindo, a autorizar fotocópias destas como se se tratasse da eleição do representante estudantil de um colégio. Decisão que demonstra a improvisação e falta de planejamento numa organização estatal deste nível, deixando a nu as graves falhas do sistema eleitoral, convertendo um assunto tão importante para uma democracia como são suas eleições livres, transparentes e seguras no faz-me rir de todo o mundo.
O mais incrível deste escândalo é a afirmação do MinFazenda Mauricio Cárdenas de que sobraram 20 milhões de cédulas http://bit.ly/2Dlnc3D. O mesmo ministro que disse que se propõe reconstruir a Venezuela https://bit.ly/2u8iir2 quando o governo de Santos que representa nem sequer cumpriu os acordos com as FARC com a importância histórica que que têm; nem tem sido capaz de proteger a vida dos líderes sociais que são assassinados diariamente; nem de reconstruir La Guajira, estado onde morrem milhares de crianças anualmente de pobreza absoluta e de fome https://bit.ly/1NrtgGZ; nem o porto de Buenaventura, Tumaco, ou o estado do Chocó, nem o de Arauca; nem o norte do país onde dezenas de municípios carecem de escolas, hospitais, vias, moradias dignas para o povo, serviços fundamentais como água potável, energia e saneamento básico. Então, o governo tem os recursos com que reconstruir Venezuela, porém não os recursos para salvar da fome e da inanição a milhares de crianças da Guajira, Chocó e outros estados, nem tampouco com que reconstruir os estados mais necessitados do país? Está bem que criam estúpidos à maioria de colombianos, para isso controlam sua opinião, porém ante outros povos do continente são a chacota.
Ao anterior se soma a renúncia do presidente do Peru, Pedro Pablo Kuckzynski, aceitada pelo Congresso por 105 votos a favor, 11 contra e 4 abstenções, https://bit.ly/2pxcNNT, que fragmentou a conspiração regional da direita do continente. Já não estão na mesma situação de há alguns meses quando ameaçaram a Venezuela em não lhe permitir assistir e participar na VIII Cúpula das Américas, que se realizará em Lima, entre 13 e 14 de abril próximo. Santos e Macri da Argentina tomaram nota, já não se sentem tão cômodos com um Peru afundado numa profunda crise política e de legitimidade pela saída de PPK. Irão à Cúpula das Américas?
A nova situação que se apresenta a nível regional modifica as predições do ex-presidente do Equador, Rafael Correa, de que o continente caminha para a restauração neoconservadora, mudam quanto ao Peru e, de passagem, fraturam a aliança da direita que PPK encabeçava contra os governos progressistas.
Muitos têm se perguntado por que no Peru renuncia seu presidente acusado de corrupção e de comprar sua permanência no poder evitando a destituição quando negociou com Kenji Fujimori [senador e filho do ex-presidente Alberto Fujimori] o indulto humanitário a seu pai condenado a 25 anos de cárcere por crimes de lesa-humanidade, enquanto em Colômbia com cenários piores, não se produz a renúncia de nenhum presidente?
Aqui a corrupção, como em outros países, também é sistêmica, isto é, é o modelo político, social e econômico mesmo que nos governa, adubada com uma alta dose de imoralidade por aqueles funcionários acostumados a passarem por cima das normas e ultrapassem a faixa do dever ético; uma prática socialmente aceitada que se tornou costume, se reproduzindo dentro do sistema, suas instituições e a sociedade.
A diferença com o Peru, neste caso, é que aqui as elites que têm tido o poder se encobrem entre elas e criaram um modelo para que os poderes que deveriam julgá-los [Promotoria, altas Cortes, Comissão de Investigação e Acusação da Câmara de Representantes] não o façam, nem se atrevam sequer a levantar-lhes a imunidade de que gozam como aforados [altos dignitários ou funcionários do Estado com um foro especial]; e, em lugar de lhes fazer um julgamento e condená-los por crimes, desfalques do erário ou corrupção, o que fazem é absolvê-los com o conhecido e fraudulento procedimento de prescrição. Como quem diz, em Colômbia é muito barato roubar, violar as leis e ser corrupto para as elites governantes.
Se poderia dizer que, enquanto no Peru um presidente se pode cair ou ser condenado por crimes de lesa-humanidade [Fujimori] ou corrupção [PPK], em Colômbia se consolidam no poder. Por isso é insustentável seguir afirmando que a Colômbia é a democracia mais antiga e estável do continente, a não ser que se lhe acrescente que também é a mais corrupta e frouxa com seus governantes.
Tradução > Joaquim Lisboa Neto
26 de março 2018
Nestlé Waters anuncia a venda de seu negócio de águas no Brasil
31.03.2018 | Fonte de informações:
Pravda.ru
Nestlé Waters anuncia a venda de seu negócio de águas no Brasil para Indaiá /Minalba, do Grupo Edson Queiroz
A Nestlé Waters anunciou na tarde desta quarta-feira que aceitou a proposta de Indaiá/Minalba, do Grupo Edson Queiroz, para adquirir seu negócio de águas no Brasil. A transação envolve as marcas locais São Lourenço e Petrópolis, e as fábricas localizadas nos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo
A Nestlé Waters continuará presente no Brasil, pois Indaiá/Minalba produzirá e distribuirá a marca Nestlé Pureza Vital®, a partir de um acordo de licenciamento, e também terá a concessão de distribuição das marcas globais premium Perrier®, S. Pellegrino® e Acqua Panna®. A operação deverá ser submetida ao CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) nos próximos dias.
A Indaiá/Minalba está posicionada para continuar a fornecer hidratação saudável aos consumidores brasileiros e ao mesmo tempo permitirá que as marcas incluídas na transação continuem a crescer no país.
A Nestlé Brasil, presente há 97 anos no país, continua comprometida em focar seus investimentos em categorias nas quais tem a perspectiva de forte crescimento futuro e também naquelas em que já ocupa posições de liderança no Brasil, tais como Café, Confectionery, Lácteos, Nutrição, Petcare e novos segmentos como os Orgânicos.
Durante a negociação, Nestlé Waters sempre buscou preservar todos os postos de trabalho, o que foi prontamente aceito pela Indaiá/Minalba. Dessa forma, todos os colaboradores da Nestlé Waters serão transferidos para a nova empresa e contribuirão para as estratégias de crescimento e aceleração dos negócios da Indaiá/Minalba no Brasil. As duas empresas estão comprometidas com uma transição bem-sucedida, de modo a não impactar os consumidores ou os pontos de venda.
Sobre Nestlé Waters
A Nestlé Waters - Companhia da Hidratação Saudável - criada em 1992, é a divisão de Águas do Grupo Nestlé. Está presente em mais de 150 países com mais de 49 marcas e 30.000 colaboradores. No Brasil, comercializa as marcas Nestlé Pureza Vital®, Petrópolis®, São Lourenço®, Perrier®, S.Pellegrino® e Acqua Panna®, sendo as três últimas importadas.
O prefeito de São Lourenço, Leonardo Sanches, que assumiu a prefeitura há apenas 20 dias, comemorou a negociação, "pois temos uma nova empresa chegando com propostas novas e novos projetos. Tudo isso amplia o debate, abre novas portas e perspectivas para a nossa cidade e toda a população de São Lourenço. Estamos começando um novo tempo em São Lourenço, em um momento estratégico", declarou o prefeito Sanches. O novo presidente do Sistema de Águas, Abastecimento e Esgoto de São Lourenço, Eugênio Ferraz, destacou que o "Grupo Edson Queiroz é um Grupo genuinamente brasileiro e consequentemente terá esse olhar mais sensível com São Lourenço e suas águas. Não podemos deixar de lembrar que ao redor de nossas magníficas fontes temos uma cidade, com seus aspectos culturais e sociais, e uma empresa como a Edson Queiroz está atenta a isso também. Acho que todos nós ganhamos com essa parceria que se inicia, pois a água e as empresas nacionais são o futuro do Brasil e do mundo", declarou com convicção o presidente do SAAE Eugênio Ferraz.
Sobre o Grupo Edson Queiroz
O Grupo Edson Queiroz é um conglomerado familiar fundado em 1951 e presente em várias regiões brasileiras com 182 filiais e 12.000 funcionários. Opera diversos negócios, tais como gás butano, eletrodomésticos, tintas, agronegócio, comunicação e água mineral, com as marcas Indaiá/Minalba.
Enviado por Petrônio Souza Gonçalves
Saif, filho de Kaddafi candidato a presidente da Líbia
28.03.2018
Saif Islam al-Gaddafi confirmou rumores de que ele retornará à política anunciando sua candidatura à presidência da Líbia, prometendo reformas de grande alcance "no interesse do povo líbio".
O filho do depole da Líbia, Muammar Gaddafi, anunciou que irá candidatar-se a presidente no final deste ano. Saif al-Islam al-Gaddafi fez o anúncio através de seu advogado em Tunis na segunda-feira, de acordo com al-Araby al-Jadeed . Gaddafi Jr. será candidato à Frente Popular para a Libertação da Líbia, um partido político formado em dezembro de 2016 prometeu unir ativistas da Líbia para "libertar o país do controle de organizações terroristas".
Saif é procurado pelo Tribunal Penal Internacional (ICC) após a brutal repressão de Gaddafi na sequência de protestos anti-governamentais populares em 2011. Uma revolta armada levou ao derrube do regime, com Saif e seu pai fugindo para o sul. Muammar Gaddafi foi capturado por combatentes anti-governamentais e brutalmente morto.
Saif foi detido por uma milícia líbia, mas teria sido libertado seis anos depois. Fontes, que pediram anonimidade, disseram que desde então Saif vive em Zintan, no noroeste da Líbia. Ele regularmente conhece os apoiantes e os membros do partido em segredo em uma de suas propriedades nos arredores da cidade. Gaddafi também possui uma extensa rede de contatos em países influentes, afirma a fonte.
O diretor do programa de reforma política de Saif al-Islam, Ayman Boras, afirmou durante uma conferência de imprensa em Túnis que, apesar do passado sangrento de Saif, suas reformas planejadas irão atrair muitos líbios. Ele disse que está bem ciente das dificuldades enfrentadas pela Líbia, mas confia em que as pessoas irão prestar seu apoio à campanha de Saif.
Boras disse a Al-Araby al-Jadeed que Saif está "sob a proteção dos líbios" e anunciará detalhes sobre sua campanha eleitoral em breve. Ele assegurou que Gaddafi junior não é um "militar" e, ao contrário de seu pai, rejeita o uso da violência na política com uma visão "moderna" e "aberta" para o futuro da Líbia. O ativista de direitos humanos Khaled Guel disse a Al-Araby al-Jadeed que, apesar de ser procurado pelo TPI, o governo oriental em Tobruk - que tem conexões com alguns elementos do antigo regime - concede amnistia Saif ."A situação humanitária está se deteriorando e o caminho a seguir não está claro.
Ele acrescentou que a única maneira pela qual a Líbia pode superar o impasse atual é superar as divisões políticas.
O paradeiro de Saif al-Islam tem sido incerto desde que ele foi libertado por milicianos que o mantiveram refém por seis anos até julho de 2016. Saif al-Islam chegou à proeminência na política líbia alguns 16 anos atrás. Ele foi visto inicialmente como um reformador e falou sobre a modernização do país e a abertura da economia controlada pelo Estado. Até certo ponto, ele também destacou algumas das graves violações dos direitos humanos perpetradas pelo regime de seu pai, e logo foi apontado como o herdeiro em espera.Isso mudou quando ele tomou o lado de seu pai após o início da revolução de 2011. Ele logo perdeu qualquer apoio popular que ele teve quando uma brutal repressão foi lançada sobre as pessoas pelo regime.
Fonte: http://port.pravda.ru
segunda-feira, 26 de março de 2018
As novas ditaduras latino-americanas e ascensão autoritária
26.03.2018 |
Fonte de informações:
Pravda.ru
As novas ditaduras latino-americanas e ascensão autoritária
por Jorge Beinstein [*]A radicalização reacionaria dos governos de países como o Paraguai, Argentina, Brasil, México ou Honduras começa a gerar polémica quanto à sua caracterização.
Nenhum desses regimes resultou de golpes de estado militares. Nos casos do Brasil, Honduras ou Paraguai a destituição dos presidentes foi realizada (mediante paródia constitucional) pelo poder legislativo em combinação mais ou menos forte com os poderes judicial e mediático. No Brasil a Presidência passou a ser exercida pelo vice-presidente Temer (ungido por um golpe parlamentar) cujo nível de aceitação popular segundo diversos inquéritos rondaria apenas 3% dos cidadãos. No Paraguai ocorreu o mesmo e o presidente destituído foi substituído pelo vice-presidente através de um procedimento parlamentar express e a seguir foram realizadas eleições presidenciais que consagraram Horacio Cartes, um personagem de ultra-direita claramente vinculado ao narcotráfico.
Nas Honduras realizaram-se eleições presidenciais em Novembro/2017 [1] , a "Alianza de Oposición contra la Dictadura" havia ganho claramente mas o governo, fazendo honra ao qualificativo com que o havia marcado a oposição, consumou uma fraude escandalosa afirmando assim a continuidade do ditador Juan Orlando Hernandez.
Um caso extremamente curioso é o da Argentina, onde em 2015 se realizaram eleições presidenciais em meio a uma avalanche mediática, económica e judicial sem precedentes contra o governo e favorável ao candidato direitista Maurizio Macri. O resultado foi a vitória de Macri por escassa margem, o qual logo que assumiu a presidência avançou sobre os outros poderes do estado conseguindo em pouco tempo de facto a soma do poder público. Se a essa concentração de poder acrescentarmos o controle dos meios de comunicação e o poder económico, encontramo-nos perante uma pequena camarilha com uma capacidade de controle própria de uma ditadura. Completa o panorama o comportamento cada vez mais repressivo do governo que, pela primeira vez desde o fim da ditadura militar em 1983, decidiu a intervenção das Forças Armadas em conflitos internos mediante a constituição de uma "força militar de arranque rápido" integrada por efetivos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica e a formação de uma força operativa conjunta com a DEA utilizando a desculpa da "luta contra o narcotráfico e o terrorismo". [2] Desse modo a Argentina incorpora-se numa tendência regional imposta pelos Estados Unidos de reconversão convergente das Forças Armadas convencionais, das polícias e outras estruturas de segurança em polícias-militares capazes de "controlar" as populações desses países. Não seguindo o velho estilo conservador-quartelada inspirado na "doutrina de segurança nacional" e sim estabelecendo espaços sociais caóticos imersos no desastre, atravessados precisamente pelo narcotráfico (promovido e manipulado desde cima) e outras formas de criminalidade dissociadora seguindo a doutrina da Guerra de Quarta Geração.
No México, como sabemos, sucedem-se os governos fraudulentos imersos numa crescente onda de barbárie e na Colômbia a abstenção eleitoral tradicionalmente maioritária chegou recentemente a cerca de dois terço do padrão eleitoral [3] , adornada por um muito publicitado "processo de paz" que conseguiu a rendição das FARC assegurando ao mesmo tempo a preservação da dinâmica de saqueios, assassinato e concentração de rendimentos que caracteriza tradicionalmente esse sistema. Nestes dois casos não nos encontramos perante algo "novo" e sim frente a regimes relativamente velhos que foram evoluindo até chegarem hoje a constituir verdadeiros exemplos de aplicação com êxito das técnicas mais avançadas de desintegração social. A tragédia desses países mostra o futuro que aguarda os recém chegados ao inferno.
O panorama é completado com as tentativas de restauração reaccionária na Bolívia e na Venezuela. No caso venezuelano a intervenção directa dos Estados Unidos procura recuperar (recolonizar) a maior reserva petrolífera do mundo no momento em que o reinado do petro-dólar (fundamento da hegemonia financeira global do império) entra em declínio rápido perante a ascensão da China (o maior comprador internacional de petróleo) que procura impor a sua própria moeda apoiada pelo ouro (o petro-yuan-ouro) em aliança precisamente com a Venezuela e outros gigantes do sector energético, como a Rússia e o Irão.
Na Bolívia, o aparelho de inteligência imperial realiza uma das suas manipulações de manual inspirada na doutrina da Guerra de Quarta Geração. Põe em ação seus apêndices mediáticos locais e globais tentando lançar a histeria (neste caso racista) de faixas importante das classes médias brancas e mestiças contra o presidente índio. Aqui não só se trata de varrer um governo progressista como também de apropriar-se das reservas de lítio, a maiores do mundo (segundo diferentes prospecções, a Bolívia contaria com aproximadamente 50% das reservas de lítio do planeta), elemento chave na futura reconversão energética global.
Principais características
As actuais ditaduras têm todas as características para apresentar uma imagem civil com aparência de respeito pelos preceitos constitucionais, mantendo um calendário eleitoral com pluralidade de partidos e os demais traços de um regime democrático de acordo com as regras ocidentais. Por outro lado, encontramo-nos perante mecanismos explícitos de censura e, ainda que marginais ou em posições muito secundárias, ouvem-se algumas vozes divergentes. Os prisioneiros políticos passam quase sempre pelos tribunais onde os juízes os condenam de maneira arbitrária mas aparentando apoiar-se nas normais legais vigentes. Os assassinatos de opositores são minimizados ou ocultados pelos meios de comunicação e ficam em geral envoltos por mantos de confusão que diluem as culpas estatais, amalgamando de maneira sistemática os crimes políticos com as violências policiais contra pobres e pequenos delinquentes sociais e repressões aos protestos populares.
Essa máscara democrática, prolixamente negligente, acaba por ser o que é: uma máscara, quando constatamos que os meios de comunicação convertidos num instrumento de manipulação total da população estão controlados por monopólios como o grupo Clarín na Argentina, O Globo no Brasil ou Televisa no México, cujos proprietários fazem parte do círculo estreito do Poder. Ou quando chegamos à conclusão de que o sistema judicial está completamente controlado por esse círculos do qual participam os principais interesses económicos (transnacionalizados) manejando à discrição o aparelho policial-militar. E que em consequência os partidos políticos significativos, os meios de comunicação, as grandes estruturas sindicais e outros espaço de expressão potencial da sociedade civil estão estrategicamente controlados (para além de certos descontroles tácticos) mediante uma teia embrulhada de repressões, chantagens, crimes selectivos, abusos judiciais, bombardeios mediáticos esmagadores dissociadores ou disciplinadores e fraude eleitoral mais ou menos descarada conforme o problema concreto resolver.
O novo panorama provocou uma crise notável de percepção onde a realidade se choca com princípios ideológicos, conceptualizações e outros componentes de um "sentido comum" herdado do passado. Não somos vítimas de um rígido enquadramento da população com pretensões totalitárias explícitas que anule toda possibilidade de dissensão, procurando integrar o conjunto da sociedade num simples esquema militar, e sim perante sistemas flexíveis, na realidade confusos, que não tentam disciplinar a todos e sim, antes, desarticular, degradar a sociedade civil convertendo-a numa vítima inofensiva, esmagada pela tragédia.
Não se apresentam projetos nacionais desmesurados, próprios dos militares "salvadores da pátria" de outros tempos, ou imagens sinistras como a de Pinochet, nem sequer discursos hiper-optimistas como os dos globalistas neoliberais dos anos 1990 ou personagens cómicos como Carlos Menem, e sim presidentes sem carisma, torpes, aborrecidos repetidores de frases banais preparadas pelos assessores de imagem que formam uma rede regional globalizada de "formadores de opinião" made in USA.
Em suma, as ditaduras blindadas e triunfalistas do passado parecem ter sido substituídas por ditaduras ou proto-ditaduras cinzentas que oferecem pouco ou nada, montadas sobre embrutecedores cilindros compressores mediáticos. Sempre por trás (na realidade por cima) destes fenómenos encontram-se o aparelho de inteligência dos Estados Unidos e os de alguns dos seus aliados. A CIA, a DEA, o MOSSAD, o MI6 conforme os casos manipulam os ministérios da segurança ou da defesa, os das relações exteriores, as grandes estruturas policiais desses regimes vassalos e concebem estratégias eleitorais fraudulentas e repressões pontuais.
Capitalismo de desintegração
Forjam-se assim articulações complexas, sistemas de dominação onde convergem elites locais (mediáticas, políticas, empresariais, policiais-militares, etc) com aparelhos externos integrantes do sistema de poder dos Estados Unidos.
Estas forças dominam sociedade marcadas pelo que poderia ser qualificado como "capitalismo de desintegração" baseado no saqueio de recursos naturais, na especulação financeira e na crescente marginalização da população, radicalmente diferente dos velhos capitalismo subdesenvolvidos estruturados em torno de atividades produtivas (agrícolas, mineiras, industriais). Não é que nos velhos sistema não existisse o saqueio de recursos nem o banditismo financeiro, que em alguns momentos e países ocupavam o centro da cena, mas no longo prazo e na maior parte dos casos ficavam num segundo plano. A super-exploração da mão-de-obra e açambarcamento dos lucros produtivos surgiam como os principais objetivos económicos diretos daquelas ditaduras.
Tão pouco é certo que agora as elites dominantes se desinteressem dos salários ou da propriedade da terra. Ao contrário, desenvolvem um amplo leque de estratagemas destinados a reduzir os salários reais e apropriar-se de territórios. Se bem que nos velhos capitalismos não existisse só produção e sim também especulação e saqueio, nos atuais a base produtiva, em retração por causa da pilhagem desmesurada, continua a ser uma fonte importantíssima de benefícios. Contudo, a sua preservação, a sua reprodução no longo prazo, não está no centro das preocupações quotidianas das elites, presas psicologicamente pela dinâmica parasitária da especulação financeira e seu entorno de negócios turvos.
Isto acontece porque, entre outras coisas, no atual imaginário burguês o longo prazo desapareceu, suas operações mais importantes são regidas pelo curto prazo lumpen-capitalista. No saqueio de recursos naturais através da mega-mineração a céu aberto, da extração de gás e petróleo de xisto ou da agricultura baseada em transgénicos, utilizam-se tecnologias orientadas pela velocidade do ritmo financeiro ao serviço de gente que não tem tempo nem interesse para se dedicar a temas tais como a saúde da população afectada, o equilíbrio ambiental e outras áreas impactadas pelos "danos colaterais" do êxito empresarial (financiarização da mudança tecnológica, a cultura técnica dominante como auxiliar do saqueio).
Estes capitalismos de desintegração são conduzidos por elites que podem ser caracterizadas como lumpen-burguesias, burguesias principalmente parasitárias, transnacionalizadas, financiarizadas, oscilando entre o legal e o ilegal, cada vez mais afastadas da produção. São instáveis não por acidentes da conjuntura e sim pela sua essência decadente. Por cima delas encontram-se as grandes potências e suas elites embarcadas desde há tempos no caminho da degradação, num planeta onde os produtos financeiros derivados representavam em fins de 2017 umas sete vezes o Produto Global Bruto, onde a dívida global total (pública mais privada) era de quase três vezes do Produto Global Bruto, onde só cinco grandes bancos estado-unidenses dispunham de "activos financeiros derivados" da ordem dos 250 milhões de milhões de dólares (13 vezes o Produto Interno Bruto dos Estados Unidos), onde as oito pessoas mais ricas do mundo dispõem em conjunto de uma riqueza equivalente a 50% da população mundial (os mais pobres).
A formação e escalada dessas elites latino-americanas são o resultado de prolongados processos de decadência estrutural e cultural, de um subdesenvolvimento que incluiu já várias décadas de componentes parasitários que se foram apropriando do sistema, foram carcomendo-o, envenenando, apodrecendo, seguindo a lógica sobredeterminante do capitalismo global, não de maneira mecânica e sim impondo especificidades nacionais próprias de cada degeneração social.
Por baixo dessas elites surgem populações fragmentadas, com trabalhadores integrados do ponto de vista das normas laborais em vigor separados dos trabalhadores informais, precários. Com massas crescentes de marginais urbanos, de pobres e indigentes estigmatizados pelos meios de comunicação, desprezados por boa parte das classes integradas que se vão apequenando na medida em que avançam os processos de concentração económica e pilhagem de riquezas.
Não se trata de espaços sociais estanques, segmentados de modo estável, e sim de sociedade submetidas à reprodução ampliada da rapina elitista transnacionalizada, à sucessão interminável de transferências de rendimentos de baixo para cima e para o exterior, à degradação crescente da qualidade de vida das classes baixas assim como de porções crescentes das camadas médias.
Alguns autores referem-se ao fenómeno qualificando-o de "neoliberalismo tardio" [4] , algo assim como um regresso aos paradigmas neoliberais que tiveram seu auge nos anos 1990 mas num contexto global desfavorável a esse retorno (ascensão do protecionismo comercial, declínio da unipolaridade em torno dos Estados Unidos, etc). Nós nos encontraríamos portanto frente a uma aberração histórica, um contra-senso económico e geopolítico protagonizado por círculos dirigentes obstinados na sua subordinação ao império norte-americano, interrompendo a marcha normal, racional, progressista e despolarizante que predominava na América Latina. As direitas latino-americanas encontrar-se-iam embarcadas em um projeto na contramão da evolução do mundo.
Mas acontece que o mundo não se encaminha rumo a uma nova harmonia, um novo ciclo produtivo, e sim rumo ao aprofundamento de uma crise de longa duração, iniciada há quase meio século. Esta caracteriza-se entre outras coisas pelo declínio tendencial das taxas de crescimento das economias capitalistas centrais tradicionais e pela hipertrofia financeira (financiarização da economia global) impulsionando a ruptura de normas, legitimidades institucionais e equilíbrios sócio-culturais que asseguravam a reprodução da civilização burguesa para além das turbulências políticas ou económicas. A mutação parasitário-depredadora do capitalismo tem como centro um Ocidente articulado em torno do império norte-americano, mas envolve o conjunto da periferia e também afeta potências emergentes como a China ou a Rússia, muito dependentes das suas exportações em que os mercados da Europa, Estados Unidos e Japão cumprem um papel decisivo. Assim, as taxas de crescimento do Produto Interno Bruto da China vêm-se desacelerando e a economia russa oscila entre a recessão, a estagnação e o crescimento anémico.
Um aspecto essencial da nova situação global é o carácter abertamente devastador das dinâmicas agrícolas, mineiras e industriais motorizadas tanto pelas potências tradicionais como pelas emergentes, cujos efeitos deixaram de ser uma nebulosa ameaça futura para se converterem num desastre presente que se vai ampliando ano após ano.
Tudo isto nos deveria levar à conclusão de que os regimes reacionários da América Latina não têm nada de tardio, de desatualizado, de deslocalização histórica e sim que são a expressão do apodrecimento radical das suas elites, da sua mutação parasitária enlaçada com um fenómeno global que as inclui. O que nos permite descobrir não só a fragilidade histórica, a instabilidade dessas burguesias, tão prepotentes e vorazes como doentias, como também as vãs ilusões progressistas negadoras da realidade que, ao qualificar de tardio o lumpen-capitalismo dominante marcam-no como anormal, anómalo, fora da época, alentando a esperança do retorno à "normalidade" de um novo ciclo de prosperidade na região, mais ou menos keynesiano, mais ou menos produtivo, mais ou menos democrático, mais ou menos razoável, nem muito direitista nem muito esquerdista, nem tão elitista nem tão populista. O sujeito burguês desse horizonte burguês fantasiaso está só na sua imaginação, a marcha real do mundo converteu-o num habitante fantasmagórico da memória. Enquanto isso os grandes "empresários", os círculos concretos de poder, participam de corpo e alma na orgia da devastação, tão desinteressados no longo prazo e no desastre social e ambiental quanto na racionalidade progressista (à qual consideram estorvo, um travão populista ao livre funcionamento do "mercado").
Reações populares e aprofundamento da crise
A grande incógnita é a que se refere ao futuro comportamento das grandes maiorias populares que foram afetadas tanto do ponto de vista económico como cultural pela decadência do sistema. As elites puderam aproveitar a desestruturação, as irracionalidades sociais geradas por um fenómeno perverso que atravessou tanto as etapas direitistas como as progressistas. Durante os períodos de governos de direita civis ou militares promovendo e garantindo privilégios e abusos de todo tipo, afirmou-se um "sentido comum" egoísta, dissociador, subestimador de identidades culturais solidárias. Mas quando chegaram as experiências progressistas essas elites utilizaram a degradação social existentes, a fragmentação neoliberal herdada (enlaçadas em alguns casos com tradições de marginalização muito enraizadas) impulsionando irrupções racistas, neofascistas das camadas médias estendidas por vezes até espaços médio-baixos onde se misturam o pequeno comerciante com o assalariado integrado (em consequência, acima do marginalizado, do precário).
Assistimos assim no Brasil, Argentina, Bolívia ou Venezuela mobilizações histéricas de classes médias urbanas neofascistas a exigirem as cabeça dos governantes "populistas", manipuladas pelos meios de comunicação e pelos poderes económicos que o progressismo havia respeitado como parte da sua pertença ao sistema (admitida abertamente, silenciada ou negada de maneira superficial ou insuficiente).
Agora as chamadas restaurações conservadoras ou direitistas não estão a restaurar o passado neoliberal e sim a instaurar esquemas de devastação nunca antes vistos. Puderam triunfar graças às limitações e esvaziamentos de progressismos encurralados pelas crises de sistemas que eles pretendiam melhorar, reformas ou em alguns casos superar de maneira indolor, gradual, "civilizada".
Mas a crises nacionais não se detêm. Ao contrário, são incentivadas pelos comportamentos saqueadores das direitas governantes que continuam a praticar suas tácticas dissociadoras, de embrutecimento colectivo, buscando gerar ódio social para com os pobres. Os meios de comunicação trabalham em pleno por trás desses objetivos e na medida em que o declínio económico avança pressionado pelas políticas oficiais e pela marcha da crise global, as manipulações mediáticas começam a demonstrar-se impotentes perante a maré ascendente de protestos populares. A virtualidade do marketing neofascista começa a ser ultrapassada pela materialidade das penúrias, não só dos pobres como também de camadas médias que se vão empobrecendo. Males materiais que ao se ampliarem lhes abrem a porta à rebeldia daqueles que foram enganados e dos que foram crédulos. É assim que no Brasil o repúdio popular ao governo de Temer é esmagador e na Argentina a imagem edulcorada de Macri se vai diluindo velozmente enquanto se estendem os protestos populares.
A repressão, a militarização dos governos de direitas surge então como alternativa de governabilidade. As dinâmicas ditatoriais desses regimes vão engendrando dispositivos policiais-militares com a esperança de controlar os de baixo, vão funcionando com cada vez maior intensidade os mecanismos de "cooperação hemisférica": operações conjuntas com a DES, fornecimento de armamento e capacitação para o controle de protestos sociais, multiplicação de estruturas repressivas nacionais e regionais monitoradas a partir dos Estados Unidos.
Trata-se de um combate com final aberto entre forças sociais que procuram sobreviver e que, ao fazê-lo, podem chegar a engendrar vastos movimentos de regeneração nacional, radicalmente anti-sistémicos e elites degradadas e instáveis, dependentes do amo imperial (que se reserva o direito de intervenção direta, se as circunstâncias o exigirem e permitirem), animadas por um niilismo portador de pulsões tanáticas.
20/Março/2018
[1] Hugo Noé Pino,
"Cronología del fraude electoral en Honduras", Criterio.hn. Diciembre 8
de 2017,
criterio.hn/2017/12/08/cronologia-del-fraude-electoral-honduras/
[2] Manuel Gaggero, "Argentina. La historia se repite... como tragedia", www.resumenlatinoamericano.org/...
[3] Ana Patricia Torres
Espinosa, "Abstención electoral en Colombia. Desafección política,
violencia política y conflicto armado", Cuadernos de Investigación,
Universidad Complutense de Madrid, Facultad de Ciencias Políticas y
Sociología, politicasysociologia.ucm.es/...
Miguel García Sanchez, "Sobre la baja participación electoral en Colombia", Semana, 2016-10-18, www.semana.com/...
[4] "El neoliberalismo
tardío. Teoría y praxis. Documento de Trabajo nº 5", Daniel García
Delgado y Agustina Gradin (compiladores), FLACSO, Argentina 2017.
[*] Economista. Autor de "Macrì: Orígenes e instalación de una dictadura mafiosa", que pode ser descarregado aqui .
Este artigo encontra-se em http://resistir.info
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