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segunda-feira, 5 de março de 2018

Eleição marca nova era na política italiana



Na Itália, a ascensão de grupos anti-establishment parecia inevitável. O descontentamento com a classe política, confirmado nas urnas, sela o fim do bipartidarismo – e pode ter estabelecido o populismo como a nova norma.


Luigi Di Maio e Matteo Salvini em cartazes nas ruas: símbolos do avanço populsita

O líder da Liga Norte, legenda populista eurocética e antimigração, não deixou dúvidas sobre sua intenção após o triunfo eleitoral na Itália: Matteo Salvini quer se tornar primeiro-ministro e liderar a coligação de direita, depois de ter superado Silvio Berlusconi e seu (em comparação) moderado partido Força Itália.

Leia também: Decepcionados, italianos optam pelo caos

O partido de Salvini chegou a 17% dos votos, enquanto Berlusconi recebeu apenas 14%. Juntamente com duas legendas menores de extrema direita, a coligação nacionalista obteve 37% dos votos – um significativo triunfo eleitoral, mas insuficiente para formar um governo.

Para governar, será preciso um parceiro de coalizão. E Salvini deixou em aberto quem poderia ser. Ele preferiu enaltecer o dia histórico. "Os italianos votaram a favor da libertação da União Europeia", disse. Em suas palavras, nem Bruxelas, nem Berlim, nem Paris vão ditar nada aos italianos no futuro.

Luigi Di Maio, candidato e líder do Movimento Cinco Estrelas (M5S), esteve à frente do melhor resultado individual de um partido, com 32% dos votos. "Embora esteja chovendo, é um dia ótimo para nós", disse Maio, em Roma. No entanto, ele também deixou aberto com qual legenda ou aliança ele buscará formar uma coalizão.

Obviamente, ele também reivindicou o direito de governar com seu movimento populista, que foi iniciado há nove anos como um mero protesto de um comediante. "Temos a responsabilidade de iniciar o projeto de formar um governo", afirmou Di Maio.

Ele tem adotado um tom menos radical do que os direitistas. "É tudo tática. Ele quer parecer com um estadista", disse um analista à emissora italiana RAI.

Impasse não é novidade

Eleitores, especialistas e meios de comunicação estão agora quebrando a cabeça sobre como as coisas seguirão na Itália depois do amplo avanço de populistas de direita e do movimento anti-establishment.

Amalia Losario, uma jovem eleitora de Roma, disse achar muito bom o resultado da eleição. Ela votou na Liga Norte, porque se sente "enganada pelos governantes social-democratas em torno do ex-premiê Matteo Renzi".

No entanto, ela admite que uma coalizão de governo será extremamente difícil, não importa em qual direção do espectro. "Acredito que uma coalizão entre os populistas do Movimento Cinco Estrelas e a Liga Norte de Salvini seja impossível. Eles são muito diferentes", afirmou.

Já o eleitor Angelo Cannizzaro demonstrou uma inclinação maior ao Movimento Cinco Estrelas. Ele disse que já esperava esse resultado, em que os principais grupos partidários se bloqueiam na formação de um governo.

"Com o bom resultado, é a hora de o Movimento Cinco Estrelas ir em busca de um parceiro. Eles deveriam finalmente amadurecer, levantar da cadeira e se mexer", afirmou.

Entre os eleitores em Roma nesta segunda-feira (05/03), poucos se mostraram preocupados com a iminente paralisação e a crise governamental.

"No final, os partidos vão buscar regalias e selar um acordo qualquer. Algo tem que mudar. Ou o Movimento Cinco Estrelas ou a Liga Norte têm que dar uma limpada no sul", disse Arianne Fusta, originária da Sicília.

Democracia em crise?

Giovanni Orsina ensina história contemporânea na Universidade LUISS, em Roma, e há anos vem analisando a política italiana. Para ele, o resultado da eleição parlamentar não é uma surpresa.

"Os populistas e os movimentos anti-establishment serão os novos partidos populares na Itália e substituirão os social-democratas e a conservadora Força Itália – quer nos agrade ou não, será um duelo entre o Movimento Cinco Estrelas e a Liga Norte", opina.

Segundo Orsina, Berlusconi, de 81 anos, celebrado pelo seu retorno, está terminado para a política. O mesmo para o líder socialista Renzi, que renunciou nesta segunda como chefe dos social-democratas: "Renzi não tem ideia do que fazer, e Berlusconi só tem medo de morrer".

O professor considera muito improvável uma coalizão entre os partidos de ambos. "Haverá uma longa fase de transição, assim como em outros países europeus. Leve em consideração o Brexit e a incerteza em torno dele, analise o resto do mundo – a democracia, como a conhecemos, está numa crise terrível", afirma Orsina.

O presidente da Itália, Sergio Mattarella, convidará nos próximos dias os líderes dos partidos vitoriosos para encontros individuais com o intuito de sondar se eles têm um plano para formar um governo e sobre possíveis coalizões.

Se o presidente chegar à conclusão de que, com o resultado da eleição, as duas Câmaras do Parlamento italiano não podem formar uma coalizão, ele pode designar um governo formado por tecnocratas por um período de transição. Então, novas eleições parlamentares podem ser realizadas em aproximadamente um ano.

A Itália teve mais de 60 governos em 70 anos. O último governo formado por tecnocratas foi liderado por Mario Monti entre 2011 e 2013. Ele assumiu o cargo no auge da crise financeira, numa época em que o então chefe de governo, Berlusconi, estava desamparado e perdido.
 
Fonte: DW BR

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