Dois agentes tiraram a própria vida no último mês. Comandantes incentivam os colegas a procurarem ajuda profissional em caso de necessidade
Washington - 04 AGO 2021 - 10:03 BRT
Agentes da polícia jogam gases lacrimogêneos para dispersar os seguidores de Trump durante a invasão do Capitólio.SHANNON STAPLETON / REUTERS
O departamento de polícia do Distrito de Colúmbia (onde fica Washington) informou nesta segunda-feira que dois policiais que confrontaram a invasão do Capitólio em 6 de janeiro se suicidaram no último mês. Com isso, chega a quatro o número de agentes que tiraram a própria vida depois de participarem da reação ao ataque perpetrado por simpatizantes do então presidente Donald Trump. A CPI da Câmara de Representantes (deputados) que investiga o incidente, instaurada na semana passada, está abordando as sequelas psicológicas dos agentes que trabalharam naquele trágico dia. “O que todos passamos nesse dia foi traumático”, afirmou na terça-feira passada o agente Harry Dunn à comissão, e “não há absolutamente nada de mau em procurar ajuda profissional”, acrescentou.
Gunther Hashida, de 43 anos, agente do Departamento de Polícia Metropolitana (MPD, na sigla em inglês), foi achado morto em sua casa na quinta-feira passada. Ele servia na Equipe de Resposta a Emergências, dentro da divisão de Operações Especiais do departamento de polícia, para o qual entrou em 2003. “Estamos em luto como departamento. Nossos pensamentos e orações estão com a família e amigos do agente Hashida”, afirmou em nota o porta-voz do MPD, Kristen Metzger.
Horas antes desse anúncio, a polícia informou que o agente Kyle DeFreytag, de 26 anos, se suicidou em 10 de julho. O jovem passou cinco anos como agente do MPD, sendo em 6 de janeiro um dos responsáveis por impor o toque de recolher em Washington e proteger o Capitólio quando a multidão trumpista já havia se dispersado. Ao todo, 140 agentes ficaram feridos naquele dia, e quatro pessoas morreram por causa das agressões que foram vistas no mundo todo pela televisão.
O anúncio das mortes de DeFreytag e Hashida ocorreu uma semana depois de quatro agentes deporem na CPI da Câmara sobre o que viveram naquela violenta jornada de 6 de janeiro. “Assim é como vou morrer, defendendo esta entrada”, pensou em meio à confusão o sargento Aquilino Gonell, do corpo que protege o Congresso. “Nunca na vida tinham me chamado nigger [termo pejorativo para negros] vestindo este uniforme”, afirmou Dunn à comissão composta por sete deputados democratas e dois republicanos, cuja tarefa é investigar os fatos e razões da invasão, paralelamente à apuração da Justiça, e fazer recomendações aos corpos de segurança.
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