As unidades foram financiadas pelo EUA para atuarem na guerra contra forças de libertação nacional que se opunham a gerência colonial ianque no Afeganistão.
Rahmanullah, que na última quarta-feira atacou os guardas ianques próximo a Casa Branca, teria servido nestes grupos financiados pelo EUA.
por Redação de AND
28 de novembro de 2025·

Na tarde da última quarta-feira (26/11), um ataque alvejou a queima-roupa dois guardas nacionais que faziam patrulha nos entornos da Casa Branca, em Washington. Os dois alvos foram hospitalizados em estado crítico, assim como o acusado pelos disparos que também foi atingido pela guarda em resposta. O secretário de guerra do EUA, Pete Hegseth, enviou para a capital um contingente de 500 novos soldados, militarizando ainda mais a cidade.
O ultrarreacionário presidente ianque Donald Trump, discursou que “o animal responsável pelo ato pagará o maior preço possível” pelo cometido e que “se tratou de um ataque terrorista, perpetrado por um alien ilegal”.
O acusado, Rahmanullah Lakanwal, é um afegão apontado como colaborador da CIA durante a ocupação militar do EUA no Afeganistão.
Rahmanullah Lakanwal nasceu na província de Khost, na fronteira do Afeganistão com o Paquistão.
Segundo reportagem do monopólio de imprensa ianque, NBC, Rahmanullah serviu por 10 anos no exército do Afeganistão, ao lado de tropas especiais estadunidenses durante a invasão ianque ao país. Outras fontes mencionam que o responsável pelos disparos teria servido não no exército, mas em chamadas “unidades locais”.
John Ratcliffe, diretor da CIA, confirmou à Fox News e ao The New York Times que o afegão atuou em “unidades locais financiadas pela CIA”.
A mudança de Rahmanullah se deu a partir da “Operação Aliados Bem-Vindos”, que durante o ano de 2021 recebeu afegãos que trabalharam com forças do EUA ou parceiros da OTAN. Os critérios para o auxílio eram de cargos de intérpretes, contratados, ou demais funcionários civis. O processo foi coordenado junto do Departamento de Defesa, o Departamento de Segurança Interior e o FBI.
No entanto, Trump afirmou que se tratou de equívoco da administração Biden, que o processo foi mal feito, apesar de os afegãos terem aterrissado em bases militares no EUA e passado por um rigoroso processo de triagem.
Ocupação militar ianque no Afeganistão durou 20 anos
O EUA invadiu o Afeganistão em outubro de 2001, utilizando como justificativa os incidentes de 11 de setembro ocorrido semanas antes. A invasão teve como pretexto “combater a Al-Qaeda” e remover do poder o Talibã, acusado pelo EUA de abrigar Osaba Bin Laden, ex-aliado do EUA na invasão do social-imperialismo soviético ao Afeganistão.
A ocupação militar do EUA durou 20 anos, encerrando-se em 2021 com a expulsão das tropas ianques pelas forças de libertação nacional dirigidas pelo Talibã. Durante as duas décadas de ocupação colonial, o EUA gastou mais de 2 trilhões de dólares, segundo auditorias oficiais. Desse total, cerca de 800 bilhões de dólares foram destinados diretamente às operações militares, incluindo manutenção de tropas, transporte, inteligência e contratos com empresas privadas.
Em 2021, o então presidente do EUA, o reacionário Joe Biden, ao retirar as tropas do Afeganistão, afirmou que se tratava de uma “guerra invencível”, e questionou, cinicamente, “quantos mais milhares de filhos e filhas americanos vocês querem colocar em risco?”.
No entanto, escondendo o fato de ele próprio ter votado a favor da invasão, no dia 18 de setembro de 2001, enquanto foi senador e presidente do comitê de relações exteriores do senado.
Durante a ocupação, a CIA financiou, treinou e coordenou diversas unidades afegãs. O treinamento das forças afegãs consumiu mais de 85 bilhões de dólares, mas não impediu o colapso do exército lacaio em 2021.
Ademais, duas unidades paramilitares, que não respondiam formalmente ao exército afegão, tinham liberdade operacional quase irrestrita: a Khost Protection Force (KPF) e a Counterterrorism Pursuit Teams (CTPTs). As unidades foram financiadas pelo EUA para atuarem em oposição a forças de libertação nacional que se opunham a gerência colonial ianque no Afeganistão.
Rahmanullah, que na última quarta-feira atacou os guardas ianques próximo a Casa Branca, teria servido nestes grupos financiados pelo EUA.
A guerra imperialista volta a casa
As consequências da guerra imperialista retornaram, também, junto aos soldados ianques. Após o início da estratégia ianque de “guerra ao terror”, a taxa de suicídios de veteranos do exército ianque aumentou em 10 vezes, entre 2006 e 2020. Dados de uma análise feita pelo comitê da câmara dos representantes do EUA, sobre assuntos de veteranos, indicam que pessoas com histórico militar cometeram 144 ataques letais de terrorismo doméstico com vítimas múltiplas entre 1990 a 2022 . Em outro relatório, desta vez feito pela Universidade de Maryland, entre 1990 e 2021 indivíduos com histórico militar conduziram ataques classificados como violência doméstica extrema, que resultaram em pelo menos 314 pessoas mortas e 1.978 feridas.
No dia 7 de julho de 2016, Micah Johnson, veterano negro na guerra do Afeganistão, no final de uma manifestação contra a repressão policial a população negra estadunidense, executou a tiros 5 policiais e baleou mais sete agentes. Ao final, Micah foi morto por uso de um robô explosivo durante cerco policial.
Em caso anterior, no dia 5 de novembro de 2009, Nidal Malik Hasan, major do exército, atirou e matou 13 pessoas e feriu 32.
Em 2 de abril de 2014, Ivan Lopez, também militar do EUA, matou 3 colegas militares e feriu outros antes de se suicidar. Em 6 de janeiro de 2016 Jerry Serrato, veterano, matou um psicólogo da clínica e depois suicidou-se.
A Liga Anti-Imperialista, em declaração de convocatória pública, denúncia e expõe os danos da guerra imperialista e suas consequências aos povos, tanto nos países oprimidos quanto nos próprios países imperialistas:
“As guerras que começaram apenas em 2001 – Iraque, Líbia, Afeganistão, etc. – causaram direta e indiretamente a morte de 4,7 milhões de pessoas.
Na atualidade, mais de 110 milhões de pessoas em todo o mundo se viram deslocadas por guerras, perseguições e conflitos de todo tipo.
A guerra de agressão sionista contra o povo palestino não é uma exceção, nada mais é do que a verdadeira face do imperialismo e da reação mundial. Só a ocupação sionista assassina de Gaza provocou a morte de mais de 35.000 palestinos desde outubro de 2023, para além dos mais de dez mil desparecidos sob os escombros. Na Palestina foram mortos mais jornalistas, médicos e trabalhadores humanitários do que nos vinte anos da Guerra do Vietnã ou nos oito anos da Guerra do Iraque.”
E segue adiante:
“Nosso mundo se encontra em um momento de turbulência, profunda inquietude e mudança. Há apenas trinta anos, o imperialismo, especialmente o imperialismo ianque (EUA), proclamava o “fim da história”! Com a “Pax Americana”, declarou que a “paz eterna” era uma realidade. Através de uma gigantesca propaganda, difundiu-se por todo o mundo que a partir de agora se abriria o caminho para um futuro cheio de paz, democracia e prosperidade, garantido pela “polícia mundial”.
A evolução dos acontecimentos desde estas palavras até hoje demonstrou que o “paraíso” prometido pelos imperialistas é um inferno na terra para as massas oprimidas dos povos do mundo.
Desde a promessa dos imperialistas da “vida no grande paraíso”, não se passou um só dia sem guerra e destruição.
Nunca na história da humanidade houve tanta comida e tanta fome. Mais de 25 mil pessoas morrem de fome todos os dias. Segundo dados oficiais, 280 milhões de pessoas em 59 países sofrem de fome extrema, enquanto mais de 1 bilhão de pessoas sofrem de grave escassez de alimentos.
Pôster ‘Resistance is not terrorism’Artista: @versophilia
.

Nenhum comentário:
Postar um comentário