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sábado, 29 de novembro de 2025

Perseguição a partido e ativistas em SC ocorre dias após vídeo de governador incitar violência

Os grupos organizam sua militância em torno da agenda dos direitos humanos e de causas transversais, como direito à moradia
27/11/2025 | 23h13



Chamada de “Operação Incursio”, a ação da Polícia Militar e da Polícia Civil de Santa Catarina em Florianópolis, Navegantes e Itajaí escancara a consolidação de um estado de exceção, à margem da lei, sob comando do governador Jorginho Mello, presidente local do PL.

O episódio de invasão de casas de ativistas e da sede da Unidade Popular em Florianópolis ocorre cerca de 20 dias após a veiculação de um vídeo em que, portando um pedaço de madeira, o governador Jorginho Mello atenta contra o Plano Nacional de Proteção a Defensoras e Defensores de Direitos Humanos, instituído pelo governo federal.

Até o momento de veiculação desta coluna a Polícia Civil ainda não havia apresentado os mandados que justificaram a apreensão de equipamentos, o vandalismo e a invasão na sede local da UP, que ocorreu na manhã desta quinta-feira (27).

Ativistas e militantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) foram alvos paralelos, em uma ação justificada formalmente, em release distribuído pela PM, como “suspeitos de participação e liderança em um movimento que, segundo as investigações, utilizava o direito de manifestação para praticar atos que extrapolavam os limites legais”.

Os grupos organizam sua militância em torno da agenda dos direitos humanos e de causas transversais, como direito à moradia, à terra e pela causa Palestina. Por isso, o vídeo de Jorginho Mello ameaçando ativistas não pode ser visto como mera coincidência ou recurso de marketing.

Entre os movimentos citados no release estão um protesto que ocorreu na Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em que estudantes contestaram a presença de Nikolas Ferreira em um espaço de produção do conhecimento.

O governador Jorginho Mello também estava presente no episódio. A universidade é a instituição de ensino particular que mais recebe recursos públicos do caixa estadual e tem o filho do governador, Bruno Mello, como um dos seus professores. Só neste ano, já são R$136 milhões de verba pública saídos da secretaria de Educação.

O discurso oficial da PM também cita manifestações em abril, maio e no dia 7 de setembro, e estabelece que foram “ações irregulares” e que há abuso do direito à manifestação. Não houve registros de violência em qualquer um destes episódios.

Em ato realizado na tarde de quinta-feira (27), a Unidade Popular de Santa Catarina denunciou a invasão de casas de militantes, apreensão de equipamentos e de objetos pessoais, como cadernos.

“A gente não sabe o que eles levaram da sede”, relatou a representante do partido em Santa Catarina, Julia Andrade. “Quando o estado de SC decide violar a sede deste partido ele decidiu explicitamente dizer que está em guerra com tudo o que a gente representa”. Além das causas já citadas, a UP também milita pelo fim da escala 6 por 1.
Delegado-geral é alvo de pedido de impeachment por campanha antecipada

O delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, se pronunciou no início da tarde falando em “investigação” sobre um grupo que realizava “invasões criminosas”. Falou, ainda, que havia indicação de que o Unidade Popular, “um partido de esquerda” participou destas “orquestrações”, criminalizando sem meias palavras a atuação político-partidária. Ironicamente, chamou as ações da UP de “fascistas”.

Apesar de não falar publicamente, o delegado também é militante político e prepara uma candidatura para as eleições de 2026. Em abril de 2025, respondeu a uma pergunta no seu Instagram se referindo a uma cidadã como “prezada petista” e disse para ela não encher o saco. Em maio, reagiu com tiros a uma abordagem de supostos criminosos em um morro. A abordagem ameaçadora nunca foi comprovada.

Desde o início do mês, o delegado reage a um pedido de impeachment contra ele que tramita na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, baseado no uso do cargo público para autopropaganda, com suspeita também de utilização política da estrutura da Polícia Civil.

O jornalista Marcelo Lula, do site SC em Pauta, passou a ser alvo de ameaças indiretas e veladas após divulgar o fato. O delegado chegou a vir a público dizendo que sua família foi alvo de exposições a partir do processo, que nunca foi divulgado publicamente.

A ação de Ulisses e do governo Jorginho Mello, entretanto, é referendada e balizada pelo aparato de mídia paga do governo estadual. Também no início da tarde desta quinta-feira, o Jornal Razão, conhecido disseminador de desinformação do ecossistema midiático, publicava a manchete: “EXCLUSIVO: Grupo comunista que usa crianças para invasões criminosas em SC é alvo de operação”, com nomes e rostos de ativistas.

A notícia não está sinalizada como post pago e tampouco tem assinatura, mas é invadida por anúncios do governo do Estado. O Jornal Razão recebeu, este ano, R$ 216 mil em recursos públicos da Secretaria de Comunicação do governo.

https://iclnoticias.com.br/perseguicao-a-partido-e-ativistas-em-sc-ocorre-dias-apos-video-de-governador-incitar-violencia/

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