Transporte aéreo será reduzido 'ao mínimo' se shutdown não acabar, diz governo Trump; 1.500 voos são cancelados neste domingo
Milhares de voos foram afetados desde sexta, quando companhias aéreas começaram a reduzir o fluxo aéreo a pedido do governo. 10% dos voos serão cancelados até a próxima sexta (14) e situação vai piorar se crise se estender, segundo o secretário dos Transportes dos EUA.
Por Redação g1
09/11/2025 12h55 Atualizado há 2 horas

Shutdown cancela mais de mil voos e provoca atraso de quatro mil nos EUA
O secretário de Transportes dos Estados Unidos, Sean Duffy, afirmou neste domingo (9) que o transporte aéreo no país será reduzido "ao mínimo" caso a paralisação do governo Trump não termine logo. Segundo Duffy, "a situação só vai piorar" até o feriado do Dia de Ação de Graças, no fim do mês.
Mais de 1.500 voos domésticos no país foram cancelados e mais de 4.000 sofreram atrasos neste domingo, segundo a plataforma de monitoramento FlightAware. As companhias aéreas começaram na sexta-feira a aplicar reduções graduais no fluxo aéreo impostas pelo governo, e milhares de voos já foram afetados.
▶️ Contexto: A paralisação no governo dos EUA, chamado popularmente de shutdown, ocorre quando o Congresso não aprova o orçamento federal dentro do prazo. Com isso, o governo fica sem dinheiro para manter serviços e pagar servidores federais.
No centro do impasse está a saúde. Os democratas, opositores de Donald Trump, afirmam que só aprovarão o projeto se programas de assistência médica forem prolongados.
O governo precisa de 60 votos no Senado para aprovar o orçamento, mas apenas 53 senadores são do mesmo partido do presidente.
A Administração Federal de Aviação (FAA) ordenou um corte de 4% nos voos desta sexta-feira em 40 grandes aeroportos. A redução deve subir para 10% até 14 de novembro. Duffy disse na sexta-feira que pode determinar cortes de até 20% nos voos conforme a paralisação do governo for se estendendo.
A preocupação é que o caos nos aeroportos dos EUA visto desde sexta-feira piore ao longo dos próximos dias à medida em que o shutdown se estende e o Dia de Ação de Graças se aproxima. O feriado, que cai em 27 de novembro, é uma das datas mais importantes dos EUA e tem o maior fluxo aéreo no país.
“Só vai piorar. Nas duas semanas antes do Dia de Ação de Graças, vocês verão o transporte aéreo ser reduzido ao mínimo. Há muitas pessoas que querem voltar para casa para o feriado, querem ver suas famílias, querem celebrar este grande feriado americano (...) muitos deles não vão conseguir embarcar em um avião, porque não haverá tantos voos disponíveis se o governo não voltar a funcionar”, disse Duffy em entrevista à rede CNN Internacional.
Atrasos causados por ausência de controladores de tráfego aéreo afetaram centenas de voos em 10 aeroportos, como Atlanta, San Francisco, Houston, Phoenix, Washington, D.C., e Newark. Até 19h30 (horário de Brasília), mais de 5,3 mil voos tinham registrado atraso, segundo o FlightAware.
No aeroporto que atende a capital, Washington, D.C., o tempo médio de atraso era de quatro horas. Cerca de 17% das operações foram canceladas e quase 40% dos voos estavam atrasados.
Durante os 38 dias de paralisação, 13 mil controladores e 50 mil agentes de segurança trabalharam sem salário. A ausência crescente tem afetado as operações. Muitos controladores foram avisados na quinta-feira (6) que não receberiam pagamento pela segunda quinzena seguida.
O governo Trump tenta pressionar democratas no Congresso a aprovar o orçamento republicano que permitiria reabrir o governo. A possibilidade de grandes interrupções no setor aéreo faz parte dessa pressão.
Já os democratas dizem que os republicanos são responsáveis pelo impasse por se recusarem a negociar a extensão dos subsídios de saúde.
Duffy disse a jornalistas que pode exigir cortes de até 20% se a situação piorar e mais controladores faltarem ao trabalho. “Eu avalio os dados”, afirmou. “Vamos tomar decisões com base no que vemos no espaço aéreo.”
Caos nos aeroportos
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Voo da Alaska Airlines decola do Aeroporto Internacional de Los Angeles, em 6 de novembro de 2025 — Foto: REUTERS/Mike Blake
Os cortes começaram às 8h (horário de Brasília) de sexta-feira e incluem milhares de voos das quatro maiores companhias aéreas — American, Delta, Southwest e United. A redução deve subir para 6% na terça-feira (11) e chegar a 10% até 14 de novembro, caso a paralisação continue.
A governadora de Nova York, Kathy Hochul, publicou a foto de um painel de voos cheios de cancelamentos. “O shutdown republicano parou os EUA — bem na época de fim de ano!”, escreveu.
No início da semana, o administrador da FAA, Bryan Bedford, disse que entre 20% e 40% dos controladores têm faltado ao trabalho diariamente.
American Airlines diz que novos cortes serão “problemáticos”. O CEO da empresa, Robert Isom, afirmou que não espera um impacto significativo imediato para passageiros com as reduções ordenadas pelo governo, mas disse que o efeito tende a aumentar.
A American informou à Reuters que cancelou 220 voos nesta sexta-feira, afetando 12 mil passageiros, e que conseguiu realocar a maioria em poucas horas. Menos voos devem ser cortados no fim de semana, quando o volume programado cai.
A United disse que metade dos passageiros afetados conseguiu ser realocada em até quatro horas. A empresa cancelou 184 voos nesta sexta e prevê cortar 168 no sábado (8) e 158 no domingo (9).
Duffy havia anunciado na quarta-feira que os cortes seriam de 10% já nesta sexta. Mas a FAA decidiu começar com 4% para reduzir o impacto.
Segundo Duffy, dados de segurança motivaram a decisão, incluindo registros de aeronaves que não mantiveram distância adequada e incursões em solo.
A FAA também está restringindo lançamentos espaciais, e autoridades afirmam que podem cortar até 10% dos voos de aviação privada em aeroportos de grande movimento. Voos internacionais não são afetados
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