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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Uma narrativa imagética sob as lentes de um fotógrafo sueco no front do Contestado


23/02/2017 10:28
603 visualizações
Especial 100 anos de Contestado - Parte IV
Pesquisa e Texto: Gustavo Falluh



O sueco Claro Gustavo Jansson (1877-1954) era um fotógrafo viajante, poeta da luz com uma câmera na mão. Imortalizou a narrativa da Guerra do Contestado, infelizmente deixada à sombra da escrita grandiosa de Euclides da Cunha sobre a Revolta de Canudos, com suas fotos dos dois lados da trincheira. De seu trabalho, o que prevalece é o poder documentarista.

Nascera em Hedemora, a cerca de 200 km da capital Estocolmo, na Suécia. O país enfrentava problemas econômicos e figurava como um dos mais pobres da Europa. Aos 14 anos, acompanhou o pai e a madrasta, além de cinco irmãos mais novos, para viver na cidade de Jaguariaíva, no Paraná. Apenas sua irmã mais velha, Anna Jansson, ficara na Suécia.

No lombo de um cavalo, transitou por Uruguai, Paraguaí e Argentina. Trabalhava com agricultura, formou-se capataz nas olarias, na colheita da erva-mate, e apaixonou-se pela fotografia. Depois de um tempo, residiu em Porto União (SC) e União da Vitória (PR). Em correspondência, Claro Jansson explicou à irmã mais velha que ainda não existia máquina fotográfica por aqui e por isso não mandava nenhuma foto. Dessa forma, mandou trazer uma máquina do exterior.

A pedagoga Rosa Maria Tesser, autora do livro Claro Gustavo Jansson, o fotógrafo do Contestado. Memorial de 100 do conflito, garante que ele tinha um equipamento inovador . "Sempre teve aparelhos sofisticados, porque era muito meticuloso, gostava das coisas bem feitas", assegura a estudiosa do fotógrafo.

Nascida em Irani, berço do Contestado, a escritora ficou fascinada com as fotografias, "cópias de cópias", coladas nas paredes do Museu de Três Barras – que considera "um pequeno grande museu". Buscou a filha e o neto do fotógrafo que moravam em Sorocaba, interior de São Paulo, e obteve o acervo, parte dele escolhido pelo servidor e historiador Adelson André Brüggemann, chefe da Divisão de Documentação e Memória do Judiciário, para ser exposto no Museu do Judiciário catarinense. "É o gosto da minha vida: fazer e estudar história", conta.

Jansson, contratado pela Southern Brazil Lumber & Colonization Company inicialmente para comprar e vender erva-mate, recebeu a oferta para se tornar fotógrafo da empresa em Três Barras. Ali, estabeleceu um estúdio fotográfico, foi delegado de polícia e escrivão de paz. E passou a se embrenhar na Guerra do Contestado, nem a favor dos caboclos, nem ao lado das forças públicas.

Após o conflito armado, viveu em Itararé e ainda acompanhou parte da Revolução de 30 e registrou uma célebre foto de Getúlio Vargas. Pelo legado imagético e por ser um dos fotógrafos pioneiros do país, recebeu do Exército a patente de tenente da Guarda Nacional. Faleceu em Curitiba em 1954, após três intervenções cirúrgicas, a última malsucedida. A causa da morte nunca foi bem esclarecida.

Clique aqui para ver a apresentação do Especial Contestado, produzido pela Assessoria de Imprensa do TJSC.

Se preferir, o Museu do Judiciário, no hall superior da Torre I do TJ, na rua Álvaro Mullen da Silveira, 208, está com exposição sobre a Guerra do Contestado de segunda a sexta-feira, das 12 às 19 horas, com entrada gratuita, até o dia 31 de março de 2017.

Obs. do blogueiro: esse é um exemplar (provável) da raça equina depois oficializada como "Campeiro", ou "Marchador das Araucárias", que tem um confortável andamento (marcha picada), está bem adaptado à região serrana de SC e não deixa a desejar quando se lhe exige movimentos rápidos (galope), na lida com o gado por exemplo.

Obs. do blogueiro II: As mulas prestavam relevantes serviços, convivendo com os veículos movidos por motor a combustão


Fotos: Divulgação/Acervo Claro Jansson

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