Ao mesmo tempo em que só se fala em aumento de carga tributária, os serviços essenciais à dignidade humana, entre eles os de assistência à saúde do povo, evidenciam fragilidades e descaso, negligência e até muita má-fé pelo meio.
Vejamos duas notícias de hoje:
Bebês de brasileiras nascem no Uruguai após fechamento de hospital gaúcho
Santa Casa de Santana do Livramento foi interditada em 16 de outubro.
Nove mães atravessaram a fronteira até uma maternidade em Rivera.
Hospital está fechado desde 16 de outubro deste ano (Foto: Divulgação/J.Cavalheiro/Prefeitura de Santana do Livramento)
Nove mulheres gaúchas tiveram de atravessar a fronteira do Brasil com o Uruguai após entrarem em trabalho de parto e não terem atendimento médico em Santana do Livramento (RS). A Santa Casa de Misericórdia da cidade foi interditada pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-RS) em 16 de outubro deste ano. A única saída das mães foi buscar a maternidade do Hospital Rivera, no país vizinho.
Para a estudante Caren Rangel, 24 anos, a situação é “vergonhosa”. “Acho um absurdo ter de atravessar a fronteira para procurar um médico.” Ela fez todo o pré-natal no posto de saúde em Santana do Livramento e a filha dela, Natália, nasceu em Rivera no sábado (24).
Caren espera que a filha possa tirar proveito da dupla cidadania. “O lado bom de tudo isso é que minha filha vai ter dupla cidadania, poder usar os serviços básicos dos dois países. O lado ruim da história é não ter, agora, atendimento médico em minha cidade. Tive sorte de chegar rápido ao hospital uruguaio, pois minha filha nasceu uma hora depois de atravessar a fronteira.”
Segundo ela, Natália nasceu com 2,480 quilos e foi registrada em um cartório uruguaio. “A certidão de nascimento no Uruguai vai ficar pronta em dez dias. Depois disso, ainda não sei o procedimento correto para também registrar minha filha no Brasil”. Caren tem outra filha, brasileira, de 3 anos.
Outra mãe que passou pela mesma situação é Diva Dutra Teixeira, 26 anos. Ela entrou em trabalho de parto no domingo (25) e foi levada de ambulância para a cidade estrangeira. “Achei essa situação horrível, porque queria ter meu filho perto de casa. Agora, não faço a menor ideia de como providenciar os documentos dele. Só sei que o registro dele no Uruguai está para ficar pronto”.
Ela tem dois filhos brasileiros, de 7 e 3 anos. O filho uruguaio de Diva recebeu o nome de João Pedro e nasceu com 3,550 quilos.
Segundo Wainer Machado, prefeito de Santana do Livramento, a interdição do hospital foi uma medida exagerada, já que se trata do único local de atendimento médico para a população local. “Não temos como reverter a decisão, que foi tomada pela diretoria do CRM. Segundo eles, não há condições de prestar atendimento, mas eu acho um exagero. Há melhorias a serem feitas, mas o pronto-atendimento poderia permanecer aberto.”
Sem consultas e exames
Em nota, o conselho informou que a interdição ética da instituição foi tomada em acordo com o corpo clínico da Santa Casa de Misericórdia e que a medida tem o objetivo de proteger médicos e pacientes da péssima situação em que se encontra o hospital. Ainda de acordo com o documento, estão proibidas as consultas, internações, cirurgias e quaisquer outros procedimentos, sendo garantido o atendimento aos pacientes já internados.
Machado disse ao G1 que espera poder reabrir a Santa Casa o mais rápido possível. “Vamos pedir ajuda para a Secretaria Estadual de Saúde para conseguirmos acelerar as medidas necessárias para reabrir as portas do hospital”. Enquanto isso não é feito, as próximas gestantes serão levadas para hospitais em Quaraí (RS), que fica a cerca de 100 quilômetros de Santana do Livramento.
Dupla cidadania
De acordo com Eliana Puglia, consulesa do Brasil em Rivera, todas as mães que tiveram seus filhos em território uruguaio deverão procurar o Consulado do Brasil em Rivera para registrar o nascimento das crianças.
“Estas crianças são consideradas brasileiras natas. A mãe tem de fazer o traslado em cartório de 1º ofício. Os documentos serão levados, também, para um cartório de 1º ofício em Brasília. A partir daí, a criança poderá ter RG e CPF. Isso é feito gratuitamente, já que as parturientes são do Sistema Único de Saúde (SUS)”, disse Eliana.
A consulesa afirmou ainda que as crianças só terão dupla cidadania se os pais pedirem os documentos dos filhos no Uruguai também.
Fonte: http://g1.globo.com/
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Quinta-Feira, 29 de Outubro de 2009
Hospital teria simulado radioterapia
Ministério Público investiga denúncia de que doentes em Santos passaram por tratamento em máquina quebrada
Bruno Tavares
Em depoimento, uma técnica do setor de radioterapia confirmou a prática e disse que as ordens para ludibriar pacientes teriam partido de um dos médicos da Unirad, responsável pela unidade de radioterapia do local desde 1986. O hospital diz que rescindiu o contrato (mais informações nesta pág.).
Segundo relatos colhidos pelos promotores, a partir do segundo semestre de 2007 o acelerador linear começou a apresentar defeitos. "Ficava uma ou duas semanas funcionando e depois quebrava novamente", contou a técnica em radioterapia Renata Cardoso Caldeira. Na época, ela disse ter sido orientada pelo médico Hilário Romanezi Cagnacci, da Unirad, a posicionar os pacientes no aparelho inoperante. Ao ser questionado pela técnica, Cagnacci teria afirmado que aquelas aplicações seriam repostas e não trariam prejuízos aos doentes. Pelo contrário: "Melhorariam a parte psicológica dos pacientes".
A funcionária entregou ao Ministério Público uma relação com o nome de sete pacientes que, sem saber, teriam sido submetidos ao tratamento simulado. Desconfiado, um deles chegou a questioná-la sobre a ausência do som característico emitido pelo acelerador linear quando está em funcionamento.
As denúncias feitas por Renata foram confirmadas por outros dois funcionários do Beneficência Portuguesa. A técnica em radioterapia Cristiane da Silva disse que também teria recebido ordens de Cagnacci para colocar os pacientes na máquina desativada. O médico radioterapeuta Joaquim Gomes de Pinho, um dos donos da Unirad, ratificou as acusações feitas contra seu sócio. Na ocasião, pacientes dele começaram a desconfiar da informação de que o acelerador linear estava quebrado, uma vez que os doentes tratados por Cagnacci continuavam recebendo as aplicações de radiação.
O Ministério Público reuniu ainda documentos dando conta de que o médico oferecia radioterapia conformacional - tipo de terapia que atinge o tumor com mais eficiência sem afetar estruturas vizinhas. Entretanto, nenhum dos equipamentos do Beneficência Portuguesa dispunham dessa tecnologia.
"O médico tem o dever jurídico de ministrar todos os meios necessários para tentar restabelecer a saúde do paciente, não podendo deixar de tratá-los porque, em tese, estariam em estado terminal", afirmou o promotor Cássio Conserino, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O Ministério Público vai acionar o Conselho Regional de Medicina para que tome as medidas cabíveis na esfera administrativa.
Os envolvidos podem ser enquadrados nos crimes de estelionato, infrações sanitárias, crime contra as relações de consumo e formação de quadrilha.
http://www.estadao.com.br
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