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domingo, 26 de maio de 2013

Terrorismo dos poderosos - E o que faz a ONU?

Daqui de Ratones, no interior da Ilha de SC, a nossa admiração pela lucidez e coragem reveladas pelo médico autor do artigo que segue reproduzido: 

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Jornal do BrasilThelman Madeira de Souza* 


Os tratados de ciência política definem o terrorismo como prática política de quem recorre à violência contra as pessoas ou as coisas gerando terror. Todavia, segundo a ideologia dominante, historicamente, o terrorismo seria a arma dos fracos, isto é, daqueles sem capacidades militares convencionais, dos fracos não ocidentais, hoje, em choque com o Ocidente cristão, detentor de um imponente aparato militar, para fins expansionistas e de saque das riquezas dos países que julgam incivilizados e não democráticos, através de bombardeios aéreos impiedosos de populações civis, uma forma maciça de terrorismo, escamoteada com um discurso cínico que rotula como terrorismo as tentativas de resistência de suas vítimas. 

No caso, os algozes se apresentam como paladinos da justiça e da democracia, e os mártires das ações genocidas como terroristas. A palavra de ordem, neste século 21, é a guerra contra o terrorismo. Infelizmente, ela ecoa como um axioma, que poucos ousam contestar ou tentar esclarecer. A vagueza da sentença facilita a sua validade e imposição de maneira unilateral, e, por tratar-se de decisão promanada pelo mais forte, raramente é questionada. No entanto, pesquisadores e jornalistas, que tiveram acesso a documentos dos serviços secretos estadunidenses, descobriram que a CIA, durante a Guerra Fria, já partia do pressuposto de que todo meio era lícito, quando se tratava de eliminar, fisicamente, todos aqueles que contrariassem os interesses estadunidenses. 

Por essa razão, foram eliminados Lumumba no Congo, Sukarno na Indonésia, e tentou-se infrutíferas vezes matar Fidel Castro com seus “charutos preferidos”. Junte-se a isso a imposição, pelos Estados Unidos, de embargos comerciais criminosos, impedindo que vários países islâmicos tivessem acesso a medicamentos e à alimentação. 

Com esse estrangulamento econômico, milhares de crianças e adultos sucumbiram às doenças de carência nutricional e infecciosas. Na verdade, a guerra do fundamentalismo estadunidense contra o terrorismo não passa de puro terrorismo nas suas duas vertentes: o seletivo, após escolha prévia do Pentágono, com envenenamentos, carros-bomba e drones e o de massa, tipo bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasáki, usado no Iraque e, atualmente, na Síria, submetida a uma carnificina com o apoio dos EUA, das ditaduras árabes, de Israel e da Otan, atendendo à cobiça pelas riquezas do subsolo sírio e ao projeto expansionista israelense. 

A insistência patológica de enxergar terrorismo em todos os lugares, por parte dos líderes estadunidenses, reverberada pelos submissos aliados europeus, objetiva apenas criminalizar qualquer forma de resistência dos povos rapinados à ocupação militar estrangeira. 

Assim, acontece na Palestina, no Afeganistão, no Iraque e na Síria. Se um garoto palestino protesta contra a ocupação israelense de seu território, jogando pedras é “terrorista”, mas considera-se combate ao terrorismo, quando um soldado israelense mata a tiros esse garoto ou quando um helicóptero israelense abre fogo contra um grupo de palestinos. 

Logo, a luta pela independência nacional equivale a terrorismo, enquanto que o Exército de ocupação leva a democracia, é libertador e antiterrorista. Esse é um traço da tradição colonial que encontrou no filósofo alemão Carl Schmitt, consultor de Hitler, um grande defensor, pois entendia que a linha que separa o terrorismo do antiterrorismo coincide com o limite entre a barbárie e a civilização, isto é, entre o Oriente e o Ocidente. Os países hegemônicos que decidem quem são os bárbaros são os mesmos que decidem quem são os terroristas. 

Com esse poder decisório nas mãos, não consideram guerra suas expedições punitivas, o que significa dizer, por exemplo, que os iraquianos que se opõem ao Ocidente não podem ser considerados combatentes, mas, sim, nas palavras do ex-secretário de Defesa estadunidense, Donald Rumsfeld, criminosos e terroristas. Coincidentemente, são palavras do principal responsável pelas atrocidades praticadas em Guantánamo. Na realidade, o processo de desumanização, nessa base estrangeira em território cubano, está em consonância com a sua visão sobre aqueles insurgentes. Infelizmente, nesse autêntico campo de concentração, o governo de Barack Obama mantém encarcerados, aproximadamente, duzentos presos, acusados de terrorismo, sem que nenhum deles tenha sido julgado, até hoje, a fim de que possam fazer suas defesas, numa flagrante violação aos direitos humanos. 

Cantada em prosa e verso, a defesa dos direitos humanos pelos ianques só é válida quando se trata de justificar uma conspiração contra um governante que contrarie seus interesses. No mais, é mera figura de retórica retirada do léxico neoliberal. Neste início do século 21, estamos diante de um capitalismo ainda poderoso, hegemonizado pelo imperialismo estadunidense, cuja agressividade e irracionalidade são uma ameaça para a humanidade. 

Enfrentando uma crise estrutural de grandes proporções, os Estados Unidos optaram por uma política externa fascista, que lhes permite promover guerras de rapina. Em nome de um fundamentalismo religioso cristão e do que julgam ser a autêntica democracia, os EUA cometem crimes abjetos no Oriente Médio, Ásia, África e América Latina. Ao arrepio do direito internacional, ocupam, com seu Exército de mercenários, terras alheias, ao mesmo tempo que promovem execuções extrajudiciais, sempre que entenderem necessárias. 

Agem como verdadeiros terroristas, sob o comando de Obama que, no lugar de prestar solidariedade aos seus irmãos negros americanos, prefere seguir as pegadas sujas de sangue deixadas pelo seu antecessor, chantageando o mundo com uma guerra total e, com isso, deixando claro que o terrorismo de Estado é uma marca de sua administração.
*Thelman Madeira de Souza é médico.

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