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quarta-feira, 17 de maio de 2017

Ameaçam te espancar até matar. E você ainda paga por isso




Da coluna Caixa Zero:

O que você acha que devia acontecer com uma pessoa que anda por aí cantando aos berros que vai espancar os outros até matar? Que vai mirar uma arma na testa e atirar? Que depois disso vai arrancar a pele, esmagar os ossos e jogar o corpo numa vala? Pode ser que você achasse só curioso: um doido qualquer ou uma música de mau gosto. Basta não dar atenção e não vai acontecer nada. Talvez.

Mas e se essa pessoa de fato anda armada. E tem treinamento para usar armamento pesado. Mais do que isso: se não for uma única pessoa, se for um grupo grande cantando em uníssono que vai arrancar a cabeça alheia e que caso a munição tiver acabado vai partir para a pancadaria. Dificilmente alguém acharia que, nesse caso, dá pra deixar passar como uma “brincadeira”, como algo inofensivo.

E no entanto isso existe. E quem está pagando por isso é você. E quem está botando a arma na mão dessas pessoas é o governo. Como se fosse a coisa mais natural do mundo, os policiais em treinamento físico, como se vê em um vídeo que corre nas redes sociais nesta semana, andam por aí dizendo que vão matar desrespeitando a lei que foram contratados, supostamente, para proteger.

A perversão da regra é tão grotesca que fica difícil entender como alguém pode achar isso normal. Policiais existem por um único motivo: proteger uma sociedade contra a possível ocorrência de crimes. Policiais não têm licença para julgar ninguém, muito menos para executar uma sentença de morte. Só podem atirar em último caso, para se defender ou para salvar a vida de alguém.

Mas o que se vê nas tais canções “TFM” são um estímulo à violência no estado mais brutal. Como se para formar um policial fosse necessário embrutecê-lo, torná-lo uma máquina de matar. Lógico: ninguém espera que um policial seja um sujeito incapaz de reagir caso seja necessário. E a não ser pela exceção de alguém completamente descolado da realidade todo mundo sabe que enfrentar criminosos não é parecido com ir a um piquenique.

Mesmo assim não dá pra deixar a coisa virar bagunça. Nos comentários na internet, além dos bárbaros que dizem que é isso mesmo, que policial tem mais é que sair matando (e esses vai ser difícil convencer a mudar de ideia), há quem diga que, oras, é só uma música. Não quer dizer que os caras vão sair atirando a esmo por aí. A própria polícia alegou isso em nota oficial.

Mas é óbvio que o que se está criando é uma cultura da violência. Mais do que isso: o que o oficial que puxa uma música dessas está dizendo aos subordinados é que, caso eles se excedam, não vão ser criminalizados; que aquilo faz parte do trabalho deles; que vão passar a mão na cabeça de quem matar desnecessariamente.

Não é à toa que o Brasil tem os índices atuais de mortes causadas pela polícia. Em 2016, por exemplo, o Paraná teve mais casos do que qualquer estado americano. E olha que a polícia dos EUA não é exatamente conhecida como humanitária. Isso começa na formação do soldado e termina com a absolvição dos que matam em serviço – algo tremendamente provável quando quem julga você são os teus pares formados exatamente na mesma cultura.

Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br

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