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quinta-feira, 26 de março de 2020

Cabe como luva, em tempos de Lavajato, maquinações e expedientes reprováveis de procuradores e magistrados

(...) Certa noite, numa reunião em que ele se encontrava, contou-se a história de um processo há pouco instaurado e que em breve ia entrar em julgamento. 
Levado pelo seu extremoso afeto a uma mulher que lhe dera um filho, certo desgraçado ao ver-se sem recursos, fabricou moeda falsa. Nessa época, o fabrico de moeda falsa era punido com pena de morte. 
A mulher fora presa na ocasião em que passava a primeira moeda fabricada por ele. Conservaram-na presa, mas não tendo provas contra ela, começaram a acusar o amante. Era ela a única pessoa que o podia perder, denunciando-o, mas não o fez, negando sempre. Nova insistência. A mesma negava. 
O procurador teve então uma ideia. Disse-lhe que o amante lhe era infiel, e por meio de alguns fragmentos de cartas astuciosamente forjadas, persuadiu a infeliz de que o seu cúmplice a atraiçoava. Então num acesso de ciúme, ela denunciara o amante e confessara tudo. 
O homem estava perdido. Contava-se a história do infeliz, o qual em breve ia ser julgado em Aix com a sua cúmplice. Todos louvavam a admirável sagacidade do magistrado, que, pondo em ação o ciúme, fizera do ódio irromper a verdade e da vingança a justiça. O bispo escutara a narração em silêncio e depois de terminada, perguntou:
Por quem vão ser julgados esse homem e essa mulher?
Pelo tribunal.
E quem julgará o procurador? 

VICTOR HUGO - Os Miseráveis.

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