(...) O hospital era um pequeno edifício de um só andar, com um jardinzinho.
Três dias depois da sua chegada, o bispo foi visitar o hospital. Terminada a visita, pediu ao diretor que o acompanhasse ao paço.
— Senhor diretor — perguntou-lhe — quantos doentes tem a seu cargo?
— Vinte e seis, Monsenhor.
— Foi os que contei — disse o bispo.
— As camas estão muito apertadas e juntas.
— Também reparei nisso.
— As enfermarias são muito pequenas e têm falta de arejamento.
— Também me pareceu.
— E o jardim mal chega para os convalescentes passearem quando está bom tempo.
— Assim é, com efeito.
— Em ocasiões de epidemias, como este ano, em que houve muitos casos de Ɵfo, não sabemos como acomodar os doentes.
— Também me ocorreu isso.
— Mas, senhor bispo, não podemos fazer outra coisa senão resignarmo-nos — concluiu o diretor.
Esta conversa desenrolava-se na sala de jantar ou galeria do andar térreo.
Após um momento de silêncio, o bispo voltou-se de repente para o diretor e perguntou-lhe:
— Quantas camas lhe parece que poderão caber nesta sala?
— Na sala de jantar de V. Ex.ª?! — exclamou o diretor, estupefacto.
Entretanto, o bispo correu a vista pela sala, como quem mede e calcula as distâncias e disse como que falando consigo próprio:
— Podem aqui caber vinte camas à vontade!
— E em seguida acrescentou, elevando a voz:
— Senhor director, é evidente que há aqui um grande erro. O senhor tem vinte e seis pessoas em cinco ou seis quartos pequenos. Nós aqui somos três e temos lugar para sessenta. Repito que há erro! O senhor ocupa a minha casa e eu vou ocupar a sua.
Façamos, pois, a troca.
No dia seguinte, os vinte e seis pobres que naquela ocasião estavam doentes, eram transportados para o paço episcopal e o bispo mudava a sua residência para o hospital (...)
Três dias depois da sua chegada, o bispo foi visitar o hospital. Terminada a visita, pediu ao diretor que o acompanhasse ao paço.
— Senhor diretor — perguntou-lhe — quantos doentes tem a seu cargo?
— Vinte e seis, Monsenhor.
— Foi os que contei — disse o bispo.
— As camas estão muito apertadas e juntas.
— Também reparei nisso.
— As enfermarias são muito pequenas e têm falta de arejamento.
— Também me pareceu.
— E o jardim mal chega para os convalescentes passearem quando está bom tempo.
— Assim é, com efeito.
— Em ocasiões de epidemias, como este ano, em que houve muitos casos de Ɵfo, não sabemos como acomodar os doentes.
— Também me ocorreu isso.
— Mas, senhor bispo, não podemos fazer outra coisa senão resignarmo-nos — concluiu o diretor.
Esta conversa desenrolava-se na sala de jantar ou galeria do andar térreo.
Após um momento de silêncio, o bispo voltou-se de repente para o diretor e perguntou-lhe:
— Quantas camas lhe parece que poderão caber nesta sala?
— Na sala de jantar de V. Ex.ª?! — exclamou o diretor, estupefacto.
Entretanto, o bispo correu a vista pela sala, como quem mede e calcula as distâncias e disse como que falando consigo próprio:
— Podem aqui caber vinte camas à vontade!
— E em seguida acrescentou, elevando a voz:
— Senhor director, é evidente que há aqui um grande erro. O senhor tem vinte e seis pessoas em cinco ou seis quartos pequenos. Nós aqui somos três e temos lugar para sessenta. Repito que há erro! O senhor ocupa a minha casa e eu vou ocupar a sua.
Façamos, pois, a troca.
No dia seguinte, os vinte e seis pobres que naquela ocasião estavam doentes, eram transportados para o paço episcopal e o bispo mudava a sua residência para o hospital (...)
O texto em itálico, acima, excerto da obra de VICTOR HUGO intitulada Os Miseráveis, escancara como, em tempos difíceis, muitas soluções dependem apenas, e tão somente, de boa vontade e boa dose de desprendimento.
Então pensei: por que não se usa o "Palácio da Agronômica" para expandir o Hospital Nereu Ramos, que se dedica ao tratamento de doenças infecto-contagiosas e, se cria, ainda ali, uma unidade para atenção médica a queimados?
Terra tem sobrando, me parece. Questão de vontade política.
Embora seja de se ponderar se convém concentrar ainda mais os estabelecimentos do gênero na Ilha, agravando-se os problemas de mobilidade urbana.
Embora seja de se ponderar se convém concentrar ainda mais os estabelecimentos do gênero na Ilha, agravando-se os problemas de mobilidade urbana.
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