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domingo, 29 de março de 2020

TAIPAS - Origem provável no México e usos diversos em SC




HERNÁN CORTÉS - Historia de Nueva España (escrito no século XVI)- (...) un muro, o cerca de piedra seca, que servía de muralla al palacio, y atravesaba la cañada, y el río  - https://www.saavedrafajardo.org/Archivos/CortesHistoria.pdf, p. 11. 


Da mesma obra, ps. 43 e 44: Y a la salida del dicho valle, hallé una gran cerca de piedra seca, tan alta como estado y medio, que atravesaba todo el valle de la una sierra a la otra, y tan ancha como veinte pies; y por toda ella un pretil de pie y medio de ancho, para pelear desde encima: y no más de una entrada tan ancha como diez palos, y en esta entrada doblaba la una cerca sobre la otra a manera de ebelín, tan estrecho como cuarenta pasos. De manera que la entrada fuese a vueltas, y no a derechas. Y preguntada la causa de aquella cerca, me dijeron, que la tenían porque eran fronteros de aquella provincia de Talcateca, que eran enemigos de Muteczuma, y tenía siempre guerra con ellos. 

LEÓN POMER - Historia da América Hispano-indígena  (Global Editora/SP/1983, p. 26), lembrou a cidade de Chavin, localizada na serra e na costa central do Perú, onde  muros enormes construídos sem argamassa (...) são testemunhas de que algo importante se desenvolveu nesta região, provavelmente entre o século IV e VII da nossa era. 

Ainda na mesma obra (p. 33), noticia o historiador POMER, falando sobre pontes e caminhos: Alguns caminhos separavam-se dos campos por um pequeno muro, para evitar que os exércitos em marcha depredassem e prejudicassem a produção de alimentos e aduz que ao longo dos caminhos existiam casas chamadas TAMBOS, que continham alimentos, água e serviam de alojamento. E complementa:  De que eram feitos esses caminhos utilizados, lá, onde a negligência do homem branco não destruiu? De uma espécie de lage fabricada com uma mistura de argila, pedras e folhas de milho. 


ENEDINO RIBEIRO - Gavião de Penacho - IHGSC/1999/vol. I, p. 62: As benfeitorias, como sejam, mangueiras, potreiros e lavouras, eram fechadas por taipas de pedra rústica, erguidas com tal arte que até hoje as vetustas ruínas atestam o valor e o capricho de quem as construiu, com mãos de mestre, pois até o presente, decorridos cem anos, estão de pé, desafiando a ação demolidora do tempo. (...) 


JOÃO CORRÊA DE BITTENCOURT - Epopéia na Serra – Imprensa Universitária/Fpolis-SC/1990, p. 65, descreve: “É conhecida em algumas regiões por tapume, cerca, muro de pedras soltas, tem um metro de largura e um e meio metro de altura. Foram as primitivas cercas usadas no Planalto Serrano, para cercar invernadas, principalmente nos tempos de gado e animal selvagem. Evitam a invasão de animais cerqueiros, porcos, ovelhas. São construídas com pedras grandes, pedra ferro da região. Na parte de dentro, o enchimento é feito com pedras miúdas. Quando são bem feitas e bem amarradas por fora, duram até duzentos anos. As mesmas são construídas por taipeiros profissionais. Arte introduzida na região serrana pelos jesuítas ou Açorianos no século XIX”. 
O mesmo autor, na obra aludida (p. 76), aduziu: “(...) sempre ladeiam as invernadas. Por exemplo, na fazenda da Barrinha, em Bom Jardim da Serra, à direita, ainda existem sinais típicos dos antigos caminhos cercados de pedra, rumo à primitiva Serra do Oratório”.

SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA – História Geral da civilização brasileira – Edit. Bertrand Brasil Ltda/RJ/2003 – V. 1, p. 132: “As primeiras paredes, de taipa, fazem-se sem cal e reboco, mas isso não detém a marcha das construções (...)”
 O mesmo historiador, no volume 2, da obra acima citada (p. 123), esclareceu: “taipa (não apenas a taipa de mão, atirada de sopapo na trama de pau-a-pique, mas também a taipa de pilão, comprimida em caixões de tábua), que, sem dúvida, é ponto de partida de técnicas mais avançadas, como o adobe (tal como o tijolo cozido, em desenvolvimento racionalizado da construção de barro), ou a base inspiradora de processos mistos, à maneira da pedra-e-cal e da alvenaria (...)”

- CARLOS TESCHAUER - História do Rio Grande do Sul (...) - L&PM Editores/P. Alegre-RS/2002, vol. 1, p. 166, toca no assunto: (...) enquanto construíam, nos primeiros tempos, grande parte das casas de madeira e as cobriam de palha, o que deu ensejo de serem consumidas pelo fogo nas invasões dos mamelucos, ao depois construíram as casas de pedra de cantaria em alguns povos, sendo em outros a parte inferior de pedra à altura de uma vara do solo, mas o resto em adobe. Outros ainda eram de taipa de pilão ou de mão. 
Era feita de ripas cruzadas e como que entretecidas, sendo ao depois cobertas e rebocadas de barro, como ainda hoje se faz no sertão.
A outra espécie de taipa, ou de pilão, fazia-se somente de uma argila própria, e esta muito socada. Para firmar-se o muro, a terra era batida entre duas guarnições de madeira, as quais depois se retiravam. Assim, o muro ficava, sendo bom o barro, quase tão forte como os outros construídos de pedra. 
Mais tarde os povoados de todas as reduções tiveram as casas cobertas de telhas. Mesmo assim, deve dizer-se, apresentavam um notável defeito de higiene e comodidade, pois careciam de chaminé, forçando a fumaça a procurar saída pela porta e pelas janelas. Pode ainda hoje encontrar-se essa disposição em casas de campo. 
No interior da casa não havia outras divisões a mais que a de um ou outro tabique ou parede mais delgada de caniços, taquaras ou juncos para fins de dormitório. (...) Segue a descrição das casas...

EUCLIDES DA CUNHA - Os sertões - (...) em cada parede branca de qualquer vivenda mais apresentável, aparecendo rara entre os casebres de taipa, se abria uma página de protestos infernais. Cada ferido, ao passar, nelas deixava, a riscos de carvão, um reflexo das agruras que o alanceavam, liberrimamente, acobertando-se no anonimato comum (...) 

Ainda do mesmo escritor: Tomando a ofensiva, reeditavam episódios inevitáveis. Enfiavam as espingardas pelos tabiques de taipa, disparando-as, a esmo, para dentro; arrombavam-nos depois a coronhadas; e sobre a acendalha de trapos e móveis miseráveis atiravam fósforos acesos. Os incêndios deflagravam, abrindo-lhes caminho. Adiante recuava o sertanejo, recuando pelos cômodos escusos. Aqui, a li, destacadamente, uma resistência estupenda de um ou outro, jogando alto a vida. Um deles, abraçado pela esposa e a filha, no momento em que a porta da choupana se escancarou, estrondada em lascas, atirou-as rudemente de si: assomou de um salto ao limiar e abateu, num revide terrível, o primeiro agressor que deparou, um alferes, Pedro Simões Pinto, do 24.º, Baqueou logo, circulado pelos soldados, a cutiladas. E ao expirar teve uma frase lúgubre: "Ao menos matei um . . . "

A jurisprudência do TJ/SC contém diversos arestos que mencionam taipas e seus variados usos.
 

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