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domingo, 16 de março de 2014

Boca de urna diz que 93% votaram a favor da anexação da Crimeia à Rússia



Com votação encerrada, primeiro-ministro da península fala em decisão histórica. União Europeia e EUA reforçam que não aceitarão resultado da consulta popular e ameaçam aplicar novas sanções à Rússia.


Com a votação já encerrada, uma pesquisa de boca de urna apontou que 93% dos eleitores da Crimeia decidiram a apoiar a anexação da península no Mar Negro à Rússia no referendo deste domingo (16/03).

A pesquisa é do Instituto de Pesquisa Política e Social da Crimeia, e seu resultado foi divulgado pela agência estatal de notícias russa RIA. Segundo outra agência russa, a Interfax, a participação eleitoral foi superior a 80%.

No Twitter, o primeiro-ministro da região autônoma, Serguei Aksyonov, já festejou o que chamou de "decisão histórica". "Hoje nós tomamos uma decisão importante, que vai entrar para a história", escreveu.

Em comunicado, por outro lado, a Casa Branca se apressou em rejeitar o referendo e disse que a Rússia pagará, por meio de novas sanções, um preço por sua intervenção militar na Crimeia.

"A intervenção e a violação da lei internacional trarão aumentos de custos para a Rússia, como resultado direto das ações de desestabilização da própria Rússia", disse o principal porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.

Da mesma forma se manifestou a União Europeia, que disse que a consulta popular é ilegítima. Seu resultado, segundo o bloco europeu declarou em comunicado neste domingo, não será reconhecido. Nesta segunda-feira, já com o resultado concreto do referendo, os ministros europeus do Exterior se reunirão para decidir sobre mais sanções.

A Rússia, que vetou uma resolução de condenação ao referendo no Conselho de Segurança da ONU neste fim de semana e mantém forte presença militar na região, afirmou que respeitará a opinião da maioria da península.

Os grupos étnicos russos respondem por aproximadamente 60% da população da Crimeia. A região pertenceu ao Império Otomano entre 1475 e 1774. Somente após a guerra russo-turca (1768-1774), a península no Mar Negro conseguiu a independência. Em 1783, porém, o Império Russo anexou a Crimeia e fez dela uma província russa.

Em 1954, a Crimeia passou a fazer parte da Ucrânia, então república soviética. Em fevereiro de 1991, a península obteve o estatuto de república autônoma, e ganhou nova Constituição. Uma ano depois, proclamou sua independência, mas decidiu continuar fazendo parte da Ucrânia.

RPR/afp/ap/rtr


DW.DE


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Interesses russos na região:



"Porto de Sebastopol é imprescindível para a Rússia", diz analista

Base de Sebastopol tem posição estratégica no acesso ao Mediterrâneo e é a única capaz de receber toda a frota russa do Mar Negro. Para especialista, Rússia não quer deixar Mediterrâneo sob influência dos EUA.


O interesse do presidente russo, Vladimir Putin, pela República Autônoma da Crimeia, cujos habitantes decidem em referendo neste domingo (16/03) se a região será anexada à Rússia, não é somente político e econômico. A península tem uma posição estratégica no Mar Negro e possui o porto de Sebastopol, o único capaz de acolher e dar logística à completa frota de navios da Rússia no Mar Negro.

Para Klaus Mommsen, especialista em marinhas estrangeiras, o Mar Negro é um "trampolim" em direção ao Mar Mediterrâneo, que exerce um papel importante para a política externa russa. Com isso, Putin não pretende deixar o Mar Mediterrâneo como área de influência da Marinha dos EUA.

"Quando se quer atuar de verdade na região do Mediterrâneo, isso só é possível a partir daquela região [Mar Negro]", diz o também articulista da revista MarineForum em entrevista à DW.

Deutsche Welle: A frota russa do Mar Negro está estacionada há décadas na Crimeia ucraniana. Por que o local é tão importante para Moscou?

Klaus Mommsen: A Crimeia tem uma posição estratégica dominante no Mar Negro – a península avança mar adentro. Para a Rússia, ela é um trampolim em direção ao Sul, ou seja, para o Mar Mediterrâneo e Oriente Médio. Mesmo nos tempos da União Soviética, ali se encontravam estaleiros, capazes de prestar assistência e reparos a navios de guerra.

Você poderia detalhar a importância da base militar de Sebastopol?

Além de autor e colunista, Klaus Mommsen também foi oficial da Marinha alemã

Trata-se do único porto capaz realmente de acolher e proporcionar a respectiva logística à completa frota russa do Mar Negro. Para os russos, não há alternativa. Embora outra base esteja sendo construída em Novorossiysk, ao norte de Sochi, ela poderá receber só parte da frota. Além disso, Novorossiysk é uma base pequena e sem baías de proteção. Dependendo do vento, os navios que ali aportam podem ser avariados pelas ondas. Com as suas muitas baías, Sebastopol é bem diferente.

Por esse motivo, Sebastopol não é somente a principal base da frota russa do Mar Negro, mas também da Marinha ucraniana. Elas se encontram ali, lado a lado. Se a Ucrânia rescindisse o contrato sobre a base e expulsasse os russos, a frota do Mar Negro teria um problema.

Porque a frota do Mar Negro é tão importante para a Rússia?

A Rússia está cercada em grande parte pelo mar: no norte é o Ártico, a frota do norte tem grandes desafios no inverno, pois as rotas para o Atlântico são longas. Também no Mar Báltico as distâncias são longas. Quando se quer atuar de verdade na região do Mediterrâneo, isso só é possível a partir daquela região. Para a política externa russa, o Mar Mediterrâneo exerce um papel importante. Em meados de 2013, também foi restabelecida uma esquadra permanente no Mediterrâneo. Os russos não querem entregar essa região à Marinha americana.

O que a Rússia acertou com a Ucrânia para que Sebastopol pudesse ser utilizada como base da frota?

Este é um acordo de longa data, que foi fechado sob o governo do antigo presidente russo Yeltsin. Ele sucedeu a uma disputa. A Ucrânia afirmou que, após a dissolução da União Soviética, os navios nos portos pertenciam a eles. Houve um acordo e parte da frota foi dada aos ucranianos – na maioria navios que, de qualquer forma, já estavam avariados.

Em 1997, um contrato de arrendamento [para o uso pelos russos do porto em Sebastopol] foi fechado por 20 anos. Sob o governo de Yushchenko, antecessor de Yanukovytch, esse contrato foi praticamente rescindido. Quando chegou ao poder, Yanukovytch não somente o reativou, mas também o prorrogou por mais 20 anos. Isso levou novamente a uma disputa – e até mesmo a questionamentos constitucionais.

Por que os ucranianos aceitaram então o acordo?

Por um lado, por razões econômicas: em contrapartida, a Rússia prometeu gás natural mais barato. Em segundo lugar, por motivos políticos: Yanukovytch está, notoriamente, mais próximo dos russos do que do Ocidente.

Qual o papel da frota do Mar Negro na crise atual?

Nesse conflito, a frota do Mar Negro exerce um papel secundário. Não deverá haver nenhum confronto no mar.


DW.DE

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