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quinta-feira, 5 de março de 2015

Eleições em Israel: um 'terremoto político' desabrochando?



Uri Avnery | Tel Aviv - 05/03/2015 - 20h39

Quem manda de verdade em Israel é Sheldon Adelson, um judeu norte-americano de 81 anos, rei dos cassinos, que ocupa o décimo lugar no ranking da lista de pessoas mais ricas do mundo, com uma fortuna estimada em 37 bilhões de dólares, segundo dados mais recentes. Além dos cassinos que ele tem em Las Vegas, Pensilvânia, Macau e Cingapura, também é dono do Partido Republicano dos Estados Unidos e, desde há pouco tempo, do Senado e da Câmara dos Deputados desse mesmo país. Também é proprietário de primeiro-ministro de Israel, Benjamin "Bibi" Netanyahu.

Tanto ele quanto Bibi são defensores fanáticos de Israel. Não de qualquer Israel, mas de um Israel racista, colonialista, anexionista, expansionista, intransigente, violento e arrogante. Através de Netanyahu, Adelson espera governar Israel como se fosse seu feudo particular. Para se assegurar disso, eles fizeram algo foram do comum: fundaram um jornal matutino gratuito chamado Israel Haiom, dedicado exclusivamente para promover os interesses de Bibi. Não do Likud, não de uma política em especial, mas da pessoa de Netanyahu.

Wikimedia Commons
Sheldon Adelson: rei dos cassinos é quem realmente "manda" em Israel

O dinheiro exerce um papel cada vez mais importante na política. A propaganda eleitoral se faz através da televisão, o que custa muito caro. Tanto em Israel quanto nos Estados Unidos, enormes fundos legais e ilegais são canalizados para as campanhas, direta e indiretamente. Os tribunais de Justiça toleram a corrupção ou são cúmplices dela. Os magnatas exercem uma influência exagerada.

Nas últimas eleições dos Estados Unidos, Adelson gastou enormes quantias de dólares. Apoiou Newt Gingrich e depois Mitt Romney, com grandes somas de dinheiro. Parece estranho que um Estado soberano permita a um estrangeiro, que nunca morou aqui em Israel, ter um poder tão enorme sobre o futuro da nação, mais ainda, sobre sua própria existência.

É aí quando o sionismo entra em cena. Segundo o credo sionista, Israel é o Estado judeu de todos os judeus. Todo judeu no mundo pertence a Israel, inclusive se ele reside temporariamente em qualquer outro lugar. Há algumas semanas, Bibi afirmou publicamente que representava não apenas o Estado de Israel, mas também todo o povo judeu. Não é preciso consultá-los.

Por exemplo, a nomeação do embaixador de Israel nos Estados Unidos. Ron Dermer é um norte-americano, nascido em Miami, muito ativo na política republicana. Nomear um político norte-americano do Partido Republicano como embaixador de Israel diante de um governo do Partido Democrata pode parecer estranho. Não tão estranho se Bibi atuou sob as ordens de Sheldon. Foi Adelson o responsável por armar a confusão que agora põe em risco o apoio que Washington proporciona a Israel. Sua marionete, Dermer, convenceu todos os republicanos do Congresso – todos dependentes da generosidade de Adelson ou à espera de sê-lo algum dia – para que convidassem Netanyahu para se pronunciar em um discurso contra Obama no Senado e na Câmara dos Deputados. Adelson- Netanyahu continuarão governando? Isso se decidirá nas próximas eleições no dia 17 de março.

Quem será a terceira força

Os partidos Trabalhista e Hatnuá não descartam negociar com Netanyhau, caso ele consiga ganhar para governar o país. Pelo menos foi isso que manifestaram no jornal Haaretz. Os dirigentes da plataforma denominada “Bloco Sionista”, o dirigente trabalhista Isaac Herzog e Tzipi Livni, líder do partido centrista, veem uma possibilidade a ser levada em conta.

Agência Efe
Eleição em Israel: partido de Netanyahu disputa primeiro lugar com Bloco Sionista

De acordo com pesquisas recentes, o “Bloco Sionista” disputa o primeiro lugar de intenções de voto com o Likud, de Benjamin Netanyahu, e obteria entre 23 e 26 cadeiras das 120 que há no Parlamento (Knesset). As pesquisas sugerem que o partido socialista Hadash (Frente Democrática para a Paz e a Igualdade) e os partidos árabes receberiam entre 12 e 15 cadeiras; a extrema-direita Habayit Hayehudi, de Naftali Bennett, ficaria com 11 cadeiras, e o partido centrista Yesh Atid teria maior queda, passando de 19 para 11 cadeiras. Alguns de seus assentos vão para Kulanu, partido de centro-direita formado pelo ex-ministro Moshe Kahlon, que ficaria com 11 cadeiras. O partido ultradireitista Yisrael Beiteinu, liderado por Avigdor Lieberman, sofreria uma queda, passando de 13 cadeiras para 7 cadeiras no Parlamento. O partido Guardiões Sefárdicos da Torá ficaria com 7 cadeiras; o Shas ficaria com 5. Eli Yishai, que deserdou do Shas, e criou um partido racista chamado Ha'am Itanu, ficaria com 4 assentos. Meretz perde vários votos partidários que vão para a direita sionista e a Lista Árabe Unida, passando de 6 cadeiras para 5.

Caso a Lista Árabe Unida fique com de 12 a 15 cadeiras, isso a transformaria na principal força de oposição diante de um governo Likud-Trabalhista. Porém se o partido trabalhista ganhar co ampla margem de diferença, as cadeiras da Lista Árabe Unida seriam imprescindíveis. De qualquer forma, isso será um verdadeiro “terremoto político” na história do Estado de Israel. Por outro lado, um porta-voz da Lista Árabe Unida, Abdallah Abu Maarouf, (membro do escritório político do Partido Comunista), explicou que sua coalizão ainda não adotou nenhuma decisão se vai apoiar um Executivo liderado por Herzog-Livni dentro ou fora do governo.

“Nosso programa inclui a luta contra a discriminação e contra a exploração dos trabalhadores, os direitos da mulher, acabar com a ocupação dos territórios palestinos e por uma paz justa. E nosso objetivo é impedir que Netanyahu e os partidos de direita formem um governo. Se Livni e Herzog conseguirem, vamos analisar nossa posição após as eleições”. O porta-voz lembrou que Hadash e os partidos árabes apoiaram externamente o governo trabalhista, nos anos 1990, o então primeiro-ministro Yitzhak Rabin (posteriormente assassinado por um terrorista judeu de extrema-direita), que reconheceu a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e os direitos nacionais do povo palestino.

Tradução: Mari-Jô Zilveti

Fonte: OPERA MUNDI

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