DIOGO BERCITO
DE JERUSALÉM
O biólogo britânico Richard Dawkins, autor de "Deus, um Delírio" (Companhia das Letras), é desde ontem alvo de crítica por ter afirmado, em sua conta no Twitter, que há menos prêmios Nobel entre muçulmanos do que no Trinity College, de Cambridge.
Há 32 prêmios Nobel no Trinity College, em comparação com os 10 recebidos por muçulmanos. O Brasil, por sua vez, não tem premiados.
Usuários da rede de microblogs e a mídia britânica discutem se Dawkins foi racista ou islamofóbico.
"Muçulmanos não são uma raça", comentou o biólogo, posteriormente. "O que eles têm em comum é a religião. Vocês preferem que eu compare com os judeus?"
Procurado pela reportagem por meio de sua assessoria de imprensa, Dawkins não comentou esse episódio.
"Você está comparando uma instituição acadêmica especializada com um grupo escolhido arbitrariamente", escreveu a sudanesa Nesrine Malik no diário "Guardian".
Dawkins tem repetido que estava apenas se referindo a fatos e que, como tal, não pode ter sido preconceituoso.
"Ele teria tuitado outro fato, o de que Trinity também tem duas vezes mais Nobel que todas as pessoas negras somadas?", pergunta Tom Chivers, no "Telegraph".
O biólogo também está sendo criticado por ter afirmado que muçulmanos, apesar de não ter um número alto de prêmios, "fizeram ótimas coisas na Idade Média".
Os países islâmicos eram, à época, um expoente científico no mundo, com nomes como Avicena e Averróis.
"Muçulmanos [nos deram] alquimia e álgebra. De fato. Onde nós estaríamos sem alquimia?", ironizou o biólogo.
"Se vocês são tão numerosos, e se sua ciência é tão incrível, vocês não deveriam ser capazes de apontar algum feito espetacular?", escreveu Dawkins em seu site.
Anteriormente, ele já havia sido alvo de polêmica ao tuitar que o jornalista britânico Mehdi Hasan é considerado alguém sério, apesar de "admitir acreditar [que o profeta] Maomé voou ao céu em um cavalo alado" --referindo-se a um dos episódios do Alcorão.
Arte Folha | ||
Prêmios Nobel entre Muçulmanos Fonte: FOLHA DE SP |
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