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sábado, 14 de março de 2015

O antagonismo entre o “bem” e o “mal” é a chave de tudo


Um dos fundamentos constitucionais da denominada ordem econômica e financeira é a “livre concorrência”.
Para os que acreditam em “Deus”, a existência do “Diabo” é imprescindível. Para os crentes mais fanáticos, a existência dos agnósticos, ateus e hereges é fundamental. A fé se fortalece com a oposição.
União judaica sem resistência palestina, ameaça iraniana, ou possibilidade de novo “holocausto”, é coisa impensável.
Estados Unidos fortes, sem crescimento russo, chinês ou norte-coreano, nem pensar. Ianques ameaçadores são fundamentais para que comunistas da América Latina formem uma coalisão.
Patriotismo -  sem ameaça externa, ou traição interna praticada por entreguistas – não subsiste.
Democracia forte, sem ameaça totalitarista é coisa impensável. A prisão das lideranças petistas foi de utilidade incalculável para chamar de volta à militância as bases do partido, sabidamente decepcionadas com a abertura que o governo deu aos prepostos do capitalismo, das finanças e do agronegócio, por obra dos quais Dilma rasgou o discurso de campanha, mexeu em conquistas dos trabalhadores, aumentou tarifas de serviços públicos e preço de combustíveis, enfim, desestabilizou a economia, que já fazia cócegas nas grandes potências. Kátia Abreu, Joaquim Levy, Armando Monteiro, Nelson Barboza são os representantes  mais declarados do neoliberalismo que o governo poderia convocar para chamar à razão, e à reação, os militantes petistas mais fanáticos, trazendo-os de volta ao palco da pantomima que se chama de política, de democracia, mundo afora.
Joaquim Barbosa foi de uma valia inimaginável para que os petistas retornassem à fúria habitual.
A central de trabalhadores do Paulinho é a catalisadora da união dos que preferem a CUT.
Os “sem terra”, comandados pelo radical Stedile, formam o caldo quente que promove a união dos individualistas do agronegócio.
A revista VEJA, o Estadão, a Folha, as organizações Globo,  entre outros veículos de comunicação que são criticados e odiados pelas bases do PT, por se colocarem, sistematicamente,  contra o “governo do proletariado”, prestam um serviço ao PT tão ou mais efetivo, no que diz respeito ao engajamento das bases, do que a distribuição de cargos e sinecuras que todo governo promove de forma ostensiva. O mesmo papel da “ mídia golpista” é desempenhado por mídia de extrema esquerda (ao serviço do PSTU, do PSOL, do PCO, do escambau), assim como as facções conservadoras da ICAR (CNBB),  da própria OAB e do CRM.
É inimaginável pagar propaganda de governo, desembolsando somas assustadoras para a rede Globo e toda a grande miríade de estações de rádio e TV, sem que haja uma ameaça de oponentes aos “valores democráticos”, tão caros aos petistas e aliados. O cala-boca torna-se imprescindível e justificável perante as bases mais puras e idealistas, que ingenuamente vêm na Globo uma espécie de Satanás midiático.
Enfim: a resistência, ou ameaça potencial, a qualquer sistema ou regime político é indispensável à manutenção da união da facção dominante.
Pois bem: os protestos programados para o dia 15 de março, podem estar sendo organizados pela oposição ao governo do PT, mas também podem, perfeitamente, ser manobra governamental para  reunificar as hostes do PT, depois que a “mídia golpista”, a Polícia Federal e o Ministério Público, coadjuvados por parlamentares da “oposição”, começaram a denunciar as incontáveis maracutaias costumeiramente praticadas por gente dos governos, do PT, do PMDB, do PP, etc...., etc...e a estigmatizar a figura do líder máximo, “doutor honoris causa", Lula da Silva.
Ocorre que as lideranças sabem, perfeitamente, que o discurso de Lula está cada vez mais sem graça. Cansou. Não engana mais, senão a alguns descerebrados fundamentalistas e Lula está em plena campanha para voltar formalmente (já que dele não saiu, efetivamente) ao trono, em 2018.
Então, é preciso – mesmo que Dilma seja a sacrificada como supostamente incompetente (quanta misoginia!) – chamar os “companheiros” de volta ao palco, criando uma ameaça aterrorizante.
Os companheiros apaniguados - por não quererem ser defenestrados dos  carguinhos que ganharam, pelos “governistas” de última hora, que entraram falando em enxugar a máquina pública (é preciso fazer superávit primário para pagar juros), eliminando benefícios dos trabalhadores e afrontando a classe média, com aumento da carga tributária e de tarifas – precisam manter-se engajados na luta pelo poder. Não é permitido “relaxar e gozar”, tão somente. O "inimigo" está cada vez mais forte e se as bases do partido não se movimentarem, Lula não se reelegerá. E, então, adeus tetas.
Já pensaram na falta que irão fazer, para muitos, os sigilosos “cartões corporativos”, as diárias de viagens e outras tetas, que rendem leite gordo, com os quais os antigos proletários já se acostumaram?

Em suma: quem pensa que indo às ruas, bradar e cuspir fogo contra o governo do “apedeuta” e companheirada, fará mal considerável ao PT, engana-se redondamente. Um protesto expressivo é tudo que o PT e aliados desejam. Dilma já disse que vê com muita "naturalidade" as manifestações de desagrado e inconformismo. De preferência, que os ânimos se acirrem e que os oponentes partam para a porrada, que ocorra alguma morte, muitos feridos e hospitalizados. é pura retórica a afirmação de que não se pode descambar para a violência e danificar patrimônio (público ou privado). O que interessa ao PT, no momento, para unir seus quadros, é o caos, enfim.

Assim, o PT poderá proclamar que a ameaça à democracia nunca foi tão real. Lula e sua corja – que enganaram e continuam a iludir as bases idealistas da agremiação -,  garantirão seu lugar ao sol, pela reeleição em 2018, com o  apoio dos banqueiros e da mídia golpista, aos quais têm sido e continuarão a ser assegurados polpudos lucros.

Ou estou "vendo chifre em cabeça de cavalo"?

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