Perfil

Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

Mensagem aos leitores

Benvindo ao universo dos leitores do Izidoro.
Você está convidado a tecer comentários sobre as matérias postadas, os quais serão publicados automaticamente e mantidos neste blog, mesmo que contenham opinião contrária à emitida pelo mantenedor, salvo opiniões extremamente ofensivas, que serão expurgadas, ao critério exclusivo do blogueiro.
Não serão aceitas mensagens destinadas a propaganda comercial ou de serviços, sem que previamente consultado o responsável pelo blog.



segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Perto dos banqueiros, nem os reis absolutistas eram tão absolutos assim




Retrato de Jaco Fugger feito pelo pintor alemão Albrecht Dürer

É claro que um tema tão complexo quanto o poder dos reis absolutistas e sua relação com o poder econômico da época não pode ser esgotado com a leitura de apenas um autor. As linhas que se seguem, portanto, não podem ser tomadas necessariamente como uma interpretação definitiva. Ainda assim, é muito interessante o ponto de vista constante no livro “A História da Riqueza do Homem”, escrito pelo intelectual socialista estadunidense Leo Huberman em 1936. Embora os historiadores possam ficar “CHATIADOS”, porque Huberman não possuía esta formação, eu o chamaria também de historiador.

No capítulo VIII, Huberman se dedica a mostrar como o poder absoluto dos reis era relativo. 
O exemplo tomado por ele é a enorme influência do banqueiro alemão (na época, não existia a Alemanha como país, mas era daquela região) Jacob Fugger. O banqueiro, por exemplo, foi decisivo na escolha de quem ficaria com a coroa do Sacro Império Romano; se Carlos V, da Espanha, ou Francisco I, da França. Fugger emprestou 543 mil florins para Carlos V COMPRAR a coroa, que custava 850 mil florins.

Depois, ao cobrar a dívida de Carlos V, Fugger escreveu em carta: “(…) É bem sabido que Vossa Majestade Imperial não teria obtido a coroa do Império Romano sem a minha ajuda, e posso prová-lo com documentos que me foram entregues pelas próprias mãos dos enviados de Vossa Majestade. Neste negócio, não dei importância à questão de meus próprios lucros. [Não acredita nisso!] Porque, se tivesse eu deixado a Casa da Áustria e me decidido em favor da França, muito mais teria obtido em dinheiro e propriedades, tal como, então, me ofereceram. Quão graves desvantagens teriam, nesse caso, resultado para Vossa Majestade e a Casa da Áustria, bem o sabe Vossa Real Inteligência”.

Eram os banqueiros e os mercadores quem financiavam as viagens além-mar em busca de riquezas, bem como as guerras. Os Fugger começaram seus negócios como mercadores de lã e especiarias, mas quando começaram a emprestar capital a outros empreendedores foi que despontaram. Começaram a receber em troca terras pertencentes às Coroas, minas, participações em negócios. Um balancete de 1546 mostra que, além de Carlos V, a cidade de Antuérpia (um dos maiores entrepostos comerciais da Europa na época) e os reis de Inglaterra, Portugal e Holanda possuíam débitos com os Fugger. Até um papa teve dívidas com esta casa bancária. Jacob Fugger, o mais notório membro da família, ficou conhecido como nada menos que “O Rico”.

Ele também foi um dos primeiros a investir no Brasil, financiando a extração de pau-brasil a partir de 1503, apenas três após o “descobrimento”. Fernando (ou Fernão) de Noronha era representante comercial de seus interesses em Portugal.

Por tudo isto, Huberman conclui: “A História que datasse esse período, não como o reinado do rei Fulano de Tal, mas como a Idade dos Fuggers, estaria muito mais próxima da verdade”.

Fonte: SUL 21

Nenhum comentário: