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sábado, 4 de abril de 2015

Com cultura do vinho em expansão, China investe em produção própria para mercados interno e externo


Cecilia Attanasio Ghezzi | China Files | Pequim - 03/04/2015 - 06h00

Consumo da bebida tem crescido junto com a classe média do país, que hoje é o quinto maior consumidor e sétimo maior produtor mundial; governo incentiva cultivo de uvas para vinho em algumas regiões e produto já chega a EUA e Europa


Kentaro Iemoto / Flickr CC
Greatwall ("Grande Muralha") é um dos vinhos chineses mais vendidos no país e com maior alcance no mercado internacional

“Até poucos anos atrás, o vinho chinês era terrível”, conta Jim Boyce, especialista em vinhos em entrevista ao jornal norte-americano The Wall Street Journal. “Hoje, ainda que a indústria seja incipiente, não o é mais.” A indústria do vinho explodiu na China somente nos últimos anos. O número de lojas de vinho dobrou na última década e o país se tornou o sétimo produtor mundial da bebida, ultrapassando a Austrália.

No entanto, somente em 2011 um vinho chinês conquistou uma menção em uma revista especializada internacional pela primeira vez. Embora a notícia tenha sido recebida com sarcasmo e ceticismo por algumas pessoas da indústria, é notável o aprimoramento da qualidade do vinho produzido na China, tanto que o país apareceu pela primeira vez na última edição do Atlas Mundial do Vinho.

Na verdade, a história do vinho na China é bem mais antiga do que se imagina. A bebida passou a ser produzida comercialmente pela primeira vez no país em 1892. As videiras eram importadas da Califórnia e a produção se destinava ao público ocidental no país. Foi um sucesso. Até Hu Die, a estrela cinematográfica de Shanghai nos anos 1930 – então conhecida como a Paris do Oriente – foi garota-propaganda de uma marca de vinho chinesa.

Com a chegada de Mao e a instauração da República Popular, pouco se falou da bebida nas décadas seguintes. O país somente voltou a produzir vinho nos anos 1980, quando se iniciou a implantação do “socialismo com características chinesas” que o trouxe hoje, 30 anos depois, a ameaçar a primazia econômica dos Estados Unidos.

Na China atual, a classe média aumenta e com ela os consumidores, e um mercado de 200 milhões de potenciais consumidores é algo difícil de se ignorar. Hoje a China já é o quinto país no mundo em consumo de vinho e o crescimento desse mercado está estimado em 15% ao ano.




Dominic Lockyer / Flickr CCHouve uma pequena inflexão, de 3,8%, em 2013, creditada à campanha pela austeridade do presidente Xi Jinping, que baniu excessos e desperdícios das mesas de funcionários do governo. Isso porque o vinho, ainda que cada vez mais presente no país, segue sendo um produto de luxo. Sobretudo porque a maior parte das pessoas que o consomem estão mais interessadas no rótulo do que no conteúdo.



A cultura enóloga, porém, começa a se difundir no país: começam a se fazer conhecer os primeiros enólogos chineses e as primeiras safras de vinho locais que podem competir a nível internacional. Há poucos anos, os novos ricos provavelmente não saberiam distinguir entre um Pinot Noir e um Lambrusco, mas os novos ricos de hoje viajam, passam longos períodos na Europa e cultivam o gosto pela bebida.

Apesar de dificuldades técnicas, devido às enormes dimensões do país há várias regiões no território cujos solo, clima e altitude são adequados ao cultivo de vinhedos. Em algumas delas há inclusive programas governamentais que incentivam a cultivação de uvas para a produção de vinho.

Algumas cantinas das regiões de Ningxia, Liaoning e Xinjiang já começaram a exportar para o Reino Unido e para os EUA. O mercado europeu, provavelmente, será mais difícil de conquistar, e a expansão do mercado interno depende do ritmo econômico do país. Mas se o país conseguir manter estável a renda e o padrão de consumo de sua classe média, nada é impossível.

Um alento para os produtores chineses é que os vinhos australianos e chilenos, por exemplo, eram desconhecidos até poucos anos atrás. Hoje, até seus mais convencidos detratores se veem obrigados a levá-los em consideração. No momento os vinhos chineses chegam ao exterior apenas como uma curiosidade, mas não é impossível que encontrem no futuro a força para se impor no mercado internacional. E a velocidade chinesa, sabe-se bem, é sempre surpreendente.

Matéria original publicada no site China Files.

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