Já está mais do que na hora de procedermos a uma modificação do antigo brasão, retirando do seu miolo aquele símbolo que atesta preponderância e privilégios aos cultos cristãos. Afinal, a coletividade é composta por gente dos mais variados credos e também por não religiosos, todos cidadãos e contribuintes.
Foi tal brasão criado pelo Esperdidião Amin, conhecido demagogo da política local, de olho nos votoso dos cristãos em geral.
Lei n. 1408, de 15/3/1976:
(...)
Artigo 2º - 0 novo símbolo municipal tem a seguinte descrição, que corresponde ao modelo citado no artigo 10 desta Lei:
Escudo do tipo português, de 7 X 8,5 módulos, boleado, cortado, tendo em chefe esmaltado de blau, sobre o todo, na linha do horizonte, um sol nascente de ouro e a ponta, também de blau, burelada de três peças de prata, eqüidistantes em abismo um escudete de ouro, debruado de goles, contendo ao centro a cruz da Ordem de Cristo nas suas cores; sobre o escudo, uma coroa mural de ouro, com três torres completas, ao centro e duas meias torres nas extremidades, lavradas e com suas ameias, forrada de goles e vasadas no mesmo esmalte: como Tenentes, à dextra, a figura representativa do bandeirante Francisco Dias Velho, adaptada da sua estátua simbólica conforme está no Museu de Ipiranga, descoberto, com a mão direita apoiada sobre a boca do bacamarte e a esquerda sustendo o escudo; está vestido de gibão acolchoado talhado em losangos em suas cores naturais, sobre a blusa de prata, e cobrindo as coxas, portando botas altas de sable, tudo com seus panejamentos e sombras; e, à sinistra, a figura de um Oficial da Regimento de Infantaria de Linha da Ilha de Santa Catarina, vestindo o uniforme de gala previsto no Plano de 1786, compreendendo bicórnio de sable com ornatos de prata, casaca militar de blau, com ornamentos, alamares e dragonas de prata, gola, canhões e forro de casaca de goles, tudo sobre colete de blau, com ornamentos de prata, idênticos aos da casaca, peitinho e gravata militar rendada, de prata, calções militares de blau, com ornamentos laterais idênficos, de prata, meias brancas e borzeguim de sable; a mão esquerda da figura repousa sobre o copo da espada pendente de bainha de sable e suporta por cinturão também de sable, com fivela de prata, aplicando sobre faixa de goles; e a direta sustenta o escudo; os Tenentes repousam sobre um listel de blau, ondulado simetricamente, apresentando ao centro, de prata, a palavra Florianópolis e nas pontas, à dextra, também de prata e a era 1.726 e à sinistra a era 1. 823.
Artigo 3º - O Brasão de Armas do Município será utilizado em todos os papéis oficiais, quer do Poder Executivo, quer do Poder Legislativo, em cores ou na representação convencional; será fixado, em bronze na fachada do edifício onde funcionam os Poderes do município; em placas esmaltadas nas escolas e próprios municipais, bem como em suas Repartições; e, pintadas, nos veículos municipais de qualquer tipo.
(...)
Paço Municipal, em Florianópolis, aos 15 de março de 1976.
Esperidião Amin Helou Filho, Prefeito Municipal.
Se ela representa a união do divino com o mundano (Koch) e o divino é mera fantasia, é um símbolo simplesmente estúpido, cumprindo livrarmo-nos dele, com certa urgência, para não darmos atestado de sandice.
Fico imanginando se, ao invés da cruz sob enfoque, figurasse no centro do nosso brasão uma suástica, ligada ao nazismo no imaginário popular, desde a 2ª Grande Guerra, mas de uso tão antigo nas mais variadas civilizações: já a teríamos escorraçado há muito tempo.
Pois, assim como a suástica passou a simbolizar as atrocidades atribuídas aos alemães, a cruz que consta do nosso brasão é o símbolo perfeito e acabado das Cruzadas, da Inquisição e de tantos outros horrores patrocinados pelo cristianismo.
A era moderna, onde a ciência tem prosperado tanto, desmistificando dogmas e ranços que as religiões fazem questão de cultuar, impõe o desapego a tais velharias.
Nos tempos em que Florianópolis ainda era chamada de Nossa Senhora do Desterro, até fazia algum sentido a presença da cruz no nosso brasão. Mas agora...o ignominioso símbolo é que precisa ser desterrado.
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Outro aspecto: SANTA CATARINA não possui nenhum município com "cruz", "Santa Cruz" ou "Cruzeiro", "Cruzália" e "Cruzeta" no nome, mas, em todo o Brasil somam nada menos que 39 os Municípios com tais características.
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