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Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

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domingo, 20 de setembro de 2009

Nativista sim, separatista não!



Nesta manhã, ao retornar de uma pequena cavalgada ao topo do morro que separa o distrito de Ratones (interior da Ilha de SC) da Costa da Lagoa, paisagem que não me canso de apreciar e que já reproduzi em fotografias neste blog, liguei a TV e, pela parabólica, no 11, dei de cara com um programa intitulado "Raízes do Sul", apresentado com elegância e sobriedade invejáveis pelo competente Gabriel Moraes, portador de sólida cultura. Estava no momento em que um historiador discorria brilhantemente sobre eventos e personagens daquele movimento nativista intitulado Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos, que alguns atacam com a tese de que teria sido comandado por estancieiros, em defesa dos próprios interesses, voltados para a produção e comercialização do charque, que vinha sendo prejudicado pela política imperial, que fomentava a concorrência do charque nacional com o vindo do estangeiro.

Para quem como eu, gosta muito de história e nutre simpatias e respeito pela participação decisiva da Maçonaria nos momentos mais significativos do nosso e de outros povos de todo o mundo, foi muito gratificante ver a confirmação de que o brioso povo do Rio Grande do sul não permitirá que sejam esquecidos os atos de heroísmo de figuras como os líderes Bento Gonçalves, General Netto, Onofre Pires, Lucas de Oliveira, Vicente da Fontoura, Pedro Boticário, Davi Canabarro, Vicente Ferrer de Almeida, José Mariano de Mattos, além de perpetuar sua gratidão aos que emprestaram inspiração ideológica ao movimento, notadamente os italianos carbonários refugiados, como o cientista Tito Lívio Zambeccari e o jornalista Luigi Rossetti, além de Giuseppe Garibaldi (e sua inseparável Aninha do Bentão, catarinense que ficou mais conhecida como "Anita Garibaldi" - heroína de dois mundos, porquanto participou, com relevo, daí independência da Itália), que embora não pertencesse a carbonária, esteve envolvido em movimentos republicanos na Itália.



Após as lições de história transmitidas pelo historiador inicialmente referido (perdoe-me ele não ter anotado seu nome), apresentaram-se dois músicos da melhor qualidade (Wilson Paim, tocador exímio de violão e cantor afinado) e um acoreonista sensacional tratado singelamente como "Betinho da Gaita", que esgrimia seu instrumento de forma suave e competente, sem "rasgar o fole", mas demonstrando extrema maestria, na medida em que produzia acordes suaves e muito bem elaborados, sem procurar abafar o som e a voz produzidos pelo parceiro, erro tão comum na música moderna (pelo menos assim o dizem os meus ouvidos), onde muitas vezes, até os rústicos tambores são tentados a querer superar outros melodiosos e agradáveis instrumentos.
Pois, dentre as canções interpretadas com aquele sentimento e competência típicos dos que nasceram para a nobre arte da música, ouvi e me deliciei com "Um pito", "Conselhos" e "Quando sopra o minuano", tendo os circunstantes arrematado o programa com o belíssimo hino do RS, de autoria de Francisco Pinto da Fontoura e Joaquim José de Medanha.

Hino do Estado do Rio Grande do Sul



(Peço perdão por não estar identificando o cantante e acompanhantes - Se alguém souber quem são, por favor, comente neste blog)

Como a aurora precursora
Do farol da divindade
Foi o 20 de Setembro
O precursor da liberdade

Mostremos valor constância
Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra

De modelo a toda Terra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra

Mas não basta pra ser livre
Ser forte, aguerrido e bravo
Povo que não tem virtude
Acaba por ser escravo

Mostremos valor constância
Nesta ímpia e injusta guerra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra

De modelo a toda Terra
Sirvam nossas façanhas
De modelo a toda Terra



Ainda bem que, à medida em que presenciava o aludido programa do Gabriel, a quem cumprimento pela excelência do roteiro e qualidade das matérias e músicas apresentadas, fui anotando os detalhes e, assim, tenho o prazer de recomendar aos meus leitores que visitem os sítios http://www.programa raízesdosul.blogspot.com e http://www.wilson paim.com.br e, no mais, ouçam as músicas mencionadas acima, que achei no fabuloso YouTube:





Antes que eu me esqueça, quero agradecer, com algum atraso, reconheço, àquela que me deu os primeiros empurrões para o conhecimento da cultura gauchesca (Iara Niederauer, de Santa Maria), quando me doou um livro de poesias do fabuloso "pajador" Jayme Caetano Braum intitulado "Potreiro de Guachos", que ainda guardo com muito carinho e releio, periodicamente.
Ele propiciou o meu ingresso no mundo fascinante da linguagem da campanha riograndense. Após sorvê-lo com imensa curiosidade (grande parte dos termos me eram estranhos), passei a ser um ávido consumidor da literatura gaúcha (não só da riograndense, vejam bem) e, assim, a Iara foi a responsável pelo muito que adquiri de conhecimento sobre o seu Estado e países vizinhos, de tradição gaúcha.

-=-=-=-=

Quando sopra o minuano

José Claudio Machado


Minuano tá soprando, assobiando nesta noite
Troperiando seus fantasmas, troperiando
E as almas vão passando cavalgando redomões
Fantasmas do passado no tropel das tradições

Levanta gaúcho, todos precisam andar
Minuano está chamando e o Rio Grande precisa escutar

Venham comigo voar com o minuano
Na cavalgada destas almas pêlo duro
Neste tropel em que se unem gerações
Onde as velhas tradições dão os rumos do futuro

E o minuano vai correndo doidamente
Que o próprio frio aquece o coração da gente
E o coração todo se abre e se expande
Pra que entre em nosso sangue
O próprio sangue do Rio Grande

Um comentário:

Unknown disse...

Caríssimo Izidoro.
Cheguei a emocionar-me com os comentários do amigo sobre nosso modesto programa "Raízes do Sul", que na verdade é um sonho realizado... pois já tinhamos um espaço de cultura gaúcha na Net TV a Cabo aqui em Cruz Alta, e buscamos o desafio de transpor fronteiras e mostrá-lo em rede nacional e internet.
Cumprimento-o pela forma como avalias de como deve ser a projeção de nossa cultura nativa em todo o seu contexto. Comungamos da mesma forma de pensar. Obrigado pelas palavras elogiosas quanto a meu trabalho; não mereço tanto...
Eu sim, o cumprimento pelo conteúdo brilhante do blog, por tua cultura que é notória em cada item do mesmo, pela redação e desenvolvimento do texto (que ha muito em não tinha a satisfação de ver via internet!).
Grato pelo incentivo. Abraço fraterno!
Em Tempo: o historiador é Rossano Cavalari (ex-Secretário de Cultura e atual Diretor da Casa Erico Verissimo, em Cruz Alta. O contato com ele é 55-3322-6448, na Fundação Cultural Erico Verissimo).
Atenciosamente.
GABRIEL MORAES (Apresentador e integrante da equipe de produção do Raizes do Sul)