Perfil

Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

Mensagem aos leitores

Benvindo ao universo dos leitores do Izidoro.
Você está convidado a tecer comentários sobre as matérias postadas, os quais serão publicados automaticamente e mantidos neste blog, mesmo que contenham opinião contrária à emitida pelo mantenedor, salvo opiniões extremamente ofensivas, que serão expurgadas, ao critério exclusivo do blogueiro.
Não serão aceitas mensagens destinadas a propaganda comercial ou de serviços, sem que previamente consultado o responsável pelo blog.



domingo, 14 de março de 2010

Golpe em gestação?

A notícia que segue reproduzida dá o que pensar. Parece que algo muito maior do que a simples apropriação de dinheiro desse setor que tradicionalmente espolia o povo (o setor financeiro) está no ar.


-=-=-=-=


13/03/10 - 21h09 - Atualizado em 13/03/10 - 21h09

Bandidos assaltam cinco bancos na região de Jundiaí

Crimes ocorreram em menos de 24 horas.
Em Itupeva, ladrões taparam câmera e cobriram caixas com lona preta.

Do G1, com informações do Jornal Nacional


A ação criminosa de uma quadrilha está assustando moradores do interior de São Paulo. Cinco bancos foram assaltados em apenas 24 horas.

O último ataque foi em Itupeva (a 75 km da capital), onde a quadrilha invadiu a agência durante a madrugada. Os assaltantes taparam a câmera de segurança, cobriram os caixas com uma lona preta e usaram um maçarico para cortar os cofres de dois caixas automáticos. Na fuga, deixaram R$ 9 mil espalhados no chão.

Os bandidos também invadiram agências bancárias em Jundiaí, duas vezes em Jarinu e outra em Várzea Paulista.

Nesta última, 12 funcionários trabalhavam na reforma da agência por volta da meia-noite, quando os bandidos chegaram, armados de fuzis e metralhadoras. A quadrilha não usou maçaricos, mas as próprias ferramentas dos operários, para abrir o cofre central do banco e roubar R$ 65 mil. Eles fugiram usando o uniforme dos trabalhadores.

“Eles tiraram diversos malotes de dentro do cofre, que se supõe que seja dinheiro, e levaram inclusive uma máquina de contar dinheiro”, disse Trajano de Oliveira, investigador de polícia.

Todas as ações foram parecidas, sempre durante a madrugada, quando há menos gente na rua.

“Nós não temos uma recepção de alarme bancário junto às delegacias. Nem todas as delegacias do interior têm plantão policial”, afirmou o delegado seccional de Jundiaí, Djahy Tucci Jr.

-=-=-=-=

Parece-me que há algum acontecimento político (no bom sentido) em gestação e os organizadores precisam de dinheiro para dar consecução aos seus planos.

Tomara que sim! Afinal, alguns setores da Justiça e, depois os legisladores, negaram vigência ao art. 192 da Constituição Federal (afinal revogado por uma Emenda Constitucional - em nome dos interesses do "mercado"), que limitava os juros e, nos tempos que se seguiram a tal medida, os bancos nunca ganharam tanto, sob as bençãos do governo (o Banco Central é dirigido por um ex executivo de uma instituição financeira). Assim, o povo não tem com quem contar, porquanto o Ministério Público (que deveria assumir o pepel de defensor dos interesses coletivos) não age de forma eficiente, como mandam os princípios insculpidos no art. 37, da Constituição Federal, no afã de moralizar as coisas.

De outro lado, nem o Exército, nem qualquer outra das chamadas Forças Armadas oficiais, se mobiliza contra interesses do setor financeiro - que domina o mundo, com sua maléfica influência - restando a grupos não oficiais fazê-lo. Como diria o Gustavo Barroso, o Brasil está, há muito tempo, aliás, uma autêntica "Colônia de Banqueiros".

Praticam os assaltantes atos rotulados como crimes pela legislação (feita, obviamente, pelas elites, cooptadas pelos dominadores da economia e da política), mas, no fundo, convenhamos, que - se os frutos dos assaltos forem dirigidos mesmo para uma insurgência armada contra a vergonhosa exploração das forças produtivas da nação -, ao invés de atos criminosos, os arrojados assaltantes estarão cometendo atos de puro heroísmo e patriotismo.

Obviamente, não podem ser incensados aqueles assaltos que se destinem a prover de recursos os traficantes de tóxicos, o comércio de armas, ou meros aventureiros do enriquecimento ilícito, cujo objetivo seja puramente pessoal, sem que promovam o interesse coletivo. Tais atos são de puro banditismo. O que estou a endossar e considerar válidos e legítimos (embora ilegais) são os atos de expropriação de recursos praticados em nome do interesse metaindividual e isto porque, se o povo tiver que aguardar por solução política, institucional, para ver o fim da sangria de dinheiro da nação (que se constitui em verdadeiro crime de lesa pátria), nenhuma solução sobrevirá. Os ratos do setor financeiro compram os políticos e outros setores encarregados de distribuir "Justiça Social" e as"políticas públicas" oficiais continuarão a favorecê-los, indefinidamente.

Até os bancos oficiais (Banco do Brasil e CEF), que não praticam juros menos exagerados do que os cobrados pelas instituições privadas, contribuem para que o sistema de esbulho do povo seja perenizado. Se procedessem de forma diferente, concorrendo fortemente com o setor privado, as margens de lucro teriam que ser diminuidas, caindo para níveis toleráveis. Mas, não acontece a competição e o povo está endividado, pois levado a consumir pela publicidade comercial.

No setor de automóveis, por exemplo, as montadoras e suas financeiras propagandeiam: compre carro ou motocicleta em até 84 meses, com uma prestação módica, que cabe no seu orçamento. E tome juros embutidos! E tome cidades entupidas de latas de azeite! E tome mortes e aleijões no trânsito! Enquanto isto, o transporte coletivo não atende às demandas da sociedade, empurrando-a para a aquisição de veículos de uso individual, o pagamento de custos financeiros e a inviabilização da mobilidade nos grandes centros. Claro: cidades entupidas, trânsito caótico, aumento do consumo de combustível e dos lucros das multinacionais do petróleo, que integram os mesmos grupos econômicos dos bancos e montadoras de automóveis.

De quebra, quando o setor "vai mal" ("me engana que eu gosto", diriam os céticos), o governo ainda utiliza dinheiro público para socorrê-lo, mas quando está com as burras explodindo de tanto lucro, remete-os para as matrizes, no exterior.

Tanta safadeza é que me faz admitir que a solução passa mesmo por atitudes que não integram o jogo político oficialmente admitido, já que "está tudo dominado". Até quando, não sabemos, mas certamente assim permancerá, pelo menos até que segmentos mais atrevidos da sociedade, optando pelo uso de meios nada ortodoxos e muito ousados, tentarem destruir o sistema que aí está.

Pelo voto, simplesmente nunca conseguiremos mudar a perversa realidade reinante. O povo está sendo massacrado e, o que é pior, a pobreza está sendo cooptada com esmolas oficiais (do tipo bolsa-família), perdendo completamente a dignidade.

Sei que corro o risco de ser acusado de apologia ao "crime", mas é o que penso.

Nenhum comentário: