Amplamente usado por atletas profissionais, o aerossol gelado, que alivia imediatamente as dores, ganha popularidade também entre amadores. Médicos alertam para substâncias tóxicas e para risco de piora de lesões.
A cena se repete com frequência: um dedicado zagueiro trava a bola, e o oponente, um atacante, acaba no chão, contorcendo-se de dor e segurando uma perna possivelmente contundida. Sem problemas: passa-se um spray e pronto, ele está de pé novamente.
Conhecido entre os jogadores como "spray mágico", o aerossol gelado, utilizado nos primeiros socorros em gramados e quadras, tem se tornado cada vez mais popular não apenas entre profissionais, mas também entre os "atletas de fim de semana". E isso, segundo médicos, requer cuidado.
"Tudo bem se um experiente terapeuta esportivo o utiliza, mas isso não deveria ser usado por leigos", defende o ortopedista Andreas Imhoff, da Universidade Técnica de Munique e que chefia uma clínica especializada em medicina esportiva.
Segundo a também ortopedista e especialista em medicina do esporte Margit Rudolf, da Universidade Otto von Guericke, em Magdeburg, "há um grande risco quando atletas amadores utilizam esse produto".
Ela diz que ainda mais preocupante é quando o aerossol é utilizado em crianças. Margit acredita que os pais tendem a ser mais cuidadosos quando colocam o spray nos filhos, mas recorda de casos de uso equivocado em adolescentes.
"Esses sprays não deveriam ser manuseados por pais e mães", afirma.
Elementos tóxicos
O que pode ser problemático nos sprays é óbvio: os componentes. Enquanto há alguns relativamente "naturais" no mercado, à base de cânfora e mentol, muitos outros contêm cloroetano, substância muito utilizada como aditiva na gasolina e que pode ser intoxicante quando aplicada incorretamente.
"É preciso segurar o spray pelo menos 30 centímetros longe do local aplicado e não colocar o produto em contusões abertas", explica Imhoff.
Margit também alerta a respeito do uso equivocado: "Já vi utilizarem em contusões abertas", afirma. "Ele pode ser muito agressivo e deveria ser manuseado apenas por profissionais."
Sprays ajudam a conter a dor, mas podem causar outros problemas
A maioria dos sprays é utilizada para combater a dor oriunda de lesões que têm relação com a atividade física. O "congelamento" da lesão permite que os jogadores voltem à partida o mais rápido possível. E esse é outro grande problema, dizem os médicos.
"Você pode obter o efeito refrescante com uma bolsa de gelo, mas o spray é mais frio e, por isso, mais perigoso. E o que você quer é curar a lesão", diz Imhoff.
O resfriamento extra não apenas ajuda os atletas a retornarem mais rapidamente ao jogo, mas também tem uma logística mais conveniente em relação ao saco de gelo. Desta forma (com o spray), o jogador não precisa sentar e ficar um tempo parado, fora de ação.
Só que isso pode levar a outras contusões, já que os atletas não sabem o que está de fato acontecendo embaixo da pele.
Médicos acreditam que o spray está sendo cada vez mais usado. A disponibilidade, a conveniência e a inadvertida promoção – quando atletas usam em frente às câmeras – têm levado o produto a ser exageradamente utilizado.
"Uma bolsa de gelo é melhor", conclui Margit.
Fonte: http://www.dw.de/
Nenhum comentário:
Postar um comentário