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Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

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quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Sobre CACHIMBO E TERMOS DERIVADOS



- ÉRICO VERÍSSIMO -  Israel em Abril -  Editora Globo/RJ, SP e P. Alegre/1978, pág. 309, escreveu, sobre hábitos de moradores de uma ilha grega:  (...) Dentro da taverna homens jogam cartas, fumam e bebem ouzo. A poucos passos de nós um velho pescador, o cachimbo entre os dentes, remenda sua rede dum amarelo âmbar (...).

- LÚCIO DE MENDONÇA -  soneto  O Rebelde:

- É um lobo do mar: numa espelunca/mora, à beira do oceano, em rocha alpestre./Ira-se a onda e, qual tigre silvestre,/de mortos vegetais a praia junca,/ e ele, olhando como um velho mestre/o revoltoso que não dorme nunca,/recurva o dedo como garra adunca/sobre o cachimbo, único amor terrestre.  E então assoma-lhe um sorriso amargo.../É um rebelde também, cérebro largo,/que odeia os reis e os padres excomunga.  À noite, dorme sem rezar: que importa?/Enorme cão fiel, guarda-lhe a porta/o velho mar soturno que resmunga.

- ROBERT LOUIS STEVENSON -  A Ilha do Tesouro -  Editora Martin Claret/SP/2002, pág. 142, refere-se ao vício do tabagismo, com uso de cachimbo, entre os marinheiros.

- O uso do tabaco, pelos europeus, só ocorreu após as viagens de descobrimento das Américas, posto que, até, então, não conheciam o hábito de fumar.  Do nosso Dicionário de Vícios extraímos o material que segue:

CACHIMBA

- (Espanhol) - Cachimbo. - Dic. Brasileiro - Oficina de Textos/SP/1996.
 CACHIMBADA

- Porção de fumo ou tabaco com que se enche  o  cachimbo;  fumaça aspirada no cachimbo.- FRANCISCO FERNANDES - Dicionário Brasileiro Contemporâneo - Edições Melhoramentos/1968, p. 204.

CACHIMBADOR

- Que, ou aquele que cachimba. - FRANCISCO FERNANDES – Dicionário Brasileiro Contemporâneo - Edições melhoramentos/1968, p. 204.

CACHIMBAZO

- (Espanhol) - Trago de licor.- Gran Enciclopedia del Mundo - Durvan S. A. de Ediciones - Bilbao/Espanha/1966 (Léxico).

CACHIMBEIRO

- O mesmo que cachimbador. Apelido  atribuído  pelos  nativos  da Praia de Canasvieiras, na Ilha de Santa Catarina, ao  descendente de açoriano residente no lugar Ponta das Canas, distrito  de  Cachoeira do Bom Jesus, adeptos do hábito de fumar cachimbo.

CACHIMBO (Ver AJUÁ, BONG, CHELUM, CHILLUM, CRACK, FUMAÇADA, FUMAR, LULKE, NACIONALISMO, NARGUILÉ, PITAR e WHOPE)

- A criatividade também aparece na confecção  de  cachimbos,  que podem ser de madeira, vidro com forma  irregular,  pintados,  com identificação, formato de caveira  ...-  MARCO  ANTONIO  UCHÔA  - Crack, o caminho das pedras - Edit. Ática/SP/1996, p. 49.

- (...) Abandone o cigarro, disse-me ele; você o acende, fuma pela metade e joga fora como a uma prostituta. É uma vergonha. Case-se com o cachimbo; é coo uma mulher fiel. Quando voltar para casa, ele estará sempre lá, esperando você, sem se mexer. Você o acenderá, verá a fumaça subindo no ar e se lembrará de mim (...) - NIKOS KAZANTZAKIS - Zorba, o grego - Círculo do Livro S. A./SP/p. 58.

- Aparelho constando de um tubo com recipiente côncavo na ponta, próprio para fumar. É muito usado nos terreiros pelos médiuns incorporados com Pretos Velhos (...) - OLGA GUDOLLE CACCIATORE - Dicionário de Cultos Afro-brasileiros/RJ/1977.

- Aparelho para fumar, constituído de um fornilho onde arde o tabaco e de um tubo por onde se aspira o  fumo  (...)  -  FRANCISCO FERNANDES - Dicionário Brasileiro Contemporâneo - Edições  melhoramentos/1968, p. 204.

- de taquari: (...) pousando no chão o enorme cachimbo de  taquari do Pará. - ALUÍSIO  AZEVEDO  -  O  mulato  -  Edit.  Ática  S.A./SP/1988, p. 73.

- Em países como a Gautemala, por exemplo, constituem eixo da vi da econômica nacional: ano após ano, ciclicamente, abandonam suas terras sagradas, terras altas, para forneceram 200  mil  braços  à
colheita do café, algodão e açúcar nas terras baixas. Os empreiteiros os transportam em caminhões, como gado, e nem sempre a necessidade decide: às vezes decide a cachaça. Os empreiteiros  pagam uma orquestra de marimba e fazem correr o álcool forte; quando o índio acorda da bebedeira, já o acompanham as dívidas. Pagará trabalhando em terras quentes que não conhece, de onde regressará ao fim de alguns meses, talvez com alguns centavos no bolso, talvez com tuberculose ou impaludismo. -  EDUARDO  GALEANO  -  As veias abertas da América Latina - Edit. Paz e Terra/1983, p. 61.

- (...) escarranchado na rede durante horas esquecidas, em ceroulas, fumando o seu cachimbo de cabeça preta, fabricado na província. - ALUÍSIO AZEVEDO - O mulato - Edit. Ática S.A./SP/1988,  p. 35.

- Externamente, o craqueiro pode apresentar queimaduras  nos  lábios, na língua e no rosto por causa da proximidade da  chama  do isqueiro no cachimbo, onde a pedra  é  fumada.  -  MARCO  ANTONIO UCHÔA - Crack, o caminho das pedras  -  Edit.  Ática/SP/1996,  p. 107.

- Ìkokotába, em Yorubá (nagô).

- Instrumento de fumar, de madeira, osso ou barro. Era usual  entre os indígenas. Os portugueses revelaram o cachimbo brasiliense aos espanhóis. Antes do português no Brasil, nenhum europeu fumou cachimbo no século XVI. O cachimbo tupi era o  petim-buáb,  dando pintinguá e petibaú. Também canguera ou cangoeira, de acang,  osso, era o cachimbo tubular, por semelhar o osso longo e oco.  Fumar, em tupi, do verbo pitéra, chupar.  Decorrentemente,  pito  é cachimbo e piteira, por onde se fuma ou chupa  o  tabaco,  petin, petun, pitin, betun. Cachimbo ainda petibáu, de peti-mbaú, canudo de tabaco, o tubo de fumar (Teodoro Sampaio): Luis da Câmara Cascudo, Interlúdio do Fumo, Jornal do Comércio, 27/11/1966, Rio  de Janeiro.(...) - LUIS DA CÂMARA CASCUDO - Dicionário  do  Folclore Brasileiro - Edit. Itatiaia Ltda/BH-RJ/1993, p. 170.

- Mãe Chiquinha nos amava/com seu calor de nascença;/o riso dos dentes sãos/ a liberdade em desuso/trazida da escravidão./Mãe- Chiquinha possuía/no olhar segredos gerais/À luz do cachimbo aceso/de repente se perdia/na pele dos ancestrais. - FRANCISCO CARVALHO - Os Mortos Azuis - PAULO RÓNAI - Dicionário Universal Nova Fronteira de Citações - Edit. Nova Fronteira/RJ/1985, p. 307.

- Não concebeis, uma perda imensa, irreparável ...era o  meu  cachimbo.(...) Eis aí um cachimbo primoroso. É de  pura  escuma  do mar. O tabu é de pau de cereja. O bocal de âmbar.  -  ÁLVARES  DE AZEVEDO - De Macário (primeiro episódio)

- O amigo que havia passado mal levou um embrulho diferente. Eram as pedras. Perguntou: "Maria, você gosta de doce?  Então  experimenta esse". Ele montou o cachimbo e me ensinou a pipar. -  MARCO ANTONIO UCHÔA  -  Crack,  o  caminho  das  pedras  -  Edit.  Ática/SP/1996, p. 16.

- O cachimbo do Presidente - No tempo em que Andrew Jackson era Presidente dos Estados Unidos, certo membro do Congresso tentou em vão obter um posto que desejava. Por fim, decidiu recorrer a táticas nada sutis. Um dia, visitou o Presidente, que estava fumando seu cachimbo como sempre e disse-lhe: "Vim pedir-lhe um favor que nada custará ao erário, mas muito significa para mim". - O que é? - Meu velho pai tem pelo senhor toda a admiração que um homem possa ter por outro. Seu maior desejo é possuir um dos seus cachimbos como lembrança. - Com prazer, disse Jackson. E mandou um auxiliar trazer dois ou três cachimbos. - Não interrompeu o solicitante, o que gostaria de levar para meu pai é o cachimbo que o senhor está fumando. O Presidente acedeu e começou a esvaziar o cachimbo das cinzas. Mas o congressista interveio de novo: "Presidente, eu quero o cachimbo assim mesmo como acaba de deixar os seus lábios". Após receber o cachimbo, embrulhou-o cuidadosamente num papel e saiu com ar de quem tinha realizado a maior ambição de sua vida. Três semanas depois, era encarregado da desejada missão sem ter tido que a pedir de novo (Paul F. Boller, Jr. - Anedotas Presidenciais), citado por MANSOUR CHALITA - Os mais belos pensamentos de todos os tempos - As. Cult. Intern. Gibran/RJ, p. 212.

- O cachimbo eu logo fumei como um velho; se depois eu ainda comprimia o polegar no fornilho (...) - FRANZ KAFKA - Um médico rural - Edit. Brasiliense/SP/1991, p. 63.

- O cachimbo extrai sabedoria dos lábios do filósofo, e cerra a boca do tolo; promove um estilo de conversação filosofante, benévolo e desataviado. - THACHERAY (1811-1863), citado em A Importância de Viver, de Lin Yutang - PAULO RÓNAI - Dicionário Universal Nova Fronteira de Citações - Edit. Nova Fronteira S.A./RJ/1985, p. 126.

- O sonho em que você fuma cachimbo promete que será capaz de enfrentar as próprias obrigações e resolver os próprios problemas. Esse augúrio aplica-se a qualquer sonho em que figure um cachimbo, a não ser que este apareça quebrado, caso em que significa a despedida de um grande amigo. - STEARN ROBINSON e TOM CORBETT - Dicionário dos Sonhos - Edit. Pensamento Ltda/SP/1997, p. 71.

- Oposição é como cachimbo: só leva fumo. - Frase atribuída ao Dep. Federal José Lourenço, do PFL-BA, sobre as tentativas de obstrução da votação das reformas. - Revista VEJA, 21/01/98, p. 13.

- Os que eram apresentados à droga a fumavam em cachimbos  feitos com pedaços de antena de carro, bocal de lâmpada, copos de iogurte e água mineral. Quem ensinou aos nossos brasileiros o know-how do cachimbo improvisado? É a segunda  pergunta  sem  resposta  no mistério sobre o pai do crack em São Paulo.(...) A maneira de fumar crack é curiosa, rudimentar. Os  cachimbos  são  improvisados com potes de iogurte, por exemplo. Na metade do pote é introduzido um tubo, canudo. Embaixo, um pouco de água. O pote é recoberto com papel laminado perfurado. A pedra de crack é  colocada  sobre os furos do papel para ser queimada junto com cinzas de  cigarro. Aspira-se a fumaça, que desce para o interior do pote. Esse  é  o sistema tradicional, adotado pelos viciados  americanos.  Algumas pessoas preferem fumar a pedra direto num cachimbo. Neste caso, a fumaça, não concentrada, evapora-se com facilidade.  Outros  acoplam cachimbos tradicionais a recipientes improvisados onde possa  ser possível colocar um pouco de água para concentrar mais a  fumaça. Esse sistema é o mais usado na periferia e no centro de São Paulo. - MARCO ANTONIO UCHÔA - Crack,  o  caminho  das  pedras  - Edit. Ática/SP/1996, p. 54.

- Pfeife, em Alemão.

- Sim ...O Oriente! Mas que achas de tão belo naqueles homens que fumam sem falar, que amam sem suspirar? É pelo  fumo?  Fuma  aqui ...Vê, o luar está belo: as nuvens no céu parecem a fumaça do cachimbo do Onipotente que resfolga dormindo. - ÁLVARES DE  AZEVEDO - De Macário (primeiro episódio).

- Símbolo da potencialidade do Homem Primordial invulnerável e imortal em seu ser à imagem do macrocosmos. Voltado para o centro do universo realiza pela prece materializada no fumo, que é o sopro da alma, a união das forças terrestres com as celestes. Assim é visto entre os indianos. Mas o significado especial do uso do cachimbo é de ordem ritual. Os peles vermelhas oferecem as primeiras baforadas ao grande Wah-Konda, senhor da vida, e em seguida dirigem uma baforada para os quatro pontos cardeais, para terminar com três bem destacadas para o Zenit, para o sol e para a terra. O cachimbo da guerra fazia parte do rito guerreiro de várias tribos, sendo como tal um emblema social. Ao fumar o cachimbo, acreditavam os indígenas que a divindade lhes comunicava poder e invulnerabilidade. À semelhança do cachimbo da guerra, havia também o cachimbo da paz que transmitia um ao outro, ao passar de boca em boca, o sopro benfazejo do deus da vida. - HUGO SCHLESINGER e HUMBERTO PORTO - Dic. Enc. das Religiões - Edit. Vozes Ltda/RJ/1995, vol. I, p. 465.

- Um vidro de maionese vazio, com antena de televisão, funcionava como cachimbo.(para fumar crack) - Depoimento de  um  viciado   em crack  a MARCO ANTONIO UCHÔA - Crack,  o  caminho  das  pedras  - Edit. Ática/SP/1996, p. 216.

CACHIMBO (Bebida)

- Bebida feita com mel de abelha e aguardente. "E bebia cachimbo,
mistura de aguardente e mel de abelha dos cortiços pendurados  no
beiral do alpendre" (Graciliano Ramos, Infância, 140, Rio de  Janeiro, 1945) (...) - LUIS DA CÂMARA CASCUDO - Dicionário do  Folclore Brasileiro - Edit. Itatiaia Ltda/BH-RJ/1993, p. 170.

- (...) Com as mãos trêmulas, mal segurando o copo com quatro dedos de saboroso cachimbo (...) - CLARIBALTE PASSOS - Estórias de Engenho (O vendedor de ilusões) - Comp. Edit. de Pernambuco/Edit. Paralelo Ltda/Recife/1972, p. 243.

- Em Esperanto, pipo. - ALLAN KARDE AFONSO COSTA - Novo Dicionário de Português-Esperanto - Fed. Esp. Bras./RJ/1987, p. 116.

- Não havia dinheiro para remédios e, quando uma  ficava  doente, era tratada com "xarope caseiro" - cachimbo. - RUY CASTRO  -  Estrela Solitária  (...) - Companhia das Letras/1996, p. 370.

- O cachimbo era uma mistura de cachaça com mel  de  abelhas e canela em pau, posta para curtir numa garrafa  envolta  em cortiça e pendurada numa viga do teto. O pai se certificava se  a cachaça era boa. O cachimbo não era usado para  fins  recreativos ou embriagantes -, mas medicinais. As mulheres o tomavam durante a gravidez. Depois do parto, continuavam tomando-o enquanto durasse o resguardo. Adultos e crianças o tomavam como purgante, xarope e fortificante e para combater gripes, lombrigas, coqueluche,  asma e dor de dente. Aos bebês era dado como  tranqüilizante:  uma  ou duas colheres antes de dormir, para não  terem  sonhos  agitados. Graciliano Ramos admite em Infância ter  sido  embriagado  muitas vezes dessa forma. Nas Alagoas, amaro e seus irmãos  tinham  sido criados a cachimbo. Em Pau Grande, os filhos de amaro,  inclusive Garrincha, seriam criados do mesmo jeito. - RUY CASTRO -  Estrela Solitária - Companhia das Letras (...)/1995, p. 21.

- Porque, separados, todos já tinham tomado seus primeiros e inocentes porres. Nas buchadas promovidas por Amaro, ninguém proibia que Garrincha e outros meninos bebericassem à vontade - sem  contar muitas doses de cachimbo que tomaram durante a chupeta. –  RUY CASTRO - Estrela Solitária (...) - Companhia das Letras/1996,  p. 36.

- Turco (com tubo comprido) - Em Esperanto, cibuko. - ALLAN KARDEC AFONSO COSTA - Novo Dicionário de Português-Esperanto - Fed. Esp. Bras./RJ/1987, p. 116 - Ver NARGUILÉ

CACHIMBO A MOTOR

- Os números - como as cartas, não mentem jamais. E os números garantem  que três das quartas partes da humanidade fumam. Os fumantes de cigarros são os mais numerosos e, portanto, há toda uma máquina à sua disposição, armada para inventar novos tipos de filtros e até novas cores para os papéis que envolvem o fumo. Em segundo lugar, vêm os fumadores de charutos e cigarrilhas. Depois, só depois, aparecem os fumadores de cachimbo (os psiquiatras e outros estudiosos do assunto não se pronunciaram; Freud não explica). E os muitos fumadores de cachimbo ficam sabendo agora que têm muita gente pensando em seu caso. A ultima novidade é uma espécie de motorzinho destinado a não deixar que o cachimbo se apague e a gente fique acompanhando os fósforos toda hora. Quem inventou isso foi um homem chamado Richard Paul. Ele não fuma, mas em compensação pensa muito nos problemas de quem fuma. Seu motorzinho consiste num injetor de carburante (butano) com uma chama que atua permanentemente sobre o fumo, mantendo-o aceso sem queimá-lo mais do que o faz o fumante normal. Mas apesar de, teoricamente, seu invento estar perfeito, antes de considerá-lo pronto, ele teve de fazer algumas modificações. Entre outras, solucionar o problema da refrigeração. Seu piloto de provas foi justamente Ray Kemp, que tem um recorde: o de fumar mais tempo se que se apague a carga normal de fumo. Com o novo aparelho, então, esses recordes deverão cair, certamente. - Revista MANCHETE, 11/julho/1970, p. 105.

CACHIMBO DA PAZ

- A criminalidade toma conta da cidade/A sociedade põe a culpa nas autoridades/O cacique oficial viajou pro pantanal/Porque aqui a violência tá demais/E lá  encontrou um velho índio que usava fio dental e fumava um cachimbo da paz/O Presidente deu um tapa no cachimbo e na hora de voltar pra capital ficou com preguiça/Trocou seu palitó pelo fio dental e nomeou o velho índio pra Ministro da Justiça/E o novo Ministro, chegando na cidade, achou aquela tribo violenta demais/Viu que todo cara-pálida vivia atrás das grades e chamou a TV e os jornais/E disse: Índio chegou, trazendo novidade/Índio trouxe cachimbo da paz/Maresia,/Sente a maresia/Maresia.../Apaga a fumaça do revólver, da pistola/Manda a fumaça do cachimbo pra cachola/Acende, puxa, prende, passa/Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça/Todo mundo experimenta o cachimbo da floresta/Dizem que é do bom/Dizem que não presta/Querem proibir, querem liberar/E a polêmica chegou até o Congresso/Tudo isso deve ser pra evitar a concorrência/Porque não é Holywood mas é o sucesso/O cachimbo da paz deixou o povo mais tranqüilo/Mas o fumo acabou porque só tinha oitenta quilos/E o povo aplaudiu quando o índio partiu pra selva e prometeu voltar com uma tonelada/Só que quando ele voltou sujou!!!/A Polícia Federal preparou uma cilada - O cachimbo da paz foi proibido/Entra na caçamba, vagabundo!/Vamo pra DP/Ê, Ê, Ê, Ê! Índio tá fudido porque lá o pau vai comer!/Maresia,/Sente a maresia/Maresia/Apaga a fumaça do revólver, da pistola,/Manda a fumaça do cachimbo pra cachola/Acende, puxa, prende, passa/Índio quer cachimbo, índio quer fazer fumaça/Na delegacia só tinha viciado e delinqüente/Cada um com um vício e um caso diferente/Um cachaceiro esfaquiou o dono do bar porque ele não vendia pinga fiado/E um senhorbebeu uísque, acordou com um travesti e assassinou o coitado/Um viciado no jogo apostou a mulher, perdeu a aposta e ela foi seqüestrada/Era tanta ocorrência, tanta violência, que o índio não tava entendendo nada/Ele viu que o delegado fumava um charuto fedorento e acendeu um da paz pra relaxar/Mas quando foi dar um tapinha levou um tapão violento e um chute naquele lugar/Foi mandado pro presídio e no caminho assistiu um acidente provocado por excesso de cerveja:/Uma jovem que bebeu demais atropelou um padre e os noivos na porta da igreja/E pro índio nada mais faz sentido/Com tantas drogas porque só o seu cachimbo é proibido?/Maresia, sente a maresia/Maresia ...Apaga a fumaça do revólver, da pistola/Manda a fumaça do cachimbo pra cachola/Acende , puxa, prende, passa/Índio quer cachimbo, índio quer fumaça/Na penitenciária o índio fora da lei conheceu os criminosos de verdade/Entrando, saindo e voltando cada vez mais perigosos pra sociedade/Aí, cumpadi, tá rolando um sorteio na prisão/Pra reduzir a superlotação todo mês alguns presos têm que ser executados/E o índio dessa vez foi um dos sorteados/E tentou acalmar os outros presos:/Peraí, vamo fumar um cachimbinho da paz.../Eles começaram a rir e espancaram o velho índio até não poder mais/E antes de morrer ele pensou: Essa tribo é atrasada demais.../Eles querem acabar com a violência, mas a paz é contra a lei e a lei é contra a paz/E o cachimbo do índio continua proibido/Mas se você quer comprar é mais fácil que pão/Hoje em dia ele é vendido pelos mesmos bandidos que mataram o velho índio na prisão. - Letra de música composta por GABRIEL, O PENSADOR,BOLLADO EMECÊ e MEMÊ, do CD do primeiro intitulado Quebra-cabeça.

- Cigarro de maconha quando fumado em círculo. - EDSON  FERRARINI - Tóxico e alcoolismo, p. 187.

- Em Esperanto, pacpipo. - ALLAN KARDEC AFONSO COSTA - Novo Dicionário de Português-Esperanto - Fed. Esp. Brasileira/RJ/1987, p. 116.

CACHIMBO D'ÁGUA (Ver NARGUILÉ)

- (...) Não se tratava mais de guimbas, agora usávamos o cachimbo d'água. Um certo americano, de passagem entre nós por alguns dias, trouxera um exemplar do exótico Afeganistão, e mergulhávamos todos naquela euforia, bebendo muito, dançando (...) - JULIE - Confissões de uma drogada de 15 anos - Editora Rocco/RJ/1986, p. 34.

CACHIMBO DE BREJAÚVA

- (...) Nos mercados, para onde leva a quitanda domingueira, é de cócoras, como um faquir do Bramaputra, que vigia os cachimbos de brejaúva ou o feixe de três palmitos (...) - AFRÂNIO PEIXOTO - Humour (...) - W. M. Jackson Inc./RJ/1944, p. 312.

CACHIMBO DE CABEÇA DE BARRO PRETO (Ver RESTILO)

CACHIMBO DE CATLINITE (Ver CATLINITA)

- (...) cachimbos de catlinite, pedra mole que, uma vez extraída, se torna dura em contato com o ar. Estes cachimbos têm  uma  base achatada relativamente larga e são encimados  no  centro  por  um fornilho chanfado, enquanto a base tem um furo no sentido do comprimento. Estes cachimbos são desprovidos de tubo. O fornilho pode ter todas as formas, mas os cachimbos mais belos são os talhados em forma de animal ou de ave,  principalmente falcões, castores e esquilos. Estas figuras tiradas da natureza são esculturas que testemunham um naturalismo direto  e muito expressivo; os pormenores descritivos, muitas vezes em baixo-relevo ou gravados linearmente, traduzem em superfície as  diferentes  texturas. Estes cachimbos foram encontrados unicamente no norte  desta  região dos  EUA - que tinha relações comerciais com territórios mais distantes, como testemunha a variedade de materiais.(...) - EVERARD  M. UPJOHN, PAUL S. WINGERT e JANE GASTON MAHLER -  História  Mundial da arte - Bertrand Editora S.A./Lisboa/7ª ed., vol. 6, ps. 102  e 103.

CACHIMBO DE RAIZ

- GUSTAVO BARROSO, em seu conto A moça sapiranga, integrante de Praias e várzeas/Alma sertaneja - Livraria José Olympio Editora/RJ/1979, p. 83 - usa a expressão: acendera o cachimbo de raiz. (...). Na nota de rodapé de n° 8, naquela página, o editor explica: Não vimos respeitando a grafia de Gustavo Barroso - Caximbo, apesar do pressuposto da intenção sua de manter na palavra brasileira o x do original, da língua quibundo: quixima.(...)

CACHIMBO FEITO DE BATATA

- Em Atenas, Grécia, é comum os portuários se reunirem em  pequenos grupos, no fim da tarde, após o trabalho. Conversam entre  si, fumam maconha em um cachimbo feito de batata sem que comportamento anormal ou anti-social seja observado; apenas à medida que vão fumando diminuem gradativamente a conversação. - JANDIRA MANSUR  - O que é toxicomania - Edit. Brasiliense/SP/1993, p. 55.

CACHIMBO QUILOTADO

- Cachimbo quilotado é que dá fumaça boa. - Adágio afro-negro- brasileiro registrado por NELSON DE SENNA - Africanos no Brasil - BH-MG/1938, p. 254.

CACHIMBO SAGRADO (Ver CACHIMBO DE CATLINITA, CALUMET e MOVIMENTO AMERÍNDIOS ...)

- É o "calumet" dos indígenas norte-americanos próximo  ao  curso superior do Mississipi. Na Europa e no  Brasil  é  denominado  na maioria das vezes "cachimbo da paz", e "fumar juntos  o  cachimbo da paz" é uma frase para demonstrar a intenção de cessar as  hostilidades tornada proverbial já na  primeira  metade  do  século passado, graças aos livros de Fenimore Cooper). Na  realidade,  o cachimbo sagrado era um objeto ritual e simbólico típico do  mensageiro, como o caduceu na Europa antiga. Plumas brancas sobre  o calumet significam paz, e vermelhas, guerra. Note-se que,  apesar do uso lingüístico comum, nem todo cachimbo indígena  é  definido como calumet em sentido restrito. Originariamente, o  calumet   se apresentava em dupla, representando um  sistema  dualístico  (Céu masculino e Terra feminino), no qual os dois princípios  interpenetrados poderiam também ser representados invertidos (por  exemplo entre os Omaha: Terra-masculino, Céu-feminino). Os dois canos emplumados do  cachimbo  representavam  juntos  o  simbolismo  da águia. Durante as cerimônias de bênção eram agitados sobre os representantes das tribos da pradaria. No fumo ritual "se acendia o tabaco e se passava o cachimbo ao porta-voz,  que  dava   algumas tragadas, lançando a fumaça em direção ao céu, à mãe Terra e  aos quatro pontos cardeais, apontando o local do  objeto  sagrado  em direção aos pontos visados. Por fim, passava o cachimbo  adiante que girava entre os presentes, como o Sol,  de  este  para  oeste ...(Esta cerimônia protegia de qualquer  tipo  de  hostilidade  o hóspede que havia participado dela - pelo menos enquanto estives sem no acampamento (H. Harmann, 1973). Todos os cachimbos  sagrados eram objetos simbólicos proibidos no uso cotidiano; seu  fornilho era, na maioria das vezes, de pedra  (catlinita)  esculpida com figuras. As tribos das pradarias parecem ter  herdado  o  uso dos cultivadores de milho da costa oriental da América do  Norte. O tabaco ("Kinni-kinnik") era preparado segundo regras precisas e misturado com folhas de sumagre, uva-ursina e cascas cortadas  de
certas árvores. Nos retratos do  século  XIX,  freqüentemente  os chefes têm nas mãos cachimbos sagrados. - HANS BIEDERMANN  -  Dicionário  ilustrado  de  símbolos  -  Companhia  Melhoramentos  de SP/1994, ps. 63 e seguintes. Obs.: COPIAR DESENHOS DE FLS. 63.


CACHIMBO SIMBÓLICO (Ver WAMPUM)

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