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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Era só o que faltava

China vira maior vendedor de feijão-preto para o Brasil


Com preços mais baixos, país asiático amplia exportação de bens 'naturais'

País também vira líder em venda de merluza e aumenta exportações de bacalhau, investindo em mais valor agregadoTATIANA FREITASDE SÃO PAULO

Maior compradora dos produtos agrícolas brasileiros, a China também tem enviado mais bens "naturais" ao país.

Em 2012, o Brasil comprou US$ 2,3 bilhões do agronegócio chinês, alta de 4,5% ante 2011, quando essas importações já haviam subido 47%, segundo o Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).

O feijão-preto é o grande destaque da pauta. No ano passado, a China ultrapassou a Argentina e se tornou o principal fornecedor de feijão para o Brasil em toneladas. Em dólares, as vendas aumentaram 200% ante 2011.

A seca em regiões produtoras, como o Sul e o Nordeste, estimulou as importações em 2012. Com a produção argentina também afetada pelo clima, a indústria nacional procurou uma alternativa.

"O país foi buscar feijão na China em razão da boa oferta e da qualidade do produto", diz Vlamir Brandalizze, sócio da Brandalizze consultoria, especializada no setor.

O preço também fez a diferença. "O feijão argentino estava pelo menos R$ 20 mais caro, por saca, do que o chinês, já considerando o frete."

Segundo Brandalizze, o Brasil novamente precisará importar cerca de 200 mil toneladas de feijão, devido à menor área plantada no Sul e à seca de dezembro na região central do país, o que reduzirá a produção.

A posição dos principais exportadores, porém, deve se inverter. "O clima está muito desfavorável para o feijão na China e muitos produtores migraram para o milho", diz o consultor. "Vamos depender mais da Argentina."

BACALHAU CHINÊS

Os pescados também ganharam relevância nas exportações chinesas para o Brasil.

A China se tornou a principal vendedora de merluza para o Brasil em 2012, novamente superando a Argentina.

O Brasil comprou US$ 111 milhões em merluza da China no ano passado -mais do em que motocicletas (US$ 93 milhões) e automóveis (US$ 50 milhões). Em 2011, esse produto nem constava na pauta dos dois países.

As importações de bacalhau chinês já ocorrem há mais tempo -em 2011, ultrapassaram US$ 200 milhões.

Mas o CEBC percebeu uma mudança no perfil das vendas. Os chineses começaram a substituir o bacalhau em carcaça pelo filé de bacalhau, processado na origem.

"A China busca agregar valor em todos os seus produtos", afirma o presidente do CEBC, Sergio Amaral.

"Esse é o maior potencial da pauta agrícola, que é muito importante na relação entre os dois países. Também devemos exportar produtos com valor agregado", afirma.

Para o presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, a importação de produtos agrícolas chineses não pode ser vista como uma tendência.

"A China detectou oportunidades comerciais e, com a oferta de preços baixos, soube se aproveitar delas", diz.

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