O pastor-deputado Ronaldo Fonseca é candidato ao cargo
por Caio Junqueira para o Valor
A conjuntura política favoreceu para que um dos grupos mais coesos do Congresso Nacional, os evangélicos, tenham talvez pela primeira vez um representante de seus quadros na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados. Trata-se de Ronaldo Fonseca (PR-DF), pastor da Assembleia de Deus e presidente do Conselho Político Nacional da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil.
Ele se lançou na disputa após ser estimulado por dois outros candidatos, os deputados Júlio Delgado (PSB-MG) e Rose de Freitas (PMDB-ES). Os três apostam na estratégia de dividir os votos na eleição do dia 4 de fevereiro com o objetivo de forçar um segundo turno, para o qual têm acordo de apoio recíproco. Mesmo assim, o favorito continua sendo o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN). "Nós três representamos o novo e só os três juntos podem levar a eleição para o segundo turno. A minha candidatura possibilita o segundo turno. Hoje sou o fiel da balança para ter segundo turno", disse Fonseca.
Além disso, Fonseca também tem sido estimulado pelo deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), tal como ele, evangélico, e que, na contabilidade mais recente do partido, deve assumir a liderança da bancada na Casa. "Garotinho é um amigo, já trabalhei com ele no Rio. Prezo bastante ele, é um grande político. Ele declarou o voto em mim e simpatiza com a minha candidatura."
A jogada de Garotinho tem duplo interesse. No âmbito regional, Garotinho é feroz opositor ao governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), correligionário de Alves. Em nível nacional, atua para levar o PR para a oposição ao governo Dilma Rousseff, que apoia a eleição de Alves.
Fonseca é um dos evangélicos mais aguerridos da Câmara. Está presente em todos os debates que envolvem temas como família e comportamento. Teve atuação determinante, por exemplo, para que o governo recuasse da distribuição de kit gays nas escolas do país. Suas chances de vitória, porém, são inversamente proporcionais a esse desempenho. Ele diz trabalhar em um universo de 120 votos. Mas os evangélicos somam pouco mais de 70 deputados. E até mesmo seus correligionários afirmam que ele não deve ter mais do que 20 votos.
O curioso é que seu partido foi um dos primeiros a anunciar apoio a Henrique Alves, algo que, segundo ele, não o impede de avançar com sua candidatura. "Meu partido não fechou questão com Henrique, embora tenha manifestado apoio. E ao mesmo tempo, o partido me autorizou a colocar a candidatura. não sou dissidente. Estou autorizado a ser candidato."
Desse modo, o PR tenta evitar a repetição da eleição da Mesa de 2011, quando seu então líder, Sandro Mabel (GO), contrariou a decisão da cúpula do partido e se lançou na disputa contra Marco Maia. Perdeu a disputa, enfrentou um processo de expulsão que acabou o levando ao PMDB. "Não queremos repetir o erro daquele ano, quando fechamos questão em apoiar Marco Maia e acabamos perdendo um quadro importante como Sandro Mabel", afirmou o líder do PR, Lincoln Portela (MG).
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