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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Música - A força das meninas



Cantoras de Florianópolis ou radicadas na Capital conquistam seu espaço
Nova geração começa a aparecer e mostrar a que veio

Carolina Moura
FLORIANÓPOLIS


RosaneLima/ND
Vozes fortes e marcantes formam a nova geração de mulheres que assumem voo solo, como Maria Luiza (esq.), Gabriela, Renata, Jully e Bruna


“Por mais que Tom Jobim seja maravilhoso, o que seria de ‘Águas de Março’ sem uma Elis Regina?”, diz Maria Luiza, a mais jovem cantora cujo nome está na ponta da língua dos produtores e músicos de Florianópolis. Com apenas 16 anos, ela abriu o show de Roberto Menescal e Andy Summers no TAC (Teatro Álvaro de Carvalho) em maio do ano passado e mais tarde participou do especial em homenagem a Elis no Acústico Brognoli, em julho.

A voz feminina sempre foi importante na MPB e bossa nova, e cada vez mais as mulheres se firmam como artistas solo, sejam intérpretes ou compositoras, multi-instrumentistas ou apenas cantoras. Além dos grandes nomes firmados nas décadas de 60 e 70, tem uma lista infindável de mulheres atuantes hoje; das consagradas como Maria Rita e Marisa Monte às mais recentes como Tiê, Tulipa Ruiz, Karina Buhr e Céu. Tem espaço inclusive para as mais jovens, a exemplo de Mallu Magalhães, que se lançou no Myspace cinco anos atrás, e Clarice Falcão, que fez sucesso entre os moderninhos com seus vídeos no Youtube e lançou seu primeiro EP no ano passado.

O movimento nacional se reflete em Florianópolis, com uma nova geração de cantoras que começa a aparecer e mostrar a que veio. Um exemplo é Renata Swoboda, que figurou entre os artistas de todo o Brasil selecionados pelo projeto Oi Novo Som como revelações da música. Junto a ela e Maria Luiza, cantoras como Gabriela Nascimento Corrêa, Bruna Góes, Carolina Zingler, Jully e Karina são algumas das novas vozes da música da Ilha, algumas delas conquistando espaço fora daqui. Como diz Jully: “Eu acho que o mundo está precisando de um toque feminino. A sutiliza da mulher tem a capacidade de transformar, fazer magia.”

Jovens e decididas

Maria Luiza canta desde pequena, mas foi uma apresentação de bairro, aos 13 anos, que colocou a música como foco na sua vida. Mas o momento em que passou a acreditar na possibilidade de fazer uma carreira como cantora foi quando conheceu o produtor Guto Graça Melo, da Rede Globo. “Fica calma que vai acontecer”, ele disse. E aconteceu. Quando abriu o show do projeto United Kingdom of Ipanema chamou a atenção de Roberto Menescal, que já a convidou para acompanhá-lo em outra apresentação, em Jurerê Internacional, para gravar a canção “Um Amor” com ele no Rio de Janeiro e propôs ainda um projeto de jazz e bossa nova — com a possibilidade de viajar pela Ásia.

Além de interpretar músicas brasileiras, Maria Luiza compõe e é inspirada por ícones como Joss Stone, Corinne Bailey Rae, Etta James e Sarah Vaughan. As canções de sua autoria ela pretende reuni-las em um CD.Outra jovem é Bruna Góes, de 20 anos, que se lançou na carreira de cantora em um tributo a Amy Winehouse. “Foi muito bizarro, porque eu comecei de forma totalmente despretensiosa”, diz ela. Mas no dia seguinte a sua primeira apresentação, há cerca de um ano e meio, uma equipe de reportagem bateu a sua porta. Bruna largou a faculdade e decidiu se dedicar totalmente à música, mais voltada para o jazz e o blues. No fim de 2012 deu uma trégua nos shows para se inscrever em editais com um projeto de apresentações com uma big band e também de um disco solo, com composições e arranjos de um músico de Nova York.

Geração dos 30

Quando tinha cerca de dez anos, Renata Swoboda pediu que seu pai lhe ensinasse a tocar violão. “Ele era daqueles que tem cinco músicas no repertório, sabe?”, brinca ela. Em vez de ensinar, ele a colocou na aula de violão, e logo cedo ela foi descobrindo sua vocação. “Com os meus primeiros acordes já comecei a inventar. Eu sempre tive essa onda mais criativa, mais expressiva”, conta. Algumas composições que fez na pré-adolescência continuam a aparecer em seus shows, e agora, aos 30 anos, ela pretende lançar um CD com canções desde aquela época até as mais atuais.

Com bem menos tempo de estrada, Jully, 35 anos, trocou Florianópolis pela capital carioca quando decidiu ser cantora. Até quatro anos atrás ela trabalhava com acupuntura, apesar de sempre ter tido ligação com a música e a poesia. “De repente abriu um canal. Vinham frases na minha cabeça, mas elas vinham com melodia. Eu peguei o violão e tirei.” Seu processo foi o contrário de Renata, começou com a gravação do disco “Olhos Fechados e Abertos”, em 2012, e a partir daí se desdobrou em shows. O seu primeiro foi no teatro Solar de Botafogo, e ela descreve a experiência como um transe. Descobriu que era essa sua direção. Logo que se mudou para o Rio de Janeiro, foi em uma astróloga que confirmou: “Tua missão é curar através do som”, disse ela.

Formada em farmácia, a gaúcha Carolina Zingler, 33 anos, também se tornou cantora quase por acaso. Depois de estudar piano desde os sete anos, trocou o instrumento pelo violão, acompanhando outras cantoras. Mas devido a problemas em suas parcerias, e incentivada pela mãe, decidiu começar a cantar também. A atuação profissional começou em 2002, em Florianópolis, quando deu uma canja em um barzinho de Canasvieiras e acabou sendo contratada. Depois disso ela começou a estudar não só o canto, mas também gravação e produção musical, atividades que exerce paralelamente. Em 2011 lançou seu primeiro CD, “Butterfly”, através do edital Elisabete Anderle. Agora ela espera o resultado de novos editais para começar a produzir o segundo.

Tal pai, tal filha

Com apenas seis anos de idade, Gabriela Nascimento Corrêa subiu ao palco pela primeira vez com o pai, Alegre Corrêa, na época em que a família morava em Viena. Vinte anos depois, é ela que tem filhos: Alicia, de um ano e dez meses, e Cauã, de sete meses. Mas depois dessa pausa para se dedicar integralmente à maternidade, ela volta à música.

Gabriela tem na voz o seu instrumento. Seu próximo projeto é gravar um CD com canções compostas principalmente por Alegre. “Tem algumas da minha infância que continuam inéditas”, diz. Sua experiência musical foi com o pai, inclusive interpretou a canção vencedora do Femic em 2008, “Travesseiro de Estrelas”, com melodia do pai.

Mulheres do samba

Paranaense radicada em Florianópolis, a cantora Karina já fez de tudo. Começou ainda pequena, em festivais infantis, teve banda na adolescência, gravou jingles para comerciais, participou de peça musical. Mas se encontrou no samba e no ano passado lançou seu primeiro disco, “Você merece samba”, com composições de Arlindo Cruz — quase um padrinho para a cantora — e Carlinhos Brown, entre outros. Até o fim do mês ela faz uma temporada no espaço Rio Scenarium, no Rio de Janeiro, com apresentações todas as quintas-feiras e participações especiais de seu produtor Leandro Sapucahy, Arlindo Cruz e Dudu Nobre.

Suas referências passam pelas grandes mulheres da música brasileira, como Chiquinha Gonzaga, Carmem Miranda, Elis Regina e Gal Costa. Ela já interpretou canções consagradas nas vozes delas no show “Viva Brasil”, com o qual rodou o Estado e as cidades de Curitiba, Brasília e São Paulo entre 2002 e 2005. “O show contava uma breve história da música brasileira, através das mulheres”, conta a cantora. Mas foi ouvindo trabalhos mais recentes de Maria Rita que achou sua fórmula: “é um samba moderno, com o ritmo do samba de raiz e letras que falam de amor”.

Para Karina, a mulher é a figura que dá graça ao samba. “Acho que a mulher é a principal inspiração do samba. O samba fala da mulata, da mulher guerreira”, diz ela. Mas isso significa que o samba ainda é majoritariamente feito pelos homens. Quem aponta isso é Verônica Kimura, que já trabalha com música há 25 anos e desde 2008 canta samba. Intérprete frequente no samba da Joaquina, ela observa uma exceção justamente em Florianópolis: “o meio do samba aqui tem bastante espaço para as mulheres intérpretes, e elas tem um prestigio grande. Diferente do Rio de Janeiro, onde o meio é um pouco mais machista”, diz.
Publicado em 13/01-14:00 por: Gabriel Rocha. 
Atualizado em 14/01-07:39

Fonte: NOTICIAS DO DIA

Um comentário:

Anônimo disse...
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