Mikhail Aristov, Alexei Lyakhov

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Paleontólogos canadenses apresentaram provas de que o Ártico foi em tempos habitado por camelos. Na ilha de Ellesmere, localizada bem acima do Círculo Polar Ártico, os cientistas encontraram restos de um dromedário, camelo com uma bossa, que, na opinião deles, viveu lá há três milhões e meio de anos neste local. É possível que, daí, seus descendentes se tenham espalhado, mais tarde, pelo planeta.
Na ilha canadense de Ellesmere, encontra-se o assentamento humano mais a norte: o povoado piscatório de Alert dista do Polo Norte pouco mais de 800 quilômetros. A noite polar e o sol da meia-noite duram naquelas paragens quase cinco meses cada um. No inverno, as temperaturas do ar caem para 50ºC negativos. Involuntariamente, surge a pergunta: como poderiam ter sobrevivido os camelos, conhecidos comumente como habitantes do deserto, nestas latitudes? A resposta é simples: há três milhões de anos, o clima de nosso planeta era muito mais quente. Testemunham-no, em particular, os restos de plantas antigas achadas nas latitudes árticas, esclarece Evgueni Maschenko, investigador sênior do laboratório de mamíferos do Instituto Paleontológico da Rússia.
"Os antecessores dos camelos nunca viveram no meio de gelos e frios. O que hoje em dia é o severo Ártico canadense, naqueles tempos era, muito provavelmente, uma região com um clima temperado, com florestas. O esfriamento que criou as condições hoje existentes nesta zona, aconteceu mais tarde, passados milhões de anos. A propósito, no fim do Cretáceo, os dinossauros também se deslocavam para as áreas árticas, passando ali certo tempo, mas deixavam-nas quando começava a noite polar. Talvez o mesmo acontecesse também com os antepassados dos camelos. Eles passavam ali o período com sol, retornando logo a seguir às regiões mais meridionais".
Anteriormente, os restos de camelos tinham sido encontrados no Alasca e no Yukon, mas o achado no Ártico canadense é mais importante para os cientistas, porque foi descoberto 1.200 quilômetros mais a norte. Segundo se acredita, os camelos vieram da América do Norte para a Eurásia, atravessando o istmo existente no local do atual estreito de Bering, uma faixa de terra que na época pré-histórica conectava o Alasca com a Chukotka, na atual Rússia. Atualmente, os camelos de uma e duas bossas habitam desertos e estepes da África e Ásia, relata o professor do departamento de zoologia e ecologia da Universidade Pedagógica de Moscou, Vladimir Babenko.
"Além disso, a família dos camelídeos integra também as espécies mais primitivas que vivem na América do Sul. São as lamas, os guanacos e as vicunhas. Esses animais não têm bossas e habitam lugares com climas inóspitos, chegando até à Patagônia, onde faz bastante frio. O pelo da lama, vicunha e guanaco é considerado um dos mais quentes, assim como o do camelo, com o qual se fazem mantas muito quentes".
Uma resistência assombrosa ajudou os camelos a sobreviver em diferentes circunstâncias climáticas. O camelo "ártico", encontrado na ilha de Ellesmere por cientistas do Museu Natural de Ottawa, é cerca de 30 por cento maior que os dromedários modernos. Sua altura era de 2 metros e 70 centímetros, pesando 900 quilos. Os pesquisadores canadenses acreditam que o aspeto exterior típico do camelo, como as patas grossas, os olhos grandes e a bossa, provavelmente surgiram no processo de sua adaptação à vida no Ártico.
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