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domingo, 24 de março de 2013

NÃO SÓ OS GOVERNANTES NORTE-AMERICANOS TÊM CULPA


Parcela significativa do povo ianque é co-responsável pelas ações maldosas do país nos países que invade, porque faz de conta que não acredita na tortura praticada pelos membros das forças armadas e serviços secretos aliados.

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"Guerra mudou mais os EUA que o Iraque", diz jornalista que revelou tortura em Abu Ghraib

LUCAS FERRAZ
EM WASHINGTON

O jornalista americano Seymour Hersh, 75, foi o autor de uma das mais bombásticas revelações sobre a atuação americana na guerra do Iraque: as torturas e humilhações contra prisioneiros na prisão de Abu Ghraib.

O local, palco de inúmeras brutalidades no regime de Saddan Hussein (1979-2003), continuou vivendo dias sombrios durante a ocupação americana.

A série de reportagens publicadas entre abril e maio de 2004 na revista "New Yorker", em que detalhou -inclusive com fotos- as práticas, causou grave crise no governo do então presidente George W. Bush e incendiou a discussão sobre os métodos e a legitimidade da ação americana no Oriente Médio.

Dez anos depois das primeiras bombas caírem sobre Bagdá, Hersh diz que o conflito foi decisivo para mudar a política americana.

"Nós não conseguimos mudar o Iraque, mas o Iraque mudou os EUA", disse em entrevista à Folha, em seu escritório em Washington. "Claro que para o Iraque foi um desastre. Mas aqui nenhum político fala sobre moralidade. Ninguém fala mais em 'nós devemos', esse moralismo não existe mais."

A mudança dessa mentalidade, que marcou fortemente os anos de George W. Bush, parecia impossível de acontecer, segundo Hersh. "Os americanos se levantaram contra isso, para mim foi algo maravilhoso."

Repórter com mais de 50 anos de carreira, Seymour Hersh conhece os caminhos do poder da capital americana. O submundo do serviço secreto e as ações das Forças Armadas são algumas de suas especialidades desde o início da carreira.

Em 1969, como repórter freelancer, foi de sua autoria a reportagem que revelou o massacre de My Lai, no Vietnã. Um ano antes, o Exército americano dizimou a pequena aldeia vietnamita, matando principalmente mulheres e crianças. Foi o maior massacre de civis da guerra do Vietnã.

Como ocorreu em relação ao Iraque quase quatro décadas depois, o episódio ajudou a mudar a visão dos americanos sobre o conflito no Vietnã. Ele, contudo, se diz cético em relação aos efeitos dessas revelações na opinião pública americana.

"Logo após My Lai, uma pesquisa de opinião mostrou que metade dos americanos acreditava no episódio, enquanto a outra metade não. No Watergate [escândalo que resultou na renúncia do presidente Richard Nixon] ocorreu o mesmo. Mesmo após as primeiras reportagens, Nixon foi reeleito. Não acho que isso muda algo. As matérias sobre Abu Ghraib vieram em abril, antes da eleição que reconduziu George W. Bush."

Autor de várias obras sobre a história dos EUA, como uma biografia do ex-presidente John Kennedy, e premiado com o prestigioso Pulitzer, Seymour Hersh trabalha atualmente em um novo livro. Seu tema é o ex-vice-presidente Dick Cheney e o sistema de inteligência que orbitava em torno do segundo homem do governo Bush.

governo democrata

A influência de Cheney foi determinante para os EUA invadirem o Iraque sob a falsa alegação de que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa. "Nós fomos lá, isso é imoral. Não apenas errado, mas imoral."

Eleitor de Barack Obama, ele diz que pouco mudou na conduta do governo democrata em relação aos direitos humanos -para ele, os EUA continuam a adotar em outros países atitudes contrárias aos próprios valores de sua Constituição.

"Nada mudou em relação a isso [direitos humanos]", diz. "Obama é melhor e mais inteligente do que Bush, mas tudo continua muito difícil."
A prisão de Guantánamo, em Cuba, mantida pelos EUA há décadas, é um exemplo.

"Muitos saíram de lá, mas a prisão continua em funcionamento. Alguns presos estão em Guantánamo há 11, 12 anos, isso tem um custo. Os americanos estão preocupados? Talvez uma parte muito pequena, mas a grande maioria não se importa com isso."

Quando eleito, em 2008, uma das primeiras promessas de Barack Obama era fechar a prisão, que segue aberta, abrigando prisioneiros suspeitos de terrorismo.

Fonte: FOLHA DE SP

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