Ele dá, com declaração tão questionável, um aval aos pedófilos que ainda se encontram em ação, ou pensando em agir e fazer mais vítimas. Lamentável!
Voltaire também afirmou que, num futuro não muito remoto, não existirão mais advogados criminalistas, promotores e juízes para julgar delinquentes, porque todo criminoso é um doente.
E agora?
Penso que seria de se fazer um exame dos abusadores, caso a caso, mas a ICAR prefere escondê-los, dar-lhes acolhida, tirá-los da alçada da Justiça terrena, ao invés de permitir que sejam devidamente processados, examinados, avaliados e responsabilizados ou não, na forma da legislação laica, isto porque, a reboque da responsabilização criminal dos padres, bispos e até cardeais, vem a responsabilidade civil, ou seja, as condenações ao pagamento de indenizações.
A Igreja - essa mistura de instituição religiosa e Estado, que se tem por incontrolável, invencível, inatingível, enfim - com as ações de reparação de danos (morais) passa a ser atingida no que mais preza: sua fortuna. Ela, que sempre teve uma "sagrada fome de ouro" só se desespera quando a fazem pagar, em pecúnia, pelos erros dos seus prepostos, os quais foram/são acolitados pelas hierarquias como o cardeal referido na matéria abaixo.
Mas, as coisas estão a mudar: as pessoas estão se mobilizando, enfrentando-a, obtendo condenações civis, fazendo-a pagar indenizações e, sobretudo, desacreditando-a, rasgando a máscara de respeitabilidade atrás da qual a hierarquia escondia seus "pecados".
Neste passo, rendo homenagens aos escritores que, sob sérios riscos, vêm denunciando a ICAR, suas tramas, a corrupção que engendra, a manipulação política que pratica, os crimes hediondos que protagoniza, ao longo de séculos.
Hoje, com o uso da mídia ao alcance de quase todos, as denúncias se multiplicam, as tramas e os deslizes da ICAR aparecem, são escancarados, embora muita coisa ainda esteja envolta em lama e não visível. Não há apenas um pequeno número de homens e mulheres corajosos a expor as vísceras da Igreja: somos um universo incontável de pessoas engajadas em questionar as safadezas do Império do Vaticano e dos seus simpatizantes, formando novas consciências, para o bem da humanidade.
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Cardeal que participou de eleição do papa diz que pedofilia 'não é crime'
Sacerdote sul-africano defende que pedófilos 'são doentes' e não podem ser punidos; declarações causam indignação entre vítimas de abusos

Reuters
Para Cardeal Napier, pedófilos 'não merecem' ser punidos
Para Cardeal Napier, pedófilos 'não merecem' ser punidos
O arcebispo sul-africano Wilfrid Fox Napier - um dos 115 cardeais que participaram da eleição do novo papa - defendeu neste sábado que a pedofilia seria uma "doença" psicológica, não uma condição criminal", causando indignação entre especialistas e vítimas de abusos de sacerdotes da Igreja Católica.
Em entrevista à Radio 5, da BBC, Napier disse que, no geral, pedófilos são pessoas que sofreram abusos quando eram crianças e por isso eles precisam ser examinados por médicos especializados.
"(A pedofilia) é uma condição psicológica, uma desordem", afirmou o arcebispo. "O que você faz com transtornos? Você tem que tentar consertá-los."
Napier disse que conhecia pelo menos dois sacerdotes pedófilos, que teriam sofrido abusos quando crianças.
"Se alguém 'normal' escolher quebrar a lei, sabendo que está quebrando a lei, então eu acho que precisa ser punido", disse.
"Agora não me diga que essas pessoas (pedófilos) são criminalmente responsáveis, como alguém que escolhe fazer algo assim. Eu não acho que você pode realmente tomar a posição de dizer que a pessoa mereça ser punida. Ele mesmo foi afetado (na infância)."
As declarações foram feitas em um momento em que a Igreja Católica está bastante abalada por causa dos escândalos de abusos sexuais cometidos por seus sacerdotes em diversos países.
Indignação
Os comentários de Napier foram amplamente criticados por especialistas, vítimas dos padres pedófilos e grupos de defesa dos direitos das crianças.
"Pode ser que (pedofilia) seja uma doença, mas também é um crime e os crimes são punidos. Os criminosos são responsabilizados pelo que fizeram e o que fazem", diz Barbara Dorries, que foi vítima de abusos por parte de um padre quando era criança e hoje trabalha para uma ONG com sede em Chicago que trata do tema.
"Os bispos e os cardeais contribuíram muito para que esses predadores seguissem em frente, sem serem presos, e também para manter esses segredos dentro da igreja."
Para Michael Walsh, que escreveu uma biografia do falecido papa João Paulo 2º, as declarações do cardeal Napier refletem uma posição que já foi comum na Igreja Católica no Reino Unido e nos Estados Unidos.
"Eles chegaram a acreditar que essa era uma condição que podia ser tratada. Muitos bispos simplesmente mudaram o lugar de atuação de seus sacerdotes e tentaram esconder o fato de que eles tinham cometido esses crimes", afirmou Walsh à BBC.
Marie Collins, outra vítima de abusos, acredita ser "terrível" o fato de um cardeal - integrante da alta hierarquia da Igreja - manifestar uma opinião desse tipo. "Ele ignora totalmente o lado da criança", diz.
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