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sábado, 26 de outubro de 2013

Mulher é retirada de vagão feminino do metrô do DF por ser vista como homem por seguranças


Foto: Divulgação

Como você se sentiria se fosse retirado de dentro do transporte público que usa diariamente apenas por ser você mesmo? Um caso de discriminação por orientação sexual foi protagonizado esta semana por funcionários da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal, o Metrô-DF. Não bastava vigorar desde julho um ‘Vagão da Mulher’, em que as representantes do sexo feminino são separadas do restante dos usuários junto com pessoas portadoras de deficiência, seguranças despreparados retiraram uma lésbica do vagão feminino por entenderem que se tratava de um homem.

A vítima costumava não utilizar o vagão das mulheres por motivos de discordância com a nova medida. “Todo mundo achando lindo esse apartheid escroto em que se separa fêmeas e machos pra evitar o assédio sexual, entre outras coisas. É bem mais fácil separá-los a educar e conscientizar uma população sobre os traumas que o machismo causa todos os dias. Não sou a favor do vagão exclusivo nem o utilizo, mas hoje por motivos cotidianos me atrasei e a porta que fica mais próxima da escada é justo a do vagão”, relatou a moça ao denunciar a agressão à Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais (ABGLT).

Segundo ela, que se define como uma homossexual não masculinizada, os dois seguranças que a abordaram na estação seguinte em que ela embarcou no metrô perguntando se ela portava alguma deficiência. “Eu, lésbica assumida, tenho cabelos curtos, estava de moletom, alargadores e de mochila. Não me encaixo no padrão mais feminino do mundo, mas não deixo de ter traços e véstias femininas. Um dos seguranças disse que de acordo com as novas regras o vagão era exclusivo de mulheres e pessoas portadoras de necessidades especiais. Em seguida disse: “O senhor é portador de alguma necessidade especial? Automaticamente, todas as mulheres dali começaram a me encarar. Algumas com olhares de dó, outras de deboche, algumas com asco, outras sorriam como se estivessem satisfeitas”, relata a homossexual discriminada.

Sem sequer retrucar ou se irritar com a agressão, a vítima foi simplesmente retirada pelo braço do vagão. Repetidas vezes no trajeto foi chamada de senhor e, ao descer na plataforma, embargada pela atitude inesperada dos seguranças, a moça lésbica conseguiu apenas dizer: “eu sou mulher”. Ignorando completamente a declaração, o segurança disse rindo para o colega: “ah é, desculpa”.

Casos como este comprovam que combater a homofobia é algo hercúleo em países como o Brasil. Não é apenas vencer o conservador Congresso Nacional para criar uma legislação que criminalize o preconceito, mas também romper o milenar debate sobre família e laicidade para que as religiões não se imponham no processo educacional brasileiro. Mudar as mentes de trabalhadores como estes do metrô do Distrito Federal, que não agiram diferente do que aconteceria em São Paulo ou Rio de Janeiro, é algo que demanda também capacitação dos funcionários para que ao menos eles respeitem e compreendam a diversidade sexual.

Que a humilhação desta moça não tenha ocorrido em vão para o estado calango. O governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), poderia conversar com o seu colega de partido, governador do RS, Tarso Genro *(PT) e pegar umas dicas de políticas públicas para a população LGBT. Apesar de ainda caminhar em passos mais lentos, o governo gaúcho já conquistou uma carteira de nome social para diminuir as humilhações ocorridas na identificação de travestis e transexuais e capacita anualmente, desde 2011, os servidores públicos do estado ao atendimento inclusivo desta parcela da população. Ao menos aqui nos pampas, se o projeto do deputado Mano Changes (PP) prosperar para criar vagão especial para as mulheres no Trensurb nos horários de pico, as chances de vermos uma discriminação como a ocorrida no DF tendem a ser menores. Eu espero…

Fonte: SUL 21

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