Rio -  O corpo da menina Odette Vidal de Oliveira, a Odetinha, 9 anos, foi exumado no Cemitério São João Batista, em Botafogo, para a abertura do processo de beatificação e canonização da carioca. O procedimento foi acompanhado por representantes da Congregação para Causa dos Santos, do Vaticano. Antes da abertura da sepultura, todos os presentes, inclusive os coveiros, tiveram que fazer um juramento, seguindo preceitos do Direito Canônico, de que nada seria acrescentado ou subtraído ao que foi encontrado.

“Foi surpreendente o que encontramos!”, afirmou o cônego Marcos William, sem entrar em detalhes. A exumação aconteceu na quinta-feira, às 17h, numa espécie de ‘cerimônia’ restrita. No mesmo dia, o arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, que também esteve no cemitério, assinou um comunicado em que declara que os restos mortais de Odetinha vão ficar definitivamente em uma urna, para visitação, na Basílica da Imaculada Conceição, em Botafogo, a partir de domingo. Foi na igreja que a candidata a santa fez a primeira comunhão, aos 7 anos. Dois anos depois, ela viria a morrer.
Restos mortais de Odetinha ficarão em urna na Basílica da Imaculada Conceição, onde ela fez a primeira comunhão | Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
Restos mortais de Odetinha ficarão em urna na Basílica da Imaculada Conceição, onde ela fez a primeira comunhão | Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
Lápide

Também foi retirada da sepultura de Odetinha, para ser levada para a Basílica, a lápide.Antes, no entanto, de os restos mortais serem depositados no túmulo que está sendo construido na igreja de Botafogo, eles vão para a Igreja Nossa Senhora da Glória, no Largo do Machado, e seguirão para a Catedral. A cerimônia será sexta-feira. Sábado, a urna vai para a Igreja dos Capuchinhos, na Tijuca. No domingo, Dia de São Sebastião, a urna segue para a Catedral novamente e, depois, em carreata, vai para a Basílica, aonde chega às 19h. 
Igreja terá cenário igual ao do jazigo 

Os restos mortais da menina que pode ser tonar a primeira santa carioca vão ficar numa urna de acrílico. Já a decisão de levar a lápide para o túmulo onde Odetinha vai ficar levou em consideração o fato de se criar uma identificação visual com seus seguidores . “Os devotos que costumam ir ao cemitério rezar por Odetinha vão encontrar aqui na Basílica o mesmo cenário do jazigo dela”, explicou o cônego Marcos William.
Além da foto de marinheira, há outra onde ela aparece de bailarina | Foto: Reprodução
Odetinha como marinheira num carnaval | Foto: Reprodução
Odetinha morreu aos 9 anos de idade, vítima de meningite. Muito religiosa, a jovem nascida em Madureira, criada em Botafogo, e filha de pais ricos se dedicava a ajudar os pobres. Tinha uma vida normal. Gostava, inclusive, de brincar Carnaval.

Com milhares de devotos, Odetinha é ainda — mesmo com a retirada dos restos mortais— um dos túmulos mais visitados no Cemitério São João Batista, só perdendo para o mausoléu de Carmem Miranda.
Romaria fiel no que sobrou do túmulo

Nem mesmo o fato de não haver mais um túmulo identificando Odetinha no Cemitério São João Batista afastou seus devotos de orações na sepultura onde por 74 anos ela ficou enterrada. A exumação é uma exigência do Vaticano e faz parte do processo para torná-la serva de Deus, que é a primeira fase para beatificá-la e canonizá-la.

Segundo funcionários do cemitério, a peregrinação continua e os fiéis não se importam de rezar em frente ao que sobrou do jazigo.

Como Odetinha era filha única e não há registro de parentes vivos, a sepultura dela e a de seus pais estão sob cuidados de congregação de freiras, como manda o testamento da família.