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sexta-feira, 29 de maio de 2015

Lynch - O lado sinistro do sobrenome da Procuradora dos EUA que está "fritando" os corruptos da FIFA




Publicado por: ♣ Rafilsky ♣ - 20 de jul de 2011


Uma forma trágica de se punir culpados, quando uma grande massa se sobrepõe a leis, julgam e condenam um acusado, que é enforcado, apedrejado, dilacerado ou espancado pela mesma multidão revoltada.

A origem do nome é remota, nos leva a dois oficiais americanos com o mesmo sobrenome (Charles Lynch e Willian Lynch), um prefeito irlandês (James Lynch), e uma prática de tortura chinesa chamada Lingchi.

Entre os dois oficiais, o primeiro coronel e o segundo capitão (ambos de Virgínia, estado americano) é difícil definir qual foi o primeiro ao usar as técnicas de linchamentos (Lynching em inglês), para os americanos e demais países de idioma inglês, o lynching é considerado a pena por enforcamento por uma multidão.


O termo era usado na época (por volta de 1780) contra os pró britânicos que iam contra a declaração da independência americana, ou seja, todos os contrários a independência americana e a favor dos britânicos no estado de Virgínia, sofriam da pena de linchamento, com a benção de um dos Lynch. Um fato curioso é que apesar de terem o mesmo sobrenome, viverem na mesma época, e no mesmo ESTADO, não achei nenhuma ligação familiar com ambos.

Porém anterior a eles e a guerra civil americana, já existia a pena de enforcamento por uma multidão, a todos aqueles que defendiam os direitos civis, ladrões de cavalos e trapaceiros em geral. O que nos leva que a provável origem de nome venha de um prefeito de Galway, Irlanda chamado James Lynch (advinha qual era
a descendência de ambos americanos com o mesmo sobrenome).

Em 1493, o prefeito enforcou seu próprio filho, culpado pelo assassinato de um nobre espanhol que estava sob cuidados da família, pela janela de seu quarto, hoje pode se ver um monumento de uma caveira com os braços cruzados e uma inscrição que diz: "1524 Remember Deathe Vaniti of Vaniti and al is but – Vaniti.".

Gente, como fiz no post da Junko Furuta, devo avisar que esse post contem imagens fortes e violentas, alem do mais que o tema não é dos mais simples e comuns, então peço para que, quem não gosta desse tipo de assunto, quem se impressiona fácil e essas coisas, não clique no "Continue Lendo", o post contém fotos de pessoas cortadas, enforcadas e espancadas, clicar ou não fica por sua escolha.

Deixando o problemático sobrenome Lynch de lado, vale lembrar que nos Estados Unidos pós Guerra Civil, os enforcamentos foram usados como punições raciais a minorias, em especial para índios, judeus e negros, os maiores praticantes de tais penas foram a Klu Klux Klan.

Como nos Estados Unidos havia diversas lei segregacionistas para separar a população negra da branca, A Klu Klux Klan aproveitavadesse ódio da sociedade e punia com as próprias mãos qualquer negro que entrasse em estabelecimentos definidos apenas para brancos, ou que simplesmente mora-se em um subúrbio de predominação branca. A vítima era também arrastada, aonde se pendurava uma corda geralmente em um galho de arvore, e era ali enforcada na frente de todos.

Outro processo de revolta de massas que pode significar linchamento se desenrolou na China, era o chamado “Ling Chi” que significa algo como “morte por milhares de cortes”.



O processo se desenvolve amarrando o culpado em um tronco (geralmente em praça pública), e pouco a pouco, vai se cortando pequenos pedaços da carne do culpado, durante um longuíssimo tempo até a finalmente morte do culpado, em alguns casos era comum o uso de ópio nos acusados como forma de piedade, ou para evitar o desmaio.

Como a pena era muito dura, só era usada para casos muito extremos, com crimes que iam contra o valor do confucionismo (código de ética do filósofo chinês Confúcio), que seriam crimes como traição, genocídio eassassinato aos pais, a polêmica sobre a pena foi muito difundida pelos filmes de “velho oeste” americanos, a pena que começou a ser posta em prática em 900 depois de cristo, teve seu fim sendo abolida mil anos depois, em 1905.

Outro tipo comum de pena por uma multidão raivosa que é considerada linchamento, é o apedrejamento,
presente no código judeu de punição, entre os muçulmanos e muito bem registrados no Novo Testamento como o caso de Santo Estevão e o da mulher adúltera que foi evitado por Jesus. As principais acusações que levavam a esse tipo de pena era homossexualidade e adultério, porém demais casos poderiam ser considerados.

O padrão não muda muito como todos os outros linchamentos, e arrastado a vítima até uma praça pública, onde o acusador tem o direito de atacar a primeira pedra, para que então toda a multidão possa atacar também, até a morte do acusado, esse fato do acusador ser o primeiro agressor, se assemelha com os espancamentos que podem ser encontrados até nos tempos de hoje, inclusive aqui no Brasil.

Sim, foi isso mesmo que você leu, para quem acha que essas práticas bárbaras ficaram no passado, elas continuam até hoje e é dito que o Brasil, é o país que mais ocorre espancamentos, principalmente em suas periferias.


Talvez devido aos difíceis tempos de Brasil colônia, onde a justiça não funcionava tão bem, e quase sempre estava longe do alcance do estado, pessoas tomavam a lei para si, e a colocavam em prática. Segundo o sociólogo e professor da USP, José de Souza Martins, o Brasil é o país onde mais ocorre linchamentos, liderando por São Paulo e seguindo por Rio de Janeiro e Salvador.

Ele que fez um estudo de 50 anos sobre linchamentos no Brasil, detalha especificamente alguns casos, como este que segue:

“Há um caso no sertão da Bahia, na região de Monte Santo. Um rapaz estupra e mata uma professora da região. Ele é preso num quartel. Naquela noite, uma pequena multidão chega de caminhão ao quartel, rende os soldados, tira o sujeito da cadeia e o leva para o local do crime. No caminho, vão mutilando o rapaz. Chegando lá, ele ainda está vivo, mas é uma pasta. O moço é queimado vivo, que é como a maior parte dos linchamentos acaba no Brasil. Ou seja, ele teve de derramar seu sangue onde foi derramado o sangue de sua vítima.


Aparentemente, é um ritual de troca do sangue. Como ele derramou o de uma pessoa inocente, de uma mulher presumivelmente virgem - o que agrava a dimensão simbólica e a sacralidade do corpo violado -, ele foi queimado. Na crença popular, quem morre desfigurado por violência não encontra o caminho da eternidade. O cego, especialmente. Por isso, é comum que arranquem os olhos do linchado.”


Um caso que atravessou eras e continua até os dias de hoje, será o problema da falta de justiça nas camadas mais populares, ou apenas uma forma de percebemos como o ser humano pode ser cruel e sádico quando instigado, ou como diria Thomas Hobbes “O Homem é o lobo do homem”.

http://sinistroaoextremo.blogspot.com.br/

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