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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Vitória de Barack Obama impõe derrota à direita religiosa




Retórica dos brucutus religiosos
contra Obama não prosperou 

Um dia antes das eleições americanas, o influente pastor Robert Jeffress, da Primeira Igreja Batista, do Texas, pediu aos fiéis que não votassem em Barack Obama (foto) porque ele, o candidato, estava criando as condições para a chegada do anticristo. E por ai continuou a pregação.

Jeffress faz parte da direita religiosa que saiu derrotada das urnas, com a reeleição de Obama. 

O alarmismo religioso segundo o qual a vitória do democrata seria uma espécie de prenúncio do fim do mundo pontuou toda a campanha eleitoral, beneficiando o republicano Mitt Romney, que, embora mórmon, obteve o apoio de líderes cristãos conservadores.

Como observou a filósofa Martha C. Nussbaum antes da abertura das urnas, a direita religiosa pautou todo o tempo a campanha republicana, produzindo alguns episódios inimagináveis. Ela citou a declaração de um candidato de Indiana segundo o qual uma mulher estuprada engravidar faz parte “do plano de Deus”. 

O empenho da direita religiosa contra Obama se intensificou quando ele se declarou favorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. (Algo, aliás, que nenhum candidato brasileiro a presidente ousaria fazer na atual conjuntura de exacerbação religiosa, com pastores querendo que o país seja administrado com base na Bíblia). 

A vitória de Obama, ainda que apertada, coloca em xeque, entre outras coisas, o poder de influência das lideranças religiosas sobre seus fiéis nas questões políticas. 

Tanto quanto os pastores evangélicos mais conservadores, os bispos da Igreja Católica fizeram uma forte campanha contra Obama. Eles não chegaram a associar o candidato ao Satanás, mas foram firmes em dizer que Obama estava forçando os fiéis a violar seus princípios, impondo aos hospitais católicos, por exemplo, a obrigatoriedade de oferecer atendimento às mulheres que quiserem usar contraceptivos. 

Apesar disso, Obama teve uma boa votação entre os católicos. Na explicação de John Green, especialista em religião e política da Universidade de Akron, isso foi uma decorrência principalmente do crescimento demográfico dos latinos, cuja maioria é católica. 

A pregação evangélica fundamentalista também não prosperou. Em alguns Estados, Obama teve mais votos entre os evangélicos brancos do que teve em 2008. No Estado de Ohio, por exemplo, ele conseguiu cerca de 30% dos votos desse segmento dos eleitores, contra os 27% obtidos em sua primeira eleição. 

A vitória de Obama e a consequente derrota da direita religiosa também podem ser analisadas a partir das pesquisas mais recentes que mostram estar havendo, por parte de uma parcela significativa da população americana, um distanciamento das religiões organizadas, além do aumento no número de ateus. 

Diante desses dados, pode-se dizer que a direita religiosa americana tem mais estridência do que influência, o que talvez seja também o caso de sua congênere brasileira.


novembro de 2012

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