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segunda-feira, 18 de maio de 2015

Os intestinos podem mudar a nossa cabeça?

ENTÃO ERRAMOS TODOS QUANDO DIZEMOS QUE UM INDIVÍDUO AMARGO, MAU HUMORADO, "ESTÁ COM O FÍGADO ESTRAGADO"?

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O que se passa no misterioso mundo dos nossos intestinos pode afectar-nos o humor e até ter um papel em fenómenos como a depressão. A alemã Giulia Enders escreveu um livro em que fala, sem rodeios, de um órgão que é muito mais inteligente do que imaginamos.


Vamos mesmo falar sobre os nossos intestinos? Sobre a melhor posição para estar sentado na retrete? Sobre as bactérias que, dentro de nós, se alimentam dos nossos alimentos e, no processo, ajudam-nos de maneiras que nem imaginamos? Sim.

A alemã Giulia Enders, 25 anos, formada em Gastroenterologia pela Universidade Goethe de Frankfurt, interessou-se por aquele que descreve como “o nosso órgão mais subestimado” e escreveu um livro sobre ele, que rapidamente chegou ao primeiro lugar no top de vendas na Dinamarca, Alemanha e Holanda. Em Portugal, A Vida Secreta dos Intestinos acaba de ser editado pela Lua de Papel e já está em terceiro lugar no top de vendas da Fnac.

Um dos pontos mais interessantes do livro de Giulia Enders é a relação que os intestinos têm com o nosso humor e a importância que a irritação intestinal pode ter, por exemplo, no stress e na depressão. Giulia – que decidiu estudar Medicina por causa de um grave problema de pele que teve aos 17 anos e que só se resolveu quando percebeu que a origem estava nos intestinos – começa por explicar que estes têm uma inteligência própria, que os coloca ao nível do tão admirado cérebro.

“Com prudência, começa-se a questionar a posição absolutamente dominante do cérebro”, escreve. “Não só os nervos do intestino existem em quantidade inimaginável como também são incrivelmente diferentes por comparação com o resto do corpo. […] A rede nervosa do intestino é, por conseguinte, também conhecida por cérebro intestinal. […]. Nenhum organismo jamais criaria tamanha rede de neurónios apenas para emitir um simples flato. Tem que haver algo mais por detrás disso.”

O que Giulia explica é que há uma ligação directa do intestino para o cérebro, com o primeiro a enviar ao segundo uma série de sinais que chegam a diferentes regiões do cérebro – a ínsula, o sistema límbico, os córtex pré-frontal, a amígdala, o hipocampo e o córtex anterior cingulado – ligadas às emoções, à moral, ao medo, à memória, à motivação. “Isto não quer dizer que o nosso intestino guie os nossos pensamentos morais, embora haja a possibilidade de os influenciar.”

O exemplo que dá para falar da ligação entre intestino e depressão é o do “rato nadador”: se se puser um rato num alguidar com água, como é que ele reage? Nada para se salvar? Sim, claro, mas se se tratar de um rato com tendências depressivas, acabará por ficar imóvel e, eventualmente, afogar-se. “Ao que parece, nos seus cérebros os sinais inibidores conseguem passar muito mais facilmente do que os impulsos motivadores e impulsionadores”.

Giulia conta a experiência feita pela equipa do cientista irlandês John Cryan, que deu aos ratos uma bactéria conhecida por cuidar do intestino, a "Lactobazillus rhamnosus", concluindo que estes “nadavam não só mais tempo, como também de forma mais esperançada”. A informação sobre o melhor estado dos intestinos era transmitida por estes ao cérebro através do nervo vago e a disposição do rato mudava (quando os cientistas cortavam o nervo vago, o comportamento dos ratos voltava ao que era anteriormente).

Dois anos depois, foi realizado outro estudo, este já com humanos. “Os resultados não só surpreenderam [os responsáveis pela investigação] como toda a restante comunidade científica”, afirma Giulia no livro. “Após quatro semanas a ingerir uma determinada mistura de bactérias, algumas áreas cerebrais apresentaram alterações significativas, sobretudo as áreas responsáveis pelo processamento da dor e das emoções.” Estes resultados são encorajadores, segundo a autora, que sublinha que “para pessoas com um intestino irritado, pode ser muito pesada a ligação que há entre intestino e cérebro.”

O stress também tem aqui um papel determinante. Se estivermos muito stressados, o cérebro vai precisar de energia e vai “pedi-la” ao intestino, que “solidariamente poupa energia durante a digestão” – situações continuadas de stress significam portanto “falta de apetite, mal-estar, diarreia” e são, naturalmente, de evitar.

Este conhecimento sobre a complexidade do intestino está a ser aplicado pelos médicos no dia-a-dia?, perguntamos a Giulia numa conversa por telefone. “Muito dele ainda não, porque ainda não temos provas definitivas. Relativamente à relação entre os intestinos e o cérebro, existem já muitas experiências mas não um produto final ou uma teoria reconhecida. Mas achei que devia falar disso no livro para que as pessoas que sofrem, por exemplo, de doença inflamatória do intestino possam beneficiar sabendo o que se passa na área da investigação.”

Fonte: http://www.publico.pt/

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