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segunda-feira, 4 de maio de 2015

RECOMENDAÇÃO DE LEITURA

Quem, como eu, descendente de açorianos, tem um pé em Portugal e outro no judaísmo, deve ter interesse em conhecer as palavras, a história e os costumes dos sefarditas.
A obra abaixo, que não possuo, ainda, parece um bom começo. A Editora (Presença) é portuguesa.
Cheguei a ela numa busca que estou fazendo para localizar um dicionário de Ladino-português. O Ladino é uma língua falada, segundo notícias da rede, por cerca de 150 mil pessoas, mundo afora. Outros afirmam que mais de um milhão de indivíduos a utilizam. Dizem que se assemelha ao castelhano.
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Dicionário do Judaísmo Português

Qual a origem do termo «serfardita»? E o que significa? O que é o marranismo e quando surgiu? O adjectivo «marrano» tem uma conotação depreciativa? Quem eram os abafadores a que Miguel Torga se refere em Novos Contos da Montanha? Que língua é o ladino? Sabia que a palavra «alheira» apareceu pela primeira vez dicionarizada, com o sentido que hoje lhe conhecemos, apenas em 1949 apesar de a sua «invenção» já ter séculos? Sabe que o termo mais correcto para designar esse enchido de carne de aves e de pão é o «tabafeia»? E que Angola teve vários projectos de colonização judaica, o primeiro dos quais em 1886, e o último em 1938, que propunha salvar milhares de famílias judias a troco de 230 milhões de dólares e que Salazar o recusou a fim de evitar futuras «dificuldades diplomáticas com o Führer»? As respostas a essas e a outras centenas de questões podem agora ser encontradas numa só obra. (José Riço Direitinho)

O Dicionário do Judaísmo Português tem o objectivo de reunir e divulgar de forma sintética o conhecimento actual sobre a presença judaica em Portugal e dos judeus de origem portuguesa no mundo. O universo da obra tem como marcas temporais o estabelecimento de judeus no território que é hoje Portugal, desde o século V até ao presente, passando pela diáspora que os levou aos quatro cantos do mundo. Inédita em Portugal, é uma obra ao mesmo tempo rigorosa, abrangente e de fácil consulta, simultaneamente um instrumento de referência para os investigadores e de divulgação para o público em geral.

A palavra aos coordenadores:

“O Dicionário do Judaísmo Português que agora se apresenta, procura dar uma imagem abrangente e sistematizada da presença judaica em Portugal e da presença e actividade dos judeus de origem portuguesa no mundo. O universo da obra estende-se desde o estabelecimento de judeus no território que é hoje Portugal, atestado desde o séc. V, até ao presente, passando pela diáspora espalhada pelo mundo. Para além das entradas de carácter histórico, a obra contempla ainda noções básicas sobre festas religiosas, rituais e instituições comunitárias judaicas, bem como um glossário de termos hebraicos e índices onomástico e geográfico.

Já bastante se escreveu sobre os judeus portugueses, como os artigos deste dicionário testemunham. O nosso objectivo é reunir e divulgar de forma sintética conhecimentos actuais sobre o assunto, e proporcionar ao público em geral um instrumento de referência até aqui inexistente. Cada entrada remete para uma bibliografia essencial que o leitor interessado em explorar o tema de forma mais ampla pode consultar. Não temos a pretensão de dar a questão por encerrada. Conscientes de que o tema é bastante vasto e complexo, esperamos que esta obra contribua para suscitar o interesse e o desenvolvimento dos estudos judaicos em Portugal e, em geral, sobre os judeus portugueses. Gostaríamos ainda de salientar que se trata de um Dicionário de Judaísmo e não da Inquisição, pois esta instituição, embora intimamente relacionada com a temática do Judaísmo Português, merece, pela sua complexidade e pelo facto de transcender intrinsecamente a questão judaica, um Dicionário distinto, a par das obras já publicadas.

Os artigos foram elaborados por mais de sessenta especialistas das questões respectivas, os quais melhor do que ninguém podem escrever sobre os assuntos que investigaram, por vezes durante décadas. Reflectem, por isso, a abordagem própria e o estilo dos seus autores, e ainda o estado dos conhecimentos da altura em que o Dicionário foi iniciado, há cerca de oito anos atrás.

Por último, uma nota sobre o título da obra: Dicionário do Judaísmo Português. Existem diversas obras sobre os judeus sefarditas, que incluem sob essa designação judeus de origem portuguesa e espanhola. Mas, muitas dessas obras confundem e privilegiam os judeus espanhóis e o seu legado social e cultural em detrimento dos portugueses. A expressão "judeo-espanhol" frequentemente utilizada para as comunidades ibéricas na diáspora é disso um exemplo. É verdade que, a partir da expulsão dos judeus da Península Ibérica e, nomeadamente, durante o período da União Dinástica (1580-1640), se tornou por vezes difícil distinguir entre uns e outros. O contexto em que se moviam e incluíam era ibérico, a língua 'franca' era o castelhano, a cultura secular em que banhavam era a mesma e as comunidades que constituíam na diáspora eram na sua maioria mistas. Assim, optámos por privilegiar o contributo social e cultural dos judeus de origem portuguesa em Portugal e no mundo, bem como o de todos aqueles relacionados com este país."

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