Novos incidentes também eclodiram em Birmingham, segunda maior cidade do país
AFP
Fonte: ISTO É INDEPENDENTE

Centenas de habitantes de Londres se organizaram na madrugada desta quarta-feira em grupos de autodefesa, após quatro dias de distúrbios na capital britânica, constatou a AFP. A noite era tranquila em Londres, onde a presença policial foi consideravelmente reforçada, mas a tensão persistia.
Em Southall, no oeste da capital britânica, centenas de Sikhs, alguns vestidos com suas roupas tradicionais, se reuniram em seu templo após boatos de que poderiam ser alvo dos vândalos. Os Sikhs organizavam patrulhas de moto e vigiavam a estação local para prevenir a possível chegada de agressores.
Em Enfield, distrito do norte de Londres muito afetado pelos distúrbios das noites anteriores, cerca de 200 moradores percorriam as ruas em patrulha. Um vídeo amador divulgado nesta quarta-feira mostra um grupo de 100 pessoas gritando "Inglaterra, Inglaterra, Inglaterra" em uma rua de Enfield.
No distrito de Eltham, sudeste de Londres, ao menos 100 pessoas saíram às ruas para defender sua zona. "Este é um bairro de operários brancos e estamos aqui para proteger nossa comunidade", disse um homem ao jornal The Guardian. "Estamos aqui para ajudar a polícia. Minha mãe está aterrorizada pelo que viu na televisão nos três últimos dias e decidimos que isto não ocorrerá aqui".
Nos bairros de Hackney e Kentish Town, ao norte de Londres, vários comerciantes, incluindo muitos turcos, protegiam suas lojas, alguns com armas improvisadas.
Cameron anuncia medidas
Novos distúrbios foram registrados nesta terça-feira pelo quarto dia consecutivo no Reino Unido, onde o primeiro-ministro David Cameron, que retornou a Londres, anunciou um grande reforço da polícia para reprimir as desordens, que causaram a morte de uma pessoa e deixaram 685 detidos. Manchester, no noroeste da Inglaterra, era a cidade mais afetada pela violência.
O assistente do chefe de polícia de Manchester, Garry Shewan, afirmou que os distúrbios e saques foram de uma "violência e criminalidade sem sentido" e os piores atos de violência na cidade em 30 anos. "Tratam-se de criminosos comuns que agiram com selvageria esta noite (...) sem nada contra o que protestar", disse Shewan.
"Temos grande quantidade de imagens de circuito interno de TV de toda atividade ocorrida esta noite. Deixamos absolutamente claro que amanhã, o mais cedo possível, começaremos a fazer detenções", disse. Até o início da madrugada de quarta-feira a polícia já havia detido mais de 50 pessoas em Manchester.
Centenas de jovens lançaram pedras contra vários veículos policiais antes de serem dispersados, e várias lojas foram incendiadas em Manchester, que até agora não tinha sido afetada pelos distúrbios. "Algumas lojas foram atacadas por grupos de jovens que se uniram e parecem determinados a provocar desordens", afirmou o chefe da polícia de Manchester, Terry Sweeney.
Birmingham
Novos incidentes também eclodiram no final da tarde desta terça-feira em Birmingham, segunda maior cidade do país, situada no centro da Inglaterra. Em West Bromwich, cidade próxima a Birmingham, cerca de 200 pessoas, posicionadas atrás de barricadas, lançaram objetos contra as forças de segurança, incendiaram veículos e saquearam lojas, segundo a polícia e a BBC.
Em Wolverhampton, nas imediações de Birmingham, algumas lojas também foram saqueadas, segundo a polícia. Birmingham foi na segunda-feira à noite palco de saques e até uma delegacia de polícia foi incendiada. Mais de 130 pessoas foram detidas por estes incidentes.
Em Nottingham (centro), uma delegacia foi incendiada nesta terça após ser atacada com coqueteis molotov e "ao menos oito pessoas foram detidas". Depois do início dos distúrbios, no sábado à noite no norte de Londres, os vândalos tomaram a polícia como alvo e 111 agentes ficaram feridos desde então.
Londres
A tensão em Londres é palpável: os comerciantes fecharam as portas de suas lojas à tarde, principalmente no bairro de Camden, onde a polícia realizava patrulhas para evitar novos distúrbios. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, que encurtou suas férias, convocou o Parlamento e decidiu reforçar o efetivo policial em Londres, que passou de seis para 16 mil agentes, após três noites de violência e saques em várias cidades que já deixaram uma pessoa morta.
Um homem de 26 anos, baleado durante os incidentes registrados em Londres na noite de segunda, morreu devido à gravidade das lesões, informou a polícia. Após uma reunião de urgência em Downing Street, Cameron também anunciou uma sessão extraordinária no Parlamento na próxima quinta-feira.
"O presidente da Câmara dos Comuns está de acordo com que o Parlamento organize uma sessão para que possamos conversar a respeito da situação. Condenamos esta onda de crimes e estamos determinados a reconstruir essas comunidades", afirmou o primeiro-ministro britânico.
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