Com o objetivo de aliar as propriedades regenerativas do óleo de açaí
com os hidrogéis de polivinilpirrolidona (PVP), específicos para lesões
de pele, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen),
associado à USP, criou um dispositivo que pretender unir e potencializar
o poder de cura para queimaduras e doenças, como dermatites.
O dispositivo, que ainda está em fase de testes, irá prevenir e
tratar condições anormais da pele, como dermatites, escamações e
ressecamento, e auxiliará no processo de regeneração da mesma.
– A ideia inicial era unir os benefícios do óleo açaí, que é rico em
ácidos graxos essenciais e com um grande poder de regeneração do tecido
epitelial, com os hidrogéis PVP, que são os curativos que apresentam
bons resultados em casos como queimaduras –, relata Ana Carolina
Henriques Ribeiro Machado, pesquisadora responsável pelo desenvolvimento
do dispositivo.
Entre os ácidos graxos essenciais presentes no açaí estão o Ômega 3,6
e 9, além de uma grande quantidade de anti-oxidantes, todos
fundamentais para acelerar o processo de regeneração da pele. Por outro
lado, o hidrogel de PVP funciona como uma espécie de curativo rico em
água, que hidrata e não gruda no ferimento.
Devido a essas características, o PVP é amplamente utilizado em
tecidos ressecados ou que sofreram queimaduras. O principal desafio da
pesquisa foi unir elementos insolúveis como a água e óleo.
– Pelo PVP ser formado por 90% de água em forma gelatinosa, tivemos
dificuldade em misturar a solução de óleo de açaí no dispositivo.
Por meio de radiação controlada, tornou-se possível unir as moléculas e, com isso, formar uma rede que conecta a água ao óleo.
– Os resultados foram animadores, principalmente depois que
constatamos que os anti-oxidantes presentes protegeram a composição de
ácidos graxos do óleo de açaí, o que certamente também acontecerá na
pele ressaltando os benefícios do açaí –, afirma Ana.
Após a inserção do óleo de açaí no dispositivo, foram realizados
testes em dois dispositivos diferentes de hidrogel de PVP para verificar
a irritação cutânea em animais e a liberação durante 24 horas do óleo
sobre o ferimento.
– Os resultados dos testes foram animadores. Eles demostraram que o
sistema foi eficiente na liberação do ativo de açaí e que o produto tem
grande potencial de mercado e custo reduzido –,conclui Ana.
Fonte: CORREIO DO BRASIL
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