PATRÍCIA GOMES
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Um professor de direito do Mackenzie ameaçou mandar prender uma aluna do
quinto período que questionou seu método pedagógico na noite da última
sexta-feira (26), em São Paulo.
De acordo com Rodrigo Rangel, diretor do Centro Acadêmico João Mendes
Jr., a aluna abordou Paulo Marco Ferreira Lima, que também é procurador,
no corredor da faculdade e ambos discutiram. O professor seguiu então
para uma sala de aula, fechou a porta e a aluna tentou forçar a
abertura.
Foi neste momento que Lima, evocando a sua condição de procurador, ameaçou mandar prender a estudante, relatou Rangel.
Segundo a aluna, que não quer ser identificada, o professor, evocando sua autoridade, ameaçou prendê-la.
"Ele me disse: `Nesse momento eu me dirijo a você não como professor,
mas como procurador de Justiça. Se você não parar de se dirigir a mim ou
ao segurança, vou te dar voz de prisão"', relata.
Lima não nega ter ameaçado prendê-la, mas diz que foi obrigado porque "ela passou de todos os limites".
"Ela me ofendeu muito mais do que poderia. Nunca houve voz de prisão, só
houve a intenção de fazê-la parar com as agressões", conta.
A aluna foi conduzida à direção da faculdade e os ânimos se acalmaram.
No domingo (28), o centro acadêmico publicou uma nota de repúdio pedindo
esclarecimentos ao professor. A nota, porém, provocou reação dos
alunos, que consideraram inadmissível a atitude do professor.
O irmão de Lima, que também é procurador e professor da universidade,
saiu em defesa do seu irmão lembrando sua origem humilde e sua afro
descendência.
Em sua página no Facebook, o professor acusa a aluna de racismo e relata
que ela chamou seu irmão de "negro sujo", afirmando "preto não pode dar
aula no Mackenzie".
"Essa postura, além de criminosa, é incompatível com a tradição
mackenzista, primeira escola a aceitar filhos de abolicionistas", disse o
professor.
A aluna, que é bolsista do ProUni (programa do governo que dá bolsa de
estudo a alunos carentes), nega que tenha usado expressões racistas. "Eu
nunca faria uma coisa que pudesse me fazer perder a bolsa [integral]."
Lima não quis falar sobre os comentários do irmão."Não vou transformar o ocorrido numa questão racial."
Procurada, a universidade disse que apura o caso.
Fonte: FOLHA DE SP
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