
Nas últimas décadas, a brasileira tornou-se vítima de doenças que, antes, atingiam principalmente os homens, entre elas, as cardiovasculares. De acordo com o último levantamento do Ministério da Saúde, em 2006, de cada 100 mulheres, 36 morreram vítimas de problemas no sistema circulatório.
A disputa por uma vaga no mercado de trabalho, o sedentarismo, o fumo e o consumo de álcool são os principais motivos que colocaram a mulher no alvo dos problemas circulatórios e do coração.
“Caiu essa ideia de que quem morre do coração é homem. As mulheres estão sofrendo agravos cardiovasculares”, disse o diretor do Departamento de Ações Programáticas e Estratégias em Saúde do ministério, José Luiz Telles.
O Programa das Nações Unidas para HIV e Aids (Unaids) anunciou que a doença é a que mais mata mulheres em idade reprodutiva no mundo, sendo que 70% dos casos estão relacionados com a violência doméstica e sexual. No Brasil, a década de 2000 é marcada pelo fenômeno da feminização da doença, o que significou o aumento de casos entre mulheres em todas as faixas etárias.
Em 1986, para cada 15 casos de aids em homens existia 1 em mulheres. A partir de 2002, esse número alterou-se para 15 casos em homens para cada 10 na população feminina. De 13 a 19 anos, o número de casos de Aids é maior entre as jovens – sendo 8 casos em garotos para cada 10 em meninas.
O câncer de mama e de colo do útero, no entanto, continuam no ranking das principais causas de óbito entre as brasileiras, principalmente na faixa etária de 40 a 69 anos. Em 2007, foram mais de 11 mil mortes por câncer de mama, conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Para este ano, o instituto estima 49.400 novos casos. O diagnóstico tardio é o que mais contribui para o grande número de mortes.
O ministério informa que existem mais de 3.800 mamógrafos (aparelho usado no exame das mamas) na rede pública e privada do país. Em 2008, 2, 68 milhões de mulheres fizeram a mamografia pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em contrapartida a 2 milhões em 2003.
Mas para a professora Carla Araújo, da Escola de Enfermagem Anna Nery, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a brasileira tem dificuldade no acesso aos exames preventivos.
“Em geral, ela precisa estar com algum sintoma para conseguir o exame. Isso não é preventivo”, disse a docente.
O diretor José Luiz Telles reconhece que o atendimento precisa melhorar.
“As mulheres não têm recorrido a tempo ou o serviço de saúde não está disponível naquele momento para que ela faça o preventivo”, afirmou.
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Aids causa maioria das mortes de mulheres entre 15 e 49 anos
A infecção pelo vírus HIV se transformou na principal causa de mortes e doenças de mulheres em idade reprodutiva (entre 15 e 49 anos) no mundo todo, de acordo com a Unaids, a agência das Nações Unidas para o combate à aids.
A agência lançou um plano de ação para lidar com os fatores que colocam as mulheres em risco.
A agência advertiu que até 70% das mulheres no mundo todo sofrem violência, e esses maus tratos prejudicam a capacidade dessas mulheres de negociar relações sexuais seguras com seus parceiros. Ou seja: elas podem estar sendo forçadas a fazer sexo sem preservativo, o que aumenta a chance de contaminação pelo HIV.
“A violência contra mulheres não deve ser tolerada”, disse o diretor-executivo da Unaids, Michel Sidibé.
“Ao tirar a dignidade das mulheres, estamos perdendo a oportunidade de aproveitar metade do potencial da humanidade para atingirmos as Metas do Milênio. Mulheres e meninas não são vítimas, elas são a força motriz que traz a transformação social”, acrescentou.
De acordo com a Unaids, em dezembro de 2008, 33,4 milhões de pessoas viviam com o HIV no mundo todo. Desse total, 15,7 milhões, quase a metade, eram mulheres.
E a proporção de mulheres infectadas com o vírus da aids aumentou em muitas regiões do mundo nos últimos dez anos.
Na África subsaariana, por exemplo, 60% das pessoas que tem o HIV são do sexo feminino. Na África do Sul, mulheres jovens têm probabilidade três vezes maior de ser infectadas com o HIV do que os jovens da mesma idade.
Cerca de 30 anos depois do início da epidemia do vírus no mundo, os serviços que atendem os portadores não atendem de forma adequada as necessidades específicas de mulheres e adolescentes, alertou a agência da ONU.
“A informação a respeito de saúde sexual e reprodutiva para mulheres e adolescentes com o vírus HIV ainda é limitada”, afirmou Suksma Ratri, integrante da Rede Feminina Positiva da Indonésia e que participou do lançamento da Unaids.
“Elas precisam de um sistema de apoio amigável e adequado que permita que elas façam escolhas livres a respeito de sua sexualidade sem que sejam discriminadas ou estigmatizadas”, afirmou.O plano de ação lançado pela agência da ONU especificou alguns pontos de ação para que a ONU possa trabalhar junto com governos de vários países, sociedade civil e outros parceiros.
Entre os pontos principais desse plano está a melhora na coleta de informações e análise de como a epidemia afeta mulheres, e a garantia de que a questão da violência contra a mulher seja incluída nos programas de prevenção do HIV.
O Brasil e vários outros países da América do Sul, da África e da Europa participam da iniciativa, juntamente com várias instituições ligadas à ONU e a ONGs.
Fonte: Correio do Brasil

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