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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Polícia de SC admite que ordens para onda de ataques pelo Estado podem ter saído de mais presídios


Janaina Garcia 
Do UOL, em Florianópolis

Epicentro de uma crise da segurança pública de Santa Catarina, a penitenciária de São Pedro de Alcântara (região metropolitana de Florianópolis) pode não ter sido a única do Estado da qual teriam partido as ordens para a onda de ataques a ônibus e bases militares que deixou em alerta máximo, nos últimos nove dias, 17 cidades do Estado. Ao todo, foram 69 ocorrências, 48 pessoas presas e três suspeitos mortos, segundo a Polícia Militar (PM), em confronto.

A afirmação foi feita pelo delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Aldo Pinheiro, em entrevista ao UOL na capital catarinense --o principal foco dos ataques, com 19 casos.

De acordo com o delegado, outras unidades penitenciárias e mesmo outros grupos criminosos, que não apenas a facção PGC (Primeiro Grupo Catarinense), estão sendo investigados nas autorias dos ataques. Uma das bases para isso, disse, mas sem entrar em detalhes, são as interceptações telefônicas de presos que portavam celulares nos presídios. Esta semana, a polícia divulgou que uma ação nas unidades apreendeu em todo o Estado 600 aparelhos.

“Agora é um trabalho científico e demorado de determinar quem são os autores dos atentados. Mas temos uma estatística preliminar de que 50% dos casos foram casos de vandalismo”, disse.



Foto 54 de 72 - 18.nov.2012 - Policiais revistam dois jovens que estavam em um ônibus que liga os bairros de Canasvieiras e Costão do Santinho na noite deste domingo. A linha foi uma das que sofreram atentados nos últimos dias na capital catarinense Cristiano Schmidt Andujar/UOL

Uma fonte do alto comando da Polícia Militar de SC disse à reportagem, sob a condição de anonimato, que os outros 50% dos ataques tiveram origem em ordens emitidas por presos da facção por ligações telefônicas. No início da semana, a mídia catarinense divulgou um vídeo em que presidiários emitiam o que seria uma ordem para suspender os ataques, iniciados supostamente por conta de denúncias de maus tratos no presídio de São Pedro de Alcântara.


“Não posso dizer de quais unidades [teriam sido feitas interceptações], mas foi mais de um estabelecimento de onde se detectaram essas conversas”, resumiu o delegado-geral.

Pinheiro afirmou ainda que foi instaurado um inquérito apenas para investigar o vazamento das interceptações. “Investigamos grupos organizados, não apenas ‘grifes’ ou siglas de facções. Esse foi um vazamento que prejudicou demais, e de maneira muito grave, a investigação. O sigilo agora é fundamental para chegar ao que se objetiva nas investigações”, afirmou.

Para o delegado-geral, a crise foi, até certa medida, “positiva”. “Porque aprendemos com as coisas boas e as ruins, e Santa Catarina adquiriu uma experiência única que poucos Estados, como São Paulo, viveram --que é a de situações de exceção”.

Sobre as ações desencadeadas na última semana, no combate às ações criminosas em Santa Catarina, destaco o efetivo trabalho de integração entre as forças de segurança e os órgãos de inteligência estadual e federal.

O UOL tentou falar sobre o assunto com o secretário estadual de segurança pública, César Grubba, durante cinco dias, mas ele não quis dar entrevistas. Pela assessoria, disse, nessa quarta (21), que acredita que “a situação já voltou ao normal. A ordem agora é manter aparato policial em ação para evitar a repetição desses episódios.”
PM encerra escoltas a ônibus

O comandante-geral da PM, coronel Nazareno Marcinero, disse que o aparente fim dos ataques --o último foi domingo (18) à noite, em Criciúma --levou a corporação a encerrar as escoltas que vinham sendo feitas aos ônibus do transporte coletivo. De acordo com ele, no entanto, a medida será implementada ainda em rotas que a PM julgue mais vulneráveis.

“Modificamos a estratégia: em vez de haver escolta atrás dos ônibus, por exemplo, agora haverá nos eixos eventualmente mas perigosos. O fico será no local, portanto, não mais apenas no veículo”, declarou.

O comandante da corporação falou com a reportagem na sala de monitoramento da crise, no Comando Geral da PM. Ali, computadores e oficiais da Inteligência abastecem planilhas com os tipos de ocorrência e quantidade de presos e envolvidos em cada uma e monitoram o sistema de boletins de ocorrência e de câmeras que mostram os cruzamentos do trânsito das principais cidades catarinenses.

Informações sobre a violência divulgadas nas redes sociais também passam pelo monitoramento. “Dentre as medidas de reação, além das prisões, esse sistema de gerenciamento possibilitou acompanhar muita coisa em tempo real e dar rapidez para ação da PM”, disse o comandante.

Ex-chefe de Estado Maior, no governo passado, e na corporação há 34 anos, Nazareno nega que crise da segurança em SC tenha relação com a de São Paulo. Mas admite: se no território catarinense os alvos não foram os policiais, como ocorre na onda de violência paulista, a possibilidade chegou a ser cogitada.

“Pedimos para que nossos homens não ficassem isolados, ou nas bases. Mas é importante eles lembrarem que o comportamento da polícia também pauta a reação dos criminosos; assim, as ações presentes é que repercutirão daqui uma, duas semanas”, comparou.
Estatísticas da violência

De acordo com o setor de Inteligência da PM, o Estado de Santa Catarina tem uma média de 12,28 homicídios a cada 100 mil habitantes –menos da metade da média nacional, que é de 26 mortes para cada 100 mil habitantes. Este ano, apesar da onda de violência dos últimos dias, a PM aponta um índice de 8,87, referente a 407 homicídios.

Diferentemente do adotado pela SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo), por exemplo, em SC as mortes de suspeitos por policiais não são classificadas como resistência seguida de morte, mas homicídio.

Fonte: UOL

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