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sexta-feira, 3 de abril de 2015

Sobre a Inquisição espanhola - Contraponto

A VERDADE SOBRE A INQUISIÇÃO ESPANHOLA
(Carta a mr. Isaacs, judeu-maçom)
Autor: David Goldstein (ex-judeu)
Fonte: Lista "Tradição Católica"
Transmissão: Gercione Lima


Um estudioso a respeito de preconceito disse uma certa vez:

    "A mente humana é como uma folha de papel em branco sobre a qual as impressões que permanecem por mais tempo gravadas são aquelas em negro".
A verdade desta observação nunca foi tão aparente como quando consideramos os judeus e a Inquisição Espanhola... Se os ensinamentos do Antigo Testamento fossem gravados nas mentes e corações dos judeus da mesma forma como eles fazem questão de recalcar continuamente suas histórias de calamidades e perseguições, certamente os rabinos não teriam que se lamentar tanto pelo desinteresse em religião por parte das crianças judias, como eles fizeram na conferência de Atlantic City. 
Livro após livros judeus, revistas de circulação semanal e mensal incessantemente fazem questão de citar a Inquisição Espanhola, de forma que, como disse Maurice Fueurlich na revista Forum (setembro de 1937), "isto se tornou um complexo de perseguição para os judeus". Em seu livro intitulado "Filhos de Uma Raça Mártir", este escritor disse "que a Inquisição espanhola foi enfiada em minha consciência de uma forma tão profunda que se tornou um elemento básico em toda a minha vida emocional".
A versão judaica para a Inquisição Espanhola que aconteceu há 450 anos atrás, é a fonte da qual emanou muito do medo dos judeus pela Igreja Católica, e muita hostilidade contra os judeus que se converteram ao Catolicismo. 
Isto é verdade até mesmo entre os rabinos que buscam uma união de forças com os Sacerdotes Católicos contra muitas das injustiças de nosso tempo e que afligem tanto judeus como Católicos. Eles sustentam que enquanto a Cristandade estiver dividida, enquanto os Católicos forem minoria, não há o que temer. Mas se a Igreja Católica tivesse que se tornar novamente a única Igreja Cristã, como ela sempre foi até a Idade Média, então, "tomem cuidado com o Auto-de-Fé!". O Auto-de-Fé era uma solene cerimônia religiosa que os mal informados e os detratores fazem questão de sustentar como um lugar de torturas ou execuções na fogueira.
Todos aqueles que no Judaísmo falam ou escrevem sobre a Inquisição Espanhola, com raríssimas exceções, na verdade receberam suas informações de fontes preconceituosas ou de pessoas cujos dados à respeito do assunto foram tiradas de fontes envenenadas de informação, e isto serve também para muitos daqueles que me perguntam: "Como pode você se juntar a uma Igreja que infligiu tantas crueldades contra seu próprio povo durante a Inquisição Espanhola?".
Pois, eu digo que tal pergunta poderia simplesmente ser descartada com a simples declaração de que a minha caminhada para a pia batismal da Igreja Católica foi condicionada pela minha crença em seus princípios e não por qualquer concordância com qualquer coisa que tenha sido praticada por católicos durante a Inquisição Espanhola ou outro período qualquer da história. Mas a importância desta pergunta, considerando que a Inquisição Espanhola é o entrave que fecha toda a tentativa de diálogo entre judeus e católicos, força-me a lidar com este assunto com uma certa profundidade e evitando certos equívocos.
- Para entender adequadamente esta questão, é necessário que tenhamos em mente o fato de que a Inquisição é uma Corte de Inquérito, e que todas as sociedades, inclusive a Loja maçônica à qual você pertence, possuem cortes de julgamentos temporárias ou permanentes, sob diferentes nomes, para examinar aqueles membros acusados de violarem seus princípios. Em tais sociedades, caso sejam julgados culpados, tais membros são punidos, não por penas como: "terem suas gargantas cortadas, suas línguas arrancadas pela raiz e seus corpos enterrados nas areias do mar", como você solenemente jurou permitir à sua loja de fazê-lo quando você se tornou um mestre maçônico, caso viesse a revelar os seus segredos. Ora, se as sociedades seculares podem legitimar instituições como Cortes e Tribunais e impor sentenças, porque então não poderia a Igreja Católica, por um motivo muito maior, instituir uma Corte de Inquisição, considerando que violar seus sagrados princípios é o mesmo que violar os princípios de Deus, transmitidos à humanidade através de Moisés e de Jesus Cristo, o Messias?
- Para melhor entender esta questão, é necessário ter em mente o fato de que a Inquisição foi instituída na Espanha para pessoas que professavam serem católicas e não para judeus praticantes. A Inquisição era para desmascarar e levar à penitência, não apenas os heréticos, como muitos judeus acreditam, mas também bígamos, adúlteros, blasfemadores e outros transgressores dos princípios da Santa Igreja à qual eles, como homens e mulheres batizados, eram obrigados a obedecer e serem fiéis. 
George Sokolsky, um editor de Nova Iorque, declarou no artigo intitulado: "Nós, Judeus":

    "A tarefa da Inquisição não era perseguir judeus, mas limpar a Igreja de todo traço de heresia ou qualquer coisa não ortodoxa. A Inquisição não estava preocupada com os infiéis fora da Santa Igreja, mas com aqueles heréticos que estavam dentro dela" (Nova Iorque, 1935, p. 53).
A Inquisição Espanhola foi instituída para desmascarar e expulsar aqueles judeus e muçulmanos batizados que fingiam serem católicos sinceros e praticantes, enquanto secretamente aderiam às práticas do Islamismo e do Judaísmo, o que é um ato sacrílego bem mais grave. Eles eram também inimigos do Estado, visto que a Espanha era cristã em seus princípios e carregava o estandarte da Cruz na batalha contra o "crescente islâmico". Como posterior evidência, consideremos o que Dr. Salo Wittmayer Baron, um dos maiores historiadores americanos na História do Judaísmo, tem a dizer sobre este assunto:

    "Parece ser tanto fato quanto teoria que os judeus que nunca deixaram de professar o judaísmo, foram deixados em seu todo, completamente livres dos atos da Santa Inquisição, desde o seu estabelecimento em 1478 até a expulsão dos judeus da Espanha. Na verdade, ouvimos falar de apenas uma persguição dirigida contra a comunidade judaica, quando os judeus de Huesca foram acusados, em 1489, de terem admitido conversos 'pseudos convertidos do Judaísmo para o Cristianismo' de volta ao rebanho judaico. Foi precisamente a inabilidade das Cortes de Inquisição em checar a influência judaica sobre os conversos que serviu de argumento decisivo para os Monarcas Católicos banirem de vez os judeus da Espanha".
- Para entender adequadamente esta questão, é necessário recordar o fato de que a Espanha esteve, por mais de metade de 12 (doze) séculos, em guerra contra os muçulmanos, com os quais os judeus se haviam aliado contra os espanhóis. Era a batalha do estandarte da Cruz contra o 'crescente islâmico'. Isto é confirmado pela 'Graetz's History of the Jewish Encyclopedia', a 'Encyclopedia of Jewish Knowledge", a 'Vallentine's Jewish Encyclopedia', e outras autoridades de grande importância no Judaísmo. Os dois últimos claramente dizem: 'Os judeus espanhóis deram boas vindas, ou melhor dizendo, convidaram a invasão árabe. Debaixo do califado (governador muçulmano) do Oeste, com sua capital em Córdoba, seus membros (os judeus) cresceram e atrairam grande influência no Estado' (Dr Cecil Roth, in Vallentine's J. E., p. 612).
É também confirmado que os 'judeus africanos ajudaram os árabes em Córdoba, Málaga, Granada, Sevilha e Toledo, e essas cidades foram colocadas sob controle judaico por tais conquistadores' (Enc. J. Knowledge, pag. 531).
- Para entender adequadamente esta questão, é necessário ter em mente o fato de que, no que toca aos abusos da Inquisição, a Igreja Católica não é mais responsável por eles do que ela é pelas touradas às quais ela sempre condenou. Tais abusos foram cometidos, com poucas excessões, pelo poder civil, e eles foram condenados pelos papas Leão X, Paulo III, Paulo IX e Xisto IX, que reinaram durante aquele período da História. Com certeza, isto é uma grande novidade para você, da mesma forma que o é para a maioria dos judeus, que foram alimentados com histórias sobre o "Auto-de-Fé" que estão longe de serem verdadeiras como as histórias sobre judeus degolando criancinhas cristãs para usar seu sangue em rituais.
- Para entendermos melhor esta questão, convém não se deve esquecer que os papas eram protetores dos judeus, e não seus inimigos. Roma era um porto de refúgio para os judeus perseguidos quando a Cidade Eterna era governada pelos papas, e para ali acorriam muitos judeus imigrados da Espanha. Você nem precisa levar em conta as minhas palavras no que diz respeito à amizade dos papas. Mas, veja o que confirma Dr. Cecil Roth, de Londres, especialista em História do Judaismo. Ele declarou num forum sionista em Búfalo, Estados Unidos:

    "Apenas em Roma existe uma colônia de judeus que continuou a sua existência desde bem antes da Era Cristã, isto porque de todas as dinastias da Europa, o Papado não apenas recusou-se a perseguir os judeus de Roma e da Itália, mas também durante todos os períodos, os papas sempre foram protetores dos judeus.
    Alguns judeus têm esse sentimento de que o papado possui uma política de perseguição contra os judeus; mas deve-se lembrar que a história inglesa é definitivamente anti-católica, e suas visões do Catolicismo podem muito bem terem sido tingidas por esse anti-catolicismo inglês. Creio que nós, judeus, que somos vítimas de tantos preconceitos, deveríamos livrar nossas mentes de preconceitos e aprendermos dos fatos. A verdade é que os papas e a Igreja Católica, desde os primeiros tempos da Santa Igreja, nunca foram responsáveis por perseguições físicas aos judeus e, entre todas as capitais do mundo, Roma é o único lugar isento de ter sido cenário para a tragédia judaica. E por isso nós, judeus, deveríamos ter gratidão" (25 de fevereiro de 1927).
- Para entender melhor esta questão, convém lembrar o fato de que muitos e muitos séculos antes da Igreja Católica vir a existir, a Assembléia Judaica condenava à morte os transgressores da Lei Mosaica, por infrações que eram bem menos sérias do que as ofensas das quais os judeus eram culpados na Espanha. E isto era ordenado pelos sacerdotes do Judaismo, ao passo que as extremas penas durante os dias da Inquisição Espanhola eram impostas pelo Estado, já que a heresia era considerada um crime pelo Estado naqueles dias. Que aqueles abusos aconteceram por parte dos inquisidores, não podemos negar. A Igreja Católica, embora divinamente protegida de erros, ao definir matérias de fé e de moral, nunca se declarou imune aos atos de abusos de poder da parte de alguns de seus filhos, mesmo daqueles em alta posição de poder. Tais abusos da parte de oficiais da Santa Igreja, fez com que o Papa Leão X excomungasse o Tribunal Católico de Toledo, e que suas testemunhas aparecessem diante de um Tribunal Inquisitorial, sendo condenadas por perjúrio. E isto se deu durante os dias da Inquisição Espanhola. Mas tais casos de abusos de poder eram raros, já que o espírito de caridade dominava esses interrogatórios históricos no que diz respeito à heresia. Muitas pessoas convocadas diante dos inquisidores, que se arrependiam, eram liberadas depois de terem prometido emendar suas vidas e fazer as penitências ordenadas, tais como: jejuns, vestir a roupa penitencial durante um determinado período de tempo e a reclusão, que frequentemente era na própria casa do penitente. Torturas e execuções na fogueira nunca foram partes da solene cerimônia religiosa denominada "Auto-de-Fé", onde os penitentes abjuravam seus erros e faziam retratação pública ao pronunciarem o seu ato de fé.
- Para melhor entendermos esta questão, convém lembrar o fato de que as punições extremas que aconteciam durante a Idade Média, tais como as execuções na fogueira (as quais, tanto eu quanto você certamente condenamos), eram muito comuns em todas as partes do mundo naqueles tempos. Tais punições não tiveram origem durante a Idade Média, mas eram lei bem antes da Era Cristã. Tais punições não chocavam as pessoas daquele tempo mais do que as pessoas do nosso país se chocam hoje em dia pela pena de morte nas câmaras de gás, injeções letais, enforcamento, fuzilamento, eletrocução etc., penalidades estas, muitas vezes impostas por seqüestros e roubos, bem como por assassinatos e traições. Por favor, não conclua a partir disso que as pessoas naqueles tempos eram menos misericordiosas do que nós somos atualmente. Tais punições eram praticadas com muito mais frequência e por muito menores ofensas na Inglaterra protestante (a fonte de onde emanou boa parte da literatura anti-católica) do que na Espanha Católica. Como evidência eu recomendaria ler a "Reforma Protestante", de William Cobbett, grande historiador inglês.
Convém ainda lembrar o fato de que o Judaísmo inflingiu os mesmos tipos de punição severa bem antes da Era Cristã, quando a blasfêmia era considerada uma grande ofensa dirigida contra o Deus Altíssimo. E foi exatamente por essa ofensa - embora falsa a acusação - que o Sinédrio, dirigido pelos sumos sacerdotes, declarou Jesus réu de morte por ter se declarado o Messias. Quanto à pergunta: "Quais eram os tipos de penas capitais de acordo com a Lei Judaica?",  "O Oráculo", uma publicação judaica, respondeu em um dos seus artigos:

    "De acordo com a Lei Judaica havia quatro tipos de execução: apedrejamento, fogueira, à espada e enforcamento. A morte por estrangulamento ou enforcamento não consta nas Sagradas Escrituras, mas os rabinos interpretavam que onde quer que a pena de morte fosse mencionada sem especificar o método, geralmente, era de enforcamento que se tratava" (Carl Alpert, Boston, 1935, p.77).
Tais penas capitais eram impostas pelo Judaismo, não apenas nos casos de blasfêmia, mas também pela violação do repouso sabático, por bruxaria, idolatria, recusa em submeter-se aos decretos dos sacerdotes ou juízes, e por uma dezena de outras ofensas, que incluíam também o assassinato.
- Para melhor entender esta questão, é necessário lembrar o fato de que a Igreja Católica não pode ser mais culpada pelos abusos da Inquisição Espanhola - a qual terminou com a deportação de aproximadamente cento e sessenta mil judeus (inclusive muitos que foram considerados isentos de culpa em matéria de ofensas contra a Santa Igreja ou o Estado) - do que o Judaismo pela perseguição do Povo de Edom, descendente de Esaú. A mente do povo judeu foi muito envenenada contra a Igreja Católica por meio de histórias falaciosas sobre a Santa Inquisição; ao passo que é muito difícil encontrar católicos que tenham ouvido falar a respeito da perseguição dos idumeus pelos judeus. Eu cito isso baseado na obra "A história dos Judeus", de Graetz, embora a mesma coisa possa ser encontrada na Enciclopédia Judaica e em muitas outras publicações judaicas recomendadas:

    "Depois da vitória sobre os Samaritanos, Hircano marchou contra os idumeus, apossou-se de suas duas fortalezas, e depois de tê-las demolido, deu aos idumeus a alternativa de optarem entre a conversão ao Judaismo ou o exílio".
Pela primeira vez o Judaismo, na pessoa de seu líder Hircano (sumo sacerdote), praticou intolerância contra outro credo, mas logo provou com profunda dor o quão é injurioso permitir que o zelo religioso pela preservação da fé acabe se degenerando em desejo pela violenta conversão dos outros.
Essas conversões forçadas do povo de Edom, provocaram uma dolorosa experiência da qual o judaismo nunca mais se recuperou. Isso prejudicou o Judaismo mais do que Esaú prejudicou ao seu irmão Jacó (de quem os idumeus eram descendentes). Isso fez com que o Judaismo fosse entregue a Herodes (idumeu), que impiedosamente deu fim à dinastia de Judas Macabeu e à linhagem dos sumos sacerdotes. Foi Herodes quem apontou os novos sumos sacerdotes (incluindo Anás e Caifás) e tomou o governo dos judeus, aliando-se finalmente com Tito na sede de Jerusalém.
Tudo isso, bem entendido, permanece o fato de que a Inquisição Espanhola tem muito mais do que apenas ser lembrada e lamentada por seus abusos. Ela foi uma necessidade para as condições daquele tempo, e que certamente não pode ser corretamente compreendida pelas condições do nosso tempo presente. Nossos "métodos de pressão e coerção" por mais drásticos que sejam, não podem ser comparados com os métodos usados no mundo durante os tempos da Inquisição e por muitos séculos antes da Era Cristã. A deportação, a qual foi o climax da Inquisição Espanhola em 1492 é sempre digna de reprovação por causa de seu caráter indiscriminatório e arbitrário. Segundo o historiador judaico Dr. Baron, isso se deu porque as cortes inquisitoriais não conseguiram checar a influência judaica sobre os conversos (convertidos), os falsos convertidos da Sinagoga para a Santa Igreja e que segundo a Enciclopédia de Conhecimentos Judaicos, "foram a causa direta da Santa Inquisição".
Independente do que se diga sobre os abusos da Inquisição Espanhola, embora sejam dignos de reprovação, os dois fatos seguintes deveriam remover da mente dos judeus aquele histórico obstáculo para um exame isento de preconceitos sobre os ensinamentos da Igreja Católica.
  • Primeiro, a Igreja Católica tinha o legítimo direito de se livrar dos pseudos convertidos do Judaísmo, do mesmo modo como os sacerdotes e o Sinédrio no Judaísmo se julgavam no direito de condenar os membros de sua sinagoga que violavam a Lei Mosáica. A Igreja Católica de fato, tinha um direito muito maior de o fazê-lo, do que aqueles descendentes dos judeus espanhóis deportados que excomungaram Spinoza e outros judeus panteístas da Sinagoga de Amsterdam, finalmente, expulsando-os da Holanda. Heinrich Graetz relata:

      "Os rabinos de Amsterdam introduziram a novidade de apresentarem diante da sede do julgamento, opiniões e convicções religiosas, formando eles próprios uma espécie de Tribunal Inquisitorial judaico, o qual, embora não fosse sangrento, não era menos doloroso para aqueles que eram punidos" (História dos Judeus, Vol. 4, pag 684).
  • Em segundo lugar, se nosso país pode legalmente submeter homens a interrogatórios, a campos de concentração e prisões, deportá-los, bem como alinhá-los em paredões de fuzilamento por sabotagem, espionagem, atividades de "quinta coluna" e outros atos de traição durante nossas curtas guerras, então o Governo espanhol também tinha todo o direito de assim proceder, considerando que estava em estado de guerra já há séculos contra os muçulmanos.
Mas voltando novamente ao seu questionamento, se eu não deveria ter me tornado católico por causa das injustiças perpetradas contra os judeus pelos católicos da Espanha, então você também deveria renunciar ao Judaísmo por causa das injustiças cometidas pelos judeus contra o povo de Edom. Tal lógica, à qual podemos captar do sentimento expresso em seu questionamento, vai fortemente contra você mesmo, porque os abusos da Inquisição Espanhola foram cometidos pelo Estado; ao passo que a circuncisão forçada dos idumeus, foi obra do Judaísmo oficial.


Eu telefonei para checar sobre o Sr. C. F. Sua compreensão acerca do Judaísmo, como o da maioria dos judeus americanos, está limitada a saber que os judeus são circuncidados, fazem o barmitzvah, guardam os sábados, Sabbath, Yon Kippur e Rosh Hashanah, não comem carne de porco etc., mas quando se fala dos verdadeiros princípios judaicos, ele é tão pobre em conhecimentos que se faz necessário falar do Judaísmo para ele, afinal, sem tal conhecimento, é impossível compreender que o Judaísmo em toda a sua plenitude é o verdadeiro Cristianismo. Sobre a Inquisição Espanhola, ele sabia bem, e mais, queria saber se "a Igreja Católica ainda considera os não católicos como heréticos, como ela fazia com os judeus e muçulmanos da Espanha nos tempos da Inquisição". Isso não foi surpresa para mim, visto que de todas as coisas relacionadas à Igreja Católica durante os seus vinte séculos de existência, a Inquisição Espanhola é a fixação principal na mente dos judeus. Considerando que a minha conversação com o seu amigo ocorreu logo depois que eu havia lhe escrito sobre a Inquisição Espanhola, creio que uma palavra a respeito de heresia e heréticos poderá adicionar alguma coisa mais à sua escassa compreensão sobre o assunto.
Já se tornou lugar comum para os não católicos, alegarem que os judeus na Espanha eram considerados culpados de heresia; e que ambos, judeus e protestantes, são considerados pelos católicos como heréticos. Esta é uma falsa noção baseada no fato de que as acusações de heresia feitas pela Igreja Católica sempre foram contra aqueles que se professam católicos e não contra pessoas que abertamente professam serem judeus, muçulmanos ou protestantes, muito embora elas acreditem em algumas coisas que segundo a Igreja são heresia.
Os Marranos foram julgados e corretamente culpados de heresia. Eles estavam sobre a jurisdição da Igreja Católica pelo fato de terem aceitado o Batismo; portanto, faziam uma pública declaração de que eram católicos, ao passo que secretamente seguiam práticas judaicas, o que na verdade era um comportamento herético. Foi a ação deles que causou a instituição da Santa Inquisição na Espanha em 1480, a qual durou até 1492.
A heresia é um pecado, e isto é declarado tanto na Lei judaica como na cristã. Em Gálatas 5,20, São Paulo enumera as heresias entre "as obras da carne". Um católico que nega um ou mais ensinamentos de Cristo, é considerado pela Santa Igreja como um herege. A Igreja Católica ensina com absoluta autoridade em matéria de fé e moral; portanto, ela é obrigada a declarar o mesmo que São Paulo: "Mas, ainda que alguém - nós ou um anjo baixado do Céu - vos anunciasse um Evangelho diferente do que vos temos anunciado, que eles sejam anátema" (Gal 1,8).
Isto se aplica à negação de um único princípio básico do Cristianismo, pois negar mesmo que seja um só ensinamento de Deus, é negar o próprio Deus. Portanto, um católico que proclama acreditar em apenas nove dos Dez Mandamentos, é um herege; da mesma forma como a negação de um só dos Dez Mandamentos é a negação de Deus como seu Autor. O mesmo se aplica a cada artigo do Credo dos Apóstolos, bem como aos demais ensinamentos da Santa Igreja.
A heresia propriamente dita, é pior que assassinato. O assassinato rouba do homem a sua vida física, a qual por melhor que seja é limitada a um curto período de anos; ao passo que a heresia rouba do homem a sua herança espiritual; mata a alma, e como resultado disso, o herege é privado da Felicidade Eterna, caso venha a morrer sem arrependimento.
Julgamentos e punições por heresia tiveram sua origem no Judaísmo, e não no Catolicismo, e seus objetivos sempre foram manter nos corações a pureza dos ensinamentos de Deus, bem como salvaguardar o prêmio da vida eterna. Examinando o capítulo da "Vallentines Jewish Encyclopedia" no capítulo "Heresias e Hereges", buscando uma melhor compreensão do conceito ortodoxo judaico a esse respeito encontramos:

    "O termo herege em conexão com o Judaísmo, pode convenientemente ser aplicado a qualquer um que não aceita os dois Torahs - o Escrito e Oral - nos quais estão contidos todo o ensinamento judaico. Além dos idólatras dos tempos antigos, o Talmude reconhece quatro tipos principais de hereges, os quais contudo, não estão cuidadosamente distintos: (1) os Samaritanos, que aceitavam apenas o Pentateuco e o livro de Josué como inspirados, e rejeitavam o resto das Escrituras; (2) os Saduceus, que rejeitavam a Lei Oral; (3) os Minim, os judeus-cristãos (que se convertiam da Sinagoga para a Santa Igreja) e os Gnósticos que desejavam suplementar o Torah de Moisés com uma outra Torah de autoridade superior; (4) Os Apikorsim, que negavam a origem divina do Torah. A heresia Karaite, a qual apareceu mais tarde, foi essencialmente a mesma dos Saduceus" (p. 279).
Acusações de heresia não são tão freqüentes entre os não católicos hoje em dia como eram no passado, e isso por causa do indiferentismo religioso e da incoerência teológica. Em nosso país [EUA], no qual residem aproximadamente um terço dos judeus de todo o mundo, um homem pode acreditar em qualquer coisa e nada ao mesmo tempo, e ainda assim, ser considerado pelos filhos de Israel como judeu. O rabino Stephen Wise costumava se erguer em sua "Sinagoga Liberal", em Carnegie Hall e gritar: "Eu não acredito que os Dez Mandamentos foram escritos por Deus nas tábuas de pedra e entregues a Moisés no Monte Sinai. Se isto é heresia, então que me expulsem da Sinagoga".
Esta sensacional declaração rendeu-lhe uma desejada primeira página em toda a imprensa através do país. Naturalmente, que ninguém pode ser acusado de heresia numa sinagoga isenta de todo o dogma e do controle de qualquer um que não seja o próprio rabino. A heresia só assume o seu verdadeiro caráter onde a fé e a prática são definidos por uma autoridade, como é o caso da Igreja Católica. Portanto, eu perguntei naquela época: "Quem tem o direito de julgar o rabino Wise por heresia, num púlpito onde ele pode falar qualquer coisa que ele deseje, do modo que lhe seja o mais conveniente possível?". O rabino estava apenas encenando uma "peça teatral" quando ele desafiou qualquer um a julgá-lo por negar um milagre mosaico. O assim chamado "judeu dos judeus", Einstein, foi um pouquinho ainda mais adiante. Ele negou acreditar em um Deus pessoal, enquanto dava uma palestra num Seminário Teológico judeu. E por acaso ele foi acusado de heresia? De modo algum! Ele com certeza deveria ter sido, e isso seria uma decisão correta, já que ele era membro de uma Sinagoga Ortodoxa.
Eu disse em minha última carta sobre Spinoza, o qual, por se negar a acreditar num Deus pessoal, foi excomungado pelos descendentes dos judeus deportados da Espanha e Portugal devido à conduta herética dos marranos. Spinoza foi banido de Amsterdam, e para evitar o seu assassinato depois de um atentado perpetrado contra sua vida, abandonou a sua cidade natal onde "maldições" foram lançadas contra ele pelos rabinos da Sinagoga que ele frequentava. Gabriel da Costa é outro notável judeu, cuja vida trágica e tratamento por esses judeus de Amsterdam devido aos seus ensinamentos heréticos foi ainda mais dramático. Isso inspirou Gutzkows a escrever a tragédia "Uriel Acosta" e Zangwill a escrever "Sonhadores do Gueto". A sua negação da imortalidade da alma foi corretamente chamada de heresia. Os rabinos fizeram com que ele fosse preso em Amsterdam, aplicaram-lhe uma multa de $300 guilders, e seu livro, de caráter heterodoxo, foi publicamente queimado. Vejamos o que disse a Enciclopédia de Conhecimentos Judaicos a esse respeito:

    "Ele fugiu para Hamburgo, mas logo retornou a Amsterdam e, em 1633, se tornou aquilo que ele disse em suas próprias palavras, 'um macaco entre os macacos', oferecendo sua total submissão à sinagoga. Ele porém não conseguia ser rigoroso e suas contrariedades acabaram fazendo com que ele fosse sujeito ao chamado 'Grande Banimento'. Por sete anos ele viveu silencioso e solitário, boicotado até mesmo por seus próprios parentes. Finalmente, ele se rendeu, fez a confissão de seus erros e sofreu a ignominiosa punição das 39 chicotadas públicas. Depois ele foi para casa escreveu o apaixonado rascunho de sua própria vida intitulado "Espécime da Existência Humana' e então cometeu suicídio com um tiro".
Que aquelas acusações contra Spinoza e da Costa eram justificadas, isto ninguém pode negar, pois os judeus de Amsterdam possuíam um código doutrinal definido, o qual eles corretamente sustentavam, do mesmo modo como faziam a Igreja e o Estado na Espanha. E mais ainda, esses mesmos rabinos que pertenciam à comunidade de Amsterdam, a qual foi formada basicamente pelos marranos, "aqueles que fingiam ser Católicos, e que amaldiçoaram a Igreja Católica e a Espanha pela deportação de seus ancestrais, achavam-se no direito de amaldiçoar, chicotear, excomungar e expulsar de Amsterdam aqueles seus irmãos israelitas julgados e acusados de heresia". Para esses descendentes dos ibéricos, um "Auto-de-Fé" holandês era algo perfeitamente legítimo e normal, só não era para a Espanha ou Portugal onde o bem-estar tanto do Estado como da Igreja estavam em risco.
Eu trouxe comigo um folheto de quatro páginas, que estava sendo distribuido nas ruas de Boston quando visitei o Copley Plaza Hotel. Este folheto falava dos "rumores - mentiras - enganações" que estavam sendo propagadas por agentes de Hitler, Mussolini e Hiroito. Tal folheto convocava todos os cidadãos a denunciarem tais "quintas colunas" ao Comitê de Segurança Pública do Estado de Massachusetts. Eu perguntei naquela época, e agora pergunto a você, sr. Isaacs, se é correto durante a presente guerra mundial, como acreditamos que é, delatar tais "promotores de desordens" que estão tentando "dividir para conquistar e colocá-los em Campos de Concentração se forem considerados culpados". Então, por que não era perfeitamente legítimo punir os hereges na Espanha que fingiam ser católicos, de modo a minarem tanto o Estado quanto a Santa Igreja? Lembre-se que os maranos foram os "quintas colunas" do século XV.

Fonte: http://www.apologeticacatolica.com.br/

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