Foram os persas, no antigo Irã, que primeiro fizeram essa ligação: o símbolo da cruz e a morte. 2500 anos atrás. Ainda hoje se vê isso nesses túmulos de reis, esculpidos na pedra, na encosta de um morro.
A cruz como imagem de sofrimento é tão forte que foi usada por presidiários no Equador essa semana. Um detento, por vontade própria, teve as mãos furadas com pregos. E uma mulher também ficou presa amarrada numa cruz. Um protesto contra as autoridades, usando o mais forte símbolo cristão.
No norte da Romênia, a região mais pobre de um dos países mais atrasados da Europa, os habitantes da cidadezinha de Tanacu, ouvem uma missa especial, rezada pelo padre Daniel. O padre tem apenas 29 anos e, com uma enorme barba avermelhada, parece uma figura da Idade Média.
Não muita coisa mudou nessa região do mundo. Homens de um lado, mulheres do outro, na igrejinha lotada se rezava pela alma de uma freira que tinha morrido. No caixão está o corpo da irmã Irina, como era conhecida essa jovem que só tinha 23 anos.
Durante seis dias ela foi torturada, não pôde comer nem beber, e nos últimos três dias foi presa, acorrentada numa cruz. Foi o padre Daniel e mais quatro freiras, essas que tanto choravam, que fizeram isso.
Segundo o padre, a irmã Irina estava possuída pelo demônio e era preciso fazer um exorcismo.
Irina morreu desidradata e sufocada por um pano colocado na boca para que não gritasse.
Durante o enterro, pouca gente ousava duvidar da versão do padre de que o diabo estava dentro dela, e que ela mesma tinha pedido ajuda, e que Deus tinha acabado com o sofrimento de Irina.
As autoridades não concordaram com a versão do padre Daniel. E quando foi preso não mostrou nenhum remorso.
Mas, de cabeça baixa, ele disse que essa tinha sido a vontade de Deus e que confiava na justiça.
Padre Daniel e as freiras estão sendo acusados de seqüestro seguido de morte e podem pegar ate 25 anos de prisão.
O caso dessa freira crucificada está gerando uma enorme polêmica na Romênia, abalando a Igreja Ortodoxa, a instituição mais respeitada do país.
A Igreja expulsou, excomungou o padre Daniel e as quatro freiras. Disse que não aceitava essa volta à Idade Média. Mas admitiu que sessões de exorcismo são praticadas normalmente no país. O padre Daniel só não teria respeitado os critérios normais, nem pedido uma autorização para um bispo.
Mas muita gente diz que exorcismo, castigos físicos e até crucificação não são casos raros nessa região da Romênia. E que se a irmã Irina não tivesse morrido, ninguém seria punido.
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